Nascido em 26 de julho de 1875, Carl Jung foi o psiquiatra suíço responsável por fundar a psicologia analítica, que explora a importância da psique individual e sua busca pela totalidade. Seu trabalho influenciou vários campos além da psicologia, como a antropologia, filosofia e teologia.
Entre outras coisas, Jung afirmava que pensar é trabalhoso, então as pessoas preferem ter opiniões. Você pode ter direito às suas opiniões, mas não aos seus fatos. O espantoso é termos uma sociedade tão desinformada numa época em que estamos cercados de meios de comunicação, na sala, na rua, no consultório médico, no próprio bolso.
Em boa parte, essa desinformação se deve ao fato de que entre os fatos que chegam à cabeça e as opiniões que mobilizam o nosso fígado, preferimos claramente tranquilizar o fígado: vamos selecionar os fatos, ou deformá-los, para justificar o que queremos acreditar. Os demagogos do mundo há tempos aprenderam que mobilizar as pessoas pelo ódio rende muito mais do que tentar explicar-lhes a realidade.
Encontrar um culpado que possamos odiar juntos gera uma catarse popular poderosa, uma imensa excitação de sermos um grupo solidário na mobilização punitiva: os judeus na Alemanha de Hitler, os palestinos no Israel de hoje, os mexicanos nos Estados Unidos (já que não temos mais os soviéticos nem Saddam Hussein), os imigrantes na Europa. No Brasil até reinventaram o comunismo para poder justificar o ódio ao Lula e aos pobres em geral.
Antes do advento da internet as pessoas fracas de cabeça ficavam isoladas dentro do seu mundinho particular, sem interferir ou participar do mundo em que vivemos. Com a internet, as opiniões destas pessoas estão em toda parte na web, como se fossem afirmações verdadeiras e científicas.
Kurt Andersen escreve que os Estados Unidos sofreram uma mutação que os tornou uma ilha da fantasia, Fantasyland: “No bilhão de sites da internet, pessoas que acreditam em tudo e qualquer coisa podem encontrar milhares de companheiros de fantasia que compartilham as suas crenças, com colagens de fatos e com ‘fatos’ para confirmá-las. Agora todas as fantasias parecem verdadeiras”.
Os políticos demagogos perceberam rapidamente que os seus discursos de ódio ou de grandiosidade convencem que somos mais importantes ao elegê-los do que ao propormos a discussão do sistema político atual. Políticos que entram na onda dos que financiam campanhas mundiais para dizer que a mudança climática é uma invenção acadêmica, tudo isso aponta não só para o fato que somos muito frágeis em termos de usar a nossa razão, mas que temos uma gigantesca indústria planetária que disso se aproveita.
O cérebro passa a existir para inventar razões para acreditar no que não tem nenhuma base racional. Ter uma sociedade tão desinformada e ao mesmo tempo sobrecarregada de informação, aponta para uma forma particularmente idiota de organizarmos o acesso ao conhecimento.
Exemplos positivos não faltam, como a BBC para o mundo que entende inglês, a TV5Monde para o mundo francófono, redes de informação científica como a PBS americana e assim por diante. Já pensaram se a TV fosse utilizada para informação em vez de fake reality?
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.
Fonte: Ladislau Dowbor, economista, é professor da PUC-SP, consultor de diversas agências das Nações Unidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário