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22 de janeiro de 2021

Convivendo com loucos no sanatório Brasil!

 Nós estamos vivendo tempos difíceis ao ter que conviver com milhares de pessoas que acreditam em Fake News, distribuídas criminosamente nas redes sociais e no WhatsApp. Pessoas que não creem na medicina e ciência por falta absoluta de leitura e interesse. E não é por falta de avisos e informação, pois estas pessoas não acreditam nas informações oficiais que lhe são repassadas.

É como se elas tivessem sofrido uma enorme lavagem cerebral em 2018, quando começaram a encarar a mentira como a única verdade de suas vidas. Desconfiam de vacinas, pessoas, médicos, cientistas e laboratórios, mas creem piamente em medicamentos que não são indicados para a Covid-19, nem aprovados para uso em tratamento preventivo.

Como disse o jornalista e âncora da Rede Globo, William Bonner no Jornal Nacional: “É como esgrimar com loucos”. Eles levam a sério suas convicções banais, como se elas representassem para eles uma “causa” e por esta tivessem a obrigação de lutar. Em alguns momentos nos lembram loucos religiosos fanáticos pregando num imenso deserto de ideias e razão.

São tão ligados à “causa” que morrem por ela, como por exemplo, o paranaense de 75 anos que morreu da covid-19 por seguir os “ensinamentos do grupo de WhatsApp e não ouvir os conselhos de sua filha médica pneumologista. Mesmo tendo em casa uma profissional capacitada e com todos os conhecimentos ele preferiu não seguir seus conselhos e por este motivo foi a óbito.

Não adianta mostrarmos fatos, vídeos, áudios e provas fartas, que eles retrucam, ofendem e preferem deixar de segui-lo nas redes sociais do que tentar argumentar. Aliás, exigir argumentação dessas pessoas é algo quase impossível de se conseguir, visto que elas se limitam a responder atacando com frases prontas do tipo: “Você é comunista”, “Você prefere a volta do PT”? e coisas do gênero.

Às vezes temos a sensação que ainda estamos em 2018, que as eleições ainda não terminaram e que estamos vivendo seu terceiro turno. Após dois anos de gestão os bolsonaristas sectários não sabem explicar ou demonstrar o que o candidato que virou presidente fez pelo país na educação, saúde, saneamento, habitação, segurança, economia e desemprego. Porém, acreditam que a mídia não revela o que supostamente ele tenha realizado mesmo que nem eles saibam elencar. Dizem a exaustão que o STF e o Congresso Nacional não deixam o “Mito” realizar sua gestão, quando na verdade aquelas instituições apenas impedem que decretos e leis sejam aprovados com erros e inconstitucionalidades em seu conteúdo.

Nunca em tempo algum um político medíocre mentiu tanto, enganou a tantos em tão curto espaço de tempo. O país anda para trás, enquanto Bolsonaro comanda a destruição do meio ambiente, libera armas de fogo e atrasa a volta do crescimento econômico do país.

Em tempos de pandemia, desprezou todas as regras preestabelecidas pelo protocolo mundial no combate a Covid-19, como uso de máscaras, isolamento social e a busca pela vacina. Ao contrário, desprezou os mais de 210 mil brasileiros que morreram e seguiu sua trajetória pensando apenas na reeleição de 2022.

Não governa, não trabalha, não demonstra absolutamente nenhum interesse pelas coisas da Nação, que assiste atônita ao crescimento do desemprego, da fome, miséria e até da volta da inflação.


 
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

17 de janeiro de 2021

Uso do STF como muletas pelo bolsonarismo!

 A turba bolsonarista tem usado com frequência o STF como desculpas (muletas) para os fracassos do presidente Bolsonaro. Basta uma crítica à gestão do presidente ou à sua completa inaptidão para o cargo e pronto: lá vem a resposta dos bolsonaristas alegando que o pobre coitado não consegue governar porque o STF engessa sua gestão e coisas do gênero.

Estranho que essa gente não tinha a mesma opinião na época do governo Lula, Dilma ou até Temer. Não abriram a boca ou escreveram teses persecutórias durante o julgamento pelo mesmo STF do Mensalão ou do Impeachment de Dilma Rousseff.

Nunca em tempo algum se levantaram tantas teses mentirosas a respeito do STF como desde a posse de Jair Bolsonaro em 2019. Até a sua vitória nas urnas eletrônicas, nada era levantado contra aquela corte suprema da justiça brasileira.

Bastou Bolsonaro demonstrar sua incapacidade para que viesse aos seus seguidores dizer que: “Não posso fazer nada neste país, sou vítima do STF e do Congresso Nacional que querem me derrubar”. Pronto, essa foi a senha que aquela turminha com pouco tutano precisava para começar a espalhar mensagens de Fake News envolvendo ministros do STF e os presidentes da Câmara e Senado.

Ao pedir assinatura para o Impeachment de Bolsonaro no Instagram me deparei com o seguinte questionamento de um seguidor: “Me tira uma dúvida, com a secretaria de saúde presa por corrupção, R$ 8 bilhões enviados ao Estado pelo governo federal e o STF tirando o poder de decisão do presidente, fora ele, quem mais é responsável pelo que está acontecendo no Amazonas? E se há outras pessoas porque não se fala delas?”

Percebam que a mensagem contém inverdades como, por exemplo, não foram R$ 8 bilhões enviados ao Amazonas com a finalidade da Covid-19, mas sim, a Capital amazonense foi a segunda mais prejudicada com o envio de verbas para esta finalidade. A prisão do secretário de saúde não impediria nem justificaria a ausência de ações do presidente naquele Estado. Agora menção de que o STF estaria tirando poder de decisão do presidente é caluniosa, mentirosa e tenta justificar a omissão, inaptidão e covardia de um presidente fraco e sem capacidade para exercer o cargo.

O que o STF tem feito é corrigir desmandos colocados em decretos e atos de um presidente que coloca a liberação de armas e dos impostos em cima da comercialização delas acima da pandemia, da modernização da nossa indústria e da recuperação das atividades econômicas do país.

         O STF também buscou punir uma atividade ligada ao bolsonarismo que é a distribuição massiva de mensagens disparadas pelo WhatsApp de Fake News, oriundas do gabinete do ódio chefiado pelo Vereador “Federal” Carlos Bolsonaro. Isso irritou os seguidores do Capitão e fez com que a ira contra o STF se transformasse em mensagens e justificativas para a letárgica gestão do presidente. 

Autor: Rafael Moia Filho: Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

No limiar da interdição!

