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22 de fevereiro de 2021

Tentando entender o que está na composição dos preços da gasolina!

 Diante da fala do presidente da república, justificando o preço elevado da gasolina nas costas dos governos estaduais, como se isso fosse verdade absoluta, precisamos entender a verdade sobre esta composição.

Os números apresentados na tabela abaixo se referem a um litro de gasolina. As contas são para você ter ideia de quanto os valores significam em um tanque de 50 litros. Para enchê-lo, o gasto total é, considerando o preço médio no Brasil, de R$ 221,50. O valor dos impostos representa R$ 96,50.

A Petrobras alega que o valor pago pelo consumidor final não está sob sua gestão e é composto por 4 fatores:

1) Preços do produtor ou importador de gasolina “A”;

2) Carga tributária;

3) Custo do etanol obrigatório;

4) Margens da distribuição e revenda.

A parcela da empresa é a primeira, referente ao preço do combustível em suas refinarias. A carga tributária responde por parte relevante do preço final. Os demais agentes da cadeia de comercialização, como importadores, distribuidores, revendedores e produtores de biocombustíveis, também influenciam na formação do preço final.

Há muito tempo que os consumidores percebem que sempre que o custo do barril de petróleo subia, nossos combustíveis acompanhavam quase que de imediato nas bombas de venda do produto. Entretanto, quando havia queda brusca do mesmo preço dos barris de petróleo, a Petrobras não efetuava as reduções compatíveis.

Sendo assim, pagamos sempre um preço acima e isso tornou-se uma regra. Com a dolarização do processo desde a extração, refinação e distribuição, o brasileiro passou a sofrer ainda mais para poder abastecer seus veículos, pois o dólar a partir de 2016 vem numa crescente que não cessa.

Diziam os apoiadores do impeachment de Dilma Rousseff que sua queda faria com que o dólar e os diversos preços praticados à época iriam ter uma caída no mercado, algo que nunca aconteceu.

Composição do preço total

  Valor

Porcentagem

Preço da gasolina comum

R$ 1,39

31,3%

Preço do etanol anidro

R$ 0,56

12,7%

Custo de transporte e margem de distribuição

R$0,13

3,0%

Tributos Federais

R$0,69

15,5%

Tributos estaduais

R$ 1,24

27,9%

Margem bruta de revenda

R$ 0,43

9,6%

Custo da gasolina comum ao consumidor

R$4,44

100%

            A verdade é que nem Bolsonaro, nem nenhum outro presidente, quis em tempo algum manter preços do gás de cozinha e combustíveis compatíveis com a realidade dos vencimentos do povo brasileiro. Embora durante os governos de Lula e Dilma, os preços tenham sido bem menores do que os atuais sob o comando de Bolsonaro, ainda eram distantes de muitos países que não são produtores de petróleo, como por exemplo, a Argentina. 

https://www.viomundo.com.br/denuncias/video-desmascara-bolsonaro-preco-de-combustiveis-e-uma-grande-mentira-denuncia-observatorio.html

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

21 de fevereiro de 2021

Sob Bolsonaro: a democracia como farsa e as instituições como disfarce!

É fato confessado pelo ex-chefe supremo das Forças Aramadas general Villas Bôas que o Alto Comando em 2018 deu um golpe na democracia brasileira, ferindo o inciso 45 do artigo 5º da Constituição que diz: "constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático”.

O sentido era pressionando o STF para manter-se distante utilizar o juiz Sérgio Moro (exímio na aplicação do law fare) para alijar Lula do pleito presidencial, condenando-o por qualquer crime que fosse “por crime indeterminado” e pô-lo na prisão onde ficou por mais de 500 dias. Desta forma, abrir-se-ia o caminho para eleição ex-capitão compulsoriamente reformado por mau comportamento, Jair Bolsonaro. O que de fato ocorreu.

Conhecemos a bíblica “desolação da tribulação” que sobreveio ao nosso país com o presidente eleito. Ocupou militarmente o Estado com 11 mil militares em distintas funções de comando ou de administração. Não soube guardar a dignidade que o mais alto cargo da nação exige e entregou-se a difamações, mentiras diretas, aos fake news, ao uso vergonhoso de palavrões com soberano desprezo da imprensa.

Mente assassina, preferiu incentivar a compra de mais armas por civis do que elaborar um plano de enfrentamento da covid-19 que já fez mais de 220 mil vítimas e nos aproximando de 10 milhões de infectados. Na avaliação mundial, o Brasil ficou em último lugar nas políticas sanitárias contra o covid-19 e na aplicação da vacinação à população.

A nossa democracia que historicamente sempre foi de baixa intensidade, agora, sob Bolsonaro e comparsas, foi estraçalhada nem chegando a ser de baixíssima intensidade. Ela virou uma farsa e suas principais instituições um disfarce de legalidade, por mais que se diga que “as instituições funcionam”. Cabe perguntar a quem?

Não à política sanitária mínima, não à justiça necessária aos milhões de desempregados, aos indígenas e quilombolas, não ao cuidado da natureza em devastação, não em defesa contra ameaças diretas ao STF nem contra um propósito declarado de golpe militar. Sob o disfarce da legalidade se blindam notórios corruptos, concede-se facilmente habeas corpus a políticos indiciados por ilegalidades e até por crimes e permanecem impunes as centenas de feminicídios e ofensas e até assassinatos dos LGBTI.

Vou me permitir usar as palavras de dois sociólogos porque encontrei neles as melhores expressões que expressam o que sinto e penso acerca de nossa presumida democracia: Thiago Antônio de Oliveira Sá, sociólogo e professor universitário (cf. O sequestro das instituições brasileiras, em Carta Maior de 14/02/2021) e de Pedro Demo, colega de estudos no Brasil e na Alemanha, professor na Universidade de Brasília, uma das inteligências mais brilhantes que conheço com vasta obra de pesquisa científica. Delas sirvo-me apenas de tópicos significativos do livro Introdução à Sociologia: Complexidade, Interdisciplinaridade e Desigualdade Social, Editora Atlas, São Paulo 2002 pp, 329-333) onda diretamente aborda o tema da democracia no Brasil.

Começo com Oliveira Sá no referido artigo em Carta Maior: O público é um anexo do privado. A perícia cede lugar à malícia. A corrosão institucional se visualiza facilmente: obscurantistas e mal educados como ministros da Educação; um ecocida que passa sua boiada sobre o meio ambiente; uma ruralista à frente da agricultura nos envenena com seus mais de 500 agrotóxicos legalizados; uma evangélica fundamentalista cuida das mulheres e demais minorias com seu machismo e sua obsessão com a sexualidade alheia.

Não nos esqueçamos do primeiro ministro da Saúde, lobista dos planos privados, a estender sua mão visível sobre o SUS. Um emissário do mercado financeiro dirige o ministério da economia. Um maluco, pária orgulhoso e antiglobalista (seja lá o que isso for), faz do Brasil vexame internacional nas relações exteriores. Um racista à frente da Fundação Palmares. Polícia Federal convertida em guarda-costas particular da presidência e de seus filhos.

A Procuradoria-Geral da República a livrar a cara do empreendedor das rachadinhas. Um militar na Saúde dispensa maiores explicações.... juízes que têm lado, vejam-se os novos vazamentos das tramoias nada republicanas de Moro, Dallagnol e seus comparsas. Absurdo, mas não surpreendente: a velha conversão das instâncias judiciais em arma de grupos dominantes. Para perseguição de adversários, para inviabilizar suas candidaturas em favor de outros.

Não perde em contundência Pedro Demo. O que escreveu em 2002 vale muito mais para 2021: Nossa democracia é encenação nacional de hipocrisia refinada, repleta de leis “bonitas”, mas feita sempre, em última instância, pela elite dominante para que sirva a ela do começo até o fim. Nossa democracia espelha, cruamente, a ‘luta pelo poder’ no sentido mais maquiavélico da luta por privilégios.

Político sem privilégios é figura espúria em nosso cenário – desde logo é gente que se caracteriza por ganhar bem, trabalhar pouco (comentário meu: vide o ex-deputado Jair Bolsonaro por sucessivos mandatos), fazer negociatas, empregar parentes e apaniguados, enriquecer-se à custa dos cofres públicos, entrar no mercado por cima.

Mas há exceções que confirmam a regra... A própria Constituição de 1988 não abriga propriamente projeto nacional coletivo, afinado sob a batuta da justiça e da equalização de oportunidades, mas proposta corporativista retalhada por meio da pressão particularizada: os magistrados fizeram o seu  capítulo, bem como a polícia, as universidades, o legislativo, o judiciário, o Executivo e a iniciativa privada.

É a tão decantada por Ulysses Guimarães de “Constituição Cidadã”, mas que detém concepção corporativista extrema, muito distante dos interesses das maiorias... Fazem-se muitas propostas, mas sem qualquer ligação com embasamento financeiro e institucional...N o final fizemos outra vez imitação barata do welfare state.

Mas há coisas boas como a lei de responsabilidade fiscal para evitar que se gaste o que não se arrecada. O Legislativo longe de defender ideias, propostas, equidade, defende verbas, fatias de poder, privilégios exclusivos. É o lugar principal da negociata, do toma la dá cá... Não é, pois, difícil de mostrar que nossa democracia é apenas formal, farsante, que convive solenemente com a miséria das grandes maiorias. Se ligássemos democracia com justiça social, nossa democracia seria sua própria negação.

Não se nota na classe política dominante em geral qualquer gesto dirigido a superar mazelas históricas plantadas em privilégios absurdos para poucos. Nossa pobre política lancinante se traduz na miséria de nossa democracia. Por isso é tão importante manter a ignorância política das massas” (333).

A realidade política sob Bolsonaro é muito pior do que a desenhada acima. Visa reconduzir o país à fase pré-iluminista, da universalização do saber, dos direitos e da democracia na direção regressiva a tempos obscuros do pior da Idade Média tardia, não da Idade Média áurea com suas imensas catedrais, com a criação de universidades, com suas sumas teológicas, com seus sábios, místicos e santos. Tudo o que foi criado nos governos Lula-Dilma que tivesse sabor popular ou inserção dos empobrecidos na sociedade foi literalmente desmontado de forma criminosa pois implicou sofrimento aos que já sempre sofreram historicamente.

Causa-nos espanto e indignação ao constatar que aquelas autoridades judiciais e políticas que poderiam mover ações juridicamente fundadas contra a irresponsabilidade jurídica  e crimes sociais comuns do presidente não se movam, seja por se sentirem cúmplices, seja por ausência de espírito patriótico e mesmo fartos de sentido de justiça social.

Como vivem a quilômetros luz do drama do povo e veem seus direitos adquiridos e privilégios garantidos não os move a nobre compaixão para usar os instrumentos jurídicos de que dispõem para livrar a nação daquele que a está destruindo e segue mais aferrado ainda nesse mesmo intento perverso.

Razão tem o Papa Francisco ao falar várias vezes aos movimentos sociais mundiais, aqueles que querem outro mundo porque este lhes é um inferno ou um purgatório.

"Não esperem nada de cima, pois vem sempre mais do mesmo ou pior. Comecem por vocês mesmos, vale dizer, as multidões devem ocupar ruas e praças e botar para correr aqueles que lhes sequestram as oportunidades de serem gente e de sentirem-se com um mínimo de dignidade e de alegria de viver. Esperamos que isso aconteça. Só depois que se sentirem ameaçados, os dominantes aderem. Se não cuidarmos se apropriam da energia emergente para seus próprios fins privados. Mas aquilo que deve ser tem força: o afastamento de quem conduz uma política necrófila e inimiga do próprio país. Diante da obscuridade do horizonte e, a muito custo, mantendo a esperança contra a esperança, faço minhas as palavras do Mestre, também tomado de profundo pesar: tristis est anima mea usque ad mortem”.

Autor: Leonardo Boff - Doutor em Teologia e Filosofia pela Universidade de Munique, nasceu em 1938. Foi um dos formuladores da “teologia da libertação”. Autor do livro Igreja: carisma e poder, de 1984, que sofreu um processo judicial no ex-Santo Oficio, em Roma, sob o cardeal Ratzinger. Participou da redação da Carta da Terra e é autor de mais de 80 livros nas várias áreas das ciências humanísticas.

18 de fevereiro de 2021

Quem é o deputado do PSL que foi preso e o seu perfil?

 Eleito deputado federal com discurso do “cidadão de bem”, o bolsonarista Daniel Silveira, que quebrou a placa da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018 por milicianos, possui um passado com prisões, falsificações e advertências. O fiel escudeiro de Bolsonaro foi preso na noite de 16/02/21 após defender o AI-5 e disparar ataques ao STF. Agora, cabe à Câmara dos Deputados validar sua prisão. 

O bolsonarista Daniel Silveira, quando era cobrador de ônibus usou atestados médicos falsos para faltar no trabalho. Em quase seis anos na PM, contabilizou 26 dias de prisão, 54 de detenção, 14 repreensões e duas advertências — a maioria das punições por faltas e atrasos. Um profissional exemplar aonde quer que estivesse trabalhando.

Quando foi chamado para prestar depoimento na delegacia de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, sobre o uso de atestados médicos falsos no trabalho, em abril de 2007, o então cobrador de ônibus Daniel Lúcio da Silveira deu uma explicação pouco convincente: alegou que, diante da negativa de uma médica do pronto-socorro da cidade de assinar o documento, pediu um atestado a um “homem que estava sempre de branco no corredor da unidade”. O homem prontamente “preencheu o atestado na sua frente”. Por outras duas vezes, Silveira voltaria ao hospital para pedir atestados à mesma pessoa — que a polícia descobriria se tratar de um faxineiro do hospital.

O crime de falsidade material de atestado pelo qual ele foi acusado prescreveu em 2016, e o caso acabou arquivado. No entanto, por conta da passagem pela polícia, Silveira foi reprovado, em 2011, pela pesquisa social necessária para ingressar na PM do Rio. Ele só seria plenamente integrado à corporação em 2014, após recorrer à Justiça.

Eleito para a Câmara dos Deputados apenas quatro anos depois, ostentando um perfil de PM combatente, Daniel Silveira teve uma passagem pela corporação que mimetiza seus tempos de cobrador de ônibus: repleta de faltas injustificadas.

Num período de oito meses, entre junho de 2015 a janeiro de 2016, quando trabalhava na UPP da Rocinha, ele faltou oito vezes ao serviço. Nos carnavais de 2015 e 2016, mesmo escalado para trabalhar, não apareceu. Em seus cinco anos, nove meses e 17 dias na PM, contabilizaria 26 dias de prisão, 54 de detenção, 14 repreensões e duas advertências — a maioria das punições por faltas e atrasos.

Como deputado federal desde 2019, não apresentou nada significativo com a função que exerce na Câmara, exceto provocar, agredir e ofender quem não comunga de suas ideias bolsonaristas.

Embora tenha feito apologia ao AI-5, decreto da ditadura militar que fechou o Congresso e institucionalizou a censura, no vídeo que motivou sua prisão, o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) disse, por meio de sua defesa, ser vítima de um "violento ataque à liberdade de expressão" e agora depende da própria Câmara dos Deputados decidir por sua liberdade.

           Percebe-se que assim como muitos bolsonaristas, ele pede intervenção militar e o fim das liberdades que acaba requisitando ao ser questionado por aquilo que falou em público. Quer na verdade salvo conduto para agredir, ofender e denegrir quem é de esquerda, quem investiga seus atos ou quem manda prender com base nas leis e na Constituição Federal.

Autor – Rafael Moia Filho: Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

17 de fevereiro de 2021

Quem são os representantes do povo brasileiro no Congresso Nacional?

 Por não levar a sério as eleições para o legislativo, em especial, o eleitor brasileiro muitas vezes comete o tremendo equívoco de eleger pessoas desqualificadas para justamente ter a missão de representa-los na Câmara e Senado Federal.

Não pesquisar os candidatos e votar sem consciência acaba levando ao poder justamente quem os eleitores mais criticam, que são os corruptos, aqueles envolvidos com sentenças na justiça pela prática de diversos crimes.

Estes políticos com pendências judiciais, além de eleitos, acabam se imiscuindo no poder destas casas de leis, participando de comissões importantes e das suas mesas diretoras. Motivo pelo qual não podemos estranhar quando ficamos sabendo que alguns destes fazem parte da Comissão de Constituição e Justiça - CCJ no Congresso Nacional.

 

Um acinte, que acaba acontecendo com frequência tanto na Câmara como no Senado, onde estes parlamentares envolvidos em crimes como estupro, fraude licitatória, corrupção, formação de quadrilha acabam tendo foro privilegiado em seus processos.

Com o Centrão no comando no Congresso Nacional essa situação fica ainda pior, visto que o presidente da Câmara Arthur Lira tem diversos processos nas costas por corrupção, rachadinha e formação de quadrilha. O que esperar dos deputados se o presidente da casa é mau exemplo de conduta ética e moral?

As demandas judiciais não são motivo de discussão quando da formação das mesas diretoras: apenas Lira chegou a ir ao banco dos réus, por conta da operação Lava Jato e de outros inquéritos. Mesmo assim, Bolsonaro não deixou de abraça-lo.

Lira é réu no caso do “quadrilhão do PP”, formado por parlamentares que, segundo a Procuradoria-Geral da República, se articularam para desviar dinheiro da Petrobras, além de ser alvo de investigação da Justiça de Alagoas.

Outro envolvido em investigações é o senador Irajá Silvestre Filho (PSD-TO): uma modelo de 22 anos acusou o parlamentar, de 38, de a ter estuprado em um hotel, em São Paulo.  Antes que o caso tivesse algum desfecho, o senador foi escolhido pelos pares como 1.º secretário do Senado, função com elevado poder político e administrativo.

Os integrantes das Mesas da Câmara e do Senado dizem que tais processos e alegações de que são alvos possuem inconsistências ou são motivados por adversários para gerar desgastes políticos.

             Essa desculpa faz parte do “me engana que eu gosto”, porém, mostram que os eleitores brasileiros precisam melhorar muito na hora de eleger seus vereadores, deputados estaduais, federais e senadores, caso contrário o erário continuará sendo vilipendiado e inexistirá qualquer chance de avanço no cenário político e econômico nacional. 

https://jornalggn.com.br/editoria/politica/mais-da-metade-da-cupula-do-congresso-e-alvo-de-investigacao/

 
Autor – Rafael Moia Filho: Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

16 de fevereiro de 2021

Sobram improbidades, falta justiça!

 Em dois anos de gestão, o governo federal conduzido por Jair Bolsonaro cometeu diversos atos de improbidade, falta de transparência, interferência em instituições que investigam seus filhos, apoiou golpes e intervenção militar numa afronta à democracia e nossas instituições democráticas. Tudo isso aos olhos da sociedade, da Justiça e demais instituições.

As acusações contra o governo Bolsonaro passam pela omissão no agravamento da crise sanitária no Amazonas e no Pará, onde os recursos foram parcos e o ministro da saúde incentivou o uso de medicamentos inócuos a Covid e permitiu a falta de oxigênio hospitalar.

Outro crime cometido foi o de incentivar apoiadores a invadirem hospitais públicos para constatar o nível de ocupação dos leitos. O presidente queria provar que não havia superlotação nos hospitais em Estados em que os governadores eram seus adversários.

As acusações contra o presidente enveredam pelo desrespeito às medidas preventivas de enfrentamento ao coronavírus, como o uso de máscara facial e evitar as aglomerações. Além de fazer publicidade de Hidroxicloroquina sem que a mesma seja eficaz no tratamento da doença. Em um comunicado à imprensa, por exemplo, a PGR afirmou que compete ao Congresso Nacional a responsabilização de integrantes da cúpula dos Poderes por eventuais ilícitos no combate à Covid-19, o que intensificou a pressão sobre o procurador-geral.

Em julho de 2020, mais três casos motivaram a abertura de apurações na PGR, todas para averiguar se o ocupante do Palácio do Planalto contrariou normas da administração de Brasília de prevenção ao novo coronavírus, como o uso de máscara. Um dos procedimentos foi instaurado depois que o presidente compareceu sem a proteção facial a uma manifestação de militantes bolsonaristas na Praça dos Três Poderes, ato também apontado como um incentivo às aglomerações.

Foi aberta apuração após Bolsonaro conversar com jornalistas no Palácio da Alvorada para falar que havia contraído a Covid-19. Ao final da entrevista, apesar da pouca distância que mantinha para os repórteres, ele tirou a máscara facial.

As apurações que envolvem Bolsonaro são realizadas por meio de um instrumento chamado de notícia de fato. Consiste em um procedimento preliminar para o levantamento de informações, incluindo pedidos de informação a órgãos públicos. Além desses fatos, é notório que Bolsonaro desrespeita a Lei 12.527/11, chamada de lei da transparência, ao omitir dados de seus cartões corporativos e até de gastos efetuados em nome da presidência.

A interferência na direção da Polícia Federal, Coaf e Receita Federal para proteger seu filho Flávio e o amigo Queiroz das acusações de formação de quadrilha, rachadinha e sonegação foi outro crime grave cometido pelo presidente. Os episódios culminaram com a saída do então ministro da justiça Sérgio Moro.

Mas talvez o crime mais grave seja a omissão em relação a compra das vacinas para imunização da população brasileira. O governo brasileiro se recusa a adquirir vacinas em quantidades suficientes para a plena imunização. Ficando na dependência da produção da vacina Coronavac do Butantã em parceria com a China.

           Bolsonaro não trabalha, não demonstra nenhuma aptidão ao cargo e nem se importa em deixar claro que pensa apenas na sua reeleição em 2022. Neste cenário fica muito difícil acreditar que ainda existam brasileiros defendendo esse político que em dois anos nada fez pelo país, não cumpriu suas promessas de campanha e passa o tempo entre bravatas na porta do palácio do planalto e em viagens a forte militares para andar de Jet Sky e barcos da marinha.

Autor – Rafael Moia Filho: Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

14 de fevereiro de 2021

A carreira de um empresário sonegador de impostos!

 O empresário Luciano Hang começou sua atividade profissional numa fábrica de tecidos da cidade Carlos Renaux em Santa Catarina aos 17 anos de idade. No início dos anos 1980, aos 21 anos, comprou uma empresa, a Tecelagem Santa Cruz, à qual passou a se dedicar e expandir, paralelamente à carreira na fábrica de tecidos.

Em 1986, percebendo que Brusque ganhava um novo impulso econômico baseado no turismo de compras, devido à indústria têxtil na região, junto ao sócio Vanderlei de Limas, abriu uma pequena loja de tecidos. Da junção dos nomes Hang e Vanderlei, surgiria a marca Havan. Em meados de 2016, surgiram na internet e nas cidades em que a empresa prosperou, boatos sobre quem seria o dono da Havan: a filha da ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, o bispo Edir Macedo e até o apresentador Silvio Santos. Vendo um risco de ter sua marca equivocadamente associada a políticos, Hang então decidiu atuar nos comerciais da marca e participar de programas de entrevistas.

Em 2018, após 33 anos, Luciano desfiliou-se do Movimento Democrático Brasileiro (MDB). As polêmicas envolvendo a empresa Havan se iniciaram em 1999, quando houve uma operação de busca e apreensão determinada pela Procuradoria da República de Blumenau, resultando na autuação da empresa em R$ 117 milhões pela Receita Federal e R$ 10 milhões pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS. Foi a maior autuação da Receita Federal até a época. Neste episódio a empresa recorreu a um parcelamento da dívida por meio do REFIS e levará cerca de 115 anos para que o débito seja quitado.

Em 2004, o Ministério Público Federal propôs ação penal contra 14 pessoas, dentre os quais Luciano Hang, sob acusação de facilitação de descaminho, falsificação, crime contra o sistema financeiro e ordem tributária, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Em julho de 2013, a ÉPOCA Negócios publicou um artigo dizendo que Luciano havia sido "condenado pela Justiça Federal a 13 anos, nove meses e 12 dias de reclusão e ao pagamento de uma multa de 1,2 milhão de reais". Em dezembro de 2013, no entanto, o MPF atualiza a sua publicação de 2004 com a seguinte nota de rodapé: “Em 2008, a 1ª Vara da Justiça Federal em Itajaí julgou a denúncia inepta e considerou a ação penal nula.” Se isso não for estranho, fica difícil acreditar em Justiça neste país.

Ataques a Universidade Federal de Santa Maria

Em uma inauguração de uma de suas lojas em Santa Maria, Luciano Hang disse que as universidades federais "formam zumbis e comunistas". O reitor Paulo Burmann, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) divulgou uma nota rebatendo Luciano Hang. Esta foi a segunda vez que Luciano Hang acusou a universidade de ter algum ensino ideológico.

Injúria à Marcelo Knobel

Em maio de 2020, Hang foi condenado a indenizar o físico Marcelo Knobel, então reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), por ter criado e propagado em sua conta no Twitter em julho de 2019 notícia falsa afirmando que Knobel haveria gritado "Viva la revolucionar" em uma cerimônia de colação de grau.

Acusação de coação de funcionários

Em 2018, durante eleição presidencial no Brasil, Luciano divulgou vídeo no qual coage seus funcionários a revelar em quem votariam nas eleições para presidente, ameaçando aqueles que não votassem em Jair Bolsonaro. No vídeo, ele também diz que se um partido de esquerda ganhar e o Brasil "virar uma Venezuela", ele "jogaria a toalha". Posteriormente, Hang negou que as declarações tivessem sido feitas para coagir seus funcionários, mas sim como parte de uma política de transparência da empresa. No dia 2 de outubro 2018, o Ministério Público do Trabalho de Santa Catarina moveu ação judicial contra a empresa por coagir funcionários politicamente.

Conflitos com jornalistas

Em 19 de outubro de 2018, Luciano Hang publicou no Twitter o número de celular do repórter Ricardo Galhardo, do jornal O Estado de S. Paulo. O contato do repórter divulgado por Hang está com a seguinte mensagem: "querer vincular o envio de mensagens de texto da Havan a clientes com política: olha o nível da baixaria!!" Ricardo Galhardo tinha ligado para Hang para investigar o suposto vínculo dele com o envio de mensagens em massa a favor de Jair Bolsonaro, o então candidato a presidente. "Quando perguntei sobre o assunto, ele me xingou, disse que iria ‘me f***er’ e que iria colocar meu telefone nas redes sociais", disse Galhardo.

A moderação do Twitter foi acionada e Hang teve a mensagem apagada por ser considerada "abusiva". A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou uma nota em que "repudia a exposição indevida do telefone do repórter Ricardo Galhardo pelo empresário Luciano Hang". A Abraji também afirmou que "ações como esta comprometem a liberdade necessária aos jornalistas para fazer perguntas especialmente as incômodas" e que "sem essa liberdade, a democracia definha."

Em junho de 2019, Luciano Hang sugeriu que Silvio Santos deveria demitir a jornalista Rachel Sheherazade do SBT, ao acusar falsamente que ela teria "ideologia comunista". Sheherazade reagiu, ao dizer que iria processar judicialmente o empresário.

 O fato teve repercussão na imprensa. Escrevendo à Folha de S. Paulo, Tony Góes desmentiu Luciano Hang, dizendo que Rachel Sheherazade segue ideologias da direita política e o empresário viu nas demissões promovidas pelo SBT uma espécie de "caça às bruxas", como a jornalista não concorda em tudo que é feito no atual governo. 

              Este é um pouco da trajetória desse sujeito inescrupuloso, maldoso, mentiroso e que ainda consegue sonegar impostos e não ser preso ou condenado neste país onde a proximidade com o poder ditam as regras da justiça. Chama a atenção perceber que por onde ele caminha é cercado por gente que despreza a ética, valoriza o que não presta e dá espaço para quem pratica o que há de mais repulsivo na nossa sociedade. Para estas pessoas o conceito de honestidade e cidadania mudou... 

 Hang e Wallace Sampaio do Sincomércio em Bauru

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.