Seguidores

26 de janeiro de 2022

O dia em que Queiroga rasgou seu diploma de médico!

 Antes de ser ministro do governo Bolsonaro, Marcelo Queiroga é médico, estudou medicina, se formou, prestou um juramento e deveria respeitá-lo, assim como a profissão que o abraçou e o povo brasileiro. Infelizmente, esse cidadão, ao contrário, não respeita nem a si mesmo, tendo jogado seu currículo e sua história no lixo. Defendeu ao longo da pandemia tratamentos precoces inócuos, que utilizavam medicamentos que nunca foram aprovados cientificamente para tratar da Covid.

Agora mais um exemplo dessa insanidade acaba de acontecer quando Queiroga contraria entidades científicas e afirma que há eficácia e segurança no uso da hidroxicloroquina contra a Covid-19. Algo que até um jovem no ensino médio já sabe ser mentira. Na mesma nota técnica, Queiroga declara que as vacinas não demonstram essas características. Os textos arquivados contraindicavam o uso de medicamentos do chamado kit Covid.

A manifestação antivacina foi feita em tabela dentro de documento assinado pelo secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Hélio Angotti, uma liderança de ala do governo defensora das bandeiras negacionistas do presidente Jair Bolsonaro (PL). As pessoas que pensam, que usam o raciocínio, já sabiam da postura negacionista, burra e um tanto quanto criminosa da chamada ala que compunha o Gabinete paralelo de Bolsonaro, pessoas, inclusive médicos contrários as vacinas e favoráveis a Cloroquina e outros curandeirismos tupiniquins.

As diretrizes rejeitadas haviam sido elaboradas por especialistas de entidades médicas e científicas e aprovadas pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS), que havia seguido estudos aprovados e analisados por organismos renomados da ciência e da medicina mundial.

Na mesma tabela, o ministério afirma que a hidroxicloroquina é barata, não tem estudos "predominantemente financiados pela indústria", mas não é recomendada por sociedades médicas. Já a vacina, segundo a pasta, é cara, tem estudos bancados pela indústria e é recomendada por essas entidades.

Esse argumento reforça distorções já levantadas pelo presidente Bolsonaro de que há interesses impróprios na aprovação das vacinas. Algo novamente leviano, sem provas, sem cabimento científico ou técnico, mas que o Presidente usa nas falas com seus aliados, com seus seguidores xiitas e com sua equipe técnica.

A diretora da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) Meiruze de Freitas reagiu à nota da Saúde e disse que "todas as vacinas autorizadas no Brasil passaram pelos requisitos técnicos mais elevados no campo dos estudos clínicos randomizados (fase I, II e III) e da regulação sanitária".

"Não é esperado e admissível que a ciência, tecnologia e inovação no Brasil estejam na contramão do mundo", afirmou a diretora. "É preciso que todos estejam unidos na mesma direção, ou seja, salvar vidas", completou.

O Ministério da Saúde aponta que não há demonstração de efetividade da vacina "em estudos controlados e randomizados" nem de segurança "em estudos experimentais e observacionais adequados". Mesmo depois de mais de 620 mil mortos, com milhões vacinados e suportando a variante ômicron sem tantos óbitos e internações em UTIs, temos que ler uma aberração como essa no Brasil.

Ainda afirma que outros tratamentos contra a Covid não têm resultado, como manobra de prona e ventilação não invasiva. Na tabela, a pasta diz que anticorpos monoclonais funcionam. A tabela contradiz declarações oficiais da Saúde. Em nota a pasta disse que "a vacinação é segura e foi autorizada pela Anvisa".

Ao assumir o Ministério da Saúde, em março de 2021, Queiroga anunciou que promoveria o debate na Conitec para encerrar a discussão sobre o uso do kit Covid. Ele indicou o médico e professor da USP Carlos Carvalho, contrário aos fármacos ineficazes, para organizar grupo que iria elaborar os pareceres.

Queiroga, porém, modulou o discurso e tem investido em agrados a Bolsonaro para se agarrar ao cargo. Ele passou a evitar o tema, ainda que admita a colegas que não vê benefícios no uso destes medicamentos.

O ministro ainda alterna, em discursos, elogios à compra e entrega das vacinas com acenos à ala bolsonarista que duvida da segurança e eficácia da imunização. Gestores do SUS cobram que Queiroga, além de atuar na compra das doses, faça campanha de estímulo a imunização das crianças.

Nas redes sociais, porém, a Saúde aposta em reforçar que a imunização dos mais jovens é uma decisão dos pais e responsáveis. Especialistas e sociedades médicas que participaram da elaboração da diretriz preparam um recurso ao ministério para reverter a decisão de rejeitar o texto. Devem assinar o recurso a Amib (Associação de Medicina Intensiva Brasileira), a SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), a SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia) e a AMB (Associação Médica Brasileira).

"Não tem lógica e base técnica nenhuma essa análise [do ministério]", afirma o infectologista Júlio Croda, pesquisador da Fiocruz e professor da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul). "Mostra claramente que é uma decisão política [rejeitar a diretriz] e não técnica".

"Já passou do ato de ato de autonomia médica para algo criminoso, de indução do uso de medicações sem nenhuma comprovação científica", disse ainda Croda.

Queiroga, além de jogar seu diploma no lixo, demonstra que é submisso a um político energúmeno, rasteiro e que insiste na direção contrária do mundo civilizado. Atitude que se traveste de muita covardia, na medida que poderia ter pedido demissão há muito tempo, se tivesse coragem. Ao que tudo indica, a única coisa que diferencia Marcelo Queiroga do General Pazuello que ocupou o cargo que o antecedeu era o fato de não ser médico.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

20 de janeiro de 2022

Forte social e cultural!

Euclydes da Cunha faz aniversário. A Casa Euclidiana, em São José do Rio Pardo o homenageia. O Projeto de Extensão Fórum Euclides, coordenado por Anabelle Loivos Considera, professora da UFRJ, continua ativo e todo ano comemora a efeméride com inauguração de um novo fórum e várias atividades, tal como a divulgação do Movimento Euclidiano de Cantagalo no dia de hoje (https://www.instagram.com/encontroseuclidianos/). José Antonio Bittencourt Ferraz, da Academia de Letras de Lorena, que tem Euclydes da Cunha por patrono, fez postagem comemorativa à efeméride (http://escritoresvaleparaibanos.blogspot.com/2022/01/euclides-da-cunha.html). 

São exemplos daquilo que está próximo a mim. E fico me perguntando: o que Euclydes estaria escrevendo sobre o momento político e social atual? Com certeza não seria negacionista, engenheiro que foi, nem tampouco estaria contra a população, denunciante que foi das mazelas que viu em Canudos. Tinha seu gênio forte, foi negligente quanto ao próprio relacionamento conjugal, mas estaria discutindo a reconstrução do país depois da devastação pela qual estamos passando.

No misto da ação social com a cultural, seguimos com um início incipiente dessas atividades, mais uma vez em estado de atenção pela nova onda pandêmica que surge. Infelizmente, parece que vivemos a subversão dos versos camonianos: "cesse tudo o que a musa antiga canta, / que outro valor mais alto se alevanta". No entanto, algumas das instituições culturais a que pertenço continuam realizando reuniões virtuais com êxito. A já mencionada Academia de Letras de Lorena parou por algumas semanas devido às férias, mas já está com programação intensa para a retomada. A Seção Campinas da União Brasileira de Trovadores mantém um grupo de WhatsApp dinâmico com divulgação de trovas e discussões para aprimoramento dessa arte. Acabou de lançar a terceira edição do informativo Trova Viva. A Ondularte, a mais recente instituição a que pertenço, inicia nesta semana suas reuniões. O virtual está longe do caloroso abraço; porém, diminui a distância e mantém a conversação. Há os que sumariamente não querem assim proceder, esperando a volta de um suposto normal, seja lá o que isso signifique.

Outros famosos completariam aniversários por esses dias, com significativas atuações sociais e culturais, além daqueles que morreram em datas próximas. Não adentrarei a longa lista, mas se Elis Regina entrar nessa discussão é pelo saudosismo da perda, restando a inevitável especulação: quanto aquela pessoa de talento (qualquer que seja, não apenas a Pimentinha) deixou de fazer pela morte precoce? Uma inteligência marcante, um discurso contundente, uma voz singular, uma mente poética. As personalidades deixam sua obra por esses e outros motivos e não é por menos que nos enveredamos por insanas buscas por aquele inédito, aquela gravação rara, o rascunho de um texto, a inspiração de outro. A tentativa é de eternizar o que, por natureza, é efêmero, pensando na existência do protagonista. Sua obra sim, é para sempre se assim o quisermos e para isso trabalharmos. Isso incluiu manter a ardida polêmica de que Pimenta não está nos olhos nem no nome de Euclydes. Festejemos, pois, a vida!

Autor: Adilson Roberto Gonçalves – Pesquisador/Researcher - Instituto de Pesquisa em Bioenergia – IPBEN - Publicado no Blog dos 3 Parágrafos

E o bolsonarismo, também se tornará endêmico?

 

                                                         Foto Evaristo SA/AFP

Com a variante ômicron se espalhando cada vez mais rápido, há quem diga que a covid-19 logo pode se tornar endêmica: quer dizer, ela veio para ficar, mas como doença comum e menos agressiva. Vamos conviver com o coronavírus, que fará parte das nossas vidas. E o bolsonarismo, outro fenômeno que apareceu e se espalhou rapidamente pelo Brasil inteiro nos últimos anos? Também veio para ficar? E em que grau?

Nos Estados Unidos, o trumpismo se mostra forte e persistente, mesmo mais de um ano depois da derrota eleitoral de Donald Trump e exatamente um ano depois da saída dele do poder. Parece que o trumpismo realmente veio para ficar, ou, melhor dizendo, para voltar ao poder. As chances de isso acontecer em 2024 parecem razoavelmente grandes. Até com uma figura principal que não seja o próprio Trump, mas um ou uma aliada como representante oficial do trumpismo.

Mas e o bolsonarismo, que surgiu como cópia tropical e tupiniquim do trumpismo? Pelas pesquisas de opinião, o próprio Jair Messias Bolsonaro pode sofrer, nas eleições do fim deste ano de 2022, uma derrota de dimensões bem maiores do que a do próprio Trump. Ou, em outras palavras: Bolsonaro pode nem chegar ao segundo turno, em outubro. Corre risco de perder no primeiro turno de Lula, seu maior rival. Bolsonaro sobreviveria a isso politicamente? Voltaria como candidato forte outra vez em 2026? Ou com um herdeiro em seu lugar?

Acontece que há uma grande e - provavelmente - decisiva diferença entre o trumpismo e o bolsonarismo. O trumpismo hoje domina o Partido Republicano quase por completo. Assim, controla metade do sistema partidário americano. No partido, quem dá as cartas é o próprio Trump. Candidatos contrários a ele quase não têm chance de serem oficializados nas próximas eleições. E com sua própria rede social, a ser lançada em fevereiro, Trump ganhará ainda mais influência.

Já o bolsonarismo nem sequer conseguiu criar um partido novo próprio. A ideia de transformar a Aliança pelo Brasil em partido não vingou, e achar uma legenda alternativa para se abrigar tem sido difícil.  E ao invés de dominar um partido (como o PL, que abriga Bolsonaro agora), o Centrão se aproveita da fraqueza do presidente. Assim, é o contrário do que a gente vê com os republicanos americanos e Trump.

Bolsonaro tampouco teve êxito na criação de algum mito fundador ou unificador de um movimento. Nos Estados Unidos, a lenda das eleições roubadas tem apelo entre milhões. E mesmo sendo bilionário, Trump virou mito entre uma grande parte dos cidadãos decepcionados, como figura de vingador. Mas e no Brasil? