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1 de março de 2019

O que você esqueceu continua lá!

Cada detalhe da sua vida digital é uma gota no oceano do ‘big data’ Você confia inocentemente que ninguém vai bisbilhotar ali! 

Cristina Erre
“Funes não só se lembrava de cada folha de cada árvore de cada montanha, mas de cada uma das vezes que a percebera ou imaginara". Um dia, o jovem Ireneo Funes caiu do cavalo, perdeu a consciência e, quando se recuperou, "o presente era quase intolerável de tão rico e nítido, e também as recordações mais antigas e triviais".
Ele é o personagem de Funes o Memorioso, um dos melhores contos de Jorge Luis Borges, incluído em Ficções (1944). Essa mente prodigiosa — a do protagonista da história, não a de Borges — se vê sufocada pelo acúmulo dos mínimos detalhes. Era capaz de reconstruir um dia inteiro, mas levava um dia inteiro para fazer isso. "O que foi pensado apenas uma vez não podia mais ser apagado". Parece um dom milagroso, mas é uma desgraça. Porque Ireneo Funes é incapaz de ter ideias gerais. Borges conclui: "Pensar é esquecer diferenças, é generalizar, abstrair. No mundo abarrotado de Funes só havia detalhes, quase imediatos”.
Os humanos comuns tendem a esquecer mais do que a reter cada detalhe da folha de uma árvore. Isso nos permite manter o equilíbrio, simplificar a complexidade e não sofrer tanto como Funes, que não conseguia dormir. Também esquecemos, consciente ou inconscientemente, coisas de nós mesmos que não queremos reter, e assim vamos construindo um eu em parte real e em parte fictício.
De vez em quando, o Facebook te assalta com memórias. Há dois anos você escreveu isto, quer compartilhar novamente? Talvez algo te arranque um sorriso, talvez te envergonhe. Talvez apareça a imagem daquela pessoa amada e perdida ou do companheiro que te deixou. Talvez uma piada de mau gosto, rótulos em fotos de uma noite louca. Qualquer coisa que você não queria que perdurasse.
Os seus rastros digitais são extenuantes. Em algum canto do big data estão todas as mensagens que você trocou, os caminhos que seguiu todos os dias, as suas buscas, as fotos de que você gostou, sua lista de amigos, seus cookies(sim, aceito). Muito poucos se preocupam em apagar o rastro de seu passado, o que exigiria tanto tempo quanto dedicaram ao longo do dia mexendo no celular. Esperamos que nesse oceano de dados ninguém vai remexer, só mesmo os algoritmos que tiram proveito disso. A menos que você se torne uma figura pública, é claro, e os trolls se empenhem em fuçar nos seus antigos tuítes para descobrir indiscrições. Mas não é preciso ser famoso. Em qualquer site ou aplicativo, não só os seus dados te acompanham, mas os seus metadados, um perfil que você não escreveu.
Ireneo Funes "achava que na hora da morte ainda não teria terminado de classificar todas as memórias da infância". Para nós, cidadãos do século 21, chegará a hora sem termos podido apagar tudo o que desejaríamos que não continuasse ali.

Autor: Ricardo de Querol – Publicado no El País

Como enfrentar o medo de mudança!

Nosso cérebro foi projetado para a sobrevivência, não para a felicidade.
A vida é mudança, mas a mudança nos assusta. Às vezes, dá vontade de fazer coro à reflexão de Mafalda: pare o mundo que eu quero descer. A origem desse mal-estar está na biologia. Segundo o arqueólogo espanhol Eudald Carbonell, codiretor das escavações de Atapuerca (Espanha), nosso cérebro é o resultado de 2,5 milhões de anos de evolução.
Levamos muito tempo vivendo em cavernas e pouco tempo em cidades. Isso significa que temos “codificadas” respostas automáticas para responder com sucesso às ameaças daquela época. Se agora vemos um leão solto passeando pela rua, nosso cérebro não perderá tempo tentando saber de que subespécie ele é; simplesmente nos mandará sair correndo para sermos mais rápidos – não mais do que o felino, e sim de quem está ao nosso lado (também temos outra alternativa: a de ficarmos congelados, esperando que o leão não nos veja).
No entanto, esses circuitos tão maravilhosos, que nos permitiram chegar até aqui como espécie, não estão preparados para enfrentar ameaças mais sutis, como a digitalização, as mudanças de regulação de um setor ou a possibilidade de ficarmos sem emprego. Esses medos são novos, evolutivamente falando, e por isso nem sempre nos damos bem com a transformação. Recordemos uma máxima importante: nosso cérebro foi projetado para a sobrevivência, não para a felicidade. Diante de mudanças, portanto, temos que encontrar uma forma de navegar por elas, entendê-las como oportunidades e aprender com as suas possibilidades. E isso não é automático como sair correndo ante uma ameaça. Exige esforço, treinamento e capacidade de superar os medos que nos afligem.
A gestão da mudança é hoje mais difícil do que nunca, mas também mais fácil do que no futuro. Por um motivo simples: a velocidade. Para se ter uma ideia da magnitude, há 10 anos tínhamos 500 milhões de aparelhos conectados à Internet. Em 2020, estima-se que serão 50 bilhões; em uma década, um trilhão. Ou seja: estamos só no começo.
Isso sem falar do que virá por meio da inteligência artificial, da criopreservação de nossos corpos, dos avanços genéticos e das viagens espaciais. Estamos apenas no início de um tsunami que transformará a forma como nos relacionamos, trabalhamos e vivemos. Portanto, vêm aí mais e mais mudanças. A boa notícia é que nosso cérebro, embora provenha da época das cavernas, tem uma enorme plasticidade que lhe permitiu chegar até aqui e construir toda uma tecnologia que está revolucionando o mundo.
Por isso, temos uma margem de manobra. Vejamos como podemos começar com dicas muito simples.
Primeiro, precisamos de treinos diários da nossa mente. Assim como existem academias para o corpo, devemos colocar em forma o músculo do cérebro. Todos os dias – todos – fazer algo diferente. Ler fontes de informação variadas, ir ao trabalho por outro caminho, experimentar um sabor exótico... o que for. Mas aceite o desafio de fazer algo novo diariamente. A aprendizagem é o melhor antídoto contra o medo.
Segundo, precisamos relativizar o que nos acontece. Um bom método é, paradoxalmente, ler história. Devemos perceber que, embora vivamos no tsunami da mudança, foram justamente todos esses avanços que nos permitiram aumentar nossa esperança de vida e não sofrer por possíveis epidemias ou por guerras mundiais. Na medida em que tivermos perspectiva, poderemos entender a parte benéfica.
Terceiro, devemos buscar a “desdigitalização”. Apesar da velocidade que nos rodeia, precisamos encontrar a conexão com nós mesmos e com o próximo. Se vivermos sempre expostos aos impactos da Internet, não teremos tempo para integrar a aprendizagem e encontrar os oásis necessários a certa tranquilidade. Por exemplo, você pode abrir mão do celular no fim de semana ou deixá-lo no modo avião.
Por último, precisamos confiar. Afinal, tudo tem solução – melhor ou pior, mas tem. O que nos asfixiava anos atrás, como a prova do colégio ou um conflito difícil, agora não nos parece tão terrível. E se fomos capazes de driblar situações difíceis, por que não poderemos fazer isso com o que temos agora?
Por isso, na medida em que confiarmos, mantivermos a curiosidade e a aprendizagem, soubermos relativizar e criarmos espaços de paz, poderemos encontrar recursos para contemplar a mudança de maneira mais positiva e construtiva.

Autor: Pilar Jericó – Publicado no Diário El País

Gente que fala demais!

"O Brasil é o pior país da América do Sul para se criar meninas". Foi a mais recente das muitas declarações polêmicas de Damares Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos. E ainda deu um conselho a quem tem filhas em casa: "foge do Brasil". Aqueles que têm dinheiro para viver em Miami, provavelmente já se foram. A imensa maioria tem que ficar por aqui mesmo, e torcer para que as autoridades combatam a pedofilia. A ministra prevê, alicerçada em estudos acadêmicos, que "uma em cada três meninas no país, sofrerá algum tipo de abuso até completar 18 anos. "
Motivos para deixar o Brasil não faltam. A comunidade LGBT , na sua totalidade, é vulnerável a crimes de homofobia. Provavelmente todos os homossexuais, lésbicas, bi e transexuais já sofreram algum tipo de violência ou aversão. Ainda no final de semana, o ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal, criticava a frase da mesma Damares que invoca a velha convenção - "meninos vestem azul e meninas vestem rosa".
A ideia conduzida no bojo desta expressão, para o jurista, contraria o direito à liberdade sexual resguardada pela Constituição. Em seu voto, cobra também do Congresso Nacional a aprovação de projetos que por lá tramitam, tipificando o crime de homofobia. O relatório do ministro Celso de Mello, discute a criminalização de atos praticados por conta de orientação sexual. A sua leitura tomou uma sessão inteira, por cerca de quatro horas. A outra metade do seu voto ficou para a próxima quarta-feira.
Veja que o Brasil tem problemas de toda ordem. Um deles pode ser chamado de ativismo judicial. Dependendo da boa vontade dos ministros, o tribunal levará, pelo menos, três sessões plenárias para discutir duas ações sobre o mesmo assunto. Hoje, há 32 mil processos à espera de sentença na Suprema Corte. Quase três mil tramitam há dez, quinze anos. Uma das hipóteses para tanto falatório seria a presença de câmeras de televisão transmitindo para todo o país, em tempo real.
Em suma: a vaidade de esbanjar erudição elastece as justificativas de voto tornando-as verborrágicas. Estudos com métodos econométricos de Felipe de Mendonça Lopes, demonstram que, antes da tevê, os votos tinham 37 páginas, em média. Depois que passaram a transmitir as sessões, a papelada passa das 85 laudas. Há decisões famosas, como a do caso da reserva indígena Raposa Serra do Sol, que ultrapassaram 500 páginas. Esse negócio de transmissão das sessões dos tribunais, pela tevê, é coisa criada aqui.
Nos Estados Unidos, sequer os fotógrafos entram com suas câmeras nas galerias. Lá, um único juiz escreve a decisão vencedora e os demais a subscrevem. Os que discordam assinam também uma única decisão discordando. Aqui, na cabeça dos ministros, a qualidade dos votos é medida pelo tamanho do calhamaço. A formatação e as pesquisas doutrinárias e teóricas, são produzidas com a ajuda de muitos juízes, requisitados para trabalharem junto aos gabinetes dos ministros.
Ainda bem que os ministros do STF se mostram recatados no uso das redes sociais. Diferente dos políticos. Um tuite do filho do presidente Jair Bolsonaro derrubou o ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria Geral da Presidência. Acontece num momento em que se busca consolidar as bases do governo, para aprovação da reforma previdenciária. Bebianno foi presidente do PSL, partido seu e de Bolsonaro. Suspeita-se que tenha criado uma candidata laranja, em Pernambuco, para ficar com R$ 400 mil do Fundo Partidário.
Apuradas as urnas, a candidata teve apenas 274 votos. Cada voto custou 46 mil reais. Na reeleição de Dilma aconteceu a mesma coisa. Os modelos de roubalheira eleitoral se repetem, agora com fundos públicos. Para o PSL, partido que amealhou votos em cima de um discurso anticorrupção, o potencial de confusão é enorme.
As velhas raposas da política preferiam que Bebianno fosse fritado em fogo baixo. O vereador Carlos Bolsonaro, o zero2 no jargão de caserna da família, foi afoito. Chamou o ministro de "mentiroso". Os militares que se encontram no primeiro escalão do governo, estão preocupados com a possibilidade de os rumos do Palácio serem ditados pelos filhos do presidente. O vice Hamilton Mourão foi claro: "Que os pais segurem seus filhos e ponham ordem na casa".
Autor: Jornalista Zarcilio Barbosa – Publicado no JC – Bauru - SP

A importância da mentira!

Já são bem estabelecidos os estudos do psicólogo norte-americano Jerald Jellison que afirmou que estamos sujeitos a centenas de mentiras todo dia, além de cada um de nós também dizermos mentiras nessa mesma proporção. São dados de algumas décadas atrás, devidamente documentados, mas pelo ativismo atual de tais estudos e reincidência de menções ao tema, parece que a essência dos números não se alterou.
O filósofo e colunista da Folha de S. Paulo Hélio Schwartsman é um dos que rotineiramente trazem o assunto à discussão com exemplos perturbadores. A natureza humana é mais desumana do que pensamos ou que gostaríamos que fosse. Sem desespero, há que se concluir que a mentira é uma necessidade.
No âmbito fisiológico - e pensando primeiramente a fisiologia de nossos corpos e, não ainda, a política - a arte da mentira e da enganação é sinônimo de sobrevivência. Analgésicos, por exemplo, em sua maioria têm por princípio ativo mentir para o cérebro para não sentir a dor. São substâncias que bloqueiam a informação que se origina no foco de dor (um impulso elétrico) para não chegar ao centro neurológico, bloqueio quase sempre por meios químicos de impedir algum 'informante' (íons, por exemplo) de seguir em frente.
A fonte do desconforto continua lá, mas como o cérebro não sabe, nada sente. A mentira política é, por sua vez e como conclusão, apenas mimetismo de funções biológicas.
E qual a importância da mentira na vida política atual? A mentira elegeu o presidente e mantém o governo no poder. O principal meio de propagação dessa mentira política não são neurônios, mas o WhatsApp. Há grupos desse tipo de mensagem nos quais nem o "bom dia" é verdadeiro! Não é justificativa nem explicação para o que está acontecendo, mas é um excelente exemplo da dimensão a que pode chegar a prática do nariz grande. Narizes esses que estarão sendo torcidos por quem teve a paciência de ler até aqui, já exarando impropérios e xingamentos ao autor, como sói ser.
Mente-se sobre acordos oficiais, rombos fiscais e orçamentários e ideologias praticadas ou pressupostas; quando os órgãos agora oficiais são questionados sobre essas falsidades, os questionadores são chamados de comunistas, anarquistas, oportunistas ou outro ista qualquer.
Devaneios e alucinações de ministros podem até ser compreendidos, face ao que cada um vivenciou, mas quando a ignorância e a mentira passam a ser política pública, elas acendem o sinal vermelho da governabilidade. Os ininterruptos escândalos frutificam e apenas corroboram os pressupostos aqui discutidos.

Autor: Adilson Roberto Gonçalves é químico, pesquisador da UNESP – Campus de Rio Claro.

Principais pontos do Projeto para Reforma da Previdência!

O governo Bolsonaro enviou para a aprovação do Congresso Nacional o Projeto de Reforma da Previdência, que é na verdade um misto de ideias do projeto fracassado de Michel Temer com novas pinceladas da equipe econômica do novo governo.
Este assunto vem sendo debatido desde os tempos da primeira gestão do PSDB com FHC. Porém, como não há mais tempo para postergar as mudanças coube ao atual governo propor aos parlamentares a análise do projeto.
Claro que no escopo do projeto enviado por Bolsonaro, estão ausentes os Militares, a cobrança bilionária dos devedores e sonegadores (Grandes Empresas) e as mudanças necessárias sobre a utilização dos recursos da previdência para outras finalidades do governo. Algo que sempre foi realizado e contabilizado na conta da previdência social.
Outra questão que precisa ser esclarecida são os 20% da DRU – Desvinculação de Receitas da União subtraídas da Previdência. A aplicação de recursos a serem utilizadas para pagamentos do INSS é aplicada em outros setores do governo. Se imaginarmos a inclusão da corrupção nesse mecanismo veremos que o buraco é profundo e negro. 
Abaixo ressalto as principais alterações propostas no Projeto enviado ao nosso Congresso Nacional e que a partir de agora começam a ser discutidas com a sociedade brasileira: 
Idade mínima para se aposentar
Como é hoje: Não existe idade mínima de aposentadoria no setor privado (INSS), desde que o trabalhador cumpra um tempo mínimo de contribuição no sistema. A partir dos 60 anos, no caso de mulheres, e 65 para os homens, é possível se aposentar contanto que se tenha no mínimo 15 anos de contribuição. No serviço público, que tem sistema diferenciado, a idade mínima  é de 60 anos para homens e 55 anos para mulheres.
Como pode ficar: Para todos os setores, a idade mínima passa a ser de 65 anos para homens, e 62 anos para mulheres, que irão subindo gradativamente. Deixa de haver a possibilidade de aposentadoria apenas por tempo de contribuição. 
As regras de transição para o novo sistema
Para os trabalhadores em geral (INSS): 
Transição 1 - tempo de contribuição + idade
A regra é semelhante à atual, estabelecida na fórmula 86/96: o trabalhador deverá alcançar uma pontuação que resulta da soma de sua idade somada ao tempo de contribuição. A fórmula tem esse nome porque hoje, para homens, essa pontuação é de 96 pontos, e, para mulheres, de 86 pontos, respeitando o mínimo de 35 anos de contribuição para homens e 30 para mulheres. A transição prevê um aumento de um ponto a cada ano, chegando aos 105 pontos para homens em 2028, e aos 100 pontos para mulheres em 2033. 
Transição 2 – tempo de contribuição + idade mínima
A idade mínima para se aposentar chegará a 65 anos para homens e 62 para mulheres, após o período de transição que vai durar 10 e 12 anos, respectivamente. 
Transição 3 – Tempo de contribuição
Quem estiver a dois anos de completar o tempo mínimo de contribuição, de 35 anos para homens e 30 para mulheres, pode pedir a aposentadoria por essa nova regra, se for aprovada. O valor do benefício será reduzido pelo fator previdenciário, um cálculo que leva em conta a expectativa de sobrevida do segurado medida pelo IBGE. Quanto maior a expectativa, que vem aumentando a cada ano, maior a redução do benefício. 
Regra de transição para o setor público:
Para os servidores públicos, a transição é feita por meio de uma pontuação que soma o tempo de contribuição com a idade mínima, começando em 86 pontos para mulheres e 96 pontos para homens. A nova regra prevê aumento de um ponto por ano, ao longo de 14 anos para mulheres e de nove anos para homens. O período de transição termina quando a pontuação alcançar 100 pontos para as mulheres, em 2033, e 105 para homens em 2028. 
Aposentadoria rural
Como é hoje: a idade mínima para se aposentar é de 55 anos para mulheres e 60 para homens, com tempo mínimo de atividade rural de 15 anos em ambos os casos.
Como pode ficar: a idade mínima passa a ser 60 anos, com 20 anos de contribuição para homens e mulheres.  
Professores
Como é hoje: Não há idade mínima para se aposentar, mas é estabelecido um tempo de contribuição de 25 anos para mulheres e 30 anos para homens.
Como pode ficar: Passa a haver idade mínima de 60 anos e o tempo de contribuição sobe para 30 anos tanto para homens quanto para mulheres. 
Para policiais civis, federais, agentes penitenciários e socioeducativos.
Como é hoje: Não há idade mínima. Apenas tempo de contribuição de 30 anos para homens e 25 anos para mulheres ou tempo mínimo de exercício de 20 anos para homens e 15 anos para mulheres. Agentes penitenciários e socioeducativos não têm regra diferenciada.
Como fica: Esses servidores passarão a ter uma idade mínima para aposentar-se que é de 55 anos, tanto para homens quanto para mulheres, ou tempo de contribuição de 30 anos para homens e 25 anos para mulheres. O tempo de exercício para policiais se mantém, e para agentes penitenciários e socioeducativos passa a ser de 20 anos. 
Aposentadoria por incapacidade permanente
Como é hoje: 100% da média dos salários de contribuição para todos os casos.
Como pode ficar: se mantém esses 100% para acidentes de trabalho, doenças profissionais e doenças do trabalho. Fora desses casos, o valor será reduzido para 60% até 20 anos de contribuição – se a pessoa ficar incapaz com cinco anos de contribuição ou com 25 anos recebe os mesmos 60%, por exemplo. Mais 2% por ano de contribuição que exceder esses 20 anos.  
Pensão por morte
Como é hoje: 100% para segurados do INSS, respeitando o teto de 5.839,45 reais. Para os servidores públicos, além desse percentual, o segurado recebe 70% da parcela que superar o teto.
Como pode ficar: O valor da pensão ficará menor. Tanto para trabalhadores do setor público, quanto do privado, o benefício será de 60% do valor, mais 10% por dependente adicional. Se o beneficiário tiver apenas um dependente, receberá os 60%, se tiver dois dependentes, receberá 70%, e assim até o limite de 100% para cinco ou mais dependentes. 
Assistência – Benefício de Prestação Continuada
Como é hoje: O BPC é, por lei, a garantia de um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção da família.
Como pode ficar: No caso dos deficientes, nada muda. No caso de aposentadoria por idosos sem ter como se manter, entre 60 e 70 anos eles receberiam uma renda de 400 reais (o índice de reajuste não ficou claro) e, a partir de 70 anos, o benefício ficaria em um salário mínimo 
Limitação de acumulação de benefícios
Como é hoje: é permitida a acumulação de diferentes tipos entre diferentes regimes e não há limitação.
Como pode ficar: Permite o acúmulo, mas o benefício mais vantajoso é pago integralmente e o adicional é pago parcialmente, calculado pelo salário mínimo. As exceções são as que já existem hoje, aposentadorias acumuláveis no serviço público como médico e professor.
O governo nega que esteja punindo idosos pobres com diminuição do valor pago pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC) e diz que é o contrário: "A medida vai no sentido de proteger os mais vulneráveis", disse Bruno Bianco, secretário especial adjunto da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. Ele afirmou que esse é um dos poucos pontos da reforma da Previdência em que a despesa do governo irá aumentar em relação ao que é gasto hoje.  A nova regra antecipa a idade de benefício para idosos pobres, mas também reduz o valor inicial a menos da metade. Hoje o BPC é pago a partir de 65 anos, mas com a proposta passa há 60 anos. O valor atual é de um salário mínimo (R$ 998 em 2019) e passaria a R$ 400 a quem tem 60 anos, chegando a um salário mínimo somente para quem tiver 70 anos. A redução no valor inicial causou protestos nas redes sociais.
Como conhecemos bem o perfil dos nossos deputados e senadores, muito provavelmente serão propostas muitas mudanças no atual projeto, caberá ao governo aceitá-las ou discutir por mais tempo com o Congresso até que se chegue a bom termo e possa implantar essa que pode ser a reforma que impedirá muitos brasileiros de um dia conseguirem se aposentar.

Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público

O espectro do populismo!

São cada vez mais evidentes os sinais de que Bolsonaro, como governante, toma suas decisões estimulado pela perspectiva do aplauso fácil e imediato.
O “bolsonarismo” é, por enquanto, apenas uma caricatura mal-ajambrada de movimento populista, desses que de tempos em tempos assombram o Brasil, mas isso não significa que o País possa tranquilizar-se. Ao contrário: a esclerose precoce do governo de Jair Bolsonaro parece ter despertado no presidente o demagogo que ele sempre foi e que se encontrava apenas anestesiado em razão de conveniências políticas. Caso isso se confirme, a recuperação do País, repleta de obstáculos, será seriamente prejudicada, com consequências graves para a solvência do Estado e para a retomada do desenvolvimento. Nem é preciso enfatizar o perigo que um cenário desses representa para a estabilidade do País e mesmo para a ordem social.
São cada vez mais evidentes os sinais de que Bolsonaro, como governante, toma suas decisões não por razões de Estado ou como parte de alguma estratégia política de longo prazo, e sim estimulado pela perspectiva do aplauso fácil e imediato, este que brota de suas fanáticas hostes nas redes sociais – meio de comunicação caótico e irresponsável que Bolsonaro escolheu para se dirigir à sociedade, a título de estabelecer uma “relação direta entre o eleitor e seus representantes”, como disse em seu discurso ao ser diplomado como presidente. Desse modo, Bolsonaro equipara os atos de governo a tuítes tolos e a “memes” engraçadinhos. Nem é preciso mencionar os riscos institucionais que essa prática acarreta – basta lembrar a recente confusão criada pelo presidente e por um de seus filhos no Twitter a respeito de um dos ministros de Bolsonaro, demitido como consequência do imbróglio.
Para os propósitos de Bolsonaro, no entanto, as redes sociais são o meio ideal para confundir a opinião pública, criando uma realidade paralela na qual a gritante falta de traquejo do presidente para o exercício de tão importante cargo seja convertida em qualidade de “homem simples”. Nesse mundo bolsonarista, a falta de um programa claro de governo, em que haja firme compromisso com o progresso consistente e sadio do País, é compensada pela espetacularização das decisões do presidente e de seus ministros. Foi com esse espírito demagógico, por exemplo, que Bolsonaro anunciou recentemente nas redes sociais uma devassa no Ministério da Educação. “Daremos início à Lava Jato da Educação!”, exclamou o presidente no Twitter, para compreensível delírio dos bolsonaristas mais animados, que acham que todos os problemas do País se resumem à corrupção.
A ninguém, contudo, é dado o direito de surpreender-se. Em 1999, este jornal publicou uma entrevista com Bolsonaro na qual o então deputado federal declarou sua admiração por Hugo Chávez, então recém-eleito presidente da Venezuela, dizendo que “gostaria muito que sua filosofia chegasse ao Brasil”. Chávez conquistara o poder denunciando a hegemonia das oligarquias políticas, a degradação dos partidos, a corrupção desenfreada e a falência das instituições – e sobre essas bases ideológicas construiu uma ditadura populista tão sólida que sobreviveu a ele.
Não se pretende, com esse paralelo, sugerir que Bolsonaro possa reencarnar Chávez, mas é importante observar que o presidente brasileiro se elegeu com um discurso semelhante ao do falecido caudilho venezuelano e apresenta a mesma preocupante falta de compromisso com as liberdades democráticas. Seu histórico de defesa da ditadura militar e de supressão de direitos em nome de uma certa “ordem” fala por si, mas é preciso acrescentar ainda o fato de que Bolsonaro pretende resumir seu governo a uma luta do “bem” contra o “mal” – situação que inviabiliza a democracia. Foi assim que, recentemente – pelo Twitter, é claro –, Bolsonaro avisou que haverá “dificuldade” para “tentar consertar tudo isso”, pois “o sistema não desistirá”. Esse “sistema”, presume-se, engloba todos aqueles que discordam de Bolsonaro.
Assim, contando ainda com formidável concentração de poder político, econômico e cultural, resultado de uma vitória eleitoral acachapante e da ausência de uma oposição digna do nome, Bolsonaro e seu entorno parecem ter decidido acelerar sua marcha populista – receita certa para o desastre.

Autor: Notas & Informações, O Estado de São Paulo.

A queda do alpinista!

Gustavo Bebianno não tem passado, perdeu o presente e o único futuro, se houver, é de homem-bomba da República. 
Brasília é o Monte Everest da política. Muitos chegam ao acampamento base, a uma altitude de 5.364 metros.  Não deixa de ser um feito.  Alcançar os 8.848 metros do cume é coisa para “fora de série”.  Só os “super-humanos” conseguem manter-se no topo por muito tempo.
Gustavo Bebianno não tem passado, perdeu o presente e o único futuro, se houver, é de homem-bomba da República. Chegou perto do pico graças ao seu faro de empreendedor. Viu um iaque selvagem subindo a montanha sozinho e resolveu apostar no animal. 
Circula na capital federal que o ex-ministro foi o responsável por reunir 15 milhões de argumentos para convencer Luciano Bivar a “emprestar” o PSL para o Capitão. Seu lugar no Palácio do Planalto cumpriria a suposta missão de monitorar o “payback” da empreitada.
Bolsonaro já vinha revelando aos mais próximos três preocupações: a inabilidade política de Paulo Guedes, a fúria indomável de seus meninos e a “verve empreendedora” de Bebianno.
Guedes se adaptou rápido a altitude estabelecendo uma parceria com Rodrigo Maia. O filho Carlos parecia um problema insolúvel. Até a Folha de SP revelar os laranjas do PSL.
A queda de Bebianno pode resolver dois problemas do governo. Primeiro, retira da “Capela Sistina” um habitante devoto do Exu Caveira, a entidade das coisas materiais. É difícil construir governos imunes aos “adoradores da carne”. Mas dentro do Vaticano, não dá.
Em segundo lugar, o episódio enche de argumentos os que querem ver os filhos afastados.
Ao expor seu ministro, o presidente atirou no próprio pé. Ao ameaçar publicamente o Capitão, Bebianno deixou o presidente sem opção. Pior do que ser injusto é demonstrar fraqueza.
Se olhasse para história recente, o presidente teria refletido antes desta trapalhada. Dilma Roussef se pautava pela imprensa. Uma simples nota numa revista era suficiente para ela pegar o telefone e cobrar explicações de seus ministros.
É a típica ilusão-classe média da mídia como expressão da “sacro santa” opinião pública. Bolsonaro parece morder a mesma isca da petista. A Folha não atirou em Bebianno. O alvo dela é o presidente, corroer sua autoridade e governabilidade.
Existem duas maneiras de enfrentar situações como essa. A mais fácil é jogar o auxiliar aos leões. Resistir aos ataques pode sempre cobrar um preço de popularidade no curto prazo. No longo prazo, sinaliza para o exército que o general é fiel à tropa e vai com ela para a guerra.
Dilma escolheu o primeiro caminho. A cada nova denúncia defenestrava seus auxiliares no Jornal Nacional. Parecia dar certo. Atingiu uma popularidade impressionante. Para o povão era a “mulher do Lula”, para a classe média, a “faxineira implacável”.  Uma soma imbatível.
Acabou isolada. Brasília virou um mar de ressentimento e desconfiança. Quando Cunha abriu o processo de impeachment o destino da presidenta já estava traçado.
A novela da demissão deixará marcas. O sinal de instabilidade e desequilíbrio deixará o Congresso ressabiado. O custo da reforma da previdência pode ter subido.
A oposição vai comemorar a queda, mas é bom não perder o foco. Três pilares sustentam o governo: o grupo militar da dupla Heleno-Mourão, o núcleo econômico de Paulo Guedes e a aliança Moro-Globo.
Tirando alguns técnicos qualificados e um ou outro político experiente que ocupa posição em função de acordos pontuais, todos os outros são coadjuvantes. Estão ali para distrair a plateia enquanto o jogo principal do momento – a reforma da previdência – é jogado.
Bebianno era um destes. Chegou a ocupar um pequeno espaço em função do temperamento de Onyx. Exonerado, pode soltar a bomba que quiser. Se a reforma for aprovada voltará para a planície e será o que sempre foi: ninguém.

Autor: Ricardo Cappelli

17 de fevereiro de 2019

A mulher de César ou a moral pública?

Existem máquinas óbvias de denúncias contra quaisquer pessoas que exercem o poder.

Todas as pessoas deveriam ser honestas. Os políticos são ainda mais cobrados porque lidam com dinheiro alheio. As mulheres, alvo de fiscalização particular na nossa sociedade, deveriam ser imaculadamente éticas. A mulher do político, por fim, deve ser um cristal perfeito, transparência sem jaça e luz cristalina. Assim construímos nossos imaginários sociais: tolerantes com o jeitinho cotidiano, irritadiços com o roubo público e violentos no julgamento das mulheres. 
Dizem que a expressão sobre o cônjuge de César nasceu da segunda esposa do aclamado general. Pompeia Sula deu uma festa só para mulheres. Um patrício atrevido invadiu o rega-bofe. Foi descoberto pela sogra da anfitrioa. Júlio César tomou a decisão clássica de uma moral masculina e pública: divorciou-se da esposa e perdoou o invasor. Surgiu o ditado: para uma mulher casada com homem importante não basta ser, mas parecer honesta, estar acima de quaisquer suspeitas. 
Nossos jornais mostram novos escândalos. Ainda não abarcamos a extensão dos antigos, nem todos os culpados foram punidos e eis que uma safra fresca desponta. Você minha querida leitora ou você, meu estimado leitor, sabe a regra absoluta e verdadeira. Tudo que se diga de ruim do político ou partido de que eu gosto é perseguição da imprensa e intriga da oposição. Tudo o que for dito do meu inimigo político é pouco diante do muito mais que ele ou o partido tenham roubado. Aqui não se trata de gênero, todavia de afinidade eletiva. Quem eu gosto é honesto. No máximo, como concessão ao humano, meu correligionário fez algo indevido, mas imensamente menor do que aqueles outros, os verdadeiros ladravazes.
Um argumento brasileiro clássico e estranho: “Sim, ele fez isso, mas os outros fizeram muito mais”. Assim, justifica-se o homicídio diante do nosso imaginário sobre o genocídio. O meu César e a sua esposa devem ser, ao menos, um pouco menos ladrões do que o César e a esposa alheia. Afinal, todos os césares se parecem, com exceção do meu, que, claro, é melhor por ser o meu. A ética parece flertar com a blague de Bernard Shaw (1856-1925): “O nacionalismo é a crença que um país é melhor que outro pelo simples fato de você ter nascido nele”. Meu político é mais ético simplesmente porque eu acredito nele e, um dia, a imprensa golpista vai entender isso. 
Ser e parecer é a síntese da modernidade maquiavélica. Os outros julgam pelo que percebem externamente, logo, a propaganda de si como luminar ético é a coisa mais importante. Emil Cioran (1911-1995) dá o seu inevitável tom pessimista ao pensar as dualidades do mundo: “A inconsciência é uma pátria, a consciência, um exílio”.
Podemos tratar de várias formas a ideia do franco-romeno. Mundos bipolares provocam conforto, um gueto mental quente e agradável. O bem ao meu lado e o mal do outro. E quem não pensa assim? Só pode ser um sofista, pois todos que não trabalham com o absoluto devem ser sofistas. Como sempre, sofista é uma palavra aprendida em um grupo de WhatsApp. Lá disseram ao membro que era um insulto e o mundo pessimista helênico submergiu no pires da internet. 
Todos os políticos são iguais? Não. Estou convencido de que há pessoas realmente honestas e há partidos que as concentram mais do que outros. A questão que estou tratando é que a convicção depende de fatos e não de opiniões. Não podemos ter confiança por princípio, porém por fatos. Sempre gostei do exemplo, muito isolado na história do País, do ministro de Itamar Franco: Henrique Hargreaves.
Sentado na instável cadeira da Casa Civil, a grande guilhotina da Nova República, foi acusado de procedimentos não éticos. Afastou-se e houve uma investigação. Assumiu Tarcísio Carlos de Almeida Cunha. Feita a devassa, retornou, sem que nada fosse provado. É um modelo interessante. Por quê? Existem máquinas óbvias de denúncias contra quaisquer pessoas que exercem o poder.
Faz parte do jogo político. Eu quero o poder que pertence a você, mesmo o legitimamente obtido por votos. Logo, não querendo pagar o ônus de um golpe, eu posso derramar acusações. As acusações podem ser falsas ou verdadeiras, sempre. Para isso, o ideal seria fazer uma investigação e, sempre que possível, sem que o acusado exercesse cargo de poder. Isso evitaria que, caso seja culpado, use a máquina pública a seu favor ou que, enquanto se defende, não se concentre em seus afazeres. Trata-se de duplo e necessário cuidado.
Toda mulher de César deveria ser a primeira a exigir investigações amplas. A ela interessa emergir do caso com sua reputação exaltada. Exercer cargo público em democracias tem esse ônus terrível. O palavrão que você lançou no ensino primário volta. A entrevista de 1978 emerge. Reaparece o teste do bafômetro daquela noite fatídica. Seu filho exterior aos laços matrimoniais desponta nas colunas sociais. Seu filho de dentro do casamento terá a vida devassada e, não sendo santo (algum o é?), terá os achados jogados na fogueira inquisitorial da opinião pública.
Penso três coisas distintas. Uma já dita: a mulher de César deve querer investigação e sua insistência no procedimento seria uma evidência da sua consciência tranquila. Segunda: devemos buscar a ética e não a ética em uma pessoa ou partido. Devemos cobrar que quem exerça cargos seja exemplar ao lidar com a coisa pública. Terceira: um pecado menor do passado que já tenha sido expiado pela retratação ou que represente um momento de raiva e não uma convicção pessoal deveria ser relevado.
Gosto de pessoas reais que têm capacidade de errar, desde que se arrependam e melhorem. Arcanjos costumam ser autoritários. Alguns até traem o plano divino. O mundo político é mais complexo do que uma lista de convidados de Pompeia Sula. A mulher de César deveria ter contratado assessores de imprensa. Bom domingo para todos nós. 

Autor: Leandro Karnal – Publicado no jornal O Estado de São Paulo

16 de fevereiro de 2019

Está tudo como dantes no Quartel D'Abrantes!

A dificuldade não está nas novas ideias,
mas sim em escapar as antigas.
John Maynard Keynes

Em 1807, uma das primeiras cidades a serem invadidas pelo general Jean Androche Junot, braço-direito de Napoleão, foi Abrantes, a 152 quilômetros de Lisboa, na margem do rio Tejo. ... “Está tudo como dantes no quartel d'Abrantes”. Até hoje se usa a frase para indicar que nada mudou.
O atual governo começou seu mandato de quatro anos em crise, com muito disse me disse e tendo que explicar muitas coisas que não deveriam estar acontecendo, principalmente depois do tom elevado em sua campanha eleitoral contra o que ele identificava como corrupção e absurdos do PT.
Ele nomeou ministros que estão inseridos numa lista de maldizeres. São eles: Ricardo Salles, do Meio Ambiente, acusado de improbidade; Luiz Henrique Mandetta da Saúde denunciado por fraude em licitação; Paulo Guedes, da Economia, investigado por transações suspeitas com fundos de pensão; Tereza Cristina, da Agricultura, citada numa delação da JBS: Onyx Lorenzoni, da Casa Civil, acusado de ser beneficiário de Caixa 2 e Marcelo Álvaro Antônio (PSL), ministro do Turismo, suspeito de envolvimento com candidatas-laranja, na última eleição, em Minas Gerais, mesma irregularidade de que é acusado o ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria Geral da Presidência da República.
Em Pernambuco, Lourdes Paixão foi candidata à deputada federal pelo PSL partido do presidente. Ela recebeu R$ 400 mil do Fundo Partidário e obteve 274 votos. O caso deflagrou uma crise no governo federal. Um grupo ligado ao presidente do PSL, Luciano Bivar, eleito deputado federal por Pernambuco, teria feito de Lourdes Paixão uma candidata "laranja".
Luciano Bivar foi eleito, no dia 1º de fevereiro o segundo vice-presidente da Câmara Federal. O dinheiro do fundo partidário foi enviado para a candidata pela direção do PSL, que tinha como presidente, na época, o atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno.
Isso não se trata de avaliação prematura de uma gestão, mas sim, de uma cobrança com relação à apuração e demissão dos envolvidos caso sejam culpados.
Demitir não é sinal de fraqueza, mas sim de estar em plena consonância com aquilo que foi exaustivamente dito durante a campanha eleitoral. Ou estavam vendendo laranjas podres no lugar de frutas boas?
Não adianta agora ficarem citando reformas que nem foram apreciadas como desculpa para simplesmente ganharem tempo. Não adianta dizer que no governo “X” ou “Y” era feito de forma igual ou pior. As gestões que passaram são parte da história, a atual de Jair Bolsonaro é a que está sob observação constante da nossa sociedade. 

Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Gestor Público.


A difícil vida de um clube no interior de SP!

A dificuldade não está nas novas ideias,
mas sim em escapar as antigas.
John Maynard Keynes

Em São Paulo existem quatro divisões no futebol profissional do Estado. Na primeira divisão são quatro clubes chamados grandes e doze equipes do interior do Estado denominadas de “pequenos”. Entre estas estão o Guarani de Campinas que em 1978 foi Campeão Brasileiro, a Ponte Preta, equipe centenária da mesma cidade, que já esteve por muitos anos na primeira divisão do Brasileirão.
Entretanto, estes clubes menores não recebem cotas de TV significativas, nem ajuda da Federação Paulista de Futebol que é rica, porém, prefere gastar o dinheiro arrecadado com outras finalidades.
No último domingo (10/02/19), a equipe do Novo Horizontino da cidade de Novo Horizonte no interior de São Paulo, distante 415 quilômetros da Capital paulistana, recebeu o Corinthians para mais uma partida do Estadual. Receber um dos chamados grandes (Corinthians, Palmeiras, São Paulo ou Santos) é sinônimo de estádio com bom público e renda suficiente para ajudar nas finanças do clube.
No jogo em questão, o alto preço cobrado interferiu e fez com que o público pagante não fosse aquele desejado. Cobrar ingressos com preços elevados não é uma boa ideia, porém, os dirigentes ainda não aprenderam essa lição.
O público total foi de apenas 7.472 pagantes, cujos ingressos custaram entre R$ 10,00 para os sócios e R$ 240,00 Cadeiras cativas. Nas arquibancadas o preço ficou entre R$ 100,00 e R$ 120,00 reais.
A renda bruta atingiu R$ 350.560,00, porém, após os descontos o clube ficou com algo em torno de R$ 298.000,00 reais. O clube tem de arcar com diversas despesas que em tese deveriam ser de responsabilidade da Federação. Como por exemplo:
Taxa fixa de 5% para a FPF: R$ 17.528,00;
INSS 5% sobre a renda bruta: R$ 17.528,00;
Fundo de Promoção da FPF: R$ 3.506,00;
Controle de Doping – 1,50%: R$ 5.234,00;
Despesas diversas – 0,86%%: R$ 3.000,00;
Equipe de apoio – 0.93%: R$ 3.286,00;
Prestadores de serviços 0,52% R$ 1.804,00
Seguro da FPF para o público: R$ 75,00;
INSS dos prestadores de serviço: R$ 361,00
Esses valores perfizeram um total de R$ 52.322,00, ou seja, quase 15% da renda bruta do clube. Um percentual muito alto para ficar em poder praticamente da FPF, com exceção do INSS cobrado.
Imagine que são disputados cento e dez jogos somente na primeira divisão, onde em tese estão os clubes mais fortes no momento. Porém, são quatro divisões, que eleva este número para aproximadamente 440 jogos sob o comando da mesma FPF.
Além disso, ela arrecada com patrocinadores dos campeonatos e muito mais. Motivo pelo qual o futebol está cada dia mais pobre e as federações mais a CBF cada ano mais ricas, com seus dirigentes gastando com imóveis, carros de luxo, Iates, viagens ao exterior, entre outras coisas.
O exemplo usa um jogo do Corinthians, no Estado mais rico da Nação, com transmissões da Rede Globo e SporTV, imaginemos então quais são as dificuldades dos clubes pequenos do Maranhão, Piauí, Pará, Mato Grosso e demais Estados?

Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Gestor Público.

14 de fevereiro de 2019

Aumento da tarifa e cortes de Linhas mostram que governo só tem compromisso com empresários!

Mais uma vez o ano começou com novos aumentos da tarifa do transporte público. Além do mais, pelo menos 150 trajetos de ônibus foram retirados dos usuários, que padecem dos ajustes fiscais governamentais em absolutamente todas as áreas de seu interesse. É sobre esse contexto que o Correio conversou com Diego Soares, do Movimento pelo Passe Livre, que voltou a convocar protestos contra os aumentos na cidade de São Paulo.
Sobre a nova licitação para oferta de transporte nas 32 áreas delimitadas na cidade, “fica claro que quem gosta de ‘livre concorrência’ é intelectual de direita, capitalistas de verdade gostam mesmo é de concentração de renda. Por isso usam o Estado pra fazer valer seus interesses (...) Os cortes de linhas visam a manutenção do lucro dos empresários. Isso representa mais precarização e limitação no transporte”, criticou.
Além de lamentar que as esquerdas tradicionais tenham participação quase nula nos protestos e que o fascismo em suposta ascensão sempre esteve presente em manifestações de cunho antiempresarial, Diego destaca a necessidade de um transporte público que simplesmente vise o bem estar de seus usuários.
“O transporte público não pode estar dentro da lógica do lucro a qualquer custo pra meia dúzia de empresários, essa mentalidade traz prejuízos para a cidade inteira, são os mais pobres que mais pagam e mais sofrem. Pra financiar a tarifa zero e necessário uma reforma tributária”.  A entrevista completa com Diego Soares pode ser lida a seguir:

Correio da Cidadania: Primeiramente, que síntese você faz dos quatro atos de rua marcados pelo MPL para protestar contra mais um aumento da tarifa?
Diego Soares: O aumento da tarifa do ônibus (municipais e intermunicipais), metrô e CPTM contínua mobilizando uma parte significativa da população. São milhares de viagens por dia e é natural que uma parcela da população se revolte contra o aumento. Doria e Covas não dialogam com a população, usam métodos de repressão pra sufocar os atos e a PM, como nos anos anteriores, é usada como braço armado dos governantes. A repressão policial sufoca os atos e afasta a população das manifestações. Temos mais um ano em que as decisões são tomadas de cima para baixo e os manifestantes são tratados como criminosos por uma polícia que é treinada dentro da lógica militar, ou seja, desastrosa para a segurança dos manifestantes, da imprensa e da população em geral. Mesmo com toda repressão vimos à disposição de muitos de combater os ataques dos governos.

Correio da Cidadania: O que o movimento pensa das alegações do poder público para aumentar o preço das passagens?
Diego Soares: O aumento da tarifa é uma decisão política, por isso o aumento se dá acima da inflação, pois permite o aumento da margem de lucro empresarial. O aumento também mostra que prefeitura e governo estadual estão comprometidos com meia dúzia de empresários e não com os interesses da população.
Não existe gestão eficiente para a viabilidade da cidade, o transporte não é tratado como um direito social e está inserido na lógica da mercantilização do cotidiano, modelo que já se mostrou insustentável devido ao trânsito, poluição, exclusão social etc.
Fica claro que quem gosta de "livre concorrência" é intelectual de direita, capitalistas de verdade gostam mesmo é de concentração de renda. Por isso usam o Estado pra fazer valer seus interesses.

Correio da Cidadania: Por que houve mais uma rodada de cortes de linhas? O que isso representa em sua compreensão?
Diego Soares: Os cortes de linhas visam a manutenção do lucro dos empresários. Isso representa mais precarização e limitação no transporte.

Correio da Cidadania: O que comenta da nova licitação aberta pela prefeitura que recebeu, neste dia 5, 32 propostas para 33 áreas, sendo que em apenas uma delas há uma disputa entre duas empresas?
Diego Soares: A licitação não acontece de verdade, é uma maquiagem, é um jogo de cartas marcadas, não é à toa que a licitação vem se arrastando desde 2013. As empresas que ganham são as mesmas, é um "capitalismo de amigos", não existe concorrência.

Correio da Cidadania: Quais alternativas políticas e econômicas o movimento enxerga para a redução da tarifa e em última instância sua extinção?
Diego Soares: Pra reduzir a tarifa é preciso fazer uma auditoria e abrir a "caixa preta" que é o transporte, as licitações. Todo processo de concorrência precisa acontecer de maneira mais transparente, a população precisa se organizar pra fazer essa fiscalização. Temos de nos organizar nos bairros, locais de estudo e trabalho. 
O transporte público não pode estar dentro da lógica do lucro a qualquer custo pra meia dúzia de empresários, essa mentalidade traz prejuízos para a cidade inteira, são os mais pobres que mais pagam e mais sofrem. Pra financiar a tarifa zero e necessário uma reforma tributária.

Correio da Cidadania: Num momento onde se fala em escalada autoritária no país e muitos setores se utilizam da definição de fascismo para descrever o que está em andamento, você diria que houve grandes diferenças na relação do Estado e seu aparato de segurança, se comparamos com os protestos de anos anteriores?
Diego Soares: A ascensão do fascismo é inegável no mundo inteiro, mas nas manifestações contra o aumento os agentes do Estado agiram como nos anos anteriores, isso porque o fascismo sempre esteve presente ali.

Correio da Cidadania: Nesse sentido, o que comentar do decreto de Doria sobre novas disposições acerca de manifestações de rua?
Diego Soares: O decreto de Doria é inconstitucional e mostra o seu jeito de governar: vai agir extrapolando os limites da lei pra perseguir qualquer tipo de oposição.

Correio da Cidadania: Como vocês enxergam a relação da esquerda mais tradicional e partidária com a pauta de vocês e o próprio movimento, considerando que há até narrativas que acusam o MPL de ser responsável pela degringolada dos governos petistas? Há ressentimento e abandono de uma pauta que em tese deveria ser prioritária nas esquerdas? 
Diego Soares: A esquerda tradicional está longe das ruas e dos reais anseios da população, até agora não entendeu nada do que aconteceu em junho de 2013. Não levam a sério a pauta do transporte, mas essa falta de noção acontece em outros setores também. Estão perdidos e a direita vai continuar avançando sobre a mentalidade da população enquanto não houver mudanças no discurso e na prática.

Correio da Cidadania: Como o MPL se posiciona em relação a este momento político por que passa o Brasil, tanto em termos sociais como institucionais?
Diego Soares: Os ataques sobre os mais pobres tendem a crescer se a população não se organizar. A via institucional tem os seus limites, uma organização autônoma pode ultrapassar esses limites, mas depende de muitos fatores externos.

Autor: Gabriel Brito é jornalista e editor do Correio da Cidadania.

9 de fevereiro de 2019

E a cultura transforma o mundo!

Dizem que a educação muda um país e que assim, muitos evoluíram! Vamos com calma, não é só isso! A educação é um processo para o desenvolvimento da personalidade com suas qualidades físicas, mentais, morais, éticas e estéticas na relação com o meio social. A educação tem muito a ver com informação e capacidade de interpretação que o indivíduo desenvolve, mas, ainda é pouco!
Cultura é o que mais transforma o mundo e talvez Rodin já sabia disto quando esculpiu o Pensador!
Educação, infelizmente, sozinha não consegue dar plena competência para a interpretação e abstração da informação. Conhecer é pensar, tem relação direta com o saber da finalidade das coisas e da razão de ser! A história humana é a história do conhecimento e conhecimento verdadeiro é aquele que atinge as razões e causas das coisas, não simplesmente as coisas. Pensar é prerrogativa do homem, um direito e uma obrigação perante a vida recebida.
No momento que o homem procura ultrapassar o simples conhecer pelo empenho em pensar, vai despontando o elemento básico do viver com a abstração, reflexão, crítica e a objetividade. E não há razão para temer o espírito crítico e a reflexão viajante de um pensador, pois não há razão para temer a verdade. Verdade tem múltiplas fontes, não aceita dogmas e "o que devemos temer são homens e ideias de um livro só" como dizia São Tomás de Aquino, quase a dizer: não tenham gurus e nem aceitem verdades autoritárias!
CULTURA
A abstração e a reflexão não vêm da informação, informação não é cultura! Requer-se a interpretação, a comparação, ampliação e a aplicação por extrapolação. Desta forma, a informação vira conhecimento e amplitude de aplicações. O conhecimento vai evoluindo do processo de educação para a plenitude da cultura, pois mistura-se com as artes, leis, moral, costumes, hábitos, aptidões e crenças.
Quando se quer deixar seu corpo bonito e funcional para enfrentar as exigências físicas do dia a dia, procura-se as academias para deixar os músculos, ossos e outras partes preparadas. Mas, se quisermos deixar o cérebro apto para enfrentar as exigências emocionais e mentais, devemos trabalhar suas portas de entrada de informação, conhecimento, reflexão e abstração. Assim teremos mais inteligência, memória, criatividade, bons sentimentos e proximidade com o estado mental da felicidade.
Para refletir: "O que muda, mudará ou mudaria um povo e seu país, não é simplesmente a educação, mas sim a cultura, criando-se acesso e estimulando-a em todos os níveis sociais, econômicos e etários!". Uma escola é lugar para se praticar a abstração e a reflexão a partir do conhecimento. A educação na escola serve para fazer dela, uma maternidade da cultura!
COMO?
Como otimizar o cérebro ou a mente? Dizia Aristóteles que não há nada no intelecto que não tenha passado antes pelos órgãos dos sentidos: tato, visão, audição, olfato e paladar. Tudo passa por ele e a propriedade que nos dá se chama sensibilidade!
Muitas pessoas para passar em concurso ou ir bem na escola tem que estudar muito, horas e horas, e ainda assim, vai mais ou menos! Outros, porém, apenas assistem às aulas, leem rapidamente uma vez e passam em tudo com notas altas. Se comparar o tipo de ritmo de vida de cada um, verás que aquele com mais dificuldades não lê, não curte teatro, cinema e fotografias, não frequenta museus e exposições, não aprecia músicas, não pratica esportes e nem curte reuniões culturais, não pinta e nem esculpe! E quase sempre o papo desta pessoa varia entre: vida alheia, doenças e morte!
Dizem que culturalmente as pessoas podem se classificar em:
1. Mentes pequenas, as que conversam da vida alheia,
2. Mentes medianas, conversam sobre objetos, dinheiro, compras e vantagens,
3. Mentes brilhantes, falam sobre ideias e prazeres! Isto tem a ver com sensibilidade e capacidade mental para as coisas mais sensíveis e pode ser treinado, desobstruindo-se os órgãos do sentido ou portas de entrada do cérebro e mente.
Cultura é mecanismo adaptativo, é evolução biológica. Malcolm Gladwell disse que "a chave para as boas tomadas de decisões não é o conhecimento. É a compreensão. Que estamos repletos do primeiro e que a outra, está em falta! "
Então tomemos cultura, pois é isto que transforma o mundo!

Autor: Alberto Consolaro Professor titular da USP - Bauru. Escreve todos os sábados no JC. 

8 de fevereiro de 2019

As tragédias que poderiam ser evitadas!

Há pessoas neste mundo que gastam todo
o seu tempo à procura da justiça, não lhes
sobrando tempo algum para a praticarem.
Henry Billings Brown

Com uma frequência assustadora assistimos o noticiário divulgar quase que diariamente a ocorrência de tragédias das mais diversas em nossas cidades. Incêndios, alagamentos, desmoronamentos, naufrágio de barcos e balsas, desastres ambientais, etc.
Com eles se vão vidas, muitas ficam com sequelas físicas e mentais para o resto da vida. Sem contar os prejuízos diretos para a sociedade, o Estado e o meio ambiente.
Em comum, boa parte delas poderia ser evitada se a sociedade cumprisse as leis e, se o governo em seus três níveis de poder aplicassem as regras e leis existentes.
O brasileiro em geral não leva a sério muitas coisas, pensa que o problema é dos outros e não de todos. Muitos ignoram as leis, as regras de segurança, os avisos de proibição e com isso acabam se expondo a riscos desnecessários.
O governo em toda sua extensão não fiscaliza aquilo que as leis preconizam, muitas vezes sequer dá o exemplo tão importante para que todos possam perceber a importância daquilo que está sendo proibido.
Assim, barragens que deveriam ser proibidas ou fechadas acabam sendo aprovadas mesmo que o relatório de fiscalização assim preconize, pois alguém em algum alto escalão trocou o cumprimento da lei por propina ou favores diversos.
O brasileiro comum muitas vezes não respeita regras contra a pesca predatória, não consegue sequer dar seta no seu veículo, respeitar semáforos ou a famosa placa de PARE nos cruzamentos espalhados pelas nossas cidades.
As prefeituras não se adequaram a Lei Ambiental com relação aos seus antigos lixões. O cidadão comum joga lixo nos terrenos e dos seus carros quando está se locomovendo. Ou seja, nem a sociedade nem o Estado praticam aquilo que se chama ordem e progresso.
Incêndios acontecem por faltas de cuidado ou descumprimento de normas de segurança em prédios comerciais e edifícios residenciais. Pessoas colocam fogo em terrenos para não gastarem com o serviço de limpeza. Outros queimam área na lavoura e acabam colocando em risco matas ciliares e grandes extensões de reservas ambientais.
O oceano e os nossos rios são verdadeiros depósitos de lixo, poluindo e matando a vida de centenas de animais da nossa fauna. O sujeito vai à pescaria ou a um passeio e tem a capacidade de jogar garrafas Pet no rio ou na mar. O famoso povo contra o povo.
De que adiantam termos tantas leis, se não temos fiscalização a altura e nem educação para podermos viver em sociedade no Brasil? Como explicar que o Senado Federal com 81 membros eleitos pelo povo consegue numa eleição interna ter 82 votos?
A nossa maior tragédia está nos bancos escolares e no seio das nossas famílias onde a educação deixou de ser prioridade, os pais vivem alheios à necessidade de formar um filho para o mundo, ao invés disso estão criando pequenos monstros sem educação, sem respeito e que não conseguem da adolescência em diante ouvir não como resposta.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Gestor Público.