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25 de maio de 2020

Um mentiroso contumaz!

“Nunca se mente tanto como antes das eleições,
durante uma guerra e depois de uma caçada"
Otto Von Bismarck.

A divulgação do vídeo da reunião ministerial ocorrida em 22 de abril evidencia com clareza a intenção de interferência na Polícia Federal, algo que nem Michel Temer, um presidente corrupto com sete processos nas costas tentou durante seu curto mandato. A vontade do presidente de ter um aparato pessoal de informação para poder obstruir ou se antecipar as investigações que envolvem seus 19 familiares ficou clara no decorrer da reunião.
 A sociedade pode ter acesso ao vídeo da reunião graças a liberação por decisão de Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal. Trazendo novas evidências conclusivas sobre o que já se suspeitava: o presidente Jair Bolsonaro mente.
Depois do vídeo, a versão presidencial de que queria interferir na sua segurança pessoal, e não na superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, torna-se completamente inverossímil.
Como demonstrou reportagem da TV Globo, menos de um mês antes da reunião ,Bolsonaro havia promovido o responsável por sua segurança e o substituído pelo então número dois na função.
No vídeo, o presidente fala textualmente: “Já tentei trocar gente de segurança no Rio, oficialmente, e não consegui. E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda (...) porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele. Se não puder trocar o chefe dele, troca o ministro. E ponto final. Não estamos para brincadeira”.
Tudo o que ocorreu depois da reunião se encaixa na narrativa do ex-juiz Sergio Moro. Não há dúvidas de que o presidente trata da PF, um órgão de Estado, quando promete ir até o fim para fazer valer a sua vontade antes que a sua família seja atingida. Querendo transformar desde antes das eleições a PF no quintal de sua moradia no Condomínio Vivendas da Barra.
No restante, a reunião entra para os anais da história como um dos episódios mais execráveis do exercício do poder presidencial nos 130 anos da República no Brasil.
O linguajar chulo, deplorável, inconsistente com quem ocupa o maior cargo no país, deixa claro, nos rompantes autoritários e nas exibições de incapacidade gerencial diante de uma crise monstruosa, que Jair Bolsonaro rebaixa a presidência e humilha a quem representa, colocada pelos constituintes de 1988 no pináculo do edifício democrático. A democracia que o elegeu é a mesma que tem sido vilipendiada por seus atos e suas falas.
As ofensas desferidas a governadores e prefeitos, o perverso e criminoso discurso do ignóbil à frente da pasta da Educação pedindo cadeia para ministros do STF, que qualifica de vagabundos.
As palavras incoerentes e sem nexo da Ministra dos Direitos Humanos contra mandatários estaduais e municipais clamando por prisão, demonstra que estes não são ministros, mas se parecem com seguidores nefastos de uma seita.
Um elemento a mais aparece no vídeo. Bolsonaro afirma que tem acesso a um dispositivo de inteligência particular. Ora, nada no ordenamento constitucional, nem nos princípios que norteiam as sociedades democráticas, autoriza o chefe de Estado a dispor de um aparelho pessoal de bisbilhotagem.
Se estivéssemos vivendo num país sério com todas as Instituições democráticas funcionando com total independência, a (PGR) Procuradoria Geral da República deveria por obrigação aprofundar a investigação acerca da conduta de Bolsonaro que, além de cercar-se de assessores insanos, autoritários e incapazes, pode ter cometido crimes. Que a PGR se mostre à altura do cargo que ocupa.
Ressalve-se as ameaças infames feitas pelo general Augusto Heleno, do GSI, a respeito de uma eventual apreensão do celular presidencial poderia ter “consequências imprevisíveis”. Dados a baixeza e o desvario mostrados numa reunião formal, assusta de fato imaginar o que Bolsonaro diz em particular para seus seguidores (Ministros e assessores).

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

24 de maio de 2020

Meu amigo Anézio!

Não há silêncio que não termine.
Pablo Neruda

O avô dos meus filhos, pai da minha mulher, meu amigo, nos deixou essa semana e levou consigo muitas estórias, sua experiência de oitenta e seis anos de vida, todas as suas convicções e nossas conversas de tantos anos naquelas cadeiras na área da frente da sua casa.
Deixou para trás, nosso carinho, nosso profundo respeito por sua vida proba, honesta, repleta de muita retidão.
Choraram os seus seis filhos, esposa, dezenas de netos e até bisnetos, alguns que nunca tiveram a chance de ouvi-lo contar uma de suas muitas estórias, dos tempos de crianças na fazenda, ou de quando ainda jovem trabalhava nas Casas Leone.
Suas muitas estórias do tempo de bancário no Banco Itaú sediado em Bariri, quando ainda sem a tecnologia atual, sem os computadores, faziam todo o fechamento diário na ponta do lápis e das calculadoras.
Perdi muito mais que um sogro, algo que todos que se casam normalmente tem em suas famílias, perdi um grande amigo, sincero, sempre honesto em suas opiniões. Com a certeza que mesmo quando não concordava com algumas das minhas opiniões, em silencio a respeitava.
 Se existe uma certeza na vida, é a de que um dia iremos embora, ontem foi um destes dias, triste, cinzento, frio e sem a alegria do meu amigo Anésio. Seu semblante calmo, nos confortou de certa maneira, deixando claro que ele estava indo embora da forma como sempre verbalizou – sem sofrimento, sem ter ficado entravado numa cama por muito tempo antes do adeus.
Saudade fica, as vezes dói no peito, porém, mantém viva a memória para as coisas boas da vida, momentos bons que tivemos ao longo da nossa amizade de quase 30 anos.

Autor: Rafael Moia Filho: Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

21 de maio de 2020

Mortes que poderíam te sido evitadas pelo Estado!

“A ignorância é a maior enfermidade
do gênero humano.” Marco Túlio Cícero.

Com uma frequência assustadora assistimos o noticiário divulgar quase que diariamente a ocorrência mortes por bala perdida na cidade do Rio de Janeiro. Não que não aconteça em outras cidades e Estados brasileiros, mas a frequência na cidade maravilhosa impressiona e entristece.
Em 2019, a região metropolitana do estado do Rio de Janeiro registrou 7365 tiroteios e disparos de arma de fogo, uma média de 20 tiroteios por dia, que deixaram 2876 baleados. Deste total, houve 168 casos de bala perdida, em que 189 pessoas foram atingidas, das quais 53 morreram.
As informações foram divulgadas através da plataforma Fogo Cruzado, laboratório de dados sobre violência armada que registra, desde 2015, a incidência de tiroteios no Rio de Janeiro e em Recife.
Segundo o levantamento anual, o número de vítimas de bala perdida na região metropolitana do Rio diminuiu 16% no ano passado, mas o número de mortos aumentou 23%, se comparado a 2018, que registrou 225 vítimas de bala perdida, das quais 43 morreram. No total, foram 186 casos de bala perdida registrados.
Infelizmente na maioria dos casos as investigações não levam as prisões dos responsáveis, sejam criminosos ou policiais. Um pequeno exemplo são estes seis casos abaixo:
Jenifer Gomes, de 11 anos: 9 meses depois, a polícia afirma que ainda investiga o caso;
Kauan Peixoto, de 12 anos: passados 8 meses, não há conclusões;
Kauã Rozário, de 11 anos: 7 meses depois, o estado não tem uma explicação;
Kauê dos Santos, de 12 anos: 2 meses depois, o inquérito foi concluído, mas MP e Polícia não informaram o desfecho;
Ágatha Félix, de 8 anos; 2 meses depois, o caso ainda não tem solução;
Ketellen Gomes, 5 anos: um suspeito de dar o disparo foi preso e investigações continuam.
Nesta semana, mais um caso abalou o RJ, o menino de 14 anos João Pedro estava em sua casa, quando foi alvejado e morto. A violência foi tanta, que nas paredes da casa onde vivia foram contadas mais de setenta marcas de tiros.
A imprensa naturaliza a morte e não dá nome ao que acontece a cada 23 minutos neste país. Isso se chama: Genocídio. O que ocorreu em uma operação que subia uma comunidade na semana passada e matou várias pessoas no Complexo do Alemão, no Rio, é genocídio. A desumanização se reflete em números frios. "A polícia vai fazer o correto: vai mirar na cabecinha e? Fogo! Para não ter erro", como disse o governador do Rio de Janeiro, como promessa de campanha...
Nenhuma autoridade enfrenta esta situação que ocorre diariamente, as ações policiais muitas vezes temerárias, não demonstram eficiência na prisão ou extermínio de quadrilhas do crime organizado. Morrem centenas de inocentes, em sua maioria crianças dentro de seus quintais, porém, não são apresentadas nas mesmas operações resultados com prisões e até mortes de criminosos.
Desconhecemos se a polícia civil e militar do RJ, opera com base em inteligência nas suas operações de busca e apreensão. Levando em conta o terreno em que estas são deflagradas, áreas normalmente com elevado número de habitantes por m².
Sendo assim, os morros do RJ, se transformam num Afeganistão onde o morador e seus familiares temem os criminosos e as ações policiais contra estes. Não há segurança, não há paz, não há como viver.
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/05/21/policia-civil-ouve-piloto-de-helicoptero-que-socorrou-joao-pedro.ghtml

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

Tempos modernos?

“Viver entre uma multidão de valores,
normas e estilos de vida em competição,
sem uma garantia firme e confiável de
estarmos certos é perigoso e
cobra um alto preço psicológico”.
Zygmunt Bauman

Ao pensar sobre todas as coisas que estamos vivenciando nestes tempos de pandemia, de restrições ao ir e vir, de muitas tristezas, poucos abraços e nenhuma compaixão além das infrutíferas promessas de um tempo melhor após a próxima esquina do tempo, me lembrei de uma linda canção do cantor e compositor Lulu Santos, chamada Tempos modernos. Ela diz mais ou menos isso:
Eu vejo a vida melhor no futuro, eu vejo isso por cima de um muro
De hipocrisia que insiste em nos rodear, eu vejo a vida mais clara e farta. Repleta de toda satisfação, que se tem direito do firmamento ao chão.
Eu quero crer no amor numa boa, que isso valha pra qualquer pessoa, que realizar a força que tem uma paixão. Eu vejo um novo começo de era. De gente fina, elegante e sincera com habilidade
Pra dizer mais sim do que não, não, não. Hoje o tempo voa, amor, escorre pelas mãos, mesmo sem se sentir
Não há tempo que volte, amor, vamos viver tudo que há pra viver
Vamos nos permitir.
A canção foi escrita e gravada em 1982, ainda no Século XX quando vivíamos diante de uma série de suposições sobre como seria a virada do milênio e o Século XXI.
Havia, e eu vivenciei nesse período, uma expectativa de muita modernidade, parte dela aconteceu, principalmente na informática e nas tecnologias de ponta que utilizamos neste novo século.
Porém, a humanidade não mudou como pensávamos que fosse acontecer, não houve uma grande mudança nas relações humanas, nem nas relações entre as nações, apesar do encurtamento das distâncias via globalização. Ao menos nos primeiros 20 anos do século.
O mundo caminha da mesma forma e o planeta sofre ainda mais com poluição, esgotamento de fontes de energia, extração de minérios e demais riquezas sendo feitas sem controle ambiental.
O mundo ainda assiste de forma primitiva a ocorrência de doenças que não possuem cura, nem medicamentos para atenuar o sofrimento de milhões. A fome ainda persiste e mata severamente nossos irmãos na África e em outros continentes.
Hoje o tempo voa, escorre pelas mãos, disse Lulu com sabedoria. Sentimos o tempo passar de forma inexorável com uma rapidez antes não percebida. Entretanto, não convivemos com gente fina, elegante e sincera com habilidade para dizer mais sim do que não. Pelo contrário, a intolerância é absurda atualmente, a incompreensão é gigante, ainda temos racismo assolando povos ao redor do planeta. Ainda temos homofobia e outros crimes praticados por gente com poder aquisitivo que acessaram boas escolas e são de uma classe que deveria ter a obrigação de serem éticos.
    Ao contrário do que muitos estão pregando em mensagens nas redes sociais, no WhatsApp, o mundo não necessariamente será melhor após a passagem da pandemia do novo coronavírus. Pelas atitudes que vemos no Brasil, com casos de corrupção, aproveitamento de situações para lucrar (álcool Gel, por exemplo), difícil acreditar em tempos melhores, em tempos modernos, mas fácil enfrentarmos tempos muito mais difíceis e confusos.

Autor: Rafael Moia Filho: Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

17 de maio de 2020

Vivemos várias crises dentro de uma crise!

"Cada um só porque fala, julga
também saber usar da linguagem"
Goethe

A pandemia mundial do novo coronavírus trouxe para os brasileiros uma série de crises dentro da própria crise do Coronavírus, o que já não era pouco diante da sua letalidade. Temos no Brasil um presidente que não tem capacidade, discernimento e inteligência para entender o país, o mundo, e nementendimento da importância do cargo que ocupa.
Sendo assim, temos dentro da crise da pandemia as crises da economia, saúde (sucateada ao longo dos últimos 30 anos), administrativa, existencial, moral e mundial.
A crise da saúde é a mais grave obviamente, na medida que até o momento já ceifou a vida de mais de dezesseis mil pessoas no Brasil, com mais de duzentos e trinta e três mil infectados. Isso sem contarmos dois fatores importantes que são a baixa testagem em todo país e a subnotificação de casos e óbitos. O que pode segundo especialistas, elevar os números (Infectados e óbitos) para até cinco vezes mais dos números informados.
A gravidade é maior na medida que o presidente se nega a acreditar na letalidade do vírus, brinca, faz piadas e com isso não permite que o governo federal auxilie os Estados e Munícipios no combate eficaz a pandemia. Os recursos oriundos do orçamento do Ministério da Saúde para compra de medicamentos, equipamentos como respiradores e demais insumos ficam retidos e causam ainda mais problemas a saúde pública.
No período da pandemia, Bolsonaro trocou de ministro da pasta da saúde duas vezes, prejudicando a manutenção de um trabalho que vinha sendo desenvolvido a duras penas pelos responsáveis a frente do ministério.
Em decorrência da fraqueza de projetos e propostas do governo para a economia em quinze meses de governo, a pandemia veio a somar ainda mais problemas agravando sobremaneira a crise econômica do país. Culpar a pandemia neste caso é injusto, afinal de contas, exceto a malfadada reforma da previdência nada mais foi realizado por Paulo Guedes ou Bolsonaro neste período de sua gestão. Antes da pandemia o desemprego era altíssimo sem que nada tivesse sido feito para reduzi-lo.
A crise administrativa é fruto da mesma incompetência de Bolsonaro para equacionar o que quer que seja, sem que estejam presentes a ideologia política e o fisiologismo que lhe é peculiar. Ao se aliar ao chamado Centrão, grupamento político nefasto que esteve presente em governos anteriores sempre buscando cargos, verbas e corrupção, demonstra que o governo não quer modernidade e mudanças na estrutura carcomida do governo federal.
A crise moral decorre das obscenidades desferidas pelo presidente Bolsonaro. Não passamos um dia sequer sem ouvir ou ler absurdos proferidos por uma pessoa incapaz de nos demonstrar serenidade, inteligência e capacidade para ocupar tão importante cargo. Sua vocação é o ódio e isso é propagado aos quatro cantos do nosso sofrido país.
Com tudo isso, a imagem do nosso país no exterior de degrada e faz com que passemos vergonha diante de nossos irmãos no exterior. As notícias nos grandes jornais e revistas dos países do primeiro mundo aliadas as mensagens de brasileiros, que estão vivendo na Europa, América do Norte, Ásia e Oceania corroboram com essa péssima imagem que o Brasil adquiriu.
Culpa de um governo que desfaz da ciência, não aceita outra ideologia que não a de extrema direita, que cultua valores inaceitáveis aos olhos da humanidade como nazismo, ditaduras militares e até de torturadores. 

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

16 de maio de 2020

O negacionismo do BolsoOlavismo!

“O fanatismo é um estado d’alma,
em que a paixão do crente  
se converte em alucinações.”
Leoni Kaseff.

O mesmo grupo que nega a existência do caos climático, que insiste na tese do terraplanismo, também nega a pandemia provocada pelo novo coronavírus no planeta.
Mesmo com números reais que dão conta até o dia 14 de maio da ordem de 4.442.163 (Quatro milhões, quatrocentos e quarenta e dois mil e cento e sessenta e três infectados) com 302.418 (trezentos e dois mil, quatrocentos e dezoito) mortos no mundo inteiro, existe pessoas que dizem não acreditar na pandemia. Preferindo imputar a teorias conspiratórias que não merecem sequer serem analisadas.
A Fundação Alexandre de Gusmão, conhecida no meio diplomático pela sigla Funag, vinculada ao Ministério das Relações Exteriores, realizou um seminário via internet sobre a conjuntura internacional no pós-coronavírus. 
Entre os debatedores estavam José Carlos Sepúlveda, discípulo de Plínio Correia de Oliveira e comentarista do canal bolsonarista Terça Livre; Leandro Ruschel, do site Conexão Política; e Silvio Grimaldo, editor do Brasil Sem Medo, o jornal oficial de Olavo de Carvalho.
Durante 105 minutos do debate, o ministro de segunda classe Roberto Goidanich, atual presidente da Funag, ouve generosas doses do que se poderia esperar: mentiras, teorias da conspiração e pouco caso com os 12.400 mortos oficiais pela covid-19 que o Brasil contava àquela altura. Hoje já são mais de 14.817 mortes em todo país.
"O superdimensionamento da crise do coronavírus é baseado em modelos matemáticos futuros, semelhantes aos usados para espalhar o caos climático", bradou Sepúlveda, um português radicado no Brasil desde a década de 1970 que foi protegido do fundador da Tradição, Família e Propriedade, a TFP, braço ultrarreacionário do catolicismo. "[Diziam que] veríamos mortos nas ruas", zombou.
"A ciência nunca vai poder decidir o que é melhor para nós mesmos. Pedem mil provas da eficácia da hidroxicloroquina, mas nenhuma do isolamento social", concordou Ruschel, um dublê de economista que passa o dia defendendo Bolsonaro no Twitter.
Um misto de negação á ciência, ideologia barata e politicagem rasteira levam estas pessoas a propagar insanidades que não passam de bizarrices infundadas. O pior é saber que um dos incentivadores é justamente o atual Ministro das Relações Exteriores do Brasil – Ernesto Araújo.
É notório que aos olhos da comunidade científica, dos países do chamado primeiro mundo, dos intelectuais e dos cidadãos de bem de todo mundo o Brasil anda para trás a passos largos, afastando-se da verdade, da modernidade e da relação sadia com países sérios no mundo contemporâneo.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Graduado em Gestão Publica.

15 de maio de 2020

E se Bolsonaro não passar de uma grande ‘Fake News’?

Tudo ao redor do presidente parece ser uma invenção, uma mentira, uma miragem, porque, se fosse verdade, seria uma tragédia.
Um militar fala ao ouvido de Bolsonaro - Joédson Alves - EFE
O presidente Jair Bolsonaro havia anunciado que no sábado passado faria um churrasco para qualquer admirador seu que quisesse aparecer. A notícia foi vista como uma provocação contra as normas de isolamento por causa da pandemia do coronavírus. Na manhã do último sábado, ele se retratou e disse que tudo não passou de Fake News. E tachou de “idiotas” os jornalistas que haviam acreditado na sua palavra.
Naquela mesma manhã, o Brasil recebia a triste notícia de ter superado os 10.000 mortos pela epidemia, e o Congresso decretou três dias de luto nacional. Bolsonaro não proferiu nenhuma palavra de pêsames às vítimas. O que são 10.000 mortos para ele?
O problema não é se aquela bravata do presidente de organizar um churrasco para uma multidão enquanto a população sofria a lei da quarentena era uma brincadeira de mau gosto, uma provocação macabra, ou uma Fake News. O que ocorre é que o presidente parece todo ele, mais do que uma realidade, uma grande Fake News.
Não faz muito, ele mesmo questionou o resultado das eleições que lhe deram 57 milhões de votos e a vitória. Talvez tivesse razão: que a própria eleição foi uma Fake News, produzida pelos robôs que ele soube dirigir tão bem durante a campanha. Talvez seja verdade que foram falsificadas e, portanto, na verdade ele não existiria hoje como presidente.
Tudo é tão irreal ao redor do ultra autoritário populista que mais parece uma história de ficção que uma realidade. Parecem Fake News boa parte de seus ministros vindos de outro planeta. Parece Fake News sua política externa desastrada, sua ideia de escola sem partido, baseada nos ensinamentos da Bíblia. Parece Fake News sua política ambiental de destruição da Amazônia e extermínio dos nativos, que assombra e atemoriza o mundo. Parece Fake News seu rechaço aos direitos humanos mais elementares.
Tudo ao redor do presidente – que os psicólogos temem se tratar de um caso psiquiátrico – parece ser uma invenção, uma mentira, uma miragem, porque, se fosse verdade, seria uma tragédia.
Quer algo mais fake que essa novela de que seus filhos governam com ele e usam apelidos de polícia secreta, como 01, 02, 03 e agora está chegando o garoto 04, que JÁ aprendeu a escrever nas redes que o coronavírus é só uma gripezinha? Que se gaba de ter “comido” todas as garotas do condomínio onde vive em Rio? Era fake.
Quer algo mais Fake News que o que seus filhos formarem uma dinastia, mesmo sem participarem de nada. Quer algo mais fake que alguns deles serem suspeitos de envolvimento em mutretas de corrupção, com um pai cuja bandeira era justamente exterminar os corruptos? Terem usado assessores fantasmas? Gente das perigosas milícias do Rio? Que tenham enriquecido com a história das rachadinhas e ganhado milhões vendendo chocolates? Tudo fake. E o assassinato de Marielle? Tudo irreal, inventado. Uma malícia grosseira de seus inimigos.
Pode haver algo mais fake que um homem bravo como o presidente, atleta, esportista, um homem completo, apaixonado pelas armas e pela brincadeira de tiro ao alvo, ser capaz de cair em pranto na frente dos seus ministros? Por Deus!
Tem que ser Fake News essa história de que o presidente de extrema direita é um apaixonado pela tortura e tem saudades da ditadura, já que ele queria só era limpar a escória do comunismo no Brasil. Por isso se desiludiu quando a ditadura perdeu tempo torturando, pois para ele teria sido mais rápido eliminá-los. Pôs até um limite mínimo de quantos deveriam ter sido sacrificados, 30.000 comunistas. É que era pedir muito? Fake com certeza. O presidente é terno. Basta ver a delicadeza com que acaricia as armas e a paciência com que ensinava uma menina em seus braços a imitar com sua mão inocente o gesto de disparar um revólver.
Só pode ser Fake News a facada que sofreu durante a campanha eleitoral, que poderia ter tido como mandante, segundo ele, alguém da esquerda que quis eliminá-lo das eleições. Quem, afinal, iria se preocupar em tirar a vida de um candidato que só buscava o bem da nação, para o que era necessário pôr os esquerdistas de joelhos? Tudo fake.
Dizem que no fundo, na intimidade, o presidente é doce e acolhedor. Um santo cheio de empatia. A única coisa que, aparentemente, o tira de si e o transforma em alguém violento são esses gays que crescem como cogumelos. O que não suporta são as mulheres feias. Não servem, diz, nem para serem estupradas. Os gays, dizem alguns em voz baixa, metem medo no presidente que se sente macho-alfa. Os negros são para ele outra grande preocupação. Deve se perguntar por que não os eliminaram antes da libertação dos escravos. Seu Brasil é branco. E os direitos humanos? Mas será que devem existir direitos? Para que servem os diferentes? Para ele, somos uma manada sob um só pastor, que sabe o que cada um necessita e o que nos faz mal. Mas não se preocupem, é só Fake News.
Quem disse que o presidente não respeita as outras instituições do Estado? Tudo fake. O que ele não suporta é que os outros poderes pretendam ser independentes. Então para que serve o presidente? Quem melhor que ele sabe do que seus fiéis devotos necessitam? As leis que precisam ser aprovadas, as condenações que os tribunais devem impor? E o Supremo, com sua mania de querer interpretar a Constituição? O presidente já disse com todas as letras: “A Constituição sou eu”. Para que mais complicações? É algo que Moro, seu ex-ministro-estrela da Justiça, não tinha entendido. Se ele é a lei, por que a Polícia deve lhe esconder segredos? Até aí se podia chegar. Não podem existir segredos para ele, que é quem manda. O Brasil é dele.
Tudo isso não pode ser senão uma grande Fake News. É que ainda não entenderam a que veio o capitão de reserva que vive coroado por generais como se fossem anjos, querubins e serafins que o protegem em seu governo. Eles são sua milícia celestial. Mas e se também isso fosse fake, já que os militares têm outras hierarquias além das celestiais? Sabem que podem mandar nele se quiserem. Talvez só esperem o momento melhor. E isso não será fake.
Fake ou não, louco ou são, o presidente que ri da epidemia e despreza tudo o que cheire a liberdade de expressão, embora ele a use e dela abuse diariamente, precisa ser vigiado como se faz com as crianças quando deixadas sozinhas em casa, brincando de acender fósforos. Crianças e loucos são perigosos porque um dia podem acabar incendiando a casa.
Melhor apeá-lo de seu perigoso pedestal e devolvê-lo à escola para que aprenda que a vida real, não a das Fake News, é muito diferente. Para que aprenda a riqueza das diferenças, o respeito pelas ideias alheias, a força da democracia e das liberdades. E para que aprenda os horrores e as baixezas, que já conhecemos da história, em que a humanidade cai quando se esquece que precisa viver em harmonia e em liberdade, respeitando-se mutuamente, ou então voltaremos aos infernos que já conhecemos, cuja mera lembrança não só nos horroriza como também nos julga e nos condena. E isso não é Fake News. É uma realidade que o Brasil não merece viver.

Autor: Juan Arias – El País

8 de maio de 2020

Bolsonaro – Por que não haverá Impeachment?

“Política é a arte de conciliar os interesses próprios, 
fingindo conciliar o dos outros”. Menotti Del Picchia

O ex-deputado federal que obteve um desempenho medíocre durante vinte e oito anos, passando por vários partidos, inclusive o mais corrupto da Lava Jato – Partido Popular – PP, ganhou o apelido de “Mito” do qual nunca fez jus e aventurou-se na campanha eleitoral para presidência onde foi eleito.
Assim como na sua passagem pela Câmara, não fez nada em 15 meses de gestão, nem irá fazer até o final de seu mandato, não promoveu mudanças nem implantou nada de novo para a economia, saúde, educação ou segurança pública.
Entretanto, suas ações concentram-se em dar tranquilidade ao mercado financeiro, aos grandes empresários e conglomerado financeiros, além dos exploradores do meio ambiente. Estes, que estavam com dificuldades diante das leis em governos passados, começam a respirar no atual governo. Estão vendo o fim da demarcação de terras indígenas, a fiscalização do Ibama, Incra, Inpe amolecendo diante de suas ações predatórias nas matas, floresta amazônica e toda região norte e centro oeste.
 A elite nacional que sempre odiou o PT e qualquer partido de esquerda, usando da desculpa esfarrapada de corrupção, quando na verdade, tinham em mente apenas o preconceito para com os menos favorecidos, que estavam sendo ajudados nos governos do PSDB e PT. Ver alguém pobre em Shoppings, Aeroportos ou em Miami é muito complicado para esta escoria elitista do nosso país.
Particularmente em SP, que desde os tempos dos bandeirantes acumularam riquezas às custas da escravidão e depois com o processo de industrialização pagando salários miseráveis enquanto enriqueciam e aplicavam suas fortunas no exterior. Sempre tiveram privilégios e mamaram nas gordas tetas dos nossos governos, em especial os Usineiros, Banqueiros, grandes empresários e os latifundiários. 
Essa gente mantém uma subalternidade nojenta pelo colonizador, pelos poderes externos, não á toa, em seguida a posse de Bolsonaro, começaram a estampar em seus avatares das redes sociais bandeirinhas dos EUA.
Por estes motivos e muitos outros, não haverá escândalo que derrube este governo, não haverá denúncias de corrupção, favorecimento a grupos milicianos, grileiros, latifundiários, que possa levar este governo ao Impeachment. E a razão é simples, ele não vai mexer com o bolso nem com os negócios dessa gente, portanto, estará seguro.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

7 de maio de 2020

O Aldir e a sombrinha!

Aldir Blanc e João Bosco escreveram a música tema da reação à ditadura que, segundo o Bolsonaro, nunca existiu!
O Jaguar sabia da nossa admiração por ele e organizou uma excursão à Zona Norte. Objetivo: conhecer o Aldir Blanc. Ele nos recebeu em sua casa na rua Garibaldi, Tijuca. Me lembro que uma das peças da casa era ocupada por uma mesa de sinuca profissional, o que me pareceu adequado, assim como a sua barba de profeta. Aldir era um lacônico notório e, como eu não sou de falar muito, o Jaguar tinha previsto que nosso encontro seria uma troca de silêncios. Não foi, conversamos. Fomos conversando no caminho da casa ao bar da dona Maria, na esquina, onde nos esperavam pastéis de bacalhau inesquecíveis e o compositor Moacyr Luz, parceiro do Aldir em muitas músicas, com seu violão. A noite acabou na Casa da Mãe Joana, que eu não sei se ainda existe, com show do Walter Alfaiate e canja do Aldir no tamborim, igualmente inesquecíveis. O grande letrista, grande cronista e grande cara também era bom no tamborim!
Aldir Blanc e João Bosco escreveram a música tema da reação à ditadura que, segundo o Bolsonaro, nunca existiu, e da campanha pelas eleições diretas e a redemocratização do País. O Bêbado e a Equilibrista fala da volta sonhada do exílio do irmão do Henfil e da dor das viúvas de vítimas da repressão, como a companheira do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pelo regime militar. Quem hoje carrega faixas pedindo outra intervenção militar como a de 64 não sabe como foi sabe, mas não se importa ou sabe e aprova com entusiasmo. 
O quase hino do Aldir e do João Bosco também falava da esperança que subsistia nos tempos negros, a “esperança equilibrista” que andava na corda bamba “de sombrinha” ameaçando cair. Quem poderia imaginar que, depois de tudo que passamos e padecemos, na certeza de que, acontecesse o que acontecesse, ditadura nunca mais, estaríamos de novo carregando uma sombrinha metafórica numa corda bamboleante, sem saber o que nos espera no próximo passo? Os generais de fatiota que hoje ocupam o governo nos asseguram que não vem golpe. Não vem porque já veio, e nem precisaram de tanques na rua. Entraram no poder pela porta principal, atendendo a convites.
De qualquer maneira, não solte essa sombrinha. 

Autor: Luis Fernando Verissimo, O Estado de S. Paulo.

6 de maio de 2020

A crise mundial do petróleo!

“Aqueles que corrompem a opinião
pública são tão funestos como àqueles
que roubam as finanças públicas”
Adlai Stevenson

Preço do petróleo em terreno negativo pela primeira vez na história 
A pandemia do novo Coronavírus trouxe consigo além das mortes, alterações no modo de vida dos seres humanos em todo planeta, o mundo parou em quarentena com a necessidade do isolamento social. A utilização do petróleo como combustível e fonte energética sofreu uma redução drástica, com isso, a produção reduziu a extração e as vendas caíram muito.
A Arábia Saudita tentou no final de 2019 alertar os demais países produtores sobre a necessidade de redução da extração e produção de petróleo, uma vez que o movimento aéreo e o consumo seriam afetados em todo planeta. Porém, os russos não aceitaram tal proposta, mantendo-se assim o nível alto de produção nas bacias petrolíferas do Oriente Médio. Como os sauditas haviam previsto, os preços caíram vertiginosamente, chegando ao ponto inimaginável de assistirmos os preços do barril de petróleo West Texas Intermediate (WTI), óleo do tipo leve, que é negociado na Bolsa de Nova York e é referência para os preços nos EUA ficarem negativos.
Ou seja, o vendedor estava pagando para o comprador levar seu produto. Por trás disso estão tecnicalidades das operações do mercado futuro de petróleo, os brutais efeitos da crise de demanda provocada pela covid-19 e também os acordos nem sempre exitosos de reduzir a produção envolvendo os países da OPEP+ (grupo formado pela OPEP e outros onze países produtores liderados pela Rússia) e contrações do chamado grupo America+2 (EUA, Canadá, Brasil, Colômbia, Noruega e Reino Unido).
Além deste problema, outro surgiu e expôs os problemas de funcionamento do mercado de petróleo, principalmente na relação entre o mundo físico e o mundo financeiro. Os detentores dos contratos do mercado futuro no qual os compradores assumem hoje o compromisso de comprar petróleo no futuro, a um preço pré-estabelecido com vencimento em maio, optaram por não receber o petróleo que tinham direito em função da escassez de estoque para armazena-lo.
Isso ocorreu porque esses contratos venceram no dia 21 de abril em condições muito desfavoráveis para os compradores. Dada a redução da capacidade de estoques, a oferta mundial mesmo com os cortes de produção anunciados pela Opep+― continua num patamar muito acima tanto da demanda por petróleo, como da necessidade de processamento nas refinarias.
A alternativa que restou para os operadores financeiros foi aceitar os preços negativos, minimizando assim suas perdas com as obrigações contratuais do mês de maio. Portanto, o que ficou negativo na verdade foi o preço de trocar o contrato vendido por comprado, e não os próprios barris físicos do petróleo. Uma das contradições entre o mundo financeiro e o mundo físico é essa: os contratos open interest em que as transações ainda não foram completadas (antes da data do vencimento) envolvem volumes muitas vezes maiores que o volume físico transacionado diariamente, o que mostra como os preços do petróleo são determinados principalmente por fatores financeiros.
Esse desastre do mercado futuro abalou os mercados de ações. Empresas de petróleo foram especialmente penalizadas e algumas tiveram perdas enormes em seu valor de mercado. Algumas empresas médias do setor passam a ser alvos de aquisições hostis, o que pode indicar uma nova onda de fusões e aquisições envolvendo, inclusive, grandes empresas estatais, fundos soberanos e fundos abutres.
Petróleo WTI cai 140% e tem preço negativo pela 1ª vez na história
Quem se aproveitou desse cenário foram os chineses que aumentaram suas importações de petróleo recompondo suas reservas estratégicas. Apesar das refinarias chinesas, principalmente as estatais, trabalharem com contratos de longo prazo e, por isso, não poderem substituir facilmente os fornecedores, o país se prepara para uma retomada do mercado de derivados no médio prazo e, ao mesmo tempo, auxilia a manutenção dos preços em patamares mais baixos no curtíssimo prazo.
Nos EUA, a depressão prolongada dos preços já provoca uma reação do sistema financeiro que começa a tomar o controle de petrolíferas que ficaram em extrema fragilidade financeira. Desde a queda dos preços de 2015, pequenos e médios produtores americanos do Shale gas e Tight oil aproveitaram as baixas taxas de juros e aumentaram seu endividamento, acreditando que a queda dos preços daquele ano seria temporária. As financeiras agora procuram manter a garantia dos fluxos de caixa dessas empresas, embora desprezem os investimentos necessários para a manutenção da produção física. A médio prazo, isso pode significar a destruição permanente das chances de retomada de produção, já que essas operações de exploração precisam manter uma pressão mínima em seus reservatórios para que eles continuem produzindo.
No Brasil, essa onda ainda não afetou a produção da Petrobrás, entretanto, como exportamos combustíveis, percebemos que os preços do Diesel e Gasolina caíram cerca de 10% nas bombas de combustíveis da região sudeste. Porém, não percebemos nenhuma preocupação do governo brasileiro em ter uma estratégia para a pós pandemia no que se refere a compra de petróleo. 
Obs: Alguns dados extraídos do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).

Autor: Rafael Moia Filho: Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

5 de maio de 2020

Bolsonaro conspira à luz do dia!

Jair Bolsonaro conspira à luz do dia. No domingo, o presidente usou mais um símbolo nacional como palanque para o golpismo. Na rampa do Planalto, confraternizou com extremistas que atacavam a democracia e agrediam jornalistas no exercício da profissão.
Jair Bolsonaro e a filha Laura na rampa do Planalto - Evaristo Sá - AFP
Irritado com decisões do Supremo, o capitão vociferou: “Não vamos admitir mais interferência. Deixar bem claro isso aí. Acabou a paciência”. No mesmo tom, ele prosseguiu: “Chegamos no limite, não tem mais conversa”. Só faltou mandar o cabo e o soldado cercarem o tribunal do outro lado da praça.
A ameaça do uso da força é cada vez mais explícita nas falas presidenciais. Diante de sua minoria barulhenta, Bolsonaro disse que as Forças Armadas “estão do nosso lado”. Os militares sabiam quem ele era quando embarcaram sorridentes no novo governo. Agora são arrastados para o centro de uma turbulência política prestes a virar crise institucional.
Em nota, o ministro da Defesa afirmou que as Forças “estarão sempre ao lado da lei, da ordem, da democracia e da liberdade”. O esclarecimento seria desnecessário se o país vivesse tempos normais. A tensão tende a se agravar nos próximos dias, à medida que avançam as investigações sobre o clã presidencial.
Bolsonaro tem pressa. Ontem ele nomeou o novo diretor da Polícia Federal, que assume com a missão de proteger pai e filhos. A operação incluiu edição extra do Diário Oficial e posse relâmpago a portas fechadas. Cenas de um governo acuado, que vê na radicalização a única saída para se segurar no poder.

Autor: Bernardo Mello Franco – Jornal O Globo.

Amanhã vai ser outro dia!

Projeto que foi aprovado no Senado corrige arroubo de generosidade dos deputados.
A maioria dos brasileiros – infelizmente não todos – entende que é a proteção da vida e da saúde das pessoas a maior de todas as prioridades neste momento. Estamos debruçados em números e projeções assustadores, que mostram a escalada da pandemia que já ultrapassou os 3,5 milhões de infectados e já matou ao menos 250 mil pessoas no mundo. No Brasil, já ultrapassamos a marca dos 100 mil infectados e dos 7 mil mortos nos números oficiais que, sabemos, estão subestimados em função da baixa taxa de testagem da população. Mesmo com toda essa tragédia humana, a pandemia ainda está longe de estar controlada e nós no Brasil estamos longe de entender toda a extensão do seu impacto sobre a população e sobre a economia do País.
Medidas emergenciais foram adotas nas áreas da saúde e da economia. Discussões políticas acaloradas fizeram parte do noticiário dos últimos meses. A ignorância e o descaso dominaram a pauta em alguns momentos. Esses passarão para a nossa história de forma vergonhosa. Mas a verdade é que, na medida em que outros países do mundo começam a adotar medidas de flexibilização do isolamento social e se preparam para um novo normal, levantam-se as dúvidas quanto ao futuro e à capacidade de recuperação das economias após essa brusca interrupção. Percebe-se que as incertezas em relação à recuperação não estão vinculadas apenas à intensidade da crise, mas também à natureza das medidas adotadas durante os momentos mais agudos e à efetividade das ações de retomada. No Brasil não será diferente.
Um exemplo é o plano de ajuda aos Estados e municípios. Colocado em contexto, responde à necessidade urgente de aumento de gastos com saúde que os entes subnacionais enfrentam como linha de frente no combate à pandemia. A situação se agrava com a queda de arrecadação vinculada à interrupção da atividade econômica. Entes subnacionais não emitem dívida e estão, portanto, limitados às suas receitas e às transferências da União. Se alguma dessas despenca, tudo desaba. Ainda mais no desequilíbrio que já viviam. Priorizar vidas neste momento significa ajudar esses entes a ultrapassarem esse momento. O projeto aprovado na Câmara ia muito além, prometendo o céu e contratando uma conta não necessariamente vinculada às necessidades impostas pela pandemia.
Felizmente, o projeto que foi aprovado no último sábado pelo Senado corrige boa parte desse arroubo de generosidade. A proposta define um limite de R$ 60 bilhões para o auxílio financeiro direto, contribuindo para que o socorro não gere leniência na gestão da arrecadação local. Além disso, inclui-se como contrapartida o congelamento dos salários dos servidores públicos – exceção feita a profissionais de saúde, de segurança e das Forças Armadas – até o final de 2021. Ao também restringir reestruturações de carreira, contratação de pessoal (exceto para repor vagas abertas) e interromper por um ano e meio a contagem de tempo para concessão de anuênios, quinquênios, etc., o Senado conseguiu bloquear a canalização desses recursos para o financiamento de aumentos das despesas de pessoal no setor público. Ao excluir a segurança desse dispositivo, boa parte da economia ficou de fora, mas ainda é melhor do que só o congelamento. Outra grande conquista é que essas limitações atingem os três poderes e não somente o Executivo. A não ser que haja as conhecidas e históricas reações corporativistas no Judiciário, teremos um pouco mais de controle desses gastos pela primeira vez em décadas.
Mas a verdade é que, ao mesmo tempo em que mantemos a proteção da vida e da saúde dos brasileiros no topo das prioridades e intensificamos o combate à pandemia, temos de pensar no dia de amanhã e já começar a construí-lo. É chegada a hora de começarmos a pensar em um plano nacional de retomada que parta dos conceitos corretos e faça a transição entre o enfrentamento da crise e a gestão do futuro. Não me refiro aqui a obras públicas mirabolantes, listadas a partir de um delírio nacionalista e nostálgico. Falo de um plano de retomada que leve em conta as diversas dimensões desta crise: o monitoramento da curva de contaminação e as necessárias ações de saúde; os motores de crescimento da economia (crédito, confiança, ambiente de negócios); a aceleração do processo de digitalização dos serviços públicos e a retomada da agenda de reformas, única garantia possível de manutenção de nossa solvência e dos patamares baixos de juros e, portanto, da recuperação de nossa capacidade de crescimento. Um plano assim se constrói com liderança e coesão e passa necessariamente pela recuperação dos laços federativos esgarçados por embates políticos. Passa também por uma grande coalizão entre Executivo, Legislativo e Judiciário e por capacidade de formulação de medidas de retomada que combinem responsabilidade, competência e consistência. Afinal, apesar de você, amanhã há de ser outro dia.

Autora: Ana Carla Abrão, O Estado de S. Paulo é economista e sócia da consultoria Oliver Wyman. o artigo reflete exclusivamente a opinião da colunista.

Morre Aldir Blanc, compositor da trilha sonora da luta contra ditadura, por covid-19

Escritor e compositor teve algumas de suas maiores composições imortalizadas pela voz de Elis Regina, como “O bêbado e a equilibrista”. Morreu aos 73 anos, no Rio de Janeiro

O escritor, compositor e músico Aldir Blanc, em uma livraria da Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, em uma imagem de arquivo, em 2006. Alaor Filho - AE
Aldir Blanc, compositor e escritor brasileiro, morreu na madrugada desta segunda-feira, no Hospital Universitário Pedro Ernesto, na Vila Isabel, zona norte do Rio de Janeiro, vítima do novo coronavírus. Ele tinha 73 anos e estava internado na UTI desde o dia 15, onde foi diagnosticado com a covid-19, além de sintomas de infecção urinária e pneumonia. Blanc deixou seu nome eternizado na música brasileira com canções feitas em parceria com João Bosco, como O Bêbado e a Equilibrista, sucesso na voz de Elis Regina.
Blanc deu entrada no Hospital Municipal Miguel Couto com o quadro de infecção urinária e pneumonia no dia 10 de abril. Contam os amigos mais próximos que na quinta-feira estava bem, e na sexta foi levado de ambulância ao hospital. Sem recursos para manter seu pai internado, a filha de Aldir, Isabel, pediu doações através de uma página no Facebook para transferência de hospital e tratamento do artista. Mary Blanc, sua esposa, também foi diagnosticada com o coronavírus, mas tem quadro estável.
Nascido Aldir Blanc Mendes, no Rio de Janeiro em 2 de setembro de 1946, ingressou no curso de medicina aos 20 anos e se especializou em psiquiatria, mas deixou a profissão em 1973 para se dedicar exclusivamente à música. Àquela altura, já havia feito sucesso com Amigo é pra essas coisas, parceria com Silvio da Silva Jr. e vice-campeã do Festival Universitário em 1970, fato que fez Blanc se juntar a Ivan Lins, Gonzaguinha e outros para fundar o Movimento Artístico Universitário. Um ano depois, Ela, composição sua com César Costa Filho, foi gravada por Elis Regina. E, em 1972, pela primeira vez a célebre cantora escolhe uma música escrita por Blanc e João Bosco para seu disco, que iniciaria a trajetória de sucesso do trio: Bala com Bala.
A partir dali, Elis passou a receber as novidades de Blanc e Bosco em primeira mão. Depois de O Mestre-sala dos mares e Dois pra lá, dois pra cá, a dupla de compositores assinou sua música mais famosa em 1978. A inspiração veio no Natal de 77, a partir da morte de Charles Chaplin naquele dia. “Caía a tarde feito um viaduto / e um bêbado trajando luto / me lembrou Carlitos” são os versos que abrem a canção, em memória ao personagem mais famoso de Chaplin. O viaduto faz referência ao Elevado Paulo de Frontim, no Rio de Janeiro, que ruiu em 1972, dois anos após sua conclusão, matando 29 pessoas.
Ainda na letra, o verso “choram Marias e Clarices”, em referência às viúvas de Manuel Fiel e Vladimir Herzog, brasileiros mortos nos porões do Governo militar, marcou a posição política da música em tempos de ditadura. O “Brasil que sonha com a volta do irmão do Henfil” pede a anistia do sociólogo Herbert José de Sousa, irmão do cartunista e exilado do país desde 1971. Gravada por Elis Regina em 78 e por João Bosco em 79, a intitulada O Bêbado e a Equilibrista se tornou o hino informal da Lei da Anistia de 79, responsável por trazer de volta alguns dos brasileiros exilados pelos militares.
Blanc e Bosco se separaram em 1982, de acordo com os dois, sem brigas. O reencontro viria somente em 2002, para regravar O Bêbado e a Equilibrista. Durante a separação, Aldir trabalhou com outros músicos, como o violonista Guinga, Moacyr Luz e Cristovão Bastos. Aristas, escritores e amigos homenagearam o compositor na manhã desta segunda. “Bosco e Blanc cunharam grandes pérolas e eternizaram momentos importantes na história da nossa música”, escreveu Samuel Rosa, vocalista do Skank, em seu Instagram. Na mesma rede social, João Bosco deixou uma mensagem simples de luto nos stories. “A poesia acorda triste com a partida de mais uma caneta que nos inspirou a sonhar”, postou Emicida no Twitter.
Biógrafo de Blanc (Aldir Blanc - Resposta ao Tempo, 2013), Luiz Fernando Vianna descreveu os últimos anos do artista como uma “reclusão quase permanente”. Segundo ele, consequência de uma “fobia social” que desenvolveu a partir de um grave acidente de carro, em 1991, que limitou os movimentos de sua perna esquerda. Tinha diabetes e, há mais de dez anos, raramente fumava ou bebia. Vianna conta que Aldir nunca saiu do Brasil, mas viajava na sua obsessão por livros dos mais diversos assuntos.
Aldir Blanc deixa duas filhas do primeiro casamento, Mariana e Isabel, e mais duas de criação do segundo, Tatiana e Patrícia. Também deixa cinco netos e um bisneto. E também um legado na história da música brasileira, para quem “sabe que o show de todo artista tem que continuar”.