 A insistência com a tese burlesca do uso profilático da Ivermectina e da Cloroquina como solução para a Covid-19, além de beirar a insanidade, insulta aos bons médicos e a ciência.

           Desde o início da pandemia, os bolsonaristas espalham vídeos com declarações de médicos que deveriam ter suas licenças médicas cassadas por estarem mentindo e usando de falsas alegações para iludir a população, sem que houvesse desde então alguma comprovação científica para tais colocações.

Nenhum país do mundo fez uso destes medicamentos, visto que não existe nenhuma comprovação científica na medicina para corroborar sua indicação em qualquer uma das fases da doença.

Como explicar então essa insanidade levada às redes sociais e ao WhatsApp por pessoas que tem em comum um político de estimação – Jair Bolsonaro, ex-deputado por 28 anos sem nunca ter feito algo de razoável para seu Estado do RJ, por onde se elegeu seguidas vezes nem para a Nação?

Então por que espalhar mentiras em nome de um boçal inepto que diante de 205 mil mortos pela Covid-19 nada fez em seu cargo, nem uma nota sequer aos familiares dos que morreram vítimas da doença? Sonegou recursos a vários Estados permitindo que o caos se instalasse.

As mortes ocorridas em Manaus por falta de recursos financeiros pelo presidente ter negado compra de um avião para uso exclusivo no deslocamento de medicamentos e demais insumos como os cilindros de oxigênio. Ao invés disso, mandou aquela capital o seu boneco de ventríloquo Pazuello que disse que a situação iria melhorar se eles estivessem tomando cloroquina...

Fica claro e explica porque os abestalhados dos seus seguidores, entorpecidos por lavagem cerebral ou muita cloroquina, insistem em espalhar depoimentos falsos sobre medicamentos para tratamento de vermes e outras doenças como supostas curas para a Covid-19. Para agravar ainda mais a situação alguns religiosos charlatães pregam em seus templos a suposta cura com medicamentos feitos por eles ou suas igrejas.

Outro exemplo de charlatanismo e vigarice está num vídeo em que uma médica camaronesa radicada nos Estados Unidos (EUA) defende um coquetel de medicamentos como cura para a covid-19 e critica o uso de máscaras apresentando informações falsas. Tanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto as autoridades sanitárias americanas e do Brasil já declararam que ainda não há cura para o novo coronavírus e que as máscaras são uma das poucas medidas eficazes para evitar a propagação do vírus.

O Brasil é o único país do mundo onde continuam a circular com frequência notícias falsas sobre cloroquina, ivermectina e azitromicina como curas para a Covid-19, que já foram desmentidas por diversos estudos científicos. E, ao contrário da maioria dos países, apenas no Brasil, na Índia e nos EUA as disputas políticas internas são o principal motor para a desinformação sobre a pandemia.

            Isso é o que mostra o levantamento “Political (self) isolation” (Auto isolamento político), realizado pelo LAUT, INCT.DD e o laboratório de pesquisa forense digital do Atlantic Council. “Como nenhum desses medicamentos se provou eficaz (contra a Covid-19), a discussão esfriou na maioria dos países. No Brasil, no entanto, esses tópicos persistiram, a ponto de tornar o ambiente de discussão diferente do resto do mundo”, diz o levantamento. 

           Se tivéssemos um presidente sério e uma justiça ativa e preocupada com nossa sociedade, essa gente deveria estar na cadeia pelo crime de espalhar mentiras e colocar em risco a vida humana.

Autor: Rafael Moia Filho: Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

13 de janeiro de 2021

Epifania bolsonarista!

Num átimo entendi a essência deste governo. 

Israelense é vacinado em clínica em Jerusalém - Menahem Kahana - AFP

Foi lendo o artigo do secretário de Comunicação Social do Ministério das Comunicações, Fábio Wajngarten, em que ele procura explicar as razões de o Brasil estar tão atrás de Israel na vacinação contra a Covid-19, que tive a epifania. Num átimo, entendi a essência do governo Bolsonaro: ocupam os cargos mais estratégicos aqueles que não têm qualificação para exercê-los.

No caso do secretário, isso fica evidente na própria peça, que incorre em erros lógicos e retóricos, além dos factuais. Como tenho pouco espaço, limito-me a apontar o que me pareceu o sofisma maior. Para Wajngarten, não se pode afirmar que o Brasil esteja atrasado na vacinação porque foi só agora que os laboratórios entraram com a papelada na Anvisa.

Não é preciso ser gênio para entender que o que permitiu a Israel ter imunizado cerca de 20% da população foi justamente ter-se antecipado às dificuldades, em vez de esperar que fabricantes, já abarrotados de pedidos, se mexessem. Israel pagou à Pfizer mais do que os europeus para ter acesso rápido a um estoque suficiente de vacinas e ainda ofereceu os dados do sistema de saúde local para a farmacêutica monitorar os efeitos da vacinação em massa.

O artigo de Wajngarten é uma tentativa incompetente de esconder a incompetência de outro auxiliar de Bolsonaro, Eduardo Pazuello, o general que não sabia o que era SUS, mas comanda o Ministério da Saúde.

Outro ministro que não pode ser esquecido é André Mendonça, o titular da Justiça, que parece ter cabulado todas as aulas de direito penal, já que é incapaz de distinguir um crime de um artigo de opinião. Ele agora quer processar o Ruy Castro e o Ricardo Noblat por instigação ao suicídio devido a uma crônica de que não gostou.

É verdade que Wajngarten, Pazuello e Mendonça são amadores perto do chefe, de longe o mais inepto de uma extensa galeria de figuras deploráveis que já passaram pela Presidência.

Autor: Hélio Schwartsman - Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

12 de janeiro de 2021

Até o negacionismo tem limites!

 Em pleno mês de janeiro de 2021, recebo um áudio de um contato do WhatsApp, produzido por um militar tecendo críticas ao uso de máscaras e ao isolamento social. Ele demonstrava ainda seu inconformismo com a não utilização de um tratamento profilático com medicamentos como a Invermectina, Hidroxicloroquina e outros comprovadamente não eficazes contra o coronavírus.

 Ele dizia que o uso prolongado da máscara pode levar a um quadro de intoxicação e baixa oxigenação do organismo. Pois essa mensagem emanada por ele é falsa: os médicos explicam que isso não ocorre porque a máscara não é hermeticamente fechada.

É inexplicável a quantidade enorme de informações mentirosas sobre o tratamento da Covid-19 circulando pelas mídias sociais e por grupos de WhatsApp, as quais, não raro, envolvem médicos que alegam ser pneumologistas dando depoimentos sem a mínima ética e levando desinformação a sociedade.

Sendo assim, devemos recorrer a informação precisa da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia – SBPT, que informa abaixo aquilo que está dentro dos preceitos da medicina e da ciência:

1 - A sobrevida de doentes acometidos por quadros graves de COVID-19 está na dependência de cuidados médicos de qualidade, por equipes de saúde treinadas, e a disponibilidade de equipamentos apropriados. Nesse contexto, os médicos dos pacientes deverão adaptar as medidas terapêuticas às necessidades individuais de cada caso.

2 – No momento, não existem evidências científicas que anticoagulação plena deva ser instituída de rotina em pacientes acometidos pela COVID-19 em nenhum cenário.

3 – Estudo recente, ainda não publicado em revista científica após avaliação crítica por pares, indica que dexametasona, na dose de 6 mg ao dia por 10 dias, possa ser benéfica em casos graves, mas não em indivíduos com formas leves da doença. Entende-se como formas graves, todos os casos em que o paciente requeira algum tipo de suporte respiratório, tais como oxigenoterapia ou ventilação mecânica. Nesse cenário específico, o uso de dexametasona se associou com aumento de aproximadamente 33% na sobrevida dos indivíduos tratados.

4 – Não existem evidências científicas que suportem o uso de corticosteroides de rotina em pacientes com formas leves da doença, nem tampouco com a finalidade de evitar sua instalação.

5 – Não existem evidências científicas de que quaisquer das medicações disponíveis no Brasil, tais como ivermectina, cloroquina ou hidroxicloroquina, isoladas ou associadamente, colaborem para melhor evolução clínica dos casos sejam capazes de evitar a instalação da doença em indivíduos não infectados. Isso também é verdade para vitaminas, como, por exemplo, a C e D, e suplementos alimentares contendo zinco ou outros nutrientes.

6 – Drogas de eficácia ainda não comprovada para a COVID-19 podem ser utilizadas dentro de ensaios clínicos, que sigam todas as normas aplicáveis a esse tipo de estudo incluindo, por exemplo, aprovação e supervisão por comitês de ética médica institucionais.

8 – A SBPT acredita que compete ao médico que assiste o doente tomar as melhores decisões para o seu cuidado. Nesse contexto, tais decisões têm que ser tomadas baseadas nas melhores evidências científicas disponíveis, as quais estão resumidas acima. Redes sociais não são textos médicos e, com frequência, transmitem informações infundadas, impulsionadas por interesses obscuros.

9 – A medicina e a ciência são processos dinâmicos e, a qualquer momento, poderão surgir novidades concretas, as quais a SBPT compartilhará de pronto com seus associados. Enquanto isso, a melhor forma de combater a pandemia é a manutenção do isolamento social e uso de máscaras.

            Impossível é entender porque brasileiros que em geral apoiaram ou votaram em Jair Bolsonaro tenham a necessidade doentia de espalhar Fake News, mentir aos seus contatos, amigos e familiares sobre a Covid-19 e seus tratamentos e formas de prevenção mundialmente reconhecidas. O que ganham com isso?

 Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

A mentira como ferramenta política!

O entusiasmo da audiência para ser enganada se tornou uma força motriz de alguns governos, como o dos Estados Unidos.

MOSCOU - Em um telegrama para Washington em 1944, George F. Kennan, conselheiro da Embaixada dos EUA na Moscou de Stalin, alertou sobre o poder oculto mantido por mentiras, observando que o governo soviético "tinha comprovado algumas coisas estranhas e perturbadoras sobre a natureza humana."

A mais importante entre elas, escreveu ele, é que, no caso de muitas pessoas, “é possível fazê-las sentir e acreditar em praticamente qualquer coisa”. Não importa o quão falso algo possa ser, ele escreveu, “para as pessoas que acreditam nisso, torna-se verdade. Ela conquista a validade e todos os poderes da verdade.”

A visão de Kennan, gerada por sua experiência na União Soviética, agora tem uma ressonância assustadora para os EUA, onde dezenas de milhões acreditam em uma "verdade" inventada pelo presidente Donald Trump: que Joe Biden perdeu a eleição de novembro e tornou-se presidente eleito apenas por meio de fraude. 

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump  Foto REUTERS - Jim Bourg

Mentir como ferramenta política não é novidade. Nicolau Maquiavel, escrevendo no século 16, recomendou que um líder tentasse ser honesto, mas mentir ao dizer a verdade “o colocaria em desvantagem”. As pessoas não gostam de ser enganadas, observou Maquiavel, mas "aquele que engana sempre encontrará aqueles que se permitem ser enganados.”

A disposição, e até mesmo o entusiasmo, de ser enganado tornou-se nos últimos anos uma força motriz na política em todo o mundo, principalmente em países como Hungria, Polônia, Turquia e Filipinas, todos governados por líderes populistas adeptos a contar meias verdades ou inventá-las completamente.

Janez Jansa, um populista de direita que em 2018 tornou-se primeiro-ministro da Eslovênia - o país natal de Melania Trump - foi rápido em abraçar a mentira de Trump de que ele venceu. Jansa o parabenizou após a eleição de novembro, dizendo "está muito claro que o povo americano elegeu" Trump e lamentando "fatos negados" pela grande imprensa.

Até o Reino Unido, que se considera um bastião da democracia, foi vítima de mentiras evidentes, mas amplamente aceitas, votando em 2016 para deixar a União Europeia após alegações do lado pró-Brexit de que sair do bloco significaria 350 milhões de libras a mais, ou US$ 440 milhões, todas as semanas para o serviço de saúde do país.

Aqueles que propuseram essa mentira, incluindo o político do Partido Conservador que desde então se tornou o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, mais tarde admitiram que ela havia sido um "erro" - embora só depois de terem vencido a votação. 

Bandeiras da União Europeia e do Reino Unido em Londres; questão dos imigrantes foi um dos componentes da campanha a favor do Brexit  Foto Daniel LEAL-OLIVAS - AFP.

Mentiras maiores e mais corrosivas, aquelas que não apenas mexem com números, mas remodelam a realidade, encontraram apoio extraordinário na Hungria. Lá, o líder populista Viktor Orbán classificou o investidor e filantropo George Soros, um judeu nascido na Hungria, como o mentor obscuro de um plano sinistro para minar a soberania do país, substituir os húngaros nativos por imigrantes e destruir os valores tradicionais.

A força desta teoria da conspiração antissemita, disse Peter Kreko, diretor executivo da Political Capital, um grupo de pesquisa em Budapeste há muito crítico de Orban, reside em seu apelo a uma "mentalidade tribal" que vê todas as questões como uma luta entre "o bem e mal, preto e branco ”, enraizado nos interesses de uma tribo particular.Na Polônia, o profundamente conservador Partido Lei e Justiça de Jaroslaw Kaczynski, no poder desde 2015, promoveu sua própria teoria da conspiração multifuncional e que muda a realidade. Ela gira em torno da alegação repetidamente desmascarada do partido de que a morte em 2010 de dezenas de autoridades poloneses, incluindo o irmão de Kaczynski - o presidente da Polônia na época - em um acidente de avião no oeste da Rússia foi o resultado de um complô orquestrado por Moscou e ajudado, ou ao menos encoberto pelos rivais do partido em Varsóvia.

Embora especialistas poloneses, russos e independentes tenham culpado o mau tempo e o erro do piloto pelo acidente, a crença de que foi um crime ressoou entre os defensores obstinados do Lei e Justiça. Isso alimentou e reforçou a visão de que os líderes do governo de centro anterior não são apenas rivais políticos, mas traidores em conluio com o inimigo há séculos da Polônia, a Rússia, além da ex-elite comunista da Polônia.

Ferramenta de governo

A conveniência de mentir em grande escala foi demonstrada pela primeira vez há quase um século por líderes como Josef Stalin e Adolf Hitler, que cunharam o termo "grande mentira" em 1925 e ascenderam ao poder com a mentira de que os judeus foram responsáveis pela derrota da Alemanha na 1ª Guerra. Para os ditadores alemães e soviéticos, mentir não era apenas um hábito ou uma maneira conveniente de dar fim a fatos indesejáveis, mas uma ferramenta essencial de governo. Testou e fortaleceu a lealdade ao forçar os subordinados a aplaudir  declarações que sabiam ser falsas e reuniu o apoio de pessoas comuns que, de acordo com Hitler, "são mais facilmente vítimas da grande mentira do que da pequena mentira" porque, embora possam mentir em seu dia a dia sobre coisas pequenas, “nunca passaria pela cabeça delas fabricar mentiras colossais”.

Ao promover uma mentira colossal de sua autoria - que ele obteve uma "vitória eleitoral esmagadora inviolável" - e se apegando a ela apesar de dezenas de decisões judiciais estabelecendo o contrário, Trump ofendeu seus oponentes políticos e deixou até mesmo alguns de seus apoiadores de longa data balançando a cabeça em relação à sua mentira.

Ao abraçar essa grande mentira, no entanto, o presidente escolheu um caminho que geralmente funciona - pelo menos em países sem sistemas jurídicos fortemente independentes e meios de comunicação, assim como outras organizações, que trabalham com verificação da realidade. Depois de 20 anos no poder na Rússia, o presidente Vladimir Putin, por exemplo, mostrou que Kennan estava certo quando, escrevendo da capital russa em 1944, disse: “Aqui os homens determinam o que é verdadeiro e o que é falso”.

Muitas das mentiras de Putin são relativamente pequenas, como a alegação de que jornalistas que expuseram o papel do serviço de segurança da Rússia em envenenar o líder da oposição Alexei Navalny estavam trabalhando para a CIA. Outras não são, como sua insistência em 2014 de que os soldados russos não desempenharam nenhum papel na tomada da Crimeia da Ucrânia ou nos combates no leste da Ucrânia. (Ele mais tarde reconheceu que "é claro" que eles estavam envolvidos na anexação da Crimeia.)

Mas há diferenças entre o líder russo e o derrotado americano, disse Nina Khrushcheva, professora e especialista em propaganda soviética e outras formas de propaganda da New School em Nova York. “As mentiras de Putin não são como as de Trump: são táticas e oportunistas”, disse ela. “Elas não tentam redefinir todo o universo. Ele continua a existir no mundo real.”

Apesar de sua admiração declarada pelo presidente da Rússia e pelo sistema que ele preside, disse ela, Trump, ao insistir que ganhou em novembro, não está imitando tanto a Putin, mas se aproximando mais à era de Stalin, que, após arquitetar um período de fome catastrófico que matou milhões no início dos anos 30, declarou que "viver se tornou melhor, camaradas, viver se tornou mais alegre". “Isso é o que a grande mentira é”, disse Nina. “Abrange tudo e redefine a realidade. Não há lacunas nela. Ou você aceita a coisa toda ou tudo desmorona. E foi o que aconteceu com a União Soviética. Ela entrou em colapso.”

Se o universo de Trump entrará em colapso agora que alguns aliados saíram de cena e o Twitter arrebatou seu megafone mais potente para transmitir mentiras, é uma questão em aberto. Mesmo depois do cerco ao Capitólio por arruaceiros pró-Trump, 174 integrantes do Congresso votaram contra o resultado da eleição. Muitos milhões ainda acreditam nele, sua fé fortalecida por bolhas de mídia social que muitas vezes são hermeticamente fechadas como a propaganda da era soviética.

“O controle ilimitado da mente das pessoas”, escreveu Kennan, depende “não apenas da capacidade de alimentá-las com sua própria propaganda, mas também de ver que nenhum outro sujeito as alimenta com a dele”. Na Rússia, Hungria e Turquia, a percepção de que o “outro sujeito” não deve ser permitido a oferecer uma versão rival da realidade levou a uma pressão constante a jornais, emissoras de televisão e outros meios de comunicação fora de sintonia com a linha oficial.

O presidente Recep Tayyip Erdogan, da Turquia, fechou mais de 100 veículos de imprensa e, por meio de intimidação da polícia tributária e outras agências estatais, forçou os principais jornais e canais de televisão a transferir o comando para partidários do governo.

A ascensão de Trump também ajudou a capacitar um primo da grande mentira - um boom na desinformação nas mídias sociais e na ficção da teoria da conspiração de extrema direita. Isso foi mais notavelmente personificado pela expansão global do QAnon, um fenômeno outrora obscuro que afirma que o mundo é dirigido por uma conspiração de poderosos políticos liberais que são pedófilos sádicos. Trump não repudiou os discípulos do QAnon, muitos dos quais participaram do caos no Capitólio na última quarta-feira. Em agosto, ele os elogiou como pessoas que “amam nosso país”.

Até certo ponto, cada nova geração fica chocada ao saber que os líderes mentem e que as pessoas acreditam neles. “Mentir nunca foi tão difundido como hoje. Ou mais desavergonhado, sistemático e constante”, escreveu o filósofo francês Alexandre Koyré em seu tratado de 1943, Reflexões sobre a mentira.

O que mais afligia Koyré, no entanto, era que as mentiras nem precisam ser plausíveis para funcionar. “Pelo contrário”, escreveu ele, “quanto mais grosseira, maior, mais imperfeita a mentira, mais prontamente ela é acreditada e seguida”. / TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA.

Autor: Andrew Higgins Pubblicado no The New York Times.

7 de janeiro de 2021

A nau de um insensato!

 O sujeito que ocupa o cargo de presidente da república do Brasil desde 01 de janeiro de 2019 insiste em alardear sem provas que as urnas eletrônicas não são confiáveis e podem fraudar a eleição de 2022. 

Interessante saber que desde sua instalação no Brasil em 1996, nunca foi comprovada nenhuma fraude contra o sistema eleitoral brasileiro. Algumas situações levantadas eram de fraudes nas denúncias, realizadas por gente desqualificada que queria apenas tumultuar ou justificar a derrota de seus candidatos. Aécio Neves foi um deles.

O senhor Bolsonaro venceu eleições com urnas eletrônicas em 1998, 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018, quando para nosso infortúnio virou presidente da república. Mesmo assim, chegou a mentir ao povo brasileiro dizendo que havia acontecido uma fraude no primeiro turno e que ele teria vencido a eleição sem que houvesse necessidade de segundo turno, como ocorreu.

Questionado pela justiça, pelo TSE, nunca provou a mentira que havia falado a esmo, de forma irresponsável, como aliás, são suas bravatas inconsequentes. Como alguém que venceu eleições em seis ocasiões pode questionar o sistema? E por que o está fazendo antecipadamente com relação à eleição que somente ocorrerá em 2022?

O motivo é simples: buscar antecipar a justificativa para uma possível derrota na eleição. Levar ao eleitor, em especial o seu gado, a mensagem de que só a fraude poderá derrota-lo. Como se na eleição de 2020, quando apoiou vários candidatos e todos perderam, houvesse fraude.

Na sua trajetória desesperada de levar desinformação, mentir e espalhar Fake News, tem afirmado (sem provas) que a eleição americana foi fraudada e que Donald Trump venceu aquele que na verdade teve mais votos e conquistou mais representantes que foi Joe Biden.

As derrotas vão se acumulando em dois anos de mandato, perdeu apoios, perdeu até o seu partido, estando no momento sem nenhuma legenda enquanto tenta em vão registrar um novo partido político. Seu líder no Senado foi preso com dinheiro nas nádegas, o seu indicado à presidência da Câmara Federal, Arthur Lira, tem inúmeros processos de corrupção, rachadinha, entre outros ilícitos.

Seu filho Flávio Bolsonaro senador da república, em conluio com Fabrício Queiroz, tem processos que, se o país fosse sério, já o teriam levado a cadeia e a cassação de seu mandato. Movimentou milhões no seu gabinete num esquema que misturava rachadinhas, funcionários fantasmas e desvio de recursos. Os filhos Carlos e Eduardo igualmente têm problemas e devem explicações à justiça, se valendo o poder do pai, que interfere usando Abin e a PF para evitar flagrantes, prisões e desmembramentos de processos dos quais eles fazem parte.

Com a invasão do Capitólio americano insufladas por Trump, Bolsonaro já começou a insinuar que a insurreição ocorreu por conta de supostas – e já descartadas - fraudes na eleição americana.

         Isso reacende na sociedade brasileira o temor de que Bolsonaro venha a fazer o mesmo em caso de uma derrota eleitoral em 2022. E ele irá fazê-lo, porque é imoral, mentiroso e sem escrúpulos.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

Enquanto não cortar na carne, o Estado brasileiro não resolverá o déficit público!

 O eterno desequilíbrio nas contas do setor público (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) decorre dos gastos efetuados com os entes federados, superiores às receitas. A máquina pública é gigante, ineficiente e onerosa aos cofres públicos.

As receitas se formos simplificar entram de duas formas: Ou são Tributárias ou Patrimoniais. Nos últimos trinta anos, governos têm sucessivamente buscado o equilíbrio, promovendo as chamadas Privatizações ou as “Reformas”, quase sempre voltadas para a possibilidade da retirada de direitos da classe trabalhadora.

Os exemplos mais clássicos foram a Reforma Trabalhista promovida no governo golpista de Michel Temer, que pregava a modernização das relações trabalhistas e da CLT, também anunciava que geraria milhares de empregos. Nem uma coisa nem outra aconteceram três anos depois de promulgada.

A tão discutida Reforma da Previdência aconteceu no primeiro ano do mandato de Bolsonaro, carregada de mentiras, dados inverídicos e prometendo aquilo que não era possível. Sua promulgação prejudicou profundamente os aposentados, as pensionistas e os trabalhadores em geral. Não trouxe até o momento geração de empregos nem capital estrangeiro.

Foram duas reformas bancadas com voracidade pelo chamado “Mercado financeiro” com aval do empresariado nacional, que queria tirar direitos dos trabalhadores e reduzir suas despesas.

A terceira reforma, que é a Administrativa, ainda não foi realizada e suas discussões esbarram no corporativismo dos servidores públicos e na visão míope e gananciosa dos parlamentares que não querem de forma alguma perder suas imensas vantagens, assim como muitos marajás do Poder Judiciário e Executivo.

A última Reforma é a Tributária, que embora essencial, é mais uma enganação que virá na forma do aumento da carga tributária, sem propor a promoção da justiça social e ética. Em momento algum o atual governo e o congresso nacional discutiram redução de impostos, ao contrário, o ministro da economia Paulo Guedes vive falando em um novo imposto digital que seria nos mesmos moldes da execrável CPMF.

O Brasil tem uma das maiores cargas tributárias do mundo, em boa parte, justamente para poder fazer frente aos gastos com a pesada máquina pública.

Para se obter o tão sonhado equilíbrio, os governantes tem de abrir mão de agir apenas pensando no aumento das receitas, mas efetuando o corte profundo nos desperdícios, privilégios inaceitáveis da classe política, empresarial e do judiciário com seus marajás intocáveis. É fundamental coibir as muitas ilegalidades praticadas em nossa sociedade.

Os governantes preferem sugar a classe média e a classe trabalhadora, incluindo comércio, indústria e terceiro setor, do que propor medidas que combatam a sonegação fiscal e tributária. Falta coragem, competência e vontade política para agir desta forma.

Um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação – IBPT, publicado em dezembro de 2020, estima que o faturamento não declarado das empresas brasileiras atinge cerca de R$ 2,33 trilhões por ano. A estimativa é de que os tributos sonegados somem R$ 420 bilhões.

Isso explica, em tese, porque boa parte ou a maioria dos nossos empresários veneram gente como Bolsonaro, Paulo Guedes e outros que propõem uma política neoliberal às custas da sociedade enquanto mantém as fortunas intactas sem tributação e a sonegação dos milionários correndo solta na raia da vergonha nacional.

 

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

5 de janeiro de 2021

Já tive. Eu ainda transmito?

Sim! A imunidade e a imunização impedem que a doença ocorra nas pessoas, mas não impedem que os microrganismos circulem no meio ambiente e nem mesmo que microrganismos fiquem presentes na parte externa do corpo destas pessoas. Parte externa é pele, unhas, cabelos, boca, nariz, ouvido, olhos, genitais e as suas respectivas secreções. Exames tipo PCR detectam a presença do vírus ou não, naquele momento exato do exame, mas não indica se a doença existe ou não naquela pessoa. 

   A imunidade nos livra de desenvolver a doença, mas não impede que transmitamos o vírus que esteja em nós!

A pessoa imunizada pela doença ou vacina pode ter no corpo o vírus, não terá a doença neste período, mas pode passar para outras pessoas. Depois toma banho, escova os dentes e o vírus sai do corpo. Depois de horas ou dias pode de novo contatar o vírus que fica na sua pele e mucosas por mais algumas horas ou dias e assim se alternam períodos com e períodos sem o vírus no corpo. Nestes períodos com os vírus pode transmitir para outras pessoas e nem por isto está doente. Por isto que ainda devem usar máscaras e se isolarem, evitando aglomerações.

Os anticorpos e as células sensibilizadas contra o vírus que a pessoa produziu quando teve a doença, ou quando tomou a vacina, servem para não deixar os vírus entrar dentro das células em que eles gostam de morar e replicarem aos bilhões, produzindo assim a doença. A medida que as pessoas imunizadas predominam na população, os vírus irão reduzindo a sua quantidade até tornarem pouco significante numericamente ou até ausentes no meio ambiente. Eles precisam entrar dentro das células para multiplicarem–se aos bilhões.

Os anticorpos e as células contra os vírus que a pessoa produziu quando teve a doença ou quando tomou a vacina, não servem e não conseguem impedir que os vírus fiquem temporariamente ou de passagem na pele, mucosas, cabelos, boca, nariz e garganta da pessoa que tenha já sido imunizada de alguma forma. Pode se adquirir estes vírus de outras pessoas via gotículas de saliva e aerossóis do meio ambiente dos restaurantes, bares, festas e aeroportos, assim como dos objetos que usam, dos toques corporais e muitas outras formas de contágio.

Em outras palavras, esta pessoa que já teve ou já foi vacinada, não terá mais a doença, pois estará imunizada, mas poderá ter o vírus ainda em seu corpo e também em suas roupas, óculos, calçados, luvas e outros objetos de uso pessoal.

Isto explica porque uma pessoa que já teve a doença ou já foi vacinada contra a covid-19 ainda pode transmitir a doença para as demais pessoas. Se já teve Covid-19, como qualquer outra pessoa, ainda pode transmitir o vírus pela saliva, aerossol e gotículas, além da pele, olhos, objetos e calçados. A imunidade de 15 a 90 dias oferecida pela doença, ou a induzida pela vacina, serve para você não “desenvolver” a doença, mas pode ter o vírus no corpo em qualquer momento novamente, transmitindo a doença para outras pessoas! Se a imunidade acabar, estes vírus podem voltar a induzir a doença novamente na pessoa.

Uma pessoa pode até dizer: - Eu já tive mesmo! Ou já vacinei não pego mais! “Dane-se agora os outros”. Eu nem penso que alguém possa falar assim, seria uma vergonha para a nossa espécie! Vamos sempre lembrar que a imunidade protege e impede o desenvolvimento da doença, mas não purifica e nem esteriliza o nosso corpo. Até seria interessante sairmos da vacinação dizendo que agora estamos imaculados e purificados, mas a vacina imuniza e não purifica nem o corpo e nem a alma!

Autor: Professor Alberto Consolaro – Titular da USP e Colunista de Ciências do JC de Bauru.

Nem Pinóquio ou Maluf mentiram tanto como Bolsonaro!

“Pessoas que são boas em arranjar desculpas
raramente são boas em qualquer outra coisa”.
Benjamin Franklin

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que o Brasil está quebrado e que não pode fazer nada. Ele disse ainda que a pandemia da Covid-19 tem sido "potencializada pela mídia".

A primeira afirmação demonstra que o governo vai passar quatro anos de sua gestão culpando a pandemia e a mídia por sua incapacidade de gestão frente a economia e a saúde pública. A cobertura da nossa mídia não difere praticamente em nada da mídia internacional em vários países. Não temos presidentes e primeiros ministros reclamando disso enquanto agem, trabalham e resolvem os mesmos problemas que Bolsonaro não consegue.

“Eu queria mexer na tabela do Imposto de Renda, teve esse vírus, potencializado por essa mídia que nós temos. Essa mídia sem caráter. É um trabalho incessante de tentar desgastar para tirar a gente daqui e atender interesses escusos da mídia", disse o mandatário para um grupo de apoiadores na parte externa do Palácio da Alvorada. Estranho que uma simples alteração de tabela de IR não realizada por incompetência seja jogada nas costas da mídia novamente.

O fim do pagamento do auxílio emergencial será um tormento na vida de Bolsonaro e seu governo inerte. Afinal de contas, ele não queria pagar mais do que R$ 200,00 mensais aos que necessitavam, até que o Congresso Nacional assumiu e resolveu conceder R$ 600,00. Porém, esses valores pagos passaram a ser a salvação da lavoura, uma vez que nas pesquisas de aprovação da gestão e do presidente, foi justamente este auxílio que segurou os índices em patamares aceitáveis.

 Com o final dos pagamentos, o governo federal que nada fez antes, durante e nem depois da pandemia pela recuperação do pleno emprego, que não consegue ter um plano de desenvolvimento econômico, resta criticar pandemia, vírus, mídia e tudo mais.  

Ele também tem culpado políticas de isolamento social adotadas por governadores como corresponsáveis pela crise econômica do país. Isso mostra sua completa ignorância, pois se governadores e prefeitos não tivessem reagido, o país teria hoje mais de 500 mil mortos.

Bolsonaro já culpou a imprensa em outras ocasiões por, segundo ele, disseminar o pânico durante a pandemia. A Covid-19 já matou quase 200 mil pessoas no Brasil. O número de infectados é superior a 7,7 milhões, segundo o consórcio de veículos de imprensa que compila dados de secretarias estaduais.

Na segunda, Bolsonaro fez piada com o uso de máscara de proteção facial, defendida por especialistas como importante para conter a disseminação do vírus. O sujeito é contra isolamento social, máscaras, vacinas, enfim, um negacionista sem cultura, sem argumentação inteligível e que só pensa em si mesmo e na reeleição em 2022.

Suas ironias em relação à imprensa nas suas lives ou entrevistas a blogs bolsonaristas evidenciam sua completa incapacidade de argumentação sobre quaisquer assuntos. Por isso tem tanto ódio dos jornalistas, principalmente os investigativos que conseguem informação sobre suas interferências nas investigações da corrupção dos filhos e dos seus gastos com Cartão Corporativo acima da média de todos os presidentes anteriores que divulgavam os mesmos gastos com transparência.

 Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

O direito de morrer!

Após a aprovação da eutanásia, lembremos que o direito de viver não é ameaçado pelo direito de morrer. Não há nada como a referência da morte para valorizar as riquezas da vida.

                                                           Fernando Vicente

O Congresso dos Deputados (câmara baixa) da Espanha aprovou, após furiosas discussões dentro e fora do Parlamento, a eutanásia. Esperemos que o Senado respalde essa decisão e que a Espanha acompanhe os seis países que no mundo já aprovaram leis semelhantes, apesar dos argumentos “a favor da vida”, como dizem seus opositores, recrutados fundamentalmente nos círculos religiosos, sobretudo católicos.

Num de seus primeiros ensaios, Albert Camus escreveu que o suicídio é essencial para responder à pergunta fundamental da filosofia; os que escolhem a morte dão uma resposta negativa à pergunta sobre se a vida como tal vale à pena ser vivida. A lei aprovada, no entanto, não favorece nem estimula o suicídio, como explicou muito bem Edmundo Bal em seu artigo Ley de Eutanasia: Una Garantía de Libertad (El Mundo, 24 de dezembro de 2020); limita-se a considerar o caso ― terrível ― daquela minoria para a qual a vida é o inferno, segundo as piores descrições que fizeram dele os textos medievais, que insistiram nesse tema de maneira obsessiva, e que não podem pôr fim a ela por si sós, pois uma horrenda lei os obriga a viver, isto é, a morrer mil vezes por dia, até que esse suplício termine somente quando morrerem de “morte natural”. É verdade que as vítimas dessa crueldade não são muito numerosas ― embora haja algumas dezenas de milhares ou até centenas de milhares no mundo inteiro ―, mas que esse “direito de morrer”, inseparável do “direito de viver” que nós liberais defendemos, seja finalmente reconhecido na Espanha é um sinal de progresso e civilização.

Refiro-me, é claro, aos doentes terminais que sabem que o são e sabem também que estão condenados a viver ― parece a própria negação dessa expressão ― até que a morte “natural” ponha fim aos seus atrozes sofrimentos.

A lei aprovada considera todas as precauções do caso. Quem decidir pedir ajuda para pôr fim aos seus dias deve fazê-lo em até quatro ocasiões (os menores de idade estão excluídos) e ser examinado por médicos que atestem seu estado de saúde e sua decisão. Somente após esses passos é aprovada a eutanásia. É difícil, talvez impossível, que nessas condições a determinação de uma pessoa de colocar fim aos seus dias seja utilizada por estranhos para perpetrar um crime ou levar uma vítima a acabar com sua vida.

A defesa da vida, neste caso, equivale a uma piada macabra, pois celebrar em um doente terminal a glória da vida de que nunca poderá desfrutar não cabe nem sequer discutir, apenas facilitar a saída, adotando, é claro, todas as precauções possíveis para, em primeiro lugar, confirmar que a vítima tomou essa decisão de maneira firme e inevitável e sem outra razão a não ser a da doença terminal. A lei aprovada no Congresso dos Deputados assim o estabelece.

O problema, no entanto, é mais vasto que o de uma reduzida minoria. A sociedade pode se opor àqueles que, sem estar submetidos por uma doença, querem exercer o “direito de morrer”? Uma pessoa, em plenas faculdades, pode decidir que a vida tal como é não justifica a existência. Não é o meu caso, certamente, nem o da imensa maioria. Mas há, houve e sempre haverá pessoas que veem na morte uma solução aos seus problemas. Na imensa maioria dos casos, essas vítimas não necessitam pedir ajuda para engolir um veneno, bater o carro em uma árvore ou, como fez um primo meu, saltar para o abismo das falésias de Barranco. Para ajudar esses suicidas foram criadas sociedades secretas ou públicas ― como a auspiciada por Arthur Koestler, que se matou junto com sua esposa quando soube que tinha câncer ― que lhes estendem a mão quando eles decidem pôr fim aos seus dias. Qual deveria ser a atitude da sociedade civilizada nesses casos excepcionais? Respeitar o “direito de morrer”, a contrapartida inseparável do “direito de viver” escolhido pela enorme maioria dos seres humanos.

Lembro-me, a esse respeito, de um concurso de documentários para a TV do qual fui jurado anos atrás, em Monte Carlo. Entre os membros do júri estava uma atriz francesa, Marina Vlady, que havia misteriosamente desaparecido das telas quando estava no auge da carreira. Ali soubemos que ela o fez por amor: apaixonou-se por um russo, casou-se com ele e foi morar na União Soviética, onde, segundo nos disse, era muito feliz. Pediu-nos que excluíssemos da competição um filme holandês que fazia propaganda da eutanásia, adotada na Holanda fazia já um tempo. Assentimos. Retiramos o filme do concurso, mas demos a ele um prêmio extra, pois era o melhor, segundo todos os demais jurados.

O personagem central daquele filme, dono de um bar, havia sido antes um marinheiro que, ao saber que tinha câncer, escolheu, de acordo com sua esposa e seu médico, recorrer à eutanásia. Ele e o médico faziam a gestão perante o Governo, que nomeava de imediato dois especialistas para que confirmassem sua decisão e verificassem sua doença. Em seguida, informavam ao sujeito as formas que a cerimônia adotaria. Ele teria o controle até o último momento. Acredito que lhe aplicavam uma injeção, que ele poderia cancelar em voz alta ou, caso isto não fosse possível, piscando ou mexendo o dedo indicador. Os dois médicos também deviam lhe indicar quando aquela injeção mortal se tornava “irreversível”. Todo o ato transcorria desse modo, com grande serenidade por parte do moribundo, que dava as mãos à esposa ― ela, sim, tremendo e com os olhos arrasados pelas lágrimas.

Acredito que nenhum dos jurados daquele festival, ao ver o documentário, tirou dele o menor desejo pela morte. Ao contrário: a reação de todos nós foi respirar mais tranquilos ― a cerimônia final, sobretudo, nos deixou bastante nervosos ― e com um imenso, indescritível, entusiasmo pela vida, pelo privilégio extraordinário que é estar vivo e saber que estaremos por alguns poucos ou longos anos mais. Que felicidade saber que a vida estava ali, ao nosso redor, e que estaria ainda por alguns ou muitos anos, com suas comidas, bebidas, amizades, amores e leituras, tudo isso que nos faz passar os dias em paz ou com exaltações que nos separam e distanciam da morte, e que nos tornam insensíveis aos pedidos e seduções que a extinção possa ter para alguns poucos semelhantes. Que eles existam não significa necessariamente que estejam erradas as coisas deste mundo, embora para muitos isto seja uma verdade. Mas sabemos que aos países mais adiantados da Terra, como a Suécia e a Suíça, é atribuído um número de suicídios que supera o dos demais países; eu nunca soube se essas estatísticas eram certas ou resultado da inveja, que opera também em todas as esferas da vida social, inclusive (ia escrever sobretudo) nesse campo, tão fraturado pelas polêmicas. O direito de viver não é ameaçado pelo direito de morrer; é antes reforçado, porque não há nada como a referência da morte para valorizar as infinitas riquezas da vida.

Autor: Mario Vargas Llosa – El País.

Ninguém tem o direito de matar nossas esperanças!

O Brasil grosseiro e violento capaz de zombar das leis e até da educação é minoria. A maioria é um povo que luta só para que seus direitos sejam respeitados.

                                                                      Eraldo Peres - AP

Nas festas de final de ano e na chegada do novo, nas redes sociais de todo o mundo, nos milhões de mensagens trocadas, a palavra mais usada em todas as línguas da Terra foi “esperança”. Foi um clamor mundial. Esperança de que a pandemia acabe e a vacina chegue para que se possa começar a viver a normalidade e sentir a proximidade e o calor humano do outro. E se essa esperança de um ano melhor é universal, ninguém tem o direito agora de roubá-la de nós.

No Brasil, sobretudo, a esperança tem sido mais ameaçada ainda pelo negativismo e até pela zombaria de seu presidente pela dor alheia. Por suas portas e janelas sempre fechadas ao clamor de sua gente, que viu até seus mortos serem zombados. Zombaram da dor dos mais necessitados, que sofreram duplamente com a pandemia em que foram os que mais perderam a vida e os que mais sentiram os efeitos econômicos, tão sobrecarregados já estavam de sofrimentos e esquecimento por parte do poder.

O Brasil se desejou, de ponta a ponta de seu vasto território, que neste novo ano a esperança se imponha sobre o crônico abandono de seus cidadãos. É possível que esse clamor pela busca da esperança perdida não tenha sido escutado pelo poder político e econômico surdo e mudo aos anseios mais profundos dos brasileiros, que não renunciaram ao seu direito de viver felizes e respeitados.

Se algo novo pode chegar aos milhões de brasileiros em 2021 é que os poderes favoreçam a convivência amorosa entre os diferentes, a justiça social, para que nenhum brasileiro passe necessidades e que se sinta seguro e defendido em vez de ser deixado à margem. E ainda pior, foram tratados como “covardes” por tentarem se defender da pandemia. Não, os brasileiros não são covardes nem submissos. Podem ainda sofrer de racismo, mas o que o poder fez para combatê-lo? Pode até tê-lo agravado.

Neste duro ano da pandemia que levou forçosamente ao distanciamento, os brasileiros foram exemplares na busca de refúgio na cultura, na arte e até na sátira. Nas redes sociais, milhares de músicos e artistas animaram com suas músicas e escritos em meio à dor da separação. Não, o Brasil grosseiro e violento capaz de zombar das leis e até da educação é minoria. A maioria é um povo que luta só para que seus direitos sejam respeitados.

A maioria é gente com sentimentos nobres e com o desejo de viver em paz. Portanto, se temos algo a desejar neste 2021 é que saibamos lutar para que os poderes que têm sobre nós o direito de vida ou de morte saiam de cena, que vão embora com sua carga de negatividade e desprezo pela vida.

Que todos nós, com as forças ainda sãs da política e da justiça, demos um basta ao poder que se sente dono de nossos sentimentos. Que seja um ano de esperança e também de resistência à barbárie a que um poder sem empatia diante da dor, da morte e da miséria submeteu o país.

Lutemos juntos aqueles de nós que não perderam a esperança de um mundo mais habitável, para que os bárbaros desapareçam e partam sozinhos para desfrutarem suas armas e o seu desprezo pela dor alheia. Que vão embora se deleitar sozinhos com a sua mala de sadismo.

O velho slogan dos revolucionários gritava que “o povo unido jamais será vencido”. Hoje, no Brasil vivemos uma situação de tirania que zomba da felicidade alheia. Por isso, as forças mais sãs do país precisam se sentir unidas contra a barbárie que nos aflige. O Brasil que nos últimos dias escreveu e pronunciou milhões de vezes a palavra esperança permanece unido nessa utopia com seu amor pela vida contra os coveiros de nossas ilusões.

Hoje vivemos no Brasil uma revolução engendrada por um poder tirano. Que todos aqueles que defendem e reivindicam seus direitos a uma vida mais digna se unam e gritem nas redes e nas ruas e praças que não permitirão que continuem zombando de seu direito à felicidade.

Digam “não” com força e unidos para aqueles que parecem se deleitar com a dor dos outros. Que os brasileiros com suas riquezas culturais e espirituais não permitam mais que lhes roubem essa palavra mágica de esperança em uma vida mais digna para todos.

O Brasil pode porque em suas veias correm o sangue e as riquezas de tantos povos e de tantas culturas, todas de vida e não de morte.

Autor: Juan Arias é jornalista e escritor, com obras traduzidas em mais de 15 idiomas. É autor de livros como ‘Madalena’, ‘Jesus esse Grande Desconhecido’, ‘José Saramago: o Amor Possível’, entre muitos outros. Trabalha no EL PAÍS desde 1976. Foi correspondente deste jornal no Vaticano e na Itália por quase duas décadas e, desde 1999, vive e escreve no Brasil. É colunista do El País no Brasil desde 2013, quando a edição brasileira foi lançada, onde escreve semanalmente.