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30 de julho de 2018

Brasil: Um país sem futuro!

Ao se estudar a história particular de cada país se verá uma variedade de situações e de circunstâncias que aproximam algumas e distanciam outras. Uma dessas situações diz respeito ao fato de que alguns países são inovadores, conseguem superar as condicionalidades de um passado difícil e se modernizam com igualdade, justiça e progresso, enquanto que outros não conseguem se desenvolver e permanecem prisioneiros das determinações do passado e se tornam cativos da desigualdade, das injustiças e do atraso. O Brasil, certamente, é do segundo tipo. Aqui o passado determina o presente e bloqueia o futuro e os mortos governam os vivos.
O mais provável é que existam muitas razões para o triunfo do atraso e das determinações  do passado no Brasil. Aqui, apontar-se-á apenas uma: o problema da fundação, da gênese. Maquiavel, ao estudar o grande historiador de Roma antiga, Tito Lívio, assevera que as repúblicas mal fundadas tendem a permanecer extraviadas ao longo dos séculos, como que buscando um caminho na escuridão, e procuram encontrá-lo através da promulgação de um cipoal infindável de leis, pensando que estas podem consertar a realidade, mas que sequer entram em vigor. As décadas e os séculos passam sem que esta república encontre a sua verdade, sem que o povo esteja ao abrigo das misérias humanas e sem que a justiça, a igualdade e a liberdade sejam frutos acessíveis para a generalidade das pessoas.
Ainda de acordo com Maquiavel, com base em Tito Lívio, as repúblicas bem fundadas são aquelas que nascem de um ato de terror fundante, no qual, o arbítrio dos mais fortes é passado no fio da espada para fundar a validez da lei originária, alicerçada nos princípios da igualdade e da justiça. De tempos em tempos, esse ato precisa ser renovado com a punição exemplar daqueles que tentam violar ou corromper estes princípios. Sem este ato, os mais fortes não terão freios e exercerão o arbítrio, a dominação e a violência sobre os mais fracos.
Maquiavel vê atos de terror fundante exemplares em Moisés, quando desceu do monte Sinai e mandou passar no fio da espada 22.200 homens por terem implantado a desordem; em Ciro, ao se revoltar contra os medas e fundar o império Persa e em Rômulo, ao matar Remo para garantir a fundação e a segurança de Roma. Modernamente podemos ver esses atos nas Guerras de Independência e de Secessão dos americanos, na Revolução Francesa, na Revolução Cubana e assim por diante.
Na história do Brasil, o poder político e suas formas constitucionais e jurídicas sempre foram produtos do trabalho usurpador das elites econômicas e políticas e expressão de seus interesses. Em nenhum momento dos processos fundantes desse poder o povo foi partícipe enquanto sujeito e sempre teve seus interesses e direitos excluídos dos arranjos legais e constitucionais que se efetivaram ao longo do tempo. Notadamente, a Independência se revestiu de uma transformação perpetrada por segmentos que representavam os interesses da metrópole e a Proclamação da República assumiu o caráter de um golpe do qual, o povo, bestializado, nos termos de Aristides Lobo, não participou e sequer compreendeu o seu significado.  
No Brasil, o povo nunca foi soberano, a lei nunca foi igual, a democracia nunca existiu para a grande maioria das pessoas pobres. As tentativas de refundar o fundar o Brasil, primeiro com Getúlio Vargas e, depois, com Lula, foram atacadas pela ação corrosiva das elites, por guerras políticas sem escrúpulos e sem quartel, pela violência, pela traição e por golpes que visaram perpetuar a ordem da dominação do passado, manter o presente do povo na miséria e interditar o futuro.
Se o Brasil é um país sem presente por conta de todos os males que assolam o povo - desemprego, falta acesso aos serviços de saúde, falta de educação, salários baixos, falta de cultura e de lazer, pobreza, preconceitos, falta de direitos, violência etc. - os dados da Revisão 2018 da Projeção da População do Brasil, divulgados na semana passada pelo IBGE, confirmam que o país não terá futuro.
O presente do Brasil é trágico, sem dúvida. Mas o seu futuro poderá ser ainda mais trágico. O país está envelhecendo de forma mais rápida do que se pensava. Em 2039, o número de pessoas com mais de 65 anos será superior ao número de crianças e jovens com menos de 15 anos. Em 2060, uma de cada quatro pessoas terão mais de 65 anos.
O problema é que o bônus demográfico evaporou: os jovens de hoje envelhecerão sem oportunidades, sem emprego, sem qualificação, sem poupança e, provavelmente, uma previdência razoável. Serão velhos, pobres e sem assistência e sem direitos. Os jovens de hoje e o sistema de trabalho de hoje não estão nem bancando sequer a previdência de hoje. O Brasil ocupa o sétimo lugar entre os países que mais matam jovens no mundo. Em todos os sentidos, o Brasil está queimando, dissipando, o seu futuro. Os jovens mesmo estão dominados pela ideologia do consumo. Não poupam e não se previnem. Não imaginam que amanhã poderão cair e que ninguém lhes dará a mão para se levantarem.
O Brasil está envelhecendo sem a  infraestrutura adequada para o progresso e sem a infraestrutura para a velhice. As cidades, os transportes, o sistema de saúde, o sistema previdenciário, a mobilidade urbana, as estruturas de comércio, nada está preparado para um país com forte presença de pessoas idosas. Sequer níveis satisfatórios de saneamento básico existem.
O pior de tudo é que, a partir do golpe, o Brasil está andando para trás. O governo e o Congresso golpistas estão empenhados em destruir políticas e programas que vinham contribuindo com a redução da pobreza e com a sustentabilidade ambiental. Governo e Congresso estão dominados por grupos criminosos, a exemplo do agronegócio, grupo que não tem nenhuma consideração com a dignidade humana e com a sustentabilidade ambiental, com o futuro dos brasileiros e com os brasileiros do futuro.
As diferenças entre ricos e pobres se tornam cada vez mais abissais, tenebrosas, terríveis. As exclusões históricas, de raça, de gênero etc., se aprofundam e políticas inclusivas, ou são extintas ou têm os recursos calcinados. Se as pessoas pobres já não tinham acesso a hospitais, hoje não têm acesso a médicos. Vivem doentes e morrem sem atendimento. Estamos entre os países mais violentos e desiguais do mundo. O Brasil está sob a égide de elites econômicas e políticas criminosas, perversas, cruéis.
Um dos poucos brasileiros que tem a força, a coragem e a sensibilidade para bloquear esse processo de destruição do presente e do futuro do Brasil está preso em Curitiba. Os interesses que prenderam Lula e que querem impedir que ele seja candidato à presidência da República são os interesses que massacram o povo, que espezinham a sua dignidade, que decepam o seu presente e o seu futuro.
O povo precisa alimentar um temor terrível dessa monstruosidade que está sendo feita contra ele. Este temor, que deve ser o temor pela vida desgraçada que leva à morte, precisa despertar a clarividência da razão. Da razão que ilumina e que desperta a consciência de que não há motivo para não lutar. Aliás, de que o principal motivo da vida, agora, é lutar. E aqueles que têm consciência precisam fazer apelos por corações irados, por organizações de irados, pela força de gente irada. As lideranças precisam fazer apelos pela indignação e pela fúria. É preciso organizar a fúria. Não dá para tratar com bons modos uma elite que trata o povo com brutalidade.
Os métodos tradicionais de luta não comportam mais a urgência de um agir mais contundente e corajoso. A vastidão da tragédia do povo brasileiro deve ser o metro das novas lutas. E que essas lutas, entre outras coisas, sejam capazes de arrancar Lula dos calabouços de Curitiba. É preciso consolidar a ideia de que se não querem deixar que o governo legitimamente eleito de Lula dê ao povo o que é direito seu, o povo tem o direito de buscar o que é seu com suas próprias mãos.

Autor: Aldo Fornazieri - Professor da Escola de Sociologia e Política (FESPSP).

26 de julho de 2018

Por que nos esquecemos dos livros que lemos!

Lembramos onde lemos aquela obra ou como era a capa. Mas costumamos ter mais dificuldade em evocar o argumento

É muito frequente lembrar os lugares onde lemos: na esteira da praia, à sombra das árvores; em um parque de diversões; em um apartamento minúsculo onde dava para ouvir o trem; na mesa da cozinha de casa. Mas é um pouco mais difícil se lembrar de qual livro foi lido em que lugar, quem era o autor, ou o enredo. Mesmo que às vezes se lembre que tinha capa vermelha ou que era uma edição de bolso.
Ou seja, guardamos lembranças da sensação física da leitura, mas menos do que foi lido. “Quase sempre me lembro de onde estava e me lembro do livro. Lembro-me do objeto físico”, disse Pamela Paul, editora do New York Times Book Review, a Julie Beck em uma reportagem na The Atlantic. Ela continua: “Eu me lembro da edição, da capa e, geralmente, de onde comprei ou quem o deu para mim”.
O que não lembro e isso é horrível é todo o resto. O que mais me lembro sobre a coleção de contos de Malamud O Barril Mágico é a luz morna do sol na cafeteria às sextas-feiras, onde eu o lia antes de ir para o colégio. Faltam os pontos mais importantes, mas já é alguma coisa.
A leitura tem muitas facetas, uma delas pode ser a mistura indescritível, e naturalmente fugaz, de pensamento e emoção, e as manipulações sensoriais que ocorrem no momento e logo desaparecem. Quanto da leitura é, então, uma espécie de narcisismo, um marcador de quem você era e sobre o que estava pensando quando se encontrou com um texto?”, escreve Ian Crouch na The New Yorker sobre ler e esquecer o que se leu.
Há sortudos capazes de lembrar os enredos de filmes, séries e livros, mas para a maioria, como escreve Beck, é “como encher uma banheira, entrar nela e ver a água descer pelo ralo: pode deixar uma fina película na banheira, mas o resto não está mais lá”. Existem algumas razões científicas para explicar isso e têm a ver com a chamada “curva do esquecimento”, que é a velocidade com a qual nos esquecemos de algo, mais intensa durante as primeiras 24 horas depois que aprendemos alguma coisa, a menos que se faça uma revisão.
Isso explicaria por que os livros lidos em um fôlego só, ou as séries devoradas em uma sentada, são esquecidos mais facilmente: não se pôs a memória da recuperação para trabalhar.
De fato, sabe-se que quem consome uma série assistindo um capítulo por semana ou um por dia se lembra dela melhor do que quem a vê inteira em um único dia. Ler um livro de uma só vez, às vezes, significa esquecê-lo mais cedo, porque só foi ativada a memória de trabalho, não há revisão.
Em parte, sempre foi assim, mas de acordo com Jared Horvath, pesquisador da Universidade de Melbourne, citado por Beck, “a forma como se consome informação e entretenimento hoje mudou o tipo de memória que valorizamos”. A memória de recuperação se tornou menos necessária em parte graças à internet, agora a memória de reconhecimento é mais importante, afirma Horvath.
A possibilidade de ter acesso à informação significa que não é necessário memorizá-la. Está disponível na internet, a grande biblioteca global, mas também em alguns de seus predecessores, como livros, cassetes ou VHS. De fato, Sócrates já era contra o “uso das letras” como uma espécie de memória externa que dificultaria a memorização. Hoje conhecemos a relutância do filósofo contra a letra escrita, e todo o seu pensamento, graças aos diálogos de Platão, que foram registrados por escrito.
Em The Solitary Vice: Against Reading [O Vício Solitário: Contra a Leitura], a professora e ensaísta Mikita Brottman recupera este fragmento de O Tempo Redescoberto, de Proust, um grande explorador da confluência entre leitura e memória: “Um livro que lemos não permanece unido para sempre apenas ao que havia em torno de nós; continua fielmente unido também ao que éramos então, e só pode ser sentido de novo, concebido, através da sensibilidade, através do pensamento, pela pessoa que éramos então”. Brottman também cita as memórias de Azar Nafisi, Lendo Lolita em Teerã, onde o autor escreve: “Se um som pudesse ser guardado entre as páginas da mesma forma que uma folha ou uma borboleta, diria que, entre as páginas do meu Orgulho e Preconceito, o romance mais polifônico de todos... está escondido, como uma folha de outono, o som daquela sirene [antiaérea].” Essa relação com os livros lidos e às vezes esquecidos explica a existência das memórias bibliófilas. O livro de Brottman pertence, em parte, a esse gênero, e Lendo Lolita em Teerã, completamente. É um gênero que tem seu próprio acrônimo: Bob, book of books.
Pamela Paul mantém o seu diário de leituras desde os 17 anos e foi com base nele que escreveu My Life with Bob: Flawed Heroine Keeps Book of Books, Plot Ensues [Minha Vida com Bob: a Heroína Defeituosa Mantém o Livro dos Livros, a Trama Continua].
De acordo com um artigo no Financial Times, estamos em um bom momento para bibliomemórias. Lucy Scholes escreveu sobre o gênero: “A bibliomemória é um convite aberto para olhar as prateleiras da biblioteca de outra pessoa; uma oferta que eu, e claramente muitos outros, acho difícil recusar”.
O capítulo do expurgo da biblioteca de Dom Quixote sempre foi lido como uma crítica literária mais ou menos camuflada, e como uma declaração das fontes do Quixote, mas também é uma lista de livros lidos, ou seja, uma bibliomemória.
O desejo de registrar sua biblioteca essencial foi o primeiro impulso que levou Ismael Grasa a escrever La Hazaña Secreta [A Façanha Secreta], um livro que, entre muitas outras coisas, é um diário de leituras. Alberto Manguel cultivou o gênero com resultados brilhantes. Em Packin’ My Library [Encaixotando Minha Biblioteca], ele escreve que escritores e leitores sempre se perguntaram se a literatura tem algum papel na formação de um cidadão. Lucy Scholes responde que “em sua exploração da relação simbiótica entre vida e literatura, a bibliomemória parece ser um grito de guerra afirmativo”.

Autora: Aloma Rodríguez é escritora e membro da redação de Letras Libres.

10 de julho de 2018

Nuvens negras sob a Casa Branca!

É uma boa coisa exigir liberdade
para nós mesmos e para aqueles
que concordam conosco, mas é uma
coisa ainda melhor e mais rara dar 
liberdade a outros que discordam de nós.
Franklin Roosevelt

Nem bem conseguiu se livrar das denúncias sobre as investigações do FBI e da Justiça americana com relação à interferência da Rússia durante a campanha eleitoral em 2016, outra ameaça jurídica paira sobre à Casa Branca: a denúncia da Procuradoria-Geral de Nova York contra a Fundação Donald J. Trump, num processo de natureza civil.
O jornalista do renomado Washington Post, David Farenthold revelou antes da eleição de 2016, uma matéria onde descobriu que o dinheiro da fundação foi utilizado em reformas de hotéis de Trump, na compra de pinturas com a imagem dele e para financiar atividades da campanha eleitoral. A reportagem valeu um prêmio Pulitzer ao jornalista.
Em audiência no final de junho, a juíza Saliann Scarpulla afirmou aos advogados que a família Trump deveria aceitar imediatamente as sanções propostas pela procuradora Barbara Underwood, tamanhas são as evidências de uso do dinheiro da fundação para enriquecimento privado e fins eleitorais.
Entre as testemunhas essenciais para desvendar as falcatruas está Allen Weisselberg, executivo que cuida há décadas das finanças da família e é considerado o melhor conhecedor dos negócios de Trump.
Mais uma vez o discurso moralizador de um político situado no espectro da direita americana não condiz com a sua prática político e empresarial. Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço, deveria ser o lema da campanha de Donald Trump.
Além de impor uma agenda extremamente agressiva para com o meio ambiente, os imigrantes, e ter a obsessão pela construção de um muro na fronteira que separa o México dos EUA, Trump tem muito que explicar ao povo americano, começando pela justiça.
Enquanto esses processos correm na justiça, o presidente precisa se esquivar de acusações de sexismo. Dois dias antes do segundo debate presidencial, uma gravação de 2005 apareceu, feita em um ônibus de estúdio enquanto se preparava para filmar um episódio de Access Hollywood. Na fita, Trump se vangloria com o então coadjuvante Billy Bush, por forçar beijos e toques em mulheres. Ele afirma que "eu só começo a beijá-las... eu nem espero, e quando você diz que é uma estrela, elas deixam você fazer isso, você pode fazer qualquer coisa...". Ele também fala de seus esforços para seduzir uma mulher casada, dizendo que "vou para cima dela com força."
Após a divulgação da gravação de 2005, pelo menos 15 mulheres apresentaram novas acusações de má conduta sexual, incluindo beijos e toques indesejados, o que resultou em ampla cobertura da mídia.
As posições políticas de Trump são amplamente descritas pela mídia como "populistas". Ele descreveu suas posições políticas de várias formas, muitas vezes contraditórias ao longo do tempo. Trump afirmou: "Eu evoluí em muitas questões, há algumas questões que são muito iguais, eu tenho sido constante em muitas questões, mas evoluí em certos assuntos".
O PolitiFact.com escreveu que é difícil de determinar a postura de Trump sobre várias questões, dadas as suas frequentes mudanças de posição e "a sua propensão para usar linguagem confusa, vaga e até contraditória". O PolitiFact.com contou pelo menos 17 vezes em que Trump disse algo e depois negou ter dito.
Triste pensar que este cidadão é o líder de uma das maiores nações do planeta, com uma economia importante e uma indústria bélica muito forte no cenário mundial. Pelo visto, votar de forma equivocada não é privilégio dos brasileiros.
Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.

A culpa com certeza não é dela!

A corrupção não é uma invenção brasileira,
mas a impunidade é uma coisa muito nossa.
Jô Soares

A cada quatro anos, sempre no mês de junho acontece à realização da Copa do Mundo de Futebol entre seleções. Este evento começou a ser realizado no distante ano de 1930 no Uruguai e é até hoje organizado pela FIFA – Federação Internacional de Futebol.
Teve interrupções no período da II Guerra Mundial de 1942 a 1950, quando retornou com o Mundial realizado no Brasil e vencido pelo Uruguai.
Nos últimos anos, sempre que acontece esse evento, e com maior intensidade depois que foram implantadas as redes sociais, alguns brasileiros resolvem criticar sua existência e o fato de milhares de pessoas ao redor do mundo, incluindo os brasileiros, acompanharem seu desenrolar por trinta dias.
O esporte nunca foi motivo de qualquer problema no primeiro mundo, onde eventos de diversas atividades esportivas acontecem anualmente sem que isso cause qualquer tipo de transtorno.
Eu mesmo sempre acompanhei as Copas de Futebol, as Olimpíadas e outros eventos esportivos de grande magnitude sem deixar de cumprir minhas obrigações, de exercer meus direitos e de levar minha vida pessoal e profissional normalmente.
Nestas ocasiões continuo lendo e me informando normalmente sobre o que está acontecendo no Brasil e no mundo, não deixo de ver os noticiários, ler os portais e acompanhar o que demais importante julgo necessário para minha vida. Nunca atrapalhou meus estudos nem minha carreira profissional.
Aqui no Brasil, por sorte ou azar, no mesmo ano da realização das Copas do Mundo de Futebol, acontecem às eleições para Presidente, Governador, Senador e Deputados Estaduais e Federais. Nunca deixei de votar ou de acompanhar o andamento das notícias e dos candidatos por conta do evento futebolístico.
A eleição ocorre em outubro, portanto, de 16 de julho quando termina a Copa até o dia da realização das eleições todos os brasileiros tem muito tempo para analisar, pensar, escolher e votar com consciência.
Aliás, mais importante ainda seria após as eleições fiscalizar, cobrar e acompanhar aqueles que foram eleitos, algo que o brasileiro não faz durante os quatro anos que separam as eleições. Portanto este falso patriotismo praticado por pseudos intelectuais de redes sociais não contribuem com absolutamente nada nem antes nem depois da Copa do Mundo e das Eleições.
Sendo assim, vejo como uma tremenda bobagem e falta do que fazer ficar postando coisas inúteis nas redes sociais e no Whatsapp sobre as diferenças entre os países e o Brasil durante a Copa do Mundo.
Não é o esporte a cada quatro anos que atrapalha o Brasil, mas sim, os brasileiros que não levam a sério suas obrigações, praticam a Lei de Gerson (Levar vantagem em tudo) e ficam distantes dos jornais, revistas especializadas, sites e portais com informações importantes.
Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.

Dezoito mil sindicatos!

A corrupção não é uma invenção brasileira,
mas a impunidade é uma coisa muito nossa.

A quantidade de farmácias nas grandes cidades brasileiras impressiona qualquer cidadão do mundo. Também chama a nossa atenção a proliferação de igrejas de fundo de quintal em nosso país. Agora, nada supera a existência de aproximadamente 18.000 sindicatos em todo país.
Quais são as exigências para se abrir e registrar um sindicato? Quem eles representam? São muitas perguntas sem respostas. Principalmente quando sabemos que isso não acontece no resto do mundo.
África do Sul – 191 sindicatos - EUA – 190 sindicatos - Reino Unido – 168 sindicatos - Dinamarca – 164 sindicatos - Argentina – 91 sindicatos.
Notem a disparidade entre estes países citados e o nosso pobre Brasil na quantidade obscena de entidades cujo objetivo de seus dirigentes é lucrar com o trabalho dos seus representados.
Assim como as Igrejas espalhadas pelo país, os sindicatos passaram a ser um grande negócio. Uma boa parte deles chamados de “sindicatos de gaveta”, pois recebem o registro sindical do Ministério do Trabalho e os guardam na gaveta. Não fazem nada por nenhum trabalhador, exceto checar mensalmente o extrato da Caixa Econômica onde o governo federal deposita o imposto sindical da categoria.
As recentes operações da PF junto ao Ministério do Trabalho desnudaram alguns esquemas de corrupção naquela pasta. Uma delas envolvendo a concessão de registros sindicais em troca de propinas. A partir dessa descoberta fica claro um dos motivos para a existência de tantos sindicatos espúrios, com gente desonesta e despreparada para representar quem quer que seja em qualquer segmento profissional do país.
Vale lembrar que quase cinco mil destes sindicatos são patronais, outra excrescência que vigora em raros países do mundo. Percebemos que estes sindicatos são inócuos na medida em que o governo propôs uma reforma trabalhista e estes 18.000 sindicatos ficaram calados, não opinaram, não discutiram, não representaram junto ao Congresso Nacional a voz dos seus representados sindicais.
Uma das formas de explicarmos essa quantia absurda de entidades sindicais é o fato de que ano após ano, na calada da noite no Distrito Federal, o governo repassa para entidades sindicais, sindicatos, federações e confederações uma montanha de recursos que é arrecadado de forma compulsória, junto às empresas de todos os setores.
Este ano a soma alcançou R$ 1.082 bilhões e em 2014 a brincadeira ficou em torno de R$ 1.013 bilhões. Este dinheiro “fácil” chega aos cofres do Fundo do Amparo ao “Trabalhador” – FAT e é depois repassado pela Caixa às entidades sindicais patronais. A operação é cercada de sigilo e de completa ausência de transparência, tanto pelo governo como pelos responsáveis pelos sindicatos.
Precisamos de geração de empregos, desenvolvimento sustentado, uma economia dinâmica e que possa enfim, gerar riquezas, só não precisamos desta imunda “indústria” de pelegos que nada fazem pelo país ou sequer pelos seus representados.
Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.

Ministros da tropa de elite da corrupção nacional!


A tortura de uma consciência
culpada é o inferno do ser vivo.
John Calvin

A vocação do presidente Michel Temer para escolher pessoas desqualificadas para cargos em seu ministério é impressionante. Ele convoca apenas os mais enlameados com a sujeira da corrupção. Uma lama que não tem tratamento nem saneamento e corre a céu aberto em todo território nacional.
No final de 2017 e começo de 2018 o país assistiu incrédulo a tentativa de Roberto Jefferson – PTB, de emplacar sua filhinha, a deputada Cristiane Brasil como ministra do trabalho. A pressão popular e da justiça impediu que ela fosse empossada. Porém, o partido indicou novo integrante ao cargo.
Eis que em plena Copa do Mundo, acontece uma nova fase de uma operação da Polícia Federal que elevou para oito o número de ministros de Michel Temer investigados por supostos delitos. Nesta quinta-feira, Helton Yomura (PTB), o desconhecido ministro do Trabalho, e Carlos Marun (MDB), responsável pela Secretaria de Governo, viram seus nomes serem citados em uma investigação policial onde são suspeitos de concessão irregular de registros sindicais.
O primeiro foi afastado do cargo por uma decisão judicial de Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal. O segundo foi apontado pela polícia como um dos beneficiários do esquema delituoso, mas o mesmo Fachin seguiu a recomendação da Procuradoria Geral da República e não acatou o pedido de busca e apreensão em seu gabinete. As investigações contra ambos continuam. Tanto Yomura quanto Marun negaram qualquer participação nos delitos.
Em uma Esplanada dos Ministérios com 29 ministros, a situação dos homens de confiança do presidente Temer já foi pior. Ele já chegou a ter mais de dez ministros com inquéritos abertos no Judiciário. O próprio Temer é alvo de ao menos dois inquéritos e de três denúncias criminais. Agora, em um período pré-eleitoral, a maioria dos políticos que ocupava cargos no primeiro escalão deixou a função para poder disputar as eleições.
Os que ficaram, ou são desconhecidos do meio partidário, como Yomura, ou desistiram de concorrer a qualquer cargo neste ano, que é o caso de Marun. Assim, com o afastamento de Yomura, até figuras desconhecidas ou pouco relevantes politicamente começam a aparecer nos escândalos de Brasília. No início da noite, o Planalto afirmou que Yomura pediu exoneração do cargo e o pedido foi aceito pelo presidente. A oficialização da demissão deve ser publicada no diário oficial desta sexta-feira. De acordo com os jornais O Globo e O Estado de S.Paulo, Eliseu Padilha foi escolhido por Temer para assumir interinamente o órgão, acumulando o cargo com a Casa Civil. Padilha é um dos oito nomes do Governo investigados por suspeita de corrupção. 
A terceira fase da operação batizada de Registro Espúrio também investiga o deputado federal Nelson Marquezelli (PTB-SP). Resultou ainda na prisão de três pessoas: o chefe de gabinete do ministério do Trabalho, Júlio de Souza Bernardes, o superintendente do ministério no Rio de Janeiro, Adriano José Lima Bernardo, e Jonas Antunes Lima, assessor de Marquezelli. Ao todo, foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão. A suspeita é que o grupo cobrava propinas e pedia apoio em troca da concessão de registros sindicais.
Em sua defesa, Carlos Marun vociferou aos berros que é alvo de uma campanha difamatória. “O Judiciário analisou [o pedido de mandado de busca e apreensão contra mim] e diante do absurdo que se pretendia, não deu guarida a essa sanha vingativa dos que apresentaram esse pedido”. O ministro disse que vai apresentar uma queixa-crime contra os policiais que vazaram a informação de que ele era investigado. Caracterizou o vazamento como “direcionado, seletivo, pusilânime, canalha e vagabundo” que tinha como único objetivo o constranger.
Os fatos comprovados das denúncias anteriores contra Geddel, Henrique Alves e tantos outros membros deste governo imundo e completamente desmoralizado indicam que Marun terá que se esforçar muito para provar que é inocente e que seu chefe “não sabia de nada”...
Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.

5 de julho de 2018

Motivos não faltam para os eleitores!

Cada um dos 94 deputados pode gastar até R$ 8 mil por mês com serviços gráficos; trinta gráficas receberam R$ 7,5 milhões de janeiro de 2015 até maio deste ano!

Os deputados estaduais de São Paulo gastaram, em três anos, R$ 15,5 milhões com gráficas, aponta um levantamento recente. O serviço é responsável pela maior parte da verba de gabinete dos parlamentares da Assembleia Legislativa paulista, superando gastos com combustíveis e outros itens que os cidadãos de SP custeiam.
Cada um dos 94 deputados pode gastar até R$ 8 mil por mês com serviços gráficos, que incluem jornaizinhos e boletins informativos, uma forma dos parlamentares prestarem conta do próprio trabalho.
Os gastos entre 2015 e 2018 foram superiores ao valor destinado a alugueis de imóveis e combustíveis. Dos R$ 15 milhões gastos com gráficas, metade ficou na mão de trinta empresas. Por meio da Lei de Acesso à Informação, foi possível comprovar que notas e boletins impressos de vinte gráficas foram entregues. Outras dez e não comprovaram a execução do serviço.
Foram analisadas mais de 700 notas fiscais das trinta gráficas que mais receberam dinheiro dos deputados. Elas receberam R$ 7,5 milhões de janeiro de 2015 até maio de 2018.
Vinte e cinco notas emitidas para três deputados aparecem em um imóvel localizado na Rua das Gralhas, em Marília, no interior de São Paulo. Mas lá não funciona nenhuma gráfica. No endereço fica a casa de Marco Antônio D’Ávila Alves, que emitiu as notas como microempresa.
De acordo com Alves, desde 2000 eles terceirizam o serviço e fazem a impressão em Bauru. A mulher de Marco é vereadora na Câmara Municipal de Marília. Alves não passou o endereço onde são produzidos os jornais informativos.
Um especialista em contas públicas, explica que esse é o tipo de serviço não pode ser subcontratado. "Uma gráfica que já não existe em tese não pode ser contratada pelo poder público".
Nos últimos três anos, o deputado Abelardo Camarinha, do PSB, foi o que mais pagou a Marco Antonio Alves: R$ 257 mil reais. Outros R$ 30 mil foram pagos pelo suplente dele, Airton Garcia e por Júnior Aprillanti, também do PSB.
Na Grande São Paulo, os endereços registrados em nome de outras oito gráficas foram procurados. Na Rua Olga de Souza Queirós, Zona Norte, funcionaria a Phoenix Acabamentos Gráficos.
No galpão, foi encontrada uma empreiteira e os vizinhos contaram que a gráfica saiu do local há seis meses. Notas fiscais foram encontradas no endereço depois da data. A Phoenix Acabamentos Gráficos recebeu mais de R$ 246.979,10 do deputado Wellington Moura, do PRB, nesta legislatura.
Outro endereço na Zona Sul de São Paulo consta como endereço da FSC Serviços Gráficos Eireli. A nota foi emitida em janeiro de 2018. A gráfica em tese deveria funcionar no endereço, mas não existe no local.
A FSC - Serviços Gráficos recebeu do deputado Teonílio Barba, do PT, quase R$ 195 mil. As duas gráficas para a quais a deputada Ana do Carmo do PT repassou R$ 319 mil nesse período foram procuradas. Só que o endereço é um prédio residencial na Mooca, na Zona Leste.
O professor da Faculdade de Administração da USP Ariovaldo dos Santos, que chefia os cursos de contabilidade, diz que essa situação é irregular. "O material impresso que sai deve ser acompanhado de uma nota fiscal que obviamente acompanhe o material e do local de onde está sendo produzido."
Ainda na Zona Leste, em outro endereço: o da Abral Gráfica e Editora, que de fato existe. A dona da gráfica confirma que eles prestam serviços para alguns deputados. De janeiro de 2015 a janeiro de 2018 todas as notas fiscais eletrônicas emitidas pela gráfica foram sequenciais em nome de três deputados: delegado Olim do PP, Clélia Gomes do Avante e Adilson Rossi do PSB. Aliás, a gráfica pertence aos pais de um funcionário de Adílson Rossi.
As notas têm numerações sequenciais e todas também têm o mesmo valor, R$ 8.004,00, o total da verba que cada deputado pode gastar por mês com esse serviço.
"Você sequer teve um aumento dos preços, quer dizer, nesses preços você pega, por exemplo, às gráficas tem funcionários, estes tiveram aumentos coletivos certamente, os salários foram aumentados, e obviamente alguma suspeita levanta não me parece que sejam corretas essas notas", opina o professor Ariovaldo.
A fábrica Sete Gráfica e Editora que recebeu R$ 295 mil na atual legislatura do deputado Enio Tatto do PT funciona na Zona Leste, emitiu desde 2015 notas também para os irmãos dele, os vereadores Arselino e Jair Tatto e o deputado federal Nilton Tatto. Juntos, eles contrataram os serviços da gráfica mais de setenta vezes. A gráfica foi fundada pelo cunhado dos irmãos Tatto.
Abelardo Camarinha - PSB, que usou a gráfica de Marília, disse que os boletins foram impressos e distribuídos para mais de 80 cidades, e que todas as notas foram submetidas ao Núcleo de Fiscalização da Alesp.
Júnior Aprillanti - PSB, que usou a mesma gráfica, hoje é secretário de Turismo do estado. Ele disse que a gráfica chegou por meio de recomendação, mas não soube dizer de quem, e que dispensou o serviço porque o resultado era ruim.
Wellington Moura - PRB, disse que a gráfica Phoenix foi recomendada por pessoas ligadas à campanha dele, e que ela está em outro endereço porque o cadastro na junta comercial está desatualizado.
O deputado Ênio Tatto - PT, disse que todas as prestações de contas sobre os gastos com material gráficos foram submetidos à criteriosa avaliação do departamento de fiscalização da Assembleia. Sobre o fato de a gráfica ser do cunhado da irmã dele, Tatto disse que o critério de escolha foi à qualidade, a redução do custo e o respeito ao dinheiro público.
Independentemente do que possam alegar, não existem justificativas dentro da moralidade pública que possam atenuar os crimes cometidos. Infelizmente, eles não serão sumariamente cassados. Resta aos eleitores fazerem sua parte e não reelegerem nenhum destes e dos demais deputados estaduais de São Paulo.

https://globoplay.globo.com/v/6849804/

Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.

3 de julho de 2018

Estatal tem R$ 15 bilhões em contratos sob suspeita em governos tucanos em SP!


Pelo menos R$ 15 bilhões de contratos firmados nos últimos dez anos pela estatal paulista responsável pelas obras viárias em São Paulo, a Dersa, estão sob suspeita, segundo investigações da Operação Lava Jato. É mais que a metade dos investimentos coordenados pela empresa no período. As informações são do jornal O Globo. As suspeitas vão de irregularidades em desapropriações a denúncias de corrupção.
De acordo com o jornal, estão em xeque os quatro maiores projetos da empresa, entre eles o do Rodoanel Mário Covas. Iniciado há 20 anos com orçamento de R$ 9,9 bilhões e previsão de ficarem prontos oito anos depois, o Rodoanel ainda não foi concluído e já custaram R$ 19,7 bilhões. As irregularidades, conforme as investigações ocorreram nas gestões tucanas de José Serra, Alberto Goldman e Geraldo Alckmin. Os dois últimos diretores de engenharia da companhia foram presos - Paulo Vieira de Souza e Laurence Casagrande Lourenço.
De 2009 para cá, o Ministério Público do Estado de São Paulo abriu 90 inquéritos para investigar contratos da Dersa. De acordo com O Globo, os que chegaram à Justiça se limitam a discutir pequenos valores de desapropriações. Contudo, depoimentos de delatores da Lava Jato, especialmente ex-executivos da Odebrecht, mostraram haver na Dersa cenário que lembra o que ocorreu na Petrobras, como interferência política, doleiros, operadores financeiros para lavar dinheiro e agentes públicos suspeitos de gerenciar cartéis de empreiteiras.
Suspeito de operar para o PSDB, Paulo Vieira de Souza foi citado pelo menos dez vezes em delações premiadas. O nome dele está vinculado a pedidos de vantagens ilícitas e doações a campanhas tucanas atreladas às obras do Trecho Sul do Rodoanel, à ampliação da Marginal Tietê e à construção do complexo Jacu-Pêssego. Somadas, as obras custaram R$ 8,9 bilhões. Ele foi preso e solto duas vezes pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Lourenço foi preso sob a acusação de ter desviado recursos das obras no Trecho Norte do Rodoanel, orçado em R$ 9,8 bilhões. A suspeita é que os desvios ultrapassaram R$ 600 milhões.
Segundo o jornal, a diferença básica entre Souza e Lourenço são os padrinhos políticos. O primeiro é amigo do ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, e mandou na Dersa durante o governo de Serra. Já Lourenço chegou ao cargo na gestão de Geraldo Alckmin. No ambiente tucano, as turmas de Alckmin e Serra se estranham.

Por Congresso Em Foco sobre São Paulo