Autor: Diogo Magri – El País

4 de maio de 2020

Bolsonaro ameaçou fechar o Congresso e o STF!

Enfrentamos hoje no Brasil três crises perturbadoras ao mesmo tempo: a crise sanitária provocada pela pandemia do Coronavírus, a crise econômica que já jogou na rua perto de 20 mil pessoas desempregadas e ameaça milhares de empresas que podem fechar as portas antes do fim deste ano e uma crise política provocada pelo estranho modo de governar do atual presidente da República que, pelas redes sociais, apoia manifestações que desqualificam os outros dois poderes da República: o Legislativo e o Judiciário.
O esquema de poder instalado no Palácio do Planalto estimula atos populares contra as instituições que compõem os Poderes da República com a presença do Presidente. No domingo passado, num desses atos, o chefe do Governo, da rampa do Palácio do Planalto, ao se dirigir a um grupo de pressão política contra o Poder Judiciário, disse: “Chegamos ao limite”. Se o comandante em chefe chegou ao limite está perto de transbordar.
E se transbordar deve acontecer alguma coisa: Se Sua Excelência não puder impor sua vontade pela força, poderá deixar o Palácio e seguir novo rumo.
Segundo o jornal “O Estado de São Paulo”, edição de hoje, “incitado por um ato que reuniu manifestantes, ontem, em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro fez uso das redes sociais para renovar o esgarçamento das relações do Executivo com o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF)”. Segundo o jornal paulista o presidente declarou que as Forças Armadas estão ao lado do seu governo. Bolsonaro pediu a Deus “que não tenhamos problema nesta semana”.
De que problemas falou o presidente? Como supremo comandante das Forças Armadas será que o capitão-mito Bolsonaro comandará, nesta semana, um movimento armado para fechar a Câmara Federal, o Senado e o Supremo Tribunal Federal e instalar no Brasil uma ditadura familiar para governar o País com os filhos e os amigos? Alguém acredita que as Forças Armadas, comprometidas com a democracia, apoiarão um golpe insano pretendido por um político que está no poder sem projeto de governo e sem rumo definido?
O cientista político João Batista Domingues Filho, professor na Universidade Federal de Uberlândia costuma dizer que “toda loucura tem método”. Parece ser verdade. Logo, o capitão-mito pode sonhar com uma ditadura como a que Hugo Chaves instituiu na Venezuela, mas dificilmente este sonho será concretizado no Brasil.
Esta semana poderá ser agitada, mas as Forças Armadas continuam a merecer a confiança do povo brasileiro como suportes da democracia.

Autor: Ivan Santos – Jornalista, Escritor e dono do Blog Uberlândia Hoje.

Ausência de governo!

           “A mente de um fanático é como a pupila do olho:
quanto mais luz incide sobre ela, mais se irá contrair.”
Oliver Wendell Holmes.

Tem sido recorrente desde a posse do atual presidente seus arroubos autoritários contra a mídia (em especial a Rede Globo, Folha de S. Paulo, Estadão e os jornalistas em geral que cobrem diariamente o Palácio do Planalto), contra o STF (principalmente quando este cumpre seu papel institucional em defesa da constituição e barra qualquer ato de governo), e o Congresso Nacional (composto em sua maioria por parlamentares aliados ou de ideologia de direita, políticos fisiologistas, demagogos que vivem em busca de cargos e poder).
Difícil entender que um ex-deputado que esteve na mesma Câmara por 28 anos não consiga ou não queira compreender a situação em que se encontra, o cenário lhe era totalmente favorável, não foram os citados acima quem mudaram, mas sim, o desempenho frustrante de um presidente eleito para mudar muitas coisas e que na verdade patina na sua verborragia inconsequente e as vezes chula.
Seus apoiadores sectários incitados nas redes sociais pelo próprio presidente, por seus filhos ou pelo chamado gabinete do ódio, se acostumaram a sair as ruas sempre que algo que o presidente queria não deu certo, quer seja por inconstitucionalidade ou até por ser inaceitável perante o parlamento. Essa horda de apoiadores pratica então, atos que vão desde a violência contra jornalistas, opositores até o pedido de golpe militar, intervenção, volta do AI5 ou fechamento de Congresso e STF.
A liberdade de expressão é um direito, mas todos podem ser responsabilizados se atentarem contra preceitos também constitucionais. Dessa forma, com idas e vindas e correção de desvios por força da Lei, vive-se na democracia, em liberdade e aperfeiçoamento constante.
O que tem feito o presidente é algo diferente e mais grave, pelo cargo que ocupa. Tem pregado a sedição, com ameaças claras à ordem constituída. Vai muito além da irresponsável militância que exerce contra o isolamento social, e leva seguidores a fazerem o mesmo, preocupado exclusivamente com seu projeto eleitoral, que teme ser prejudicado caso demore a retomada da economia devido à epidemia do coronavírus. Junta-se a um grupo de autocratas bizarros e coloca o Brasil na companhia isolada de Bielorrússia, Turcomenistão e Nicarágua. Não se preocupa com a marcha sem recuo da Covid-19 que ultrapassou sete mil mortos e mais de cem mil contaminados no Brasil.
Neste domingo 03 de maio, o presidente volta a vociferar na frente de sua plateia, pequena em relação ao povo brasileiro, mas que carrega nas veias o fascismo e o sectarismo bolsonarista raiz, ele soltou um pouco enigmático “não queremos negociar nada”. “Queremos a independência verdadeira dos Três Poderes (...). Chega de interferência. Não vamos admitir mais interferência”, avisou o presidente, aproximando-se de um chavismo de direita — todos os poderes nas mãos do Executivo, com Judiciário e Legislativo no papel de figurantes. O que é inaceitável.
Os inimigos para o bolsonarismo crescem a cada nova manifestação, passando por Rodrigo Maia, David Alcolumbre, João Dória, Witzel, e neste domingo o mais recente inimigo declarado passou a ser o ex-herói Sérgio Moro. Não há lógica, não há inteligência, apenas a contínua força motriz de um homem querendo governar como se estivesse num regime militar. Podendo editar medidas e decretos a revelia da sociedade, vetando ou censurando a tudo e a todos na mídia e na sociedade, assim protegendo a si e aos seus filhos e aliados.
Sem perceber, ou quem sabe propositadamente, o presidente em seu discurso canhestro rasgou o próprio juramento que fez na posse, conforme o artigo 78 da Carta: “Prometo manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro (....)”. Na política e na saúde, ele vai em sentido contrário. O presidente aceitou as regras constitucionais para se eleger deputado federal e presidente da República. Agora quer virar a mesa, o que é inconcebível.
Pior que as atitudes dele, somente aqueles que o apoiam incondicionalmente sem se atentarem para o caminho de trevas para onde estão caminhando.

Autor: Rafael Moia Filho: Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.