O cientista viaja quando a participação em congressos internacionais assim o permite. Estive no Algarve de Portugal, cidade de Albufeira, em que os polímeros foram o tema principal do encontro. O projeto financiado pela Fapesp voltado à biorrefinaria de frutas financiou a viagem. Pagar tudo em euros, incluindo uma simples passagem em ônibus urbano, é desagradável ao bolso quando se converte o valor para nossa suada moeda. Recomenda-se ao viajante não fazer esse martírio, mas acaba por ser inevitável. A água fria que banha a cidade convidou para uma molhada no pé, nada mais. O tempo foi curto. As crianças na praia se divertiam em mergulhos congelantes, talvez porque o gene nórdico do termostato regula-se pela latitude, não pela idade, nem pela atitude. Se não se nada, nada melhor que comer. O peixe servido conserva o sabor do mar e as energias gastas pelo pescador para tirá-lo de lá. Uma delícia de espadarte for servida no jantar da quinta, meio de feriado para brasileiros e creio que também para os cristãos portugueses. Apreende-se a cultura por múltiplas leituras, labiais e linguais.
Com a francesa que estava atuando de secretária na recepção e ajuda aos congressistas, aprendi a pronúncia correta de meu nome, realçando o l do meio com a língua no céu da boca, e não como u que corriqueiramente falamos. Também a junção do d com o i deve ser pronunciada como os curitibanos fazem - e também os de minha terra natal -, sem introduzir um j ali no meio. Já havia passado por tal desconhecimento na Alemanha, pois nossos alfabetos são quase os mesmos, mas a pronúncia? Quanta diferença! A piada pronta foi, durante um dos lautos almoços, um dos garçons me servir água e eu dizer que preferia a com gás e ele ressaltar que falo bem o português. Respondi que sim, que falo há bastante tempo e ele emendou que falo português, pois, com sotaque brasileiro. Informei que isso se dá porque sou brasileiro, segurado pela boa educação, mas não pelo riso interior, de responder que ele, também pois, fala bem, mas com sotaque português.
Foram,
pois, dias com efemérides emendadas, que começaram com os dias santos, o
feriado patriótico, a chegada do europeu em Pindorama, a revolução dos cravos,
passando pelo dia do livro, mais um deles. Livros? Sim, lê-los. Se não os ler,
como sabê-los? Quanto à leitura, que precede à escrita (sem ler não se
escreve), ela é feita modernamente também em páginas virtuais e recomendo meus
três blogues de cabeceira, com seus autores e responsáveis: Paulo Viana, leitor
número 1 deste blog, que escreve poemas, contos e crônicas em português e
esperanto (https://blogdopaulosergioviana.blogspot.com/), Rafael Moia, que
conheci pelos meandros da internet do qual li alguns livros com profundas
análises (https://falandoummonte.blogspot.com/) e do José Antonio
Bittencourt Ferraz, com atualização diária sobre efemérides culturais,
científicas e históricas, usando a filatelia (https://lorenafilatelia.blogspot.com/).
Autor: Professor Adilson Roberto Gonçalves – Publicado no Blog dos Três Parágrafos.
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