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26 de julho de 2019

O estrago que a nova CPMF provocaria na Bolsa e em outros mercados!

Ocorrerá um desastre se prevalecer a proposta do governo de criar o 'Imposto Único' para incidir sobre as transações financeiras!
Marcos Cintra, secretário nacional da Receita Federal e responsável pela proposta de reforma tributária do governo Foto Dida SampaioEstadão
Se prevalecer a proposta do governo, a volta da CPMF, na condição de “Imposto Único”, deverá provocar um desastre no mercado de ações.
Como prevê o secretário Especial da Receita Federal, Marcos Cintra, a nova CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, extinta em 2008), viria com outro nome: Imposto sobre Transações Financeiras (ITF). Não seria cobrada apenas em uma, mas nas duas pontas da transação bancária. Seria descontada automaticamente de quem paga e de quem recebe.
Da antiga CPMF dizia-se que era um imposto indolor. Tinha alíquota relativamente baixa, de apenas 0,38%, e era surrupiada pelos computadores a qualquer movimentação da conta bancária, sem declaração prévia do contribuinte, sem boleto, nada. Mas, por ser um imposto que viria para substituir nada menos que cinco impostos (PIS, Cofins, IPI, CSLL e IOF), cuja arrecadação alcança hoje 27% do PIB, teria uma alíquota bem mais alta, previamente avaliada em 2,8%. Nessas proporções, vai doer. E como vai!
Todos os mercados de alta liquidez serão prejudicados. A Bolsa será o primeiro deles. Quem, por exemplo, comprasse R$ 100 mil em ações de qualquer empresa, além das taxas de corretagem e emolumentos, que são relativamente baixos, teria de recolher outros R$ 2,8 mil. Como os 2,8% incidiriam também na venda, seria preciso que a ação se valorizasse bem mais de 6% para que a operação despertasse algum interesse por parte do investidor. Ou seja, a liquidez do mercado, característica essencial da Bolsa, ficaria comprometida porque o ITF desestimularia compras e vendas.
A falta de liquidez, por sua vez, prejudicaria todo o mercado de capitais, o ambiente em que as empresas mais organizadas podem se abastecer com capitais mais baratos.
A desestruturação do mercado de capitais derrubaria instantaneamente o valor de mercado das grandes empresas brasileiras, desorganizaria os fundos de investimento de renda variável e praticamente inviabilizaria qualquer programa de desestatização. A Petrobrás, por exemplo, acaba de vender no mercado de ações 33,75% de sua participação na BR Distribuidora. Se o imposto único estivesse em vigor, essa operação ficaria inviabilizada, não só porque o preço da ação ficaria bem mais baixo do que os R$ 24,50 em que foi negociada, mas porque os compradores teriam de recolher outros 2,8% correspondentes ao imposto.
O que está dito acima sobre o mercado de ações vale para todos os outros segmentos do mercado financeiro: para o câmbio, para o de juros futuros, para o de commodities e, também, para o de imóveis. Se você comprasse um apartamento por R$ 500 mil, teria de recolher imediatamente R$ 14 mil por conta dos 2,8% do imposto. O comprador também estaria sujeito à mesma tesourada, fora a corretagem, despesas de cartório e o Imposto de Renda sobre Ganhos de Capital. Por aí se vê que o mercado de imóveis também enfrentaria crises de liquidez.
Por essas e outras enormes distorções, fica incompreensível a defesa desse imposto pelos empresários do Instituto Brasil, liderados por Flávio Rocha, controlador das lojas Riachuelo. 

Autor: Celso Ming – Publicado no Estadão

24 de julho de 2019

“Mas será o Bolsonaro?”

Jair Bolsonaro é o maior adversário de Jair Bolsonaro. Nos últimos dias tem se esmerado em criar situações desfavoráveis ao seu próprio governo. Isto em um momento de recesso do Legislativo e do Judiciário, quando poderia aproveitar o vazio para ocupar o espaço político com uma agenda positiva. Contudo, uma sucessão de declarações desastradas e desnecessárias, deu aos seus oponentes amplo material para desgastar o seu governo. Colocando em risco, inclusive, a aprovação em segundo turno da reforma da Previdência pela Câmara, em agosto. E a tramitação inicial da mesma reforma no Senado. Ao invés de colher os louros pela vitória expressiva – a PEC obteve 379 votos – acabou fornecendo munição à oposição. Mesmo sabendo que o que foi aprovado difere em muito em relação ao projeto inicial elaborado pelo ministério da Economia.
É sabido que a popularidade de Bolsonaro no Nordeste é baixa – é a menor de todas as regiões do país. Lá esteve apenas duas vezes em quase sete meses de governo. A última foi ontem, quando esteve em Vitória da Conquista. Deve ser registrado que o Presidente viajou muito pouco pelo país. Mas as sucessivas declarações contra os nordestinos acabaram gerando um movimento de rejeição na região – ampliando ainda mais a sua impopularidade. É sabido que Bolsonaro desconhece a Constituição. Mas suas falas atingiram três artigos da Carta Magna (art. 5, XLII; art. 19, III e art. 37, caput). No café da manhã com os correspondentes estrangeiros disse – e a gravação da EBC não deixa qualquer dúvida – que não enviaria recursos federais ao Maranhão e se referiu aos nordestinos como “paraíbas”, denominação pejorativa utilizada no Rio de Janeiro para denominar os migrantes oriundos do Nordeste (em São Paulo eram chamados de baianos e a expressão era entendida como sinônimo de burro, ignorante, desqualificado). É inaceitável ouvir de um Presidente da República uma afirmação que menospreza brasileiros. O pior foi a tentativa – infrutífera – de tentar justificar o injustificável, sem reconhecer o erro, algo típico da personalidade de Bolsonaro – que imputa sempre aos adversários a razão dos seus erros, forjando um ambiente permanente de conspiração contra ele próprio. O caso limite deste pathos na família é o seu filho Carlos.
Apontou depois a sua metralhadora verbal para o INPE. Acusou o instituto – que tem reconhecimento internacional – de agir como instrumentos de ONGs que teriam como o objetivo primordial desmoralizar o agronegócio. Mais uma vez esteve presente a teoria conspirativa. Foi imediatamente desmentido. Queria censurar a divulgação dos dados sobre o desmatamento da Amazônia. Como se o problema principal fosse a exposição das informações e não o ato em si, ou seja, a ação predatória de setores atrasados do agronegócio. Foi mais um ataque a uma instituição de Estado, verdadeira obsessão presidencial. Antes tinha menosprezado o Itamaraty. E, por via transversa, também atingiu as Forças Armadas, em especial o Exército. Tudo devido à mágoa por ter abandonado a vida militar. Sabia que não poderia galgar postos mais altos que exigiriam muito estudo e suas limitações intelectuais são evidentes. Isto explica os ataques aos generais através do seu preposto, o filho Carlos.
A insanidade governamental foi também dirigida ao FGTS e a multa de 40% no caso de demissão sem justa causa. Imputou o desemprego à multa, numa associação digna de um trapalhão. Insistiu na falácia de que “muitos direitos” significam poucos empregos. A saída, portanto, seria retirar ganhos históricos dos trabalhadores para enfrentar o desemprego. Bobagem, evidentemente. No limite poderá até advogar o fim da Lei Áurea. Afinal, na escravidão havia o pleno emprego. Mais uma vez Bolsonaro revelou seu absoluto desconhecimento no campo econômico – o que, durante a campanha eleitoral, dizia não ser problema pois tinha o “posto Ipiranga” (em tempo: à propósito, onde está Paulo Guedes?). A questão central é a inexistência de um projeto econômico para o país. O governo não sabe o que quer. Vive do improviso, de medidas pontuais e ineficazes para enfrentar a estagnação.
O que fica destas declarações de Jair Bolsonaro – e foram muitas, destaquei somente algumas – é que não está preparado para o exercício da função. Defensores dizem que ele é muito espontâneo, que é o seu estilo. Não. Em sete meses demonstrou a mesma vulgaridade dos tempos de deputado do baixo clero. Só que agora no exercício do principal cargo, o de Presidente da República Federativa do Brasil. E em um momento que o país necessita de uma direção segura, competente, republicana. Estamos vivendo a pior crise da história econômica brasileira. Nada indica que estamos próximo de encontrar uma saída. Pelo contrário, com Bolsonaro no Planalto a crise só tende a se agravar. Aguardemos agosto, mês funesto para nós. Enquanto isso, resta rir e perguntar: sabe a última do Bolsonaro?

Autor: Historiador Marco Antônio Villa – Publicado no Correio Brasiliense e Jornal Estado de Minas.

É privatização das universidades?

Na disputa para o cargo de primeiro-ministro britânico, chegou-se ao número de oito concorrentes. Os candidatos se dividiam entre os que fizeram a Universidade de Cambridge e os que cursaram a Universidade de Oxford. São universidades públicas em que durante anos de vida os estudantes discutem os problemas do país, fazem ciência e aprendem a conviver e se dedicar à sociedade. Eles vivem 24 horas por dia no campus de uma verdadeira universidade. Qual é a diferença entre uma universidade de verdade e um colégio ou escola profissionalizante para pessoas adquirirem um ofício e que também são "chamadas" de universidades?
Como nos estádios, as universidades federais poderão vender os nomes dos campi para empresas
DIFERENÇA
No colégio e nestas escolas se tem aulas teóricas e práticas. Terminou a aula, o professor vai para sua casa ou outros lugares, sendo que alguns destes colégios e escolas profissionalizante obrigam o professor a não permanecer no campus com medo de alegar horas de trabalho se ficar, afinal elas pagam por horas de aulas dadas. Nos colégios e nas universidades profissionalizantes, as discussões, os seminários, a polêmica, a diferença e as pesquisas não existem ou são mínimas.
Nas universidades verdadeiras, os alunos e professores permanecem o tempo que quiserem no campus, onde se tem bibliotecas, laboratórios, museus, teatros e muitas outras atrações intelectuais e físicas que lhe prendem atenção às missões repassadas. Os alunos da graduação participam de pesquisas juntos com mestrandos e doutorandos, sob orientação de professores com formação sólida que lhes deram os títulos de doutorado, livre docência e titular. Nos intervalos das atividades intelectuais e práticas de seus programas de graduação, nas universidades verdadeiras os alunos fazem pesquisas financiados por agências de fomento à pesquisa e por bolsas de empresas.
A diferença entre uma universidade verdadeira ou um colégio ou universidade "profissionalizante" é a ambiência ou ambiente científico que existem nas primeiras e não nos colégios. Esta ambiência científica induz e dá tempo aos cérebros refletirem sobre a vida, a sociedade e a ciência, permitindo reflexões e análises críticas bem fundamentadas. Nos colégios e nas universidades profissionalizantes este tempo não existe, esta ambiência não é estabelecida, pois acabou-se a aula, todos vamos para a casa ou para o bar, afinal se tem que divertir!
PARA QUÊ?
Na história da criação e evolução das universidades verdadeiras, seu objetivo ou a sua essência, é formar pessoas e não profissionais. É formar cidadão para a sociedade e não mão de obra para o mercado. A essência da universidade verdadeira é formar o cidadão pensante, crítico, analítico e que saiba julgar ou decidir para o bem comum. Na universidade tipo colégio e ou profissionalizante, se forma o profissional, sem preocupação com a parte intelectual, filosófica, crítica, analítica e social, o importante é dar um oficio para trabalhar e sustentar sua família!
Muitos entre nós, a grande maioria, "fazem" faculdade ou graduação em colégios e universidades profissionalizantes. Nenhum mal, se soubessem isto! Mas não sabem e se comportam como intelectuais, sabedores de tudo, com nível superior e desprezando as demais pessoas com suas posições autoritárias, sem tolerância com o diferente! Diria que esses "formados" se comportam como pseudossábios!
PERIGOSOS
O perigo não são os que não sabem, mas o que pensam que sabem, mas não são sábios coisa nenhuma! Eles não conseguem compreender o mundo como está, querem reformatar e destruir tudo para fazê-lo ao seu modo, pois o planeta é como o quintal de sua casa! Incrível!
Pelas propostas apresentadas "corajosamente" pelo ocupante do Ministério da Educação, irão privatizar a universidade pública, para que elas virem "profissionalizantes" como colégios a serviço de empresas e grupos organizados. Isto acontece, porque quase todos no comando do país, estados e municípios se "formaram" nestas "universidades-colégio" sem ambiência cientifica e sem a prática diária da ciência, onde a diversidade é o ponto de partida para qualquer análise!
Como iriam valorizar o que nunca viveram? Onde se "formaram"? Como seriam os seus históricos escolares?

Autor: Alberto Consolaro é professor titular da USP - Bauru. Escreve todos os sábados no JC. 

22 de julho de 2019

Vocação para ser grande!

Uma nação que tenta prosperar a base de impostos
 é como um homem com os pés num balde tentando
levantar-se puxando a alça. Winston Churchill 

Apesar de sua enorme extensão territorial, sua população acima de 200 milhões de pessoas, sendo assim o maior país da América do Sul, o Brasil não tem vocação para ser grande.
A culpa em boa parte é dos políticos, sim, com toda certeza estes em todas as três esferas de poder legislam em causa própria ou em busca de interesses menores para a sociedade e maiores para suas contas bancárias em paraísos fiscais ou quem sabe buscando visibilidade para poder se reeleger.
Porém, não podemos deixar de dividir um pouco esta culpa com a sociedade civil. Começo pelo povo que não leva a sério o ato da democracia, na maioria das vezes imaginando que votar a cada dois anos possa ser considerado como pleno exercício de cidadania, com isso, não fiscaliza, não cobra, não acompanha sequer os trabalhos dos vereadores e prefeito de suas cidades. Vota sem pesquisar seus candidatos e ultimamente prefere votar em branco, nulo ou se abster das votações. Dá aos políticos um cheque em branco para que estes em quatro anos façam o que bem entenderem.
Na última eleição, apenas e tão somente 38% (Trinta e oito por cento) dos eleitores votaram no candidato que venceu a eleição para presidente da república. Com isso, 62% dos eleitores brasileiros, mesmo sendo maioria, não participaram de forma efetiva do processo eleitoral. Preferiram anular, votar em branco ou simplesmente se abster de votar. É legal, mas preocupante estes números que vem crescendo a cada nova eleição.
Precisamos avaliar o comportamento do nosso alto empresariado, que embora reclame muito de alguns governos, disponibiliza recursos para financiar campanhas eleitorais, com a finalidade de cobrar estes políticos para ajuda-los em questões que normalmente prejudicam os próprios trabalhadores.
Sem contar os carteis e a pressão para redução ou perdão de dividas de impostos devidos ao próprio governo. Busca de subsídios para em alguns casos fazer frente a própria incapacidade de crescimento e modernização de seus negócios.
Empresários que mantém salários baixos, procuram cortar benefícios sempre que podem, sonegam impostos e mesmo assim, vivem viajando, comprando Iates, constituindo verdadeiras fortunas.
Por último, ressalto a nosso ineficiente sistema judiciário, que colabora com a corrupção doentia no país. Sua omissão e demora para efetuar os julgamentos dos envolvidos nestes crimes, possibilita que centenas de casos prescrevam sem que os réus sejam condenados.
O país para ser grande, além de corrigir estas coisas citadas acima, precisa investir e apoiar a Educação, como base para qualquer mudança que possa ajudar na formação de uma geração vencedora.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

18 de julho de 2019

Prefeito de Sorocaba é pego com Atestado (Bilhete) falso!

Uma moradora de Sorocaba – SP, flagrou o prefeito José Crespo – DEM-SP almoçando em um restaurante em Montevidéu, no Uruguai no dia 07 de julho, um belo domingo. O prefeito de Sorocaba havia pegado um atestado de 14 dias para repousar, por ordem médica.
O atestado foi emitido dia 3 de julho com validade até 17 de julho, e diz que o prefeito deveria permanecer em repouso domiciliar. Quem emitiu o atestado foi o médico Urologista Dr. Limirio Leal da Fonseca Filho – CRM 35217.
No atestado, o médico não colocou a CID, que é a Classificação Internacional de Doenças. De acordo com a legislação trabalhista, essa informação não é obrigatória.
O documento foi protocolado na Câmara no último dia 5. Antes disso, no dia 3, ele deveria ter prestado depoimento à Comissão Processante da Câmara, mas alegou que precisava passar pelo médico em São Paulo.
Na quinta-feira, 11, ele também era esperado para depor na Câmara, mas não compareceu por conta do suposto "repouso domiciliar" determinado pelo médico.
A moradora que encontrou o prefeito disse que ele estava passeando com a mulher no Mercado do Porto, na capital uruguaia. O registro foi feito quando o casal parou em uma lanchonete.
"Em razão de incômodos pós-operatórios (próstata), o médico determinou meu afastamento das atividades normais do gabinete e repouso, o que estou cumprindo. Viagens, desde que mantidos esses cuidados, não estão proibidas", disse o prefeito em nota enviada à TV TEM.
José Crespo é investigado em quatro inquéritos da Polícia Civil e em uma Comissão Processante da Câmara dos Vereadores. Talvez isso o tenha estressado tanto que causou problemas de saúde, ou tenha sido a deixa encontrada para fugir das suas responsabilidades perante a Câmara e a sociedade de Sorocaba.
Essa situação bizarra e um tanto quanto mentirosa, me fez lembrar a história do garoto Gabriel Lucca de cinco anos de idade que viralizou nas redes sociais em 2018. Ele escreveu um bilhete se passando pela professora na tentativa de "fugir" da aula, contou sua mãe, que está acostumada com os recados inusitados recebidos do filho. O "plano infalível" do garoto, que mora com a família em Bocaina (Região de Jaú-SP) "inventou" um feriado, foi compartilhado pela mãe com a Tia Paulinha, professora que teria assinado o bilhete.
Na tentativa de convencer a mãe, Gabriel escreveu "é verdade esse bilete (sic)". A professora publicou o recado no Facebook e, em poucas horas, o post viralizou.
O prefeito Crespo só não fez o bilhete, porém, ao dizer que o médico determinou repouso e que viagem não teria problema, ficou ridículo e exposto a fúria dos munícipes e dos vereadores que poderão acrescentar mais um processo aos muitos que o manganão já possui naquela cidade.
Esquerda Montividéo Direita Prefeito e esposa na mesma cidade.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública. 

10 de julho de 2019

O amanhã das profissões!

Algumas das melhores lições
são aprendidas dos erros do passado.
O erro do passado é a sabedoria do futuro.
Dale Turner

Num tempo que está mais próximo do que imaginamos, nós deixaremos de recorrer a alguns profissionais. Não iremos recorrer a um corretor de imóveis para comprar uma casa, enviar algo pelo correio ou até pegar um livro numa biblioteca. Ao invés disso, iremos lidar com robôs encarregados destas funções.
 É o que prevê o pesquisador Carl Frey, da Universidade de Oxford, no Reino Unido. Ao lado de outro estudioso do tema, Michael Osborne, ele elaborou uma metodologia para estimar as chances de um emprego ser automatizado. Ele argumenta que estamos entrando em uma nova fase do avanço da tecnologia sobre os postos de trabalho.
Essas mudanças estão acontecendo há algum tempo, começaram de forma lenta e gradual, sem que muitas vezes tenhamos percebido no cotidiano. As linhas de montagem na indústria automobilística foi um começo da automação na indústria.
Com o avanço da inteligência artificial e da robótica esse espaço estará cada dia mais ocupado por robôs. "Nenhuma indústria ou ocupação é imune à automação. No passado, isso estava restrito a atividades repetitivas. Agora, há um imenso volume de dados sendo gerados. A tecnologia de computação se sofisticou. Equipamentos eletrônicos usados na robótica estão melhores e mais baratos", afirmou o especialista à BBC Brasil.
As dez profissões mais ameaçadas de extinção são:
   1.   Agente de crédito;
   2.   Analista de crédito;
   3.   Corretor de imóveis;
   4.   Gerente de remuneração e benefícios;
   5.   Atendentes de agências do correio
   6.   Operadores de usinas nucleares;
   7.   Analista de Orçamento;
   8.   Contador e Auditor;
   9.   Técnico de Geologia e Petróleo; 
  10.  Operadores de estações de exploração de gás.
Estima-se que 35% dos postos de trabalho no Reino Unido corram risco de desaparecer nos próximos 20 anos, com a criação de robôs capazes de realizar essas mesmas funções. Esse índice é ainda maior nos Estados Unidos, aonde chega a 47% - e ultrapassa 50% em países em desenvolvimento.
As dez profissões menos ameaçadas pelos robôs são:
   1.   Supervisor de trabalhos mecânicos, instaladores e reparadores;
   2.   Diretores de gerenciamento de emergências;
   3.   Audiologista;
   4.   Terapeuta ocupacional;
   5.   Ortodontistas e especialistas em próteses;
   6.   Cirurgiões buco-maxilo-facial;
   7.   Supervisores de bombeiros;
   8.   Nutricionistas;
   9.   Engenheiros de vendas;
  10.  Médicos e cirurgiões.
Esses dados afetam muito mais o chamado primeiro mundo com seus países muito mais desenvolvidos que o Brasil, onde a indústria está muito atrasada na informatização de seu parque industrial. Claro que, alguns segmentos da nossa sociedade irão conviver com essa modernização em tempo menor. O ideal é que os jovens direcionem seus estudos para carreiras eu possam ser mais duradouras e com menos riscos de serem extintas.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

Nada que está ruim, que não possa piorar - Deepfakes!

Os problemas significativos que enfrentamos
não podem ser resolvidos no mesmo nível de
pensamento em que estávamos quando os criamos.
Albert Einstein

Quando pensávamos que conviver com as chamadas Fake News (Notícias falsas) era coisa do passado, algo que já podíamos administrar com tranquilidade em nosso cotidiano chega à novidade para nos provar que o que era ruim, pode ficar muito pior. Surgem as Deepfakes, ou falsificações profundas.
Teremos que lidar nas redes sociais com esta ameaça que se utiliza de Softwares capazes de redigir textos de maneira autônoma, indistinguíveis daqueles escritos por pessoas.
A utilização da inteligência artificial acopla as fakenews para produzir textos e vídeos (Fakeviews) que poderão provocar sérios problemas. E por quê? Áudios poderão ser fraudados, o sistema poderá transformar a fala em dados e, por meio de algoritmos, clonar a voz humana.
Isso pode levar você a falar com a sua voz, algo que você nunca pronunciou. A situação é comparável ao Photoshop, que altera e modifica fotos, falsificando-as. A expressão “ver para crer” perderá força.
Recentemente, circulou um vídeo onde, com todo o movimento da boca, Barack Obama dizia coisas como, por exemplo, “Trump é um imbecil”. Imaginem o constrangimento pessoal que isso poderá provocar e até as complicações políticas advindas de situações inexistentes difíceis de serem desmascaradas.
Estamos convivendo com algumas situações sem, no entanto percebermos a sua dimensão. No Twitter, histórias falsas têm 70% mais chances de serem reproduzidas que as verdadeiras. Segundos pesquisas recentes havia de 29 milhões a 49 milhões de contas robôs no Twitter e 60 milhões do Facebook.
Segundo Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista de Adolf Hitler, uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade. Imagine então uma mentira numa campanha política repetida 50.000 mil vezes pelos robôs que multiplicam as postagens?
No Brasil, onde leis não são obedecidas, muitas vezes burladas, nas eleições de 2018 tivemos uma avalanche de utilização de robôs nas redes sociais postando milhares de fake news diariamente. Tudo isso, impunemente até o presente momento. É para ter medo do que vai acontecer quando as Deepfakes forem usadas.
Afinal como disse o Consultor Evandro Milet: “Nem todo mundo na internet é doido. Mas todo doido está na internet com suas teorias conspiratórias, delírios paranoicos e ódios ideológicos descontrolados, agora turbinados com novas e poderosas ferramentas”.

Fonte: Evandro Milet – Consultor e palestrante em inovação e estratégia.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

O canto da sereia no Brasil!

“Não existe um governo corrupto numa Nação ética,
nem há uma Nação corrupta onde exista um
governo ético e transparente” Leandro Karnal.

A mitologia grega foi a que mais colaborou com o imaginário ocidental. Em 1100 a.C., eles criaram não só as sereias como as sirenas: mulheres-pássaros que causavam naufrágios ao distrair marinheiros com a voz. Diferentemente das mulheres-peixe, nunca se apaixonavam por humanos. Eram filhas do deus-rio Aqueloo, criadas para serem amigas de Perséfone, filha de Zeus e Deméter. Filhas do rio Achelous e da musa Terpsícore, tal como as harpias, habitavam os rochedos entre a ilha de Capri e a costa da Itália.
Eram tão lindas e cantavam com tanta doçura que atraíam os tripulantes dos navios que passavam por ali para os navios colidirem com os rochedos e afundarem. Odisseu, personagem da Odisseia de Homero, conseguiu salvar-se porque colocou cera nos ouvidos dos seus marinheiros e amarrou-se ao mastro de seu navio, para poder ouvi-las sem poder aproximar-se. As sereias representam na cultura contemporânea o sexo e a sensualidade.
Na Grécia Antiga, porém, os seres que atacaram Odisseu eram, na verdade, retratados como sendo sereias, mulheres que ofenderam a deusa Afrodite e foram viver numa ilha isolada. Assemelham-se às harpias, mas possuem penas negras, uma linda voz e uma beleza única.
Na atualidade 38% dos eleitores brasileiros, que na prática são pouco mais de 28% do total de brasileiros, se deixaram levar pelo canto da sereia. Numa eleição em dois turnos, optaram em votar em um candidato despreparado, que havia ficado 30 anos no Poder Legislativo sem nunca em tempo algum ter feito algo pelo Estado que representava nem pelo país.
O som da sereia neste caso se reveste de uma canção carregada de preconceito, de ódio e de aversão a outro partido que governara o país até 2016. Por mais que discorde e tenha criticas severas a este outro partido, não posso imaginar que votar em alguém tosco e ignorante possa desfazer aquilo que tenha sido feito de forma errada.
O voto tem de ser consciente e baseado na pesquisa dos candidatos colocados a prova no primeiro turno, votar com ódio ou com o fígado jamais vai trazer bons resultados. A pauta era baseada em Fake News, em aproximar os evangélicos com um discurso pró-família, embora no mesmo projeto estivesse incluso liberação de armas e agrotóxicos (ambas que matam pessoas e destroem famílias).
Haviam opções no primeiro turno, quis o destino cruel que os dois postulantes no segundo turno fossem o candidato do partido odiado por parcela significativa da população contra o sujeito despreparado e sem noção alguma de gestão pública.
Após seis meses de governo, o país está parado, o presidente só tem um argumento, um projeto, que é a Reforma da Previdência. O desemprego de 13 milhões de brasileiros, as obras de infraestrutura necessárias, habitação popular e o crônico problema da saúde ficam a mercê da aprovação dessa reforma.
Minha opinião: O povo brasileiro, em especial os 62% que não deram seu aval a este presidente vão sofrer muito, tanto quanto aqueles que fazem parte dos 38% de eleitores do PSL. Essa reforma não vai gerar empregos, desenvolvimento econômico e crescimento da economia brasileira. Aguardem e veremos em pouco tempo. O canto da sereia ainda ilude, mas não por muito tempo. 

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública. 

5 de julho de 2019

Mundo ultrapassa 1,5ºC só com carbono já “encomendado”

Um estudo publicado nesta segunda-feira (01/07) mostra que a humanidade está casada em comunhão total de prejuízos com um aquecimento global de 1,5oC. Seus autores apontam que só a infraestrutura de energia já em construção e planejada no planeta já causará emissões de gás carbônico (CO2) mais altas do que o máximo necessário para estabilizarmos o aquecimento da Terra nesse patamar.
China precisa desativar de duas a três usinas de carvão por semana para manter-se dentro da meta estabelecida no Acordo de Paris. Mas as emissões devem subir este ano – Foto Pixabay
É o chamado efeito de emissões comprometidas, ou lock-in, na expressão em inglês. Ele corresponde ao carbono que será inevitavelmente emitido ao longo da vida útil de um equipamento de infraestrutura, como uma usina termelétrica – que pode durar 30 anos ou mais – ou um carro.
A equipe da pesquisadora Dan Tang, da Universidade da Califórnia em Irvine (EUA), estimou que a estrutura já implementada no mundo emitirá, se operar como vem operando até agora 648 bilhões de toneladas de CO2. Há outras 188 bilhões de toneladas em obras e equipamentos planejados. Ou seja, um total de 846 bilhões de toneladas já estariam encomendados, por assim dizer.
Ocorre que o “teto” de emissões estimado pelos cientistas para que tenhamos uma chance de pelo menos 66% de limitar o aquecimento a 1,5oC (como almeja o Acordo de Paris) é de apenas 580 bilhões de toneladas, na melhor das hipóteses. Isso equivale cerca de dez anos de emissões globais no rito atual.
Para limitar a temperatura abaixo de 2oC, que é o objetivo menos ambicioso do acordo do clima, a situação é um pouco melhor: o “teto” estimado de emissões da humanidade é de cerca de 1,2 trilhão de toneladas, embora ele seja contestado por alguns cientistas – que argumentam que nós já gastamos quase metade disso e é preciso considerar emissões de outros gases de efeito estufa além do CO2.
“Nossos resultados mostram que basicamente não existe espaço para nova infraestrutura emissora de CO2 com as metas climáticas existentes. E, se o mundo quiser alcançar 1,5o C, as usinas fósseis e os equipamentos industriais existentes precisarão ser aposentados mais cedo, a menos que possam ser equipados com captura e armazenamento de carbono ou que suas emissões possam ser compensadas”, disse Steve Davis, de Irvine, coautor do estudo, publicado no periódico Nature.
Não ajuda o fato de a maioria dessas usinas e desses equipamentos estarem na China: 41% de toda a infraestrutura carbonizante está operando ou planejada para operar no gigante asiático – que tem 250 gigawatts de usinas a carvão para construir, mais do que todo o parque elétrico do Brasil somado.
Os investimentos na China para essa infraestrutura chegam a US$ 6 trilhões, e dificilmente alguém dirá aos chineses para abrirem mão disso. Afinal, mesmo que mais de metade do carbono emitido pela humanidade tenha ido para o ar apenas nos últimos 30 anos, foram os países desenvolvidos que causaram o problema originalmente – e os países em desenvolvimento não se esquecem disso.
A matemática do clima, porém, é implacável e não respeita história ou geografia: usinas chinesas, oleodutos norte-americanos e caminhões brasileiros vão ter que sair de cena.
“Embora analistas de clima e energia enfatizem que evitar 1,5oC de aquecimento, por exemplo, é ‘tecnicamente possível’, nossos resultados botam essa possibilidade em contexto: nós teríamos chance razoável de atingir a meta de 1,5oC com (1) uma proibição global de qualquer novo equipamento emissor de CO2 – incluindo a maioria das usinas fósseis já propostas, e (2) reduções substantivas nas vidas úteis históricas e/ou na taxa de utilização da infraestrutura já existente”, escrevem Tang e colegas.

Autor: Escrito por Neo Mondo

1 de julho de 2019

Radiografia do fanático “que só sabe contar até um”

O fanático abraça toda a realidade para que não possa haver ninguém diferente dele.
Foto: Naiara Galarraga Cortázar
A questão do extremismo e da identidade do fanático, seja no âmbito político, cultural ou psicológico, agita todo o mundo e é de forte atualidade para a sociedade brasileira que se debate entre extremos difíceis de conciliar. Entre as definições que existem do fanático, nenhuma me parece mais aguda do que a do recentemente falecido escritor israelense Amós Oz, considerado um dos maiores e mais livres pensadores do nosso tempo.
Em sua obra Mais de Uma Luz (Companhia das Letras, 2017), define o fanático como “aquele que só sabe contar até um”. Sua realidade termina nele. Sua matemática se esgotada aí. Não cabem nem dois, porque, segundo ele, “uma das realidades contundentes que identificam um fanático é sua ardente aspiração de mudar o outro para que seja como ele”.
O fanático abraça toda a realidade para que não possa haver ninguém diferente dele. Não existem em suas contas a soma nem a multiplicação. Segundo o escritor, “ele não quer cortinas no mundo, nem sombra de vida privada ou diferente da sua”. O verdadeiro fanático “se acredita enviado por Deus para purificar o mundo e torná-lo todo igual, sem diferenças”.
Nesta linha de raciocínio, para o fanático, “a justiça é mais importante do que a vida”, e o “ódio cego faz que quem se encontre do outro lado da barricada seja idêntico a ele”. Uma vez mais, o fanático só consegue contar até um. O dois não existe para ele, ou deve ser assimilado ou destruído.
Essa forte presença do fanatismo é hoje, segundo o escritor, mais perigosa depois do nazismo e do stalinismo. Naquela época, por algum tempo, os nazistas, por exemplo, se envergonhavam de sua condição e até chegavam a escondê-la. Hoje é ainda mais grave, já que a vacina parcial que tínhamos recebido está acabando e os fanáticos agem com o rosto descoberto, quase com orgulho. “Ódio, fanatismo, animosidade ao outro, ao diferente, e brutalidade política são proclamados à luz do sol”, segundo o escritor.
E assim, nesse clima do ressurgimento do fanático, “cada vez mais pessoas escolhem o ‘furioso’, o ‘chocante’ o ‘sinistro’, o ‘enlouquecedor’ e até ‘morrer e matar’”, anota o escritor israelense que morreu sem receber o Nobel de Literatura, certamente por suas posições abertas em favor do diálogo entre Israel e a Palestina, sua grande obsessão democrática e humanista. E acrescenta que hoje talvez não seja inocente nem casual “a infantilização das multidões em todo o mundo”, com o objetivo de alimentá-las com o maná da fascinação do fanatismo.
“Todos os tipos de fanáticos tendem a viver em um mundo em que tudo é preto ou branco”, escreve Amós, que confirma sua definição de alguém “que só sabe contar até um”. Não existe para ele a riqueza da soma das diferenças.
O verdadeiro fanático é alheio e insensível à ideia de que possa haver algo ou alguém diferente dele. Assim, acaba privado de tudo o que enriquece e enobrece o mundo como é a diversidade. O fanático nunca entenderá valores como a amizade com alguém que possa levantar uma bandeira diferente da sua, como o diálogo, a política de gênero, a riqueza de compartilhar ideias e pensamentos que não sejam os seus.
O fanático de hoje é incapaz de desfrutar da luminosidade produzida pela mistura das cores. Para isso, teria de aprender a somar e multiplicar a luz em um grande caleidoscópio que reflita a riqueza da vida e de seus contrastes. Infelizmente, “só sabe contar até um”. Todo o resto não existe para ele, ou só lhe interessa domesticado ou morto.

Autor: Juan Arias – El País

O flautista de Hamelin nos dias atuais!

Não ande atrás de mim, talvez eu não saiba liderar.
Não ande na minha frente, talvez eu não queira segui-lo.
Ande ao meu lado, para podermos caminhar juntos.
Provérbio Ute!

A história nos conta que em 1282, a cidade de Hamelin, na Alemanha vivia uma grande infestação de ratos. Um dia chega à cidade um homem que se diz um grande “caçador de ratos” e proclama a todos que tinha a solução para o grave problema. Prometeram-lhe uma boa recompensa em troca dos ratos – uma moeda para cada rato.  O homem aceitou o acordo, pegou uma flauta e hipnotizou os ratos, afogando-os no Rio Weser.
Apesar de obter sucesso, os poderosos da cidade deram uma de malandros. Voltaram atrás na promessa feita e recusaram-se a pagar o “caçador de ratos”, afirmando que ele não havia apresentado as cabeças.
Enfurecido, o homem deixou a cidade, mas retornou várias semanas depois e, enquanto os habitantes estavam na igreja, tocou novamente sua flauta, atraindo desta vez as crianças de Hamelin. Cento e trinta meninos e meninas seguiram-no para fora da cidade, onde foram enfeitiçados e trancados em uma caverna. Na cidade, só ficaram opulentos habitantes e repletos celeiros e despensas bem cheias, protegidas por sólidas muralhas e um imenso manto de silêncio e tristeza.
Na versão original, que surgiu provavelmente na Idade Média, nos territórios que formariam a Alemanha, o final é diferente: após levar o calote, o flautista atrai as crianças para um rio, no qual elas morrem afogadas. Apenas três crianças sobrevivem: uma cega, que não consegue seguir o flautista e se perde no caminho; uma surda, que não consegue ouvir a flauta, e uma deficiente, que usa muletas e cai no caminho.
Há várias teorias sobre o que o flautista de Hamelin simbolizaria nas narrativas orais antes de virar uma história para crianças. Para alguns, ele seria a representação de um serial killer, para outros uma metáfora para as epidemias que dizimavam populações, como a peste, e para muitos remetia ao processo de migração para colonizar outras regiões da Europa.
A verdade é que no Brasil não são apenas os devotos das seitas extremistas, à esquerda e à direita, que limitam sua visão de mundo às mentiras, distorções e meias-verdades cínicas que leem nas redes sociais. A histeria irresponsável parece ter capturado também aqueles dos quais se esperam equilíbrio e sobriedade na formação de opinião pública.
Quase todos aparentemente estão se deixando pautar pela gritaria que tão bem notabiliza essa forma de comunicação instantânea, que na prática dispensa a reflexão. Nas redes, mesmo bem preparados, formadores de opinião vêm tomando como expressão da verdade tudo aquilo que para eles faz sentido, sem se perguntarem se, afinal, aquilo que se informa é um fato ou uma rematada mentira.
Por isso vemos com tanta frequência milhares de pessoas seguindo flautistas nas ruas, formando grandes multidões que em sua maioria não sabem o verdadeiro motivo de estarem naquele local. Foram chamadas pelos novos flautistas das redes sociais, seguem o som da turba e se deixam levar pelas ruas brasileiras. O perigo é que podem um dia cair nos rios e se afogarem sem saber o porquê e como isso aconteceu.
A julgar pela forma como defendem seu presidente de estimação, postando mensagens para desqualificar quem ousa criticar o “Mito”. Chamando os críticos do presidente de esquerdalhas, numa lista enorme que já tem Globo, Estadão, Folha de SP, Le Monde, Financial Times, New York Times, Intercept e muitos outros órgãos da mídia, como se de repente fossem todos de “esquerda”... O final parece trágico...

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

A visão míope sobre os problemas no trânsito!

"A democracia sobrevive quando a inteligência
do sistema compensa a mediocridade dos atores"
Daniel Inneraty

O presidente Jair Bolsonaro entregou à Câmara dos Deputados, em junho, um projeto de lei que altera trechos do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O texto ainda será discutido pela Câmara e pelo Senado.
Entre as proposições do presidente estão algumas de difícil compreensão como, por exemplo, as seguintes:
Suspensão do direito de dirigir
O que diz o projeto: A suspensão ocorre quando o condutor atinge 40 pontos em 12 meses ou por transgressões específicas.
O que diz a lei: a suspensão ocorre quando o condutor atinge 20 pontos em 12 meses ou por transgressões específicas.
O percentual de motoristas que atingem 20 pontos na carteira é de aproximadamente 6%, os que atingem 40 pontos não passam de 3%. Esses números por si só, invalidam a tese da necessidade de aumento da pontuação, visto que uma minoria ínfima dirige de forma abusiva em relação a grande maioria que não atingem sequer os 20 pontos na CNH.
Entretanto, fica a dúvida se a proposta não visa aliviar a vida da família Bolsonaro junto às autoridades de trânsito, uma vez que Jair Bolsonaro mesmo com motorista a disposição nos últimos 30 anos, atingiu 18 pontos na CNH. Seu filho Flávio atingiu 39 pontos na carteira e a sua esposa Michelle tem 41 pontos com infrações gravíssimas como avançar semáforo no vermelho, estacionar na calçada, entre outras infrações, segundo dados do DETRAN-RJ.
Nos últimos anos, na contramão do projeto do presidente, a manutenção dos 20 pontos ajudou a reduzir o número de acidentes fatais no trânsito brasileiro. Portanto, a medida proposta não irá ajudar o motorista que faz o certo e dirige com atenção, mas sim, uma minoria que faz da direção dos seus veículos verdadeiras armas assassinas.
Outra medida polêmica e sem sentido foi à proposta de retirar a punição (multas) para quem não colocar os filhos na cadeirinha:
O que diz o projeto: Incluem no CTB normas do CONTRAN sobre o transporte de crianças: até 7 anos e meio, elas devem ser transportadas nos bancos traseiros e com cadeirinha adaptada ao tamanho e peso. Crianças entre 7 anos e meio e 10 anos “serão transportadas nos bancos traseiros e utilizarão cinto de segurança”.
A principal mudança é na punição para o transporte irregular de crianças. Segundo o projeto, "a violação do disposto no art. 64 será punida apenas com advertência por escrito”.
Isso quer dizer que a advertência poderá substituir a multa e a medida administrativa (retenção do veículo) aplicadas até então. No entanto, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a infração vai manter a perda de pontos para o motorista.
O que diz a lei: O CTB diz que as crianças com idade inferior a 10 anos devem ser transportadas nos bancos traseiros. Uma resolução do CONTRAN, de 2008, trata das regras para isso, como o uso de cadeirinhas ou assento de elevação para crianças de até 7 anos e meio. Entre sete anos e meio e 10 anos, a criança deve usar o cinto de segurança. O artigo 168 do CTB diz que a infração é gravíssima e há multa R$ 293,47, além de retenção do veículo até a regularização da situação.
Como tem sido praxe nesse governo, esperemos que o Congresso barre essas propostas sem nexo, sem conhecimento técnico, de uma pessoa sem noção daquilo que propõe ao país. Um Brasil cheio de problemas graves para serem resolvidos e o sujeito preocupado em tirar radares das estradas, aumentar pontuação para ajudar infratores do trânsito, retirar a obrigatoriedade dos exames toxicológicos para motoristas de caminhões, enfim, são muitas sandices para um presidente que mais parece um sindico despreparado e tosco.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.  

Que turista ainda quer ir ao Brasil?

O turismo como fator econômico nunca foi levado a sério na política brasileira. Isso não é novo. Mas o atual governo torna ainda mais difícil que estrangeiros queiram visitar o Brasil.
Você sabe quem é o ministro do Turismo? Exato. Normalmente, o nome designado para essa pasta no governo é amplamente desconhecido. A não ser que esteja envolvido num escândalo. Como é o caso do atual ocupante do cargo. Ele é suspeito de ter desviado dinheiro de campanha originalmente destinado a candidatas mulheres.
Que o ministro continue no cargo, apesar de depoimentos incriminatórios, mostra, sobretudo uma coisa: como tal posto é considerado desimportante dentro do gabinete ministerial. Caso contrário, interessados já teriam derrubado sua cadeira há muito tempo.
O fato de o ministro do Turismo não ser importante não é novidade, mas é uma das razões pelas quais o turismo no Brasil está completamente subdesenvolvido, tendo em vista o potencial do país. Em todo o mundo, os grandes polos turísticos sofrem com o excesso de visitantes, moradores reclamam das ruas lotadas, do aumento do aluguel e do custo de vida.
Mas, no Brasil, os brasileiros permanecem muitas vezes entre si, mesmo nos destinos turísticos mais famosos. O setor está subdesenvolvido. E este é acima de tudo um drama econômico tendo em vista o potencial natural, social e cultural que o país tem para oferecer como destino. Mas com cerca de 6,5 milhões de visitantes por ano, o Brasil não está nem entre os 30 destinos turísticos mais importantes do mundo – e isso após uma Copa do Mundo de futebol e dos Jogos Olímpicos como uma vitrine para o país.
O Brasil está desperdiçando uma tremenda oportunidade de criar empregos para pessoas que, de outra forma, teriam dificuldade em conseguir trabalho na indústria ou no setor de serviços informais devido à falta de treinamento. A natural hospitalidade e cortesia brasileiras combinadas com treinamento na indústria hoteleira e gastronômica, além de um curso de idiomas em inglês, ofereceriam um enorme potencial de emprego para muitas pessoas.
Mas o país carece de infraestrutura turística. A situação piorou mesmo nos últimos anos, apesar dos eventos esportivos internacionais. Acho que falta ao Brasil uma compreensão básica do que poderia atrair turistas estrangeiros. Porque aquilo que agrada aos brasileiros geralmente não apetece aos estrangeiros – e vice-versa. Um exemplo disso é a publicidade que a autoridade turística (Embratur) vem fazendo no exterior há anos: os tecnocratas de Brasília realmente acreditam que um turista da Europa tomará um caro voo de 12 horas para o Brasil para ver "12 shopping centers para encher suas malas" ou "A magia do Natal”?
No início do ano, o Brasil suspendeu a exigência de visto para turistas dos EUA, Canadá, Japão e Austrália. O abalado ministro anuncia agora com orgulho as estatísticas mensais sobre o aumento do interesse das viagens desses países pelo Brasil. Até o final do mandato do atual governo, em 2022, o ministro planeja quase dobrar o número de turistas para 12 milhões.
Como todos os seus antecessores, é improvável que ele tenha sucesso nisso. É muito possível que o balanço turístico deste governo seja claramente negativo: quem ainda quer ir a parques naturais e fazer ecoturismo no Brasil quando o governo, ao mesmo tempo, mina todos os controles e medidas para a proteção da Amazônia e abre caminho para o lobby agrícola?
Quem quer vir ao Brasil como membro da comunidade LGBT quando os ataques a gays, lésbicas e transexuais aumentam e nada é feito publicamente sobre isso? Quem quer vir a um país com uma taxa de homicídios assustadoramente elevada e as taxas de acidentes mais altas do mundo, onde o governo não apresenta nada melhor do que armar a população e relaxar a impunidade no tráfego rodoviário? Qual artista ainda acha o Brasil interessante no momento em que o Judiciário está cada vez mais vistoriando a arte para ver se ela viola os valores tradicionais da família?

Autor: Jornalista Alexander Busch correspondente de América do Sul do grupo editorial Handelsblatt (que publica o semanário Wirtschaftswoche e o diário Handelsblatt) e do jornal Neue Zürcher Zeitung.