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30 de abril de 2022

Precisamos entender isso definitivamente!

 É preciso compreender que os eleitores de Bolsonaro que permanecem apoiando cegamente suas atitudes, não vão ficar constrangidos ou vão mudar de opinião diante do fato de que sua gestão é um lixo, de que ofende jornalistas, pessoas, países e adversários como se estivesse numa conversa num boteco. 

Isso exigiria que tivessem senso de civilidade, humanidade e sensibilidade humana, algo que já demonstram não possuir. Não adianta discutirmos colocando argumentos da história, fatos, números, imagens, estudos técnicos, que os eleitores de Bolsonaro não vão se interessar. Eles querem apenas amplificar os seus próprios preconceitos, como metralhadoras giratórias de frases de efeito - por isso da empatia.

Bolsonaro é uma auto imagem de muitos destes brasileiros que são: racistas, homofóbicos, misóginos, sádicos, sub letrados e preconceituosos com relação aos pobres. Todos têm um Bolsonaro perto de si reverberando diariamente muito do que foi dito nas Lives e nos canais do YouTube: Um amigo, um parente ou um colega de trabalho... Bolsonaro não é nem nunca foi ou será um mito, ele é o espelho da ignorância humana.

Nunca em tempo algum da nossa história recente vivenciamos algo sequer parecido com essa situação que hoje nos impõe o bolsonarismo. Deixou de ser uma opção de voto equivocado, passou a ser um exército de zumbis, um bando de retardados a serviço de um mentiroso, que nada produz em mais de três anos de gestão e que neste período nada fez por eles ou pelo país.

Com ele voltamos a ter inflação na nossa economia cambaleante que está nas mãos de um outro sujeito inútil que defende apenas o mercado financeiro e os mais abastados. Com Bolsonaro e Guedes, nosso povo passou a comprar ossos e pés de frango ao invés de carne bovina. Os combustíveis passaram a ter os seus custos calculados pela moeda americana, fazendo com que a gasolina e o diesel chegassem a patamares obscenos. Com eles subiu o etanol, cujos usineiros e atravessadores aproveitaram a oportunidade da fraqueza e omissão do governo para subirem ao extremo o produto nas bombas de combustíveis do país.

São tão mentirosos, todos eles, que culpam uma guerra do outro lado do mundo, ao invés de admitir a incompetência que sempre caminhou junto a eles desde os velhos tempos.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

Um insulto para a sociedade!

 A mais recente aberração na administração Bolsonaro aconteceu logo após o julgamento e condenação a prisão do seu amigo e aliado Deputado Daniel Silveira pelo STF. Inconformado e precisando dar uma resposta aos seus alienados seguidores, algo que não faz em relação ao desemprego, fome e combate a inflação, Bolsonaro promulgou um Decreto de Indulto ao condenado.

Os tempos mudaram. Quando Lula ainda presidente, concedeu o visto de entrada e a permissão para o italiano Cesare Battisti ficar no Brasil e não ser extraditado para a Itália, os mesmos bolsonaristas que hoje comemoram e apoiam o perdão ao criminoso Silveira, foram à loucura.

A ficha corrida de Daniel Silveira é extensa e o crime pelo qual foi julgado no STF é apenas uma pequena amostra do seu comportamento criminoso. Diz o seguinte a sua ficha:

a)   Investigado por venda ilegal de anabolizantes em Petrópolis;

b)   Em 4 anos como PM, acumulou 80 dias de prisão, mais de 70 punições por indisciplina;

c)   Para não ser expulso da PM/RJ, conseguiu licenças médicas (suspeitas);

d)   Quebrou a placa em homenagem a Vereadora Marielle Franco, morta por milicianos e até hoje sem o mandante preso;

e)   Investigado no inquérito das Fake News no STF;

f)     Envolvido nos atos contra a democracia, pró-ditadura, AI 5 e tortura.

É esse o sujeito desqualificado, imoral, truculento pra o qual Bolsonaro se dispôs a dar um indulto e com isso acirrar os ânimos entre o Executivo e o Judiciário. É para esse tipo de gente que Bolsonaro governa, legisla e apoia, diferentemente do povo brasileiro, o qual fecha os olhos e vira as costas há três anos.

A Câmara Federal não poderia ficar atrás da decisão do presidente, logo após o indulto, o deputado Daniel Silveira foi indicado a Comissão de Constituição e Justiça, um acinte, um novo tapa na cara da sociedade brasileira. A indicação mostra que a Câmara está nas mãos de Bolsonaro e sua gente, uma maioria subserviente, cúmplices e usuários de emendas do orçamento secreto e das regalias da corrupção sem investigações que reina no país.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

29 de abril de 2022

O Preço de Paridade Internacional da Petrobras, o golpe da década!

Hoje em dia não há dúvidas de que a motivação principal do impeachment foram os negócios a serem abertos.

Na rua Maranhão, no bairro de Higienópolis (SP) há uma padaria que reúne uma fauna variada. Quem vai tomar café arrisca-se a encontrar Roberto Freire, José Aníbal, médicos, engenheiros e lobistas. Um deles, italiano, puxou conversa comigo nos idos da campanha do impeachment, e me disse:

Está a maior agitação no mundo dos lobistas; estamos todos indo para Brasília porque se abriu a grande temporada dos negócios.

Hoje em dia não há dúvidas de que a motivação principal do impeachment foram os negócios a serem abertos. Dentre todos eles, nenhum golpe foi mais bem sucedido que o PPI, o Preço de Paridade Internacional, que permitiu à Petrobras cobrar preços internacionais do consumidor brasileiro, mesmo extraindo no país a maior parte da sua produção.

Hoje em dia, quando vejo o jovem repórter e o velho analista de economia defendendo a paridade internacional, como se fosse um direito inalienável dos acionistas, percebo a enorme e gigantesca ignorância que assola toda a mídia nacional. Historicamente, o preço de referência sempre foi um mix entre o custo interno mais o custo da importação, mais uma margem de lucros. Era a contrapartida do monopólio estatal e dos investimentos públicos de décadas na empresa.

Os acionistas nacionais e estrangeiros que adquiriram ações da Petrobras sabiam que a regra do jogo era aquela. Internamente, o custo de produção beirava os US$ 18, e o Brasil extraia 75% do petróleo consumido. De repente, mal consumado o golpe, o governo Temer indica Pedro Parente para a presidência da empresa e este muda o sistema de definição de preços, adotando a Paridade de Preços Internacional (PPI).

Segundo o Blog Fatos e Dados, de 14 de outubro de 2016, naquele ano a Petrobras resolveu alterar unilateralmente a fórmula. “A nova política terá como base dois fatores: a paridade com o mercado internacional – também conhecido como PPI e que inclui custos como frete de navios, custos internos de transporte e taxas portuárias – mais uma margem que será praticada para remunerar riscos inerentes à operação, como, por exemplo, volatilidade da taxa de câmbio e dos preços sobre estadias em portos e lucro, além de tributos. A diretoria executiva definiu que não praticaremos preços abaixo desta paridade internacional”.

Na época, o custo do petróleo nacional não passava de US$ 18. A cotação internacional do barril estava em US$ 40, mas pouco tempo depois subiu para US$ 85.

Análise o primeiro caso, do petróleo internacional a US$ 40,00, para se ter uma pálida ideia do ganho indevido dos acionistas.

Porque indevido? Porque eles adquiriram ações dentro de uma expectativa de ganhos que incluía o mix de preços. De repente, sem que nada fizesse, houve a mudança no sistema de preços conferindo a eles, de graça, sem nenhum ônus, uma valorização expressiva do papel.

O Brasil produz 75% do petróleo que consome (na verdade é mais, mas fiquemos por aqui) a um custo de US$ 18,00 o barril. Na média, o custo da Petrobras, supondo uma cotação internacional de U$ 40,00, seria de US$ 23,50 o barril.

Supondo uma Taxa Interna de Retorno de 10% ao ano (para o acionista) e um prazo de 10 anos, o mix de preço daria um valor presente de US$ 144,00 para seu investimento. A mera mudança na forma de cálculo com o petróleo a US$ 40,00, proporcionou uma valorização de 70,21% na rentabilidade do papel – às custas do consumidor brasileiro.

Quando os preços do barril saltaram para US$ 80,00, o ganho dos acionistas saltou para 138,81% acima dos ganhos que esperavam, quando adquiriram as ações da empresa.

Hoje em dia, com o petróleo Brent em US$ 104,00, o ganho adicional do acionista cresceu 163,29%.

O inacreditável na história é a cobertura do jornalismo econômico, considerando o PPI como direito histórico dos acionistas. Nunca foi. Em 2021, a pretexto de criar uma saída para a alta do petróleo, o senador Jean Paul Prates simplesmente vai legalizar uma decisão ilegal da Petrobras, de 2016. Ou seja, o ganho adicional dado aos acionistas, em 2016, se deveu a uma decisão unilateral da Petrobras, atropelando a lei, que impunha o preço ponderado do combustível.

Agora, pretende-se legalizar o PPI. A relação de artigos de jornalistas econômicos, considerando o “direito” dos acionistas ao PPI, talvez seja o episódio de maior explicitação da ignorância do setor nas últimas décadas.

Autor: Luis Nassif – Site GGN

28 de abril de 2022

O futuro do Brasil!

O processo político de afirmação da democracia terá que adquirir uma grandeza e uma amplitude que não se restrinja a uma certa distribuição de renda e ao aumento relativo do poder aquisitivo dos trabalhadores mais pobres. 

                                   Juca Ferreira - Créditos Wilson Dias - Agência Brasil

A Crise atual

O Brasil está vivendo um momento tenebroso da sua história. Para onde se olhe é destruição, sofrimento, crise, retrocesso e agravamento dos problemas estruturais da sociedade. O país está sendo vítima de uma pilhagem e de um parasitismo grosseiro da parte das elites econômicas. Os ativos econômicos do povo brasileiro estão sendo vendidos por valores aviltados como, por exemplo, as reservas de petróleo do Pré-sal, as empresas públicas etc...

Estão pondo abaixo e abastardando o Estado nacional e suas instituições, causando a perda de diversas políticas públicas bem sucedidas e com resultados positivos na vida dos brasileiros e brasileiras.

Ataques constantes a direitos sociais reconhecidos e institucionalizados, aumento vertiginoso da destruição do meio ambiente, das nossas florestas, da Amazônia, do Pantanal... a tolerância com o monopólio da água pelo agronegócio, deixando, em várias regiões do país, muitas populações rurais e do interior sem acesso satisfatório a esse bem imprescindível para a vida. Contaminação acelerada do meio ambiente, das pessoas e dos rios, por uso indiscriminado de agrotóxicos e mineração com uso de mercúrio.

Guerra híbrida

O Brasil está experimentando a forma como os golpes de Estado estão sendo produzidos nos dias de hoje. Chamam de guerra híbrida, lawfare, crimes contra o país, contra o povo e a democracia, praticados nas brechas da lei. Os militares não aparecem como os responsáveis pelo processo antidemocrático, apesar de ocuparem mais de oito mol cargos no atual governo. Mais do que na época da ditadura militar.

Essa dolorosa experiência política vem provocando grandes sofrimentos para todo o povo brasileiro. A fome, que tinha sido extirpada da realidade brasileira, voltou e hoje milhões de famílias estão passando fome. Muitas estão sem trabalho e vivendo na miséria, morando nas ruas. Pesquisa de 2020, apontou 19 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave (fome) e, ao todo, 117 milhões em diferentes tipos de insegurança alimentar (55,2% dos brasileiros). O Datafolha divulgou pesquisa recente com 25% das famílias em situação de fome. A tragédia da pandemia no Brasil, com escandaloso número dos mortos e contaminados, é resultado trágico do negacionismo contra o conhecimento e a ciência.           A cultura, a ciência, o conhecimento, a razão, a inteligência e a criatividade estão entre as vítimas de um fundamentalismo obscurantista pregado por neoliberais autoritários e mercadores da fé, com a participação ativa do atual governo.    

Bolsonaro e o Governo Federal declararam guerra à cultura e às artes e estão destruindo a estrutura pública construída no decorrer da nossa história para apoiar e incentivar o desenvolvimento cultural do país. Estão inviabilizando as instituições da cultura, as políticas, programas e os serviços públicos, incluindo o sistema de fomento e financiamento da cultura e das artes. Estão se utilizando de ameaças e da intimidação de artistas, intelectuais e criadores para tentar restabelecer a censura e reprimir o protagonismo cultural da sociedade.

A ruptura do processo democrático sem fundamento legal, através do impeachment da presidenta Dilma, começou a ser urdido já em 2003, quando Lula foi eleito pela primeira vez. O golpe contou com o apoio da grande mídia, manipulando a opinião pública, com a cumplicidade dos partidos de direita e centro-direita e com a participação da Justiça e de outras instituições que, paradoxalmente, são responsáveis pela defesa e pelo bom funcionamento da República. As limitações cognitivas da classe média e a ignorância e o primarismo político de parcelas da nossa população permitiram que os golpistas realizassem os seus objetivos de curto prazo: afastar a presidenta Dilma, demonizar e prender Lula para tirá-lo da disputa eleitoral e eleger Bolsonaro, um néscio disposto a fazer o trabalho sujo.

Guerra cultural e disputa de valores

Os neoliberais e toda a direita, querem fazer do Brasil um país sem soberania, atrelado à geopolítica norte americana e aos interesses do capital financeiro global e submetido à usura e à mesquinhez histórica das nossas elites. Um país sem direitos, sem cidadania, sem o mínimo de distribuição da riqueza produzida, sem cultura, sem ciência, sem o exercício da crítica, sem democracia, funcionando como um simples entreposto comercial ou como uma grande fazenda.

Não é por acaso que a barbárie direitista vem atacando a cultura e o conhecimento. 

A Unesco há muitos anos passou a incluir a cultura como pauta estratégica para sociedades humanas que almejam conquistar um patamar economicamente forte, socialmente justo e ambientalmente equilibrado. O desenvolvimento de uma nação está diretamente associado a idealização de um modelo de civilização, e todo desenvolvimento material corresponde a um dado desenvolvimento intelectual. Cultura e conhecimento são alicerces imprescindíveis do desenvolvimento nacional. O conceito de desenvolvimento sustentável é, por si só, uma crítica a um desenvolvimento voltado apenas para a acumulação capitalista. 

A qualidade de vida que todo mundo deseja, enfim, dependerá sempre das ideias predominantes sobre o valor da vida e sobre a maneira como a sociedade se organiza para satisfazer as necessidades e as demandas humanas, da sensibilidade desenvolvida para reconhecer e institucionalizar os direitos sociais. A cultura é central para o desenvolvimento do país, é parte indissociável do nosso projeto de nação. A disputa de valores é necessária e fundamento da democracia e do processo emancipatório capaz de sobrepor os interesses do povo brasileiro a esse projeto mesquinho, antipopular, antidemocrático e contra nossa soberania, voltado apenas para atender a usura e os interesses do grande capital.

A cultura também é relevante porque gera uma das economias mais pujantes do planeta. Uma economia complexa, caracterizada por forte associação com o conhecimento, movida pela criatividade e pelas ideias, com conexão com praticamente todas as dimensões da vida humana, impulsionada por um desenvolvimento tecnológico vertiginoso e com altos níveis de monopolização. 

O espantoso desenvolvimento dos meios de comunicação e das tecnologias digitais, desde a segunda metade do século passado, vem modificando os processos culturais e criou as bases para um novo ciclo de planetarização e intercâmbio cultural entre as nações e as culturas do mundo, a cujas consequências ainda hoje estamos a nos adaptar.

Nesse mundo cada vez menor, mais integrado, somente a cultura pode nos distinguir e é um ativo poderoso para o nosso desenvolvimento, para a vida democrática, para a justiça social, para o desenvolvimento econômico e para a sustentabilidade. Vista por um outro lado, a cultura em sua diversidade, é a argamassa que dá liga e fundamenta a coesão da nossa sociedade e é a base da identidade do povo brasileiro. É o fundamento sobre o qual está assentado o sentimento de pertencimento à mesma nação. Devemos considerar que a cultura é uma instância, uma dimensão da vida social e um direito de todas as pessoas reconhecido como fundamental na Declaração dos Direitos Humanos da ONU.

A cultura qualifica as relações sociais, dá sentido e razão à vida coletiva e estabelece vínculos entre o passado, o presente e o futuro; satisfaz necessidades subjetivas e faz parte das condições para a plena realização da condição humana. A Cultura é policêntrica, multifacética e pluridimendional e precisa ser considerada, em sua amplitude e complexidade, como dimensão simbólica do país, como direito de todos e como uma economia. 

Destruição de valores e racismo

A extrema-direita representa as energias cáusticas e destrutivas que estão emergindo com força em várias partes do mundo neste início do Século XXI, como consequência da crise e dos impasses do capitalismo, incapaz de resolver os grandes problemas da humanidade. Essa extrema-direita demonstra ter aversão às liberdades conquistadas e às novas emancipações demandadas pela humanidade. 

No Brasil, essa extrema-direita manifesta um racismo atávico e uma tendência a aceitar como natural a desigualdade social herdada do longo período da escravidão. Repudiam e recusam toda a rica contribuição cultural vinda da África com os africanos que aqui chegaram nos porões dos navios negreiros como escravizados. 

Também rechaçam e repelem a importância das contribuições dos povos originários igualmente basilares e fundamentais, sem as quais o Brasil não existiria enquanto nação e enquanto povo. 

Diversidade e singularidade brasileira

Esses legados seminais foram se modificando, se misturando e se amalgamando na vivência do dia a dia em todo o território, desde os primeiros momentos da formação do Brasil. Estas contribuições estão presentes em todas as dimensões da vida brasileira, em todo o território, de muitas maneiras e com diferentes intensidades. Estão presentes e se manifestam no jeito de ser, na sensibilidade, no comportamento. Se manifestam na alegria corporal, na sensualidade, na criatividade, na religiosidade do povo, na gastronomia, em praticamente toda a cultura deste país de dimensões continentais e nas artes brasileiras, inclusive nas artes e criações contemporâneas. É essa riqueza e essa complexidade que chamamos de diversidade cultural brasileira.

O futuro do brasil

A direita autoritária e neoliberal compreendeu às avessas a importância da questão cultural. Eles negam o País e querem apagar nossas heranças culturais e dissolver as múltiplas identidades que compõem a nossa diversidade cultural, nossa maneira de ser. Querem se desfazer da vitalidade e dessa riqueza cultural brasileira e falam em passar o Brasil a limpo, apagar nossa memória e extinguir nossa singularidade. Querem fazer do Brasil uma não-nação. 

A chamada guerra cultural tem tido um efeito devastador, naturalizando a desigualdade social sem nenhum pudor, estimulando o individualismo, o ódio aos diferentes e afirmando uma visão de mundo desprovida de valores, adotando os paradigmas mais reacionários, muitos deles pré-iluministas. 

Procuram enfraquecer o Estado nacional e apagar, fazer com que deixe de existir, o sentimento de pertencimento a uma mesma nação. Estão tentando, como o nazismo e o fascismo fizeram no passado, produzir uma grande inversão de valores. Onde tem vida, pregam a morte. Onde tem democracia, pregam regimes autoritários, onde tem afeto, compreensão, diálogo, solidariedade e integração, pregam e praticam o ódio, a violência e a destruição dos valores construídos pela humanidade no decorrer de sua história.  

Para isso, defendem a morte, a violência, o cerceamento da liberdade de expressão. E, por isso são contra a ciência, a inteligência e o conhecimento, praticam a discriminação e estimulam o individualismo e os valores mais reacionários. Essa extrema-direita é distópica por natureza e representa o instinto de morte. Se choca com tudo que a humanidade vem conquistando, deseja conquistar ou valoriza em termos de liberdade, qualidade de vida, alegria, prazer, paz, ternura, afeto, convivência civilizada, comunhão etc...

O Brasil que queremos!

Para enfrentá-los com sucesso, os que desejam um país democrático terão o desafio de ampliar e atualizar o conceito de política e o âmbito do diálogo com a sociedade. O processo político de afirmação da democracia terá que adquirir uma grandeza e uma amplitude que não se restrinja a uma certa distribuição de renda e ao aumento relativo do poder aquisitivo dos trabalhadores mais pobres.

O Brasil não será historicamente bem sucedido, uma nação democrática, socialmente justa e ambientalmente sustentável sem um compromisso com uma ampliação e equalização das oportunidades e direitos entre todos e todas. A política deverá promover processos de construção de uma consciência contemporânea que seja capaz de enfrentar os grandes desafios que nos afligem como povo e a questão cultural deverá ser tratada com a importância que tem. Só assim poderemos empoderar a sociedade de valores, sonhos e desejos e contribuir para um grande movimento libertador que impulsione o Brasil para frente em direção às utopias humanas. 

Além desse processo cultural libertador, será necessário propiciar uma educação igualmente libertadora, qualificada e contemporânea, assim como, uma democratização da comunicação que possibilite o acesso a um outro nível de informação. Sem essa ampla renovação e qualificação da política não seremos capazes de avançar nas relações sociais, na garantia de direitos e na inclusão de todo o povo brasileiro para possibilitar a consolidação da democracia entre nós. 

Para retomar e refazer o caminho da construção do projeto coletivo no Brasil, teremos que fortalecer no dia a dia da sociedade e no imaginário popular os valores mais profundos de igualdade, fraternidade, solidariedade, justiça social e a afirmação de uma só humanidade em meio a diversidade. Seres humanos livres, conscientes e felizes, em vez de seres humanos prisioneiros de pobres ilusões e falsas promessas de felicidade do capitalismo, vivendo vidas medíocres enquanto escravos do capital, sem valores, nem princípios éticos e correndo atrás das miragens como a exacerbação do consumo fútil, a acumulação de riqueza material, o egoísmo, o narcisismo, a disputa e a concorrência com os semelhantes.

Os movimentos socioculturais, os intelectuais, as organizações políticas da sociedade, os partidos do campo democrático deverão trazer as questões culturais e a disputa de valores para o centro da ação política como expressão da própria democracia e de um projeto de felicidade para todo o povo brasileiro.

Como um imperativo histórico, vamos ter como desafio no futuro próximo algo que, embrionariamente já está em curso, uma disputa de projetos estratégicos para o país e para a sociedade, a construção de novos paradigmas, chegando até o plano individual, das pessoas, partindo dos direitos e necessidades materiais e incorporando o direito à felicidade e à alegria como um conceito claro do que seria a sociedade que queremos e que possibilita a felicidade pública e coletiva.

Autor: Juca Ferreira – Publicado na Revista Fórum