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29 de setembro de 2018

É difícil recuperar os neurônios da memória: É melhor evitar que eles morram!

Cientista norueguesa foi uma das descobridoras do ‘GPS’ com o qual nosso cérebro se orienta. 
“Meu GPS cerebral está em apuros hoje”, ri a cientista norueguesa May-Britt Moser (Fosnavåg, 1963), comentando a jornada cheia de encontros e deslocamentos que a Fundação AstraZeneca organizou para ela em Madri – e na qual se inclui esta entrevista. A referência aos sistemas de navegação e localização é uma piada autorreferente: Moser, Edvard Moser (seu então marido) e o norte-americano John O’Keefe partilharam em 2014 o prêmio Nobel de Medicina por seus trabalhos com as células cerebrais que servem para a nossa orientação.
Os trabalhos premiados são de 12 anos atrás, mas a pesquisadora continua atuando no mesmo campo. Com um acréscimo: “Encontramos, em uma área irmã do cérebro, as células que determinam como se percebe o tempo, por que às vezes ele passa voando, e às vezes parece eterno”, explica.
Ela salienta que seu laboratório se dedica à ciência básica, a qual, se tudo correr bem, acabará chegando a um uso clínico. Mas, embora esse não seja seu objetivo primordial, não se furta a especular sobre a utilidade de suas descobertas. “Estudamos uma área muito importante para a navegação espacial do hipocampo”, a zona do cérebro onde ela encontrou os neurônios relacionados com a localização e o tempo. É uma região “fundamental no ser humano, e, quando estas células morrem, perdem-se funções”.
A médica não acredita que aspectos tão básicos para o indivíduo possam ser facilmente recuperados. A realidade nos hospitais de meio mundo confirma isso. Quando uma pessoa tem Alzheimer, por exemplo, não há, ao menos por enquanto, uma maneira de que volte a recordar o que esqueceu. Por isso “é difícil recuperar os neurônios da memória; é melhor evitar que morram”, afirma. Não acredita que a plasticidade do cérebro, sua capacidade de substituir um circuito perdido por outro, seja de grande utilidade quando funções tão básicas se deterioram. “Se não soubermos por que morrem, não podemos agir”, conclui.
Apesar do cansaço, Moser comenta sua visita com entusiasmo, especialmente os diversos encontros com jovens. “Minha mensagem é que é preciso trabalhar para explicar como o cérebro elabora as lembranças episódicas [de um fato concreto]. Por que, como e quando essas memórias são recuperadas.” Embora às vezes receba comentários muito desconcertantes nesses encontros. “Como esses jovens que chegaram até mim esta manhã e me disseram: ‘Puxa, então você é um ser humano’”, conta, rindo. Mas acha isso bom. “Se me virem como um ser humano, sabem que eles também podem chegar a fazer o que amam.”
No caso dessa cientista (as mulheres são apenas 5% dos ganhadores do Nobel), o prêmio não mudou muito a sua vida. Houve ofertas – “e pressões”, admite – para que deixasse o laboratório de Trondheim, no meio da Noruega, onde trabalha. Também a solicitam muito para que vá a eventos – “mas nunca faço algo que não queira”. “Certamente me chamam mais que ao meu ex-marido, talvez porque eu seja mulher”, diz, “e isso que ele é mais amável”.
Imagina-se no mesmo lugar, pesquisando, pelos próximos 10 anos. Trabalhando e levando seu cachorro para passear. Apesar de suas duas filhas, já adultas, terem saído de casa, não se sente sozinha. “Quando você tem um cachorro, não há espaço para hobbies. Saio com ele pelo menos duas vezes por dia, e lhe dedico muito tempo.” O frio não a impede de sair à rua com seu animal. “Na Noruega dizemos que não há tempo tuim, o que há é roupa ruim. Eu me abrigo, e o cachorro, também.”

Autor: Emílio De Benito – Madri – Espanha
Publicado no El País
May-Britt Moser, Prêmio Nobel de Medicina em 2014, na quarta-feira em Madri. 

24 de setembro de 2018

A educação agoniza na UTI de um hospital em obras!

Educai as crianças, para que não
seja necessário punir os adultos.

Quem vaticinou anos atrás que o Brasil seria o “País do futuro”, de tanto esperar em vão deve ter cometido suicídio. Principalmente ao notar que em pleno Século XXI o nosso país está muito distante da realização de sua profecia.
O futuro do Brasil está pendurado nas mãos nem sempre hábeis de políticos e partidos perversos, corruptos e sem alma, deixando seu maior patrimônio que é a sua gente sem qualquer cuidado e zelo.
Neste sentido nota-se que a educação e os educadores, cientistas, pesquisadores ficam em terceiro plano, jogados às traças sem qualquer reconhecimento, investimento e cuidado, mesmo sendo parte das mais importantes de uma Nação.
Não é difícil apurarmos o quão distante estamos do futuro em relação aos demais países do nosso planeta. O último apontamento do Instituto Nacional de Alfabetismo Funcional – INAF em 2018 apontou que três em cada dez brasileiros com idade entre 15 a 64 anos no País – 29% do total, o equivalente a cerca de 38 milhões de pessoas – são considerados analfabetos funcionais.
Esse grupo tem muita dificuldade de entender e se expressar por meio de letras e números em situações cotidianas, como fazer contas de uma pequena compra ou identificar as principais informações em um cartaz de vacinação. Há dez anos, a taxa de brasileiros nessa situação está estagnada, como mostram os dados do Indicador do Alfabetismo Funcional - INAF 2018.
Se considerarmos que temos 8% da população completamente analfabeta, teremos um quadro assustador onde quase cinquenta milhões de brasileiros não sabem ler e escrever ou são analfabetos funcionais.
O indicador tem como objetivo medir o quanto o brasileiro consegue entender e se fazer entendido em uma sociedade letrada. Infelizmente, estamos estagnados há muitos anos em patamar muito preocupante, diz Ana Lucia Lima, coordenadora do INAF.  
Com estes dados atuais e sem que tenhamos qualquer movimento por parte do governo federal e dos futuros candidatos à presidência em outubro próximo, como esperar uma revolução na educação e um futuro digno para nossa Nação?
Estamos caminhando celeremente para sermos o “País do Passado”, pois já tivemos educação de boa qualidade no ensino público, já tivemos bons professores bem remunerados e motivados, e agora vivemos uma época de incertezas rondando a educação pública nacional.
Não podemos perder a esperança, porém, caberá à sociedade mudar este estado de coisas que afetam e comprometem o futuro do nosso sistema educacional. Não podemos aceitar que alunos saiam do ciclo inicial sem a menor condição de progredir na sua vida escolar nem tampouco de integrar o mercado profissional que é cada dia mais exigente.
Esse quadro não pode simplesmente ser atribuído ao fato econômico de sermos uma Nação subdesenvolvida, pois países recém-saídos de uma guerra tiveram desempenhos muito maiores que os nossos, como a Coréia do Sul, por exemplo. É preciso um esforço gigantesco para que possamos enfim começar a caminhar na direção certa no que tange ao alcance de resultados satisfatórios no âmbito da educação.
Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.

Inteligência quase artificial!

Não tenha medo de ter opiniões excêntricas.
Toda opinião hoje aceita já foi, um dia, excêntrica.
Bertrand Russell

Segundo especialistas de grandes corporações norte americanas, a previsão é que até o ano de 2030 esteja no mercado norte americano aproximadamente 10,1 milhões de robôs fazendo serviços de limpeza de pisos, janelas ou piscinas. No Japão, país com a economia mais robotizada de todo o mundo, existem atualmente milhões de robôs industriais em atividade.
Na área doméstica os robôs estão sendo usados para cortar gramas, aspirar pó e tarefas residenciais. Na indústria a diversificação é muito maior, sendo que, os robôs fazem serviços de soldas em altas temperaturas entre outras atividades. Os cientistas afirmam com segurança que dentro de um prazo de cinquenta a cem anos teremos robôs em praticamente todos os segmentos da sociedade.
Isso me leva a viajar no tempo e imaginar num futuro não tão distante a possibilidade de termos robôs substituindo Vereadores, Deputados e Senadores em nosso imenso país. De uma só vez teríamos inúmeras vantagens em nosso sofrido cotidiano:
Ø Economia de milhões de reais com salários, mordomias, despesas diretas e indiretas dos políticos e de sua vasta assessoria, mesmo levando em conta o custo de aquisição e manutenção dos robôs. Esse custo seria diluído ao longo dos anos enquanto o preço que pagamos pelos políticos não cessa jamais;
Ø Robôs não folgam jamais, podendo trabalhar ininterruptamente sem precisar de duas férias anuais, descansos em feriados prolongados, ausências para campanhas políticas, visitas as bases eleitorais, faltas injustificadas e outras sandices, como interrupções para Festa Junina;
Ø Ao serem programados para trabalharem e defenderem o povo que os comprou, os robôs jamais iriam trair a confiança da sociedade, fazendo sempre aquilo que deles se espera no exercício de suas funções;
Ø Por serem todos iguais não precisaríamos mais nos preocupar com divisões por Estados ou Municípios, uma vez que cada Cidade/Estado teria o número pré-determinado de robôs para sua Câmara ou Assembléia. Além de economizarmos milhões de reais ao ano e não precisarmos fazer um processo eleitoral oneroso com gastos abusivos e retorno quase zero. 
Ø E o mais importante, os robôs jamais seriam corruptos ou corruptores em situações de prejuízo que geram as infrutíferas CPI’s. Procedimento inútil que jamais colocaram alguém na cadeia ou resolveram qualquer coisa nesse país.
Continuaríamos no exercício de nossa democracia elegendo a cada quatro anos políticos para os cargos de Prefeitos, Governadores e o Presidente da República até que a tecnologia robótica não nos apresentasse uma versão Windows 4.8 NT XP para esses políticos do Poder Executivo. Nesse momento seria o fim de uma era de corrupção, desvios de recursos públicos, mau uso do erário, ideologia barata, nepotismo e tantos outros problemas que esta escória nos traz desde há muito tempo.

Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.

21 de setembro de 2018

The Economist - Chama candidato de ameaça a democracia na América Latina!

Revista britânica defensora do liberalismo traz candidato do PSL na capa, diz que governo de deputado seria 'desastroso' para o País e o compara a experiências autoritárias na Venezuela e na Nicarágua. 
O candidato do PSL à Presidência nas eleições 2018Jair Bolsonaro, é o destaque da capa da edição desta semana da revista britânica The Economist. No seu artigo principal, a publicação destaca o deputado como "a mais recente ameaça da América Latina" e considera que um eventual governo Bolsonaro seria "desastroso" para o Brasil e toda a região. Leia a íntegra do artigo. 
O texto compara o avanço de Bolsonaro e de suas propostas ao avanço do populismo nos Estados Unidos, com Donald Trump; na Itália, com Matteo Salvini; e nas Filipinas de Rodrigo Duterte. Para a Economist, Bolsonaro soube explorar a combinação de recessão econômica, descrédito com a classe política e aumento da violência urbana com a apresentação de visões conservadoras e uma proposta de economia pró-mercado.
"Os brasileiros não devem se enganar. Bolsonaro tem uma admiração preocupante por ditaduras", diz o texto, que o compara ao ditador chileno Augusto Pinochet.
A revista lembra também que o principal assessor econômico de Bolsonaro é Paulo Guedes, que, assim como a equipe do ditador chileno, foi educado na Universidade de Chicago, um bastião da ideologia do livre mercado. "Guedes é a favor da privatização de todas as estatais e uma simplificação brutal dos impostos", lembra a revista. 
"A América Latina conheceu homens fortes de todo tipo e a maioria dessas experiências foi horrorosa. Provas recentes disso são a Venezuela e a Nicarágua."
A revista lembra também que o próximo governo precisará do apoio do Congresso e dificilmente Bolsonaro terá maioria parlamentar. "Para governar, Bolsonaro poderia degradar o processo político ainda mais, potencialmente abrindo caminho para algo ainda pior", diz o texto. 
A Economist ainda diz que a chegada do petista Fernando Haddad ao segundo turno pode jogar muitos eleitores da elite e da classe média que culpam o ex-presidente Lula e o PT pelos problemas do País no colo de Bolsonaro.  
"Em vez de acreditar nas promessas vãs de um político perigoso na esperança de que ele resolva todos os problemas, os brasileiros precisam perceber que a tarefa de consertar sua democracia e reformar sua economia não será rápida nem fácil."

Matéria da Revista Britânica The Economist
Reproduzida pelo Jornal Estadão

19 de setembro de 2018

Para deputado, não vote na legenda do seu partido preferido!

Agora um candidato precisa atingir um mínimo de votos (10% do quociente eleitoral) para se eleger. Caso isso não ocorra, a cadeira conquistada pelo partido é perdida.
    A sugestão feita no título desse artigo pode parecer descabida para alguns eleitores. Afinal, eles gostam de um determinado partido e votar na legenda para deputado parece um caminho natural ajudar esse partido.
Minha sugestão para que o eleitor escolha um dos candidatos e não vote na legenda se deve a duas características da lei eleitoral brasileira. A primeira é a prática das coligações nas eleições proporcionais. Se gosto do partido A e ele está coligado com o partido B, meu voto ajudará A e B terem mais cadeiras, mas não contribuirá diretamente para eleger um candidato do partido A.
    Tenho tentando de diversas maneiras descobrir a lista das coligações nas eleições para deputado federal e estadual do Rio de Janeiro deste ano e não encontro. Assisto ao horário eleitoral e não consigo identificar qual partido está coligado com qual. Procuro na internet e não acho as informações. Se estou em busca e não encontro, imagino os eleitores comuns.
    Outra razão adicional para não votar na legenda deve-se a um dispositivo que já vigorou nas eleições de 2016 e será empregado pela primeira vez para deputado federal e estadual em 2018. Agora um candidato precisa atingir um mínimo de votos (10% do quociente eleitoral) para se eleger. Caso isso não ocorra, a cadeira conquistada pelo partido é perdida.
     É difícil estimar de antemão qual será o quociente eleitoral de uma eleição. No Rio de Janeiro, por exemplo, o quociente eleitoral para a eleição de deputado federal deve ser em torno de 150 mil votos. Portanto, um concorrente deve ter cerca de 15 mil votos para poder ser eleito.
    Imaginemos uma situação em que um partido recebe 310 mil votos, com a distribuição de votos tal qual a apresentada no quadro abaixo. Como o partido ultrapassou duas vezes o quociente eleitoral ele tem assegurada a eleição de dois deputados. No quadro observamos uma alta concentração de votos na legenda. Somente o candidato A ultrapassou os 15 mil votos. Desse modo, a cadeira a segunda cadeira é perdida e redistribuída para um outro partido. 

    O leitor já deve ter se dado conta que a concentração de votos em um ou mais candidatos —os puxadores de voto— pode gerar resultados semelhantes. Se mudarmos um pouco a distribuição do exemplo acima fica fácil observar. No quadro abaixo, o candidato A garante a sua eleição, mas o partido continua elegendo apenas um nome.
 
    A regra de 10% foi introduzida na legislação para evitar que um candidato muito popular eleja outros com votação insignificante. Mas, na prática, a regra também prejudica os partidos que concentram sua votação na legenda.
Por que então não acrescentar os puxadores de voto na sugestão feita no título do artigo? A resposta é simples: nunca sabemos antecipadamente com segurança que candidatos terão votação excepcional. Por mais que alguns partidos queiram privilegiar alguns nomes, o puxador de votos só é conhecido mesmo depois que os votos são contabilizados.

Autor: Jairo Nicolau é professor de Ciência Política da UFRJ.

Borges e a Teoria dos mundos paralelos!

Em 'O Jardim dos Caminhos que se Bifurcam’, Borges antecipa a incerteza do entorno combinando literatura com a forma mais prestigiosa de conhecimento, isto é, a ciência.
Jorge Luis Borges lidou com a capacidade antecipatória da literatura com a maestria própria de um homem de ciência. Por essa razão, é o autor favorito dos cientistas. Um dos exemplos mais notáveis de seu espírito profético, no que se refere ao desenvolvimento científico, temos no conto intitulado O Jardim dos Caminhos que se Bifurcam, datado de 1941, no qual Borges se antecipa com lucidez extrema à ideia dos universos paralelos que se multiplicam.
É curioso comprovar como, no citado conto, o autor argentino nos mostra a maneira como duas opções, com uma mesma origem, podem desenvolver-se ao mesmo tempo em torno dessa mesma origem e em um futuro próximo, de tal maneira que duas realidades opostas chegariam a existir de modo simultâneo. Com seu conto, o que Borges consegue é nos mostrar que se pode estar e não estar ao mesmo tempo, tornando ambas as opções, a de estar e a de não estar, em probabilidade cósmica.
Em O Jardim dos Caminhos que se Bifurcam, Borges anteciparia a incerteza do entorno combinando literatura com a mais prestigiosa forma de conhecimento, isto é, a ciência. Ele consegue isso percorrendo um labirinto temporário, uma composição imaginária na qual é necessário enfrentar várias encruzilhadas ao mesmo tempo; alternativas que deixam de ser alternativas quando se opta simultaneamente por todas ao mesmo tempo, criando assim diversos tempos que se multiplicam e se bifurcam, pois, como nos diz Borges, todos os desenlaces acontecem e cada um é o ponto de partida de outras bifurcações.
Com tal ação, aparentemente contraditória, Borges se adianta alguns anos à chamada Interpretação de Muitos Mundos, mais conhecida como a Teoria dos Universos Paralelos, uma hipótese da Física Quântica desenvolvida pelo físico norte-americano Hugh Everett, que a introduziu em 1957 e que, para dar um exemplo, quer dizer que uma mesma partícula pode ser encontrada em uma infinidade de lugares ao mesmo tempo.
Porque toda vez que ocorre um evento quântico o universo se divide em dois universos paralelos e opostos entre si, de tal modo que, enquanto o evento ocorre em um, o contrário ocorrerá no outro. Com essas coisas, eventos quânticos acontecem e não acontecem ao mesmo tempo, dependendo do grau de sua probabilidade. Por isso é exemplar o conto O Jardim dos Caminhos que se Bifurcam, cuja leitura é tão perturbadora como enigmática.
Há um momento em que o próprio conto profetiza o seu clímax quando, em um dos diálogos, há uma referência à obra de Ts'ui Pen, astrólogo chinês e personagem borgiano que se propusera empreender a aventura de duas tarefas bizarras. Por um lado, a de construir um invisível labirinto do tempo, estritamente infinito e, por outro, escrever um romance labiríntico e, portanto, também infinito e que teria como título O Jardim dos Caminhos que se Bifurcam. Um livro em que todos os desenlaces ocorrem porque cada um deles é o ponto de partida de outras bifurcações.
"Em algumas ocasiões os caminhos desse labirinto convergem; por exemplo, o senhor chega a esta casa, mas em um dos passados possíveis o senhor é meu inimigo, em outro, meu amigo. Cria, assim, vários futuros, diversos tempos, que também proliferam e se bifurcam", afirma Yu Tsun bisneto de Ts'ui Pen, espião e protagonista da história borgiana. Chegados aqui, não é possível imaginar duas obras, pois labirinto infinito e livro infinito constituem um mesmo objeto no desenlace borgiano.
E para terminar, algumas palavras anedóticas sobre Hugh Everett, ateu convencido da não existência de Deus tanto quanto da existência de universos paralelos, e que morreu empenhado em demonstrar que, quando morresse, viveria para sempre nos labirintos de outro ramo quântico, já distante de seu corpo inerte. Talvez por causa disso, seu último desejo foi tão bizarro que suas cinzas acabaram na lata de lixo.
A PROFECIA CIBERNÉTICA
Embora vivesse na penumbra de sua cegueira, ele nunca deixaria de ver a si mesmo como um modesto Alonso Quijano que não se atreve a ser Quixote. Para dizer à maneira dele, Borges foi um homem cordato que inventou uma desordem de mundos a partir de seu lugar na ordem do universo.
Acima de tudo, concebeu a arte da fabulação como extensão mágica do ser humano e o labirinto como símbolo evidente de perplexidade infinita. Talvez por isso, sua obra seja uma extensão labiríntica do nosso inconsciente, onde não falta a inversão alquímica e onde também não faltam simetrias que nos mostrem Torquemada como o reverso de Cristo.
Atualmente, sua dimensão literária ultrapassou os limites da literatura e sua obra nos serve como ponte para a era cibernética. Antes da chegada da Internet, seu espírito profético sintonizou com as novas tecnologias de nossa era, antecipando-nos uma biblioteca infinita.

Autor: Montero Glez - O Machado de Pedra é uma seção em que o desejo de prosa, exerce sua pressão particular à realidade científica para manifestar que ciência e arte são formas complementares de conhecimento.

17 de setembro de 2018

História e ficção!

Livro de Roca Barea sobre a lenda negra espanhola questiona as próprias bases da História como uma ciência objetiva, pois demonstra que em muitos casos ela se acomoda às urgências do poder.
Um livro de erudição rigorosa pode ser divertido? É raro, mas acontece no caso de Imperiofobia y Leyenda Negra(Imperiofobia e Lenda Negra), de María Elvira Roca Barea, que acabo de terminar. É aguerrido, profundo, polêmico, e é lido sem pausas, como um romance policial em que o leitor voa sobre as páginas para saber quem é o assassino. Confesso que há tempos não lia um livro tão ameno e estimulante.
Seu subtítulo é Roma, Rússia, Estados Unidos e o Império Espanhol. E é verdade que a autora se ocupa também das lendas negras geradas pelos três primeiros impérios, mas sua principal ocupação, com profundidade e utilizando com desenvoltura uma impressionante bibliografia, é a construção intelectual e fictícia que há séculos distorce profundamente a história da Espanha e ridiculariza seu povo. De acordo com ela, ainda está muito viva, porque os próprios espanhóis não quiseram e não souberam contra-atacá-la, dando as costas a essas caricaturas que os apresentavam como fanáticos, perversos, ignorantes e inimigos viscerais da ciência, da modernidade e da civilização.
Segundo Roca Barea, a lenda negra anti-espanhola foi uma operação de propaganda montada e alimentada ao longo do tempo pelo protestantismo especialmente em suas versões anglicana e calvinista contra o Império Espanhol e a religião católica para afirmar seu próprio nacionalismo, demonizando-os até extremos pavorosos e chegando a privá-los de humanidade. 
Dá exemplos abundantes e de toda espécie sobre isso: tratados teológicos, livros de história, romances, documentários e filmes de ficção, quadrinhos, piadas e até conversas pós-refeição. A extensão e duração da lenda negra teve a contribuição da indiferença com que o Império Espanhol, primeiro, e depois seus intelectuais, escritores e artistas, em vez de se defender, em muitos casos tornaram sua a lenda negra, avalizando seus excessos e fabricações como parte de uma feroz autocrítica que fazia da Espanha um país intolerante, machista, lascivo e em luta com o espírito científico e a liberdade.
Você sabia que as degolas e esquartejamentos de católicos na Inglaterra de Henrique VIII e da rainha Elizabeth I, e nos Países Baixos de Guilherme de Orange, foram infinitamente mais numerosos do que as torturas e justiçamentos em toda a história da temível Inquisição Espanhola? Sabia que a censura de livros na França, Inglaterra e Alemanha foi tão ou mais severas do que na Espanha? 
O ensaio de Roca Barea prova tudo isso de maneira inequívoca, mas também inútil, pois, como mostra seu livro é o mais inquietante dele—, quando uma dessas ficções malignas (hoje diríamos pós-verdades) encarna na história substituindo a verdade, alcança uma solidez e realidade que resiste a todas as críticas e desmentidos e sempre prevalece sobre eles. A ficção traga a história. Por isso, as batalhas de Napoleão narradas por Victor Hugo e Tolstói sempre nos parecem, apesar de seus abundantes erros, mais certas do que as dos historiadores mais rigorosos.
Pois bem, no livro de Roca Barea aparecem historiadores de muito prestígio, como o alemão Leopold Von Ranke e o inglês Thomas Macaulay existem muitos outros pensadores e artistas não menos distintos, como um Voltaire e um Edgar Allan Poe—, que, talvez sem ser conscientes disso, contribuíram para a lenda negra. E perpetraram distorções flagrantes à verdade histórica acomodando em seus livros os fatos de tal modo que confirmaram em vez de refutar os exageros e mentiras inventados para desprestigiar e afundar moral e politicamente o “inimigo” imperial e “papista”. A autora de Imperiofobia y Leyenda Negra não considera que tudo isso venha de uma conspiração conscientemente forjada pelos poderes; tudo isso é, evidentemente, encorajado e às vezes financiado pelo poder, mas também nasce de maneira espontânea, como uma excrescência natural do nacionalismo, que se forma e fortalece sempre contra algo ou alguém, pois precisa de um inimigo a quem odiar para poder subsistir. E a Espanha do Século do Ouro, quando a lenda negra é mais ativa, era o mais poderoso império da Europa e, certamente, o inimigo obrigatório dos países que pretendiam substituí-lo. E das denominações religiosas que queriam ser as mais genuínas herdeiras das verdades bíblicas.
Dessa maneira indireta, o livro de Roca Barea, sem sequer ter proposto tal coisa, questiona as próprias bases da História como uma ciência objetiva, pois sua pesquisa demonstra que em muitos casos nela se infiltra, em razão das circunstâncias e das pressões religiosas e políticas, a ficção como um elemento que desnaturaliza a verdade histórica e a acomoda às urgências ideológicas do poder estabelecido. E não há ácido mais eficaz e inescrupuloso na alteração das verdades históricas do que o nacionalismo, como os espanhóis têm a ocasião de comprovar atualmente com o desafio independentista da Catalunha, que, além de se rebelar contra a Constituição e as leis, se empenha em refazer a história e transformá-la em uma ficção a seu serviço.
O livro de Roca Barea é muito bem escrito, com uma prosa elegante, argumentos pertinentes e por vezes com uma ironia alegre que atenua a gravidade dos assuntos dos quais trata. Salta às vezes do passado remoto à atualidade, para mostrar que há entre ambos uma concatenação secreta e, frequentemente, indica nas notas o dia exato em que fez aquela citação e verificação nos arquivos (algo que, acredito se faz pela primeira vez).
A autora desse livro extraordinário me dá um puxão de orelhas, em uma de suas páginas, por ter lembrado que o romance como gênero literário esteve proibido na América Espanhola durante os três séculos coloniais, porque as autoridades religiosas e políticas espanholas consideraram que as invenções disparatadas desses livros poderiam confundir os indígenas e distraí-los dos ensinamentos religiosos.
É, acho o único caso na história em que um gênero literário foi proibido. Roca Barea me recorda que naquela época surgiu na Espanha o romance picaresco (poderia ter mencionado também o principal romance: Dom Quixote). Minha afirmação não é parte da lenda negra, mas se trata de uma verdade inequívoca. A proibição, que existiu e foi reiterada várias vezes ao longo daqueles trezentos anos, dizia respeito somente às colônias, não à metrópole. E, ainda que a proibição tenha funcionado no que se refere à publicação de romances, não impediu que, graças ao profuso contrabando, os romances tenham sido lidos fartamente nas colônias americanas.
Mas o primeiro romance, como tal, só foi publicado no México, após a independência: El Periquillo Sarniento (1816). Todas as boas histórias da literatura hispano-americana (recomendo as duas melhores, ou seja, a de Enrique Anderson Imbert e a de José Miguel Oviedo) reproduzem essas proibições que, desde meus anos de estudante, sempre me fascinaram. Por que a ficção foi proibida como tal?
O resultado foi que, ceifada a fonte natural da ficção, que é o romance, tudo na América Latina passou a ser impregnado pela ficção proibida: não só os gêneros literários como a poesia e o teatro, também a religião, a política e a própria vida da sociedade e das pessoas.

Autor: Mario Vargas Llosa – Publicado no El País

15 de setembro de 2018

Completamente estagnado!

Os problemas significativos que enfrentamos
não podem ser resolvidos no mesmo nível de
pensamento em que estávamos quando os criamos.
Albert Einstein

A divulgação nesta semana pelo PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, do ranking mundial do IDH – Índice de Desenvolvimento Humano que mede o progresso dos países em saúde, educação e renda, mostrou que o Brasil está na 79ª posição há dois anos.
Um dos aspectos que mais contribuíram para frear o avanço brasileiro foi à queda da renda da população, causada pela crise econômica, acrescida da inércia do governo Temer incapaz de promover as reformas necessárias e de dar tranquilidade ao país ao ser sistematicamente acusado de participação em processos de corrupção.
A renda per capita, um dos critérios que compõe o IDH, teve queda de 4% de 2015 a 2017, cerca de U$ 14,3 mil dólares por ano para U$ 13,7 mil dólares. Os indicadores de educação e saúde tiveram uma pequena melhora. O relatório ainda informa que o Brasil possui a nona maior desigualdade de renda do planeta, medida pelo coeficiente de Gini.
Sendo assim, o país é o mais desigual do continente americano. No mundo, o pior é a África do Sul, que viveu durante meio século um regime sangrento de segregação racial, o apartheid.
Um país com a oitava economia do mundo não poderia ficar em 79º lugar numa lista de 189 países. Contrastando com países vizinhos como o Chile, Argentina e Uruguai que estão no grupo de elite do mesmo indicador por terem o IDH muito alto.
É de se ressaltar que este dado mostra uma inversão de tendência. De 1990 a 2014, o IDH do Brasil vinha crescendo significativamente. Era de 0,611 em 1990, subiu para 0,684 no ano 2000. Depois em 2010 atingiu 0,727, chegando em 2014 a 0,752.
Nosso índice de desemprego, notadamente entre os mais jovens, é o pior entre os países da América do Sul, um dado preocupante visto que não estamos falando da Europa ou da América do Norte, mas sim, de um continente pobre, com países muito menores e com condições adversas.
A desigualdade entre homens e mulheres também é ressaltado no relatório. Em média os homens ganham $ 17.000 dólares por ano, enquanto as mulheres recebem $ 10.000 dólares ao ano. Outro fator de desigualdade está na ocupação de cadeiras no Congresso Nacional, onde apenas 11% de mulheres estão ocupando vagas. Este percentual é o menor da América do Sul.
Alarmante é a situação constatada na comparação efetuada na distribuição de renda, onde o Brasil fica a frente apenas e tão somente de África do Sul, Namíbia, Botsuana, Zâmbia, República Centro-Africana, Lesoto, Moçambique e Suatini.
Não se pode dizer que estes índices medíocres sejam resultado de um estado de pobreza e escassez de recursos financeiros do governo brasileiro. Ao contrário, até o final de 2018, a arrecadação de impostos deve chegar a quase R$ 2,4 trilhões de reais, número dez por cento maior que os valores arrecadados em 2017. 
Falta gestão, capacidade técnica, vontade política e honestidade de propósitos por parte do governo do Brasil. Nossa classe política uma vez no poder, desvirtua todos os conceitos básicos da economia e mantêm gastos com a máquina federal, as estatais e não promove os cortes necessários para que o país volte a crescer de forma sustentável.
A corrupção acaba ocupando o papel de maior vilão ao consumir bilhões de recursos que deveriam ser utilizados na Saúde, Educação e principalmente na geração de empregos. A impunidade que campeia é fator de motivação para os políticos corruptos que ainda contam com a falta de memória dos eleitores a cada nova eleição. Com isso perpetuam-se no poder sem serem incomodados pela lenta e omissa justiça brasileira.
Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.

12 de setembro de 2018

A visão apocalíptica do Le Monde sobre o Brasil!

Jornal francês afirma que o país “parece ter perdido o controle de seu destino”. É, acrescenta, “uma nação que se sente abandonada”.

O mundo tem os olhos voltados ao Brasil a um mês das importantes e já ensanguentadas eleições presidenciais, ofuscadas pela história infinita da candidatura de Lula na prisão, negada pela Justiça brasileira. Entre as visões negativas da imprensa internacional sobre o Brasil, o editorial do importante jornal francês Le Monde é especialmente apocalíptico.
Com o título de “O naufrágio de uma nação”, o Le Monde chega a afirmar que o Brasil “é um país que parece ter perdido o controle de seu destino”. É, acrescenta, “uma nação que se sente abandonada”. A classe política também não se salva, chamada de “tão angustiante como envelhecida, minada pela corrupção”.
O Le Monde já foi uma referência de jornalismo no mundo que formou gerações inteiras. Talvez por isso sua visão catastrófica sobre o Brasil, para os que, sem ser brasileiros, vivem aqui de perto a crise que assola o país é surpreendente. Não que tenhamos os olhos vendados para reconhecer que o país vive um de seus momentos mais difíceis após a ditadura, mas também não é verdade que o país tenha naufragado e perdido o controle de seu destino.
Não deixa de surpreender que os que colocaram há poucos anos esse país no Olimpo dos deuses, inveja do mundo, hoje o apresentem como uma nação que perdeu o controle, sem que se preocupem em analisar por que isso teria ocorrido, em tão pouco tempo, do céu ao inferno. Dentro e fora do Brasil, hoje são necessárias mais do que visões catastróficas, e às vezes até injustas, sobre esse importante país, coração econômico da América Latina, uma análise séria sobre as causas que conduziram a essa crise pela qual ele passa. Não existem crimes sem culpados e é importante ir às raízes do problema antes de se fazer julgamentos sumários como se o Brasil houvesse chegado a esse momento sem que ninguém se sinta responsável.
É verdade que existe hoje um perigo real de autoritarismo e saudades da ditadura, sobretudo dos que não a viveram em sua própria carne, e que existe uma crise entre as instituições que tentam rivalizar entre elas invadindo a independência das mesmas que deveria ser mais respeitada. Acreditar, entretanto, que a democracia naufragou é uma ofensa ao trabalho que esse país realizou para se manter dentro dos padrões das democracias mundiais. O Brasil, dentro do continente, faz parte, apesar de todos os seus problemas, dos mais bem aparelhados do continente na defesa dos direitos humanos. O Brasil não é a Venezuela e a Nicarágua e com toda a sua carga de violência ainda não chega aos índices de alguns países do continente.
É um país com total liberdade de expressão e com a Justiça, com todos os seus possíveis erros, agindo e punindo os crimes de corrupção das elites políticas e empresariais como nunca aconteceu em sua história, em que a prisão era privilégio de pobres e negros. É um país com um grande debate nacional sobre a discriminação racial e de gênero. E com um jornalismo que, apesar de todas as críticas que possam ser feitas, é um dos mais vivos e responsáveis do continente, algo que me permito afirmar com meus 50 anos na profissão.
É verdade que há anos os brasileiros não estavam tão divididos por motivos políticos, agravado pelas redes sociais que ampliaram as possibilidades de debate. É um país, entretanto, que dos partidos políticos à sociedade mais madura reprovou, por exemplo, o atentado sangrento contra Bolsonaro, o candidato ultraconservador e cultor da violência.
Não sinto, como o Le Monde, que o Brasil seja um país como um barco já naufragado e sem esperanças. É um país irritado com seus governantes, descrente com seus políticos, mas como na maior parte do mundo de hoje. Prefiro ficar com a visão editorial do EL PAÍS, que condenando dias atrás o atentado a Bolsonaro e o perigo de que possa ser usado para colocar em confronto uma sociedade já exasperada, concluiu dizendo: “O Brasil não está em guerra”. Eu diria que é uma sociedade sofrendo das dores do parto. Um Brasil que quer mais e o quer para todos, sem privilégios vergonhosos para os que deveriam dar exemplo à sociedade. Não é um país em agonia. É tão vivo que ainda é capaz de demonstrar sua raiva.

Autor: Juan Arias - El Pais

2 de setembro de 2018

Município Limpo, País Limpo!

Há os que lutam uma vez e são importantes.
Os que lutam muitas vezes e são fundamentais.
E há os que lutam sempre, esses são imprescindíveis.
Brecht

Em breve estaremos exercendo nosso direito universal ao voto para elegermos nossos representantes nas esferas do legislativo e do executivo estadual e federal. Como sempre, os brasileiros dão muito valor à discussão em torno dos candidatos à presidência e pouco ou quase nenhum valor aos candidatos ao poder legislativo.
Mesmo assim, nas últimas eleições a discussão prende-se quase que totalmente ao fator ideológico, numa volta aos tempos do Macarthismo (Na década de 1950, houve nos Estados Unidos da América uma política intensa anticomunista. O senador norte-americano Joseph McCarthy instituiu uma campanha de perseguição aos comunistas em território estadunidense que ficou conhecida como macarthismo).
Não se discute planos de governo, propostas para Educação, Saúde, Segurança, Habitação e Saneamento Básico, nem questões importantes como política econômica, redução de impostos, desenvolvimento sustentável, redução do desemprego, etc.
Muitos eleitores nem sabem por que vão votar num determinado candidato, exceto que ele é contrário ao partido que ele “odeia”. A discussão nas redes sociais se apequena, busca-se agredir aqueles que “ousam” não concordar com opiniões pouco abalizadas de quem está postando determinados assuntos ligados ao seu candidato ou partido preferido.
Existe segundo o IFC – Instituto de Fiscalização e Controle do DF, uma teoria que é muito simples e deveria ser seguida por todos os eleitores para resolver o problema da corrupção em nosso país que é Município Limpo, País Limpo!
Ou seja, devemos priorizar a escolha através do Voto Consciente nos Vereadores, Prefeito, Deputados Estaduais, Federais, Senadores, para depois então, buscar a escolha certa para os candidatos a Governador e Presidente da República, seguindo esta ordem.
Pois é no município que vivemos, onde temos o direito de usar escolas, hospitais, ter segurança e poder cobrar diretamente com mais facilidade os vereadores e o prefeito da nossa cidade. Se os recursos nos municípios forem usados com honestidade será um passo importante para que tenhamos menos desvios e corrupção.
Claro que, para isso funcionar é preciso que o cidadão entenda que não basta votar, é preciso fiscalizar, cobrar, acompanhar durante quatro anos os mandatos dos eleitos. Independente de seu candidato ter ou não sido eleito, é nosso dever cobrar e fiscalizar a todos do poder legislativo e executivo.
Ao fazermos isso estaremos cuidando dos nossos próprios recursos, oriundos dos impostos que recolhemos direta e indiretamente às três instâncias de poder. Você não olha seu extrato bancário ou o boletim escolar de seu filho uma vez a cada quatro anos. Portanto, não deve fazer o mesmo com relação aos políticos eleitos, cobrando-os sistematicamente por e-mail, carta, telefone, de forma a deixar claro que nós somos os únicos para quem eles devem prestar contas.

Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.

Entrevista com o autor do Blog sobre seu novo livro!

Rafael Moia Filho

Nasceu em São Paulo em 1958. Trabalhou na CESP - Cia. Energética de São Paulo, prestando serviço à Fundação Cesp entre 1977 a 1995. Em 1996, fixou residência em Bauru, SP, e trabalhou na Cteep e posteriormente na Hidrovia Tietê Paraná em Bariri, onde se aposentou em 2011, depois de 38 anos de atividades. 

Escreve há 20 anos para o JC - Jornal da Cidade de Bauru onde é um de seus colaboradores. Da mesma forma escreve para o Diário da Manhã de Goiânia e tem seus artigos publicados semanalmente no Blog Uberlândia Hoje. 

Após sua aposentadoria foi colunista da Rádio Auriverde de Bauru, onde atuou como comentarista dos programas de jornalismo da emissora. Hoje é da equipe de comentaristas da Rádio FM Jovem Pan News Bauru semanalmente.

O livro De Sarney a Temer – Uma incipiente democracia retrata um período de aproximadamente 33 anos da democracia brasileira, desde o final da Ditadura Militar em 1984. Fazendo um passeio desde a retomada da liberdade de expressão e a plenitude da nossa democracia até os dias atuais. 

O autor lançou em 2012 sua primeira obra uma coletânea de poesias chamada O Tempo na Varanda. Em 2013 lançou seu segundo livro O Humor no Trabalho. Há tempos escreve e trabalha com projetos de cidadania. Conheça mais sobre o Rafael acessando o Blog dele, http://falandoummonte.blogspot.com.br, ou pelo Twitter @rafamfilho.

De Sarney a Temer – Nossa incipiente democracia!
Nossa incipiente democracia terceiro livro do autor, retrata um período de aproximadamente 33 anos da democracia brasileira, desde o final da Ditadura Militar em 1984 até os dias atuais da nossa conturbada democracia. 

Fazendo um passeio desde a retomada da liberdade de expressão e a plenitude da nossa democracia, passando pelas eleições, seus vencedores, pelos resultados dos pleitos eleitorais e pelo impeachment de Fernando Collor e Dilma Rousseff.

O livro contém dados, números, nomes e fatos deste período intenso da nossa jovem democracia. Tentando demonstrar ao leitor o quão incipiente e imatura é a nossa democracia. Onde fica claro a necessidade do maior envolvimento e participação política da nossa sociedade, que muitas vezes se afasta permitindo que os atores principais fiquem sem controle e sem nenhuma fiscalização daqueles que justamente os colocaram no poder executivo ou legislativo.

O livro revê os episódios marcantes dos últimos 33 anos da política brasileira como a luta pela redemocratização, o impeachment de Collor, a era FHC, a chegada do PT de Lula e Dilma ao poder e a posse de Temer com o impeachment de Dilma.

Olá Rafael. É um prazer contar com a sua participação no Blog Divulgando Livros e Autores da Scortecci do Portal do Escritor.

Do que trata o seu Livro? Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua obra?
Surgiu ao perceber que muitos jovens estavam sem saber a verdadeira história do país pós-revolução militar, incluindo o período que se seguiu até os dias atuais. Resolvi então, escrever e reproduzir estes momentos vividos por mim e com a ajuda de pesquisas para poder compreender o período de 33 anos entre 1985 e os dias atuais. Período que compreende a redemocratização do país, com a volta da liberdade de expressão e o direito sagrado ao voto para poder eleger um presidente da república e os demais representantes.

Fale de você e de seus projetos no mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Este é meu terceiro livro após me aposentar no Setor Elétrico Paulista, onde trabalhei por 38 anos, até 2011, quando comecei a escrever meus livros. Pretendo seguir escrevendo livros, além de manter meu Blog Falando Um Monte - https://falandoummonte.blogspot.com/ onde coloco artigos, textos sobre política, economia e assuntos diversos do nosso cotidiano.

O que você acha da vida de escritor em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
Não é fácil ser escritor ou viver de literatura num país onde a Educação é relegada a terceiro plano, a economia é feita para grandes grupos e não para o conjunto da sociedade. A quantidade e o valor dos impostos são aviltantes, em relação ao retorno praticamente inexistente. Editar um livro tem um custo relativamente alto, as vendas são muito difíceis e os autores tem pouco espaço para divulgação.

Como você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
É meu segundo lançamento pela Scortecci, conheci pela internet, e, não consigo imaginar um novo livro que não seja lançado por esta equipe profissional e extremamente gentil deste Grupo Editorial. Desde o primeiro contato até a entrega dos exemplares recebemos todas as informações com muita qualidade e rapidez.

O seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?
Vou transcrever uma critica literária sobre o livro, feita pelo critica Profº José C. Bortoloti do Rio Grande do Sul: "Rafael começa a mostrar, historicamente, com dados, com bibliografia, com fontes fidedignas lá com Tancredo Neves e a posse de Sarney e chega a Temer, nosso atual Presidente da República.

Nesse período todo, nada foi esquecido por Rafael: A inflação, os salários, as moedas, os congressos, os partidos, as alianças...
Todo brasilês deveria ler essa obra do Bauruense, antes de votar nessas eleições que estão próximas. Espero que haja.
Nada vai mudar. Não importa. Continuemos na obra de Rafael – De Sarney a Temer -, eis o que importa agora.
Na dedicatória você poderá estranhar ter duas citações:
A primeira de Eduardo Galeano, o jornalista e escritor Uruguaio que morreu em 2015, famoso por sua obra “As Veias Abertas da América Latina”, considerado por muitos como socialista. Mas você entende, logo em seguida por que Rafael coloca Winston Churchill como segunda citação. Pronto está formado o inicio e o final do livro, assim como seu título faz referência.
A continuidade da frase (utilizada no inicio) de Stephen Kanitz continua ...(...) Nós administradores, colocamos os melhores profissionais mesmo não os conhecendo, e colocamos auditores internos e externos e ainda sistemas de segurança para não sermos pegos de surpresa. Nem sempre isso funciona, mas tente despedir um amigo que se mostra incompetente que você conhece há 20 anos...!” Conclui a frase do autor, citada por Rafael.
Com essa frase, na página 122, Rafael faz uma clara referência com advertência do que acontece nos meios públicos, principalmente o federal, com os amigos e os amigos dos amigos, todos literalmente sendo muito bem tratados pelo Estado, para não haver, digamos traição. Rafael foi feliz. Não deixa opiniõesinhas baratas na obra. Mostra a história política recente para quem quiser ver. E creiam-me a grande maioria dos Brasileses precisa ver, ler, estudar e saber o que está acontecendo nesse período da obra, com a política nacional.
Não se preocupe, não é uma enciclopédia, é um volume de 140 páginas. A grande maioria vai necessitar ler duas vezes para entender.

Uma pequena maioria vai ler reconhecer (se viveu nesse período) ou então conhecer se é além do período inicial.
Rafael teve um prefácio magnífico escrito por Paulo Cesar Razuk. Professor Titular aposentado da UNESP – campus de Bauru.
A análise inicial da obra é claríssima e dotada de um espírito profundo de cidadania e civilidade. De Sarney A Temer – Nossa Incipiente Democracia – É a obra atual brasilesa, que, repito, todos deveriam ler, antes das eleições.
Valeu guerreiro paulista e bauruense, amigo, sobretudo, pela brilhante reflexão histórica de nosso atual Brasil político. 
Eis tua ajuda, guerreiro, para a juventude atual entender o processo após os Militares no Brasil".


Obrigado pela sua participação.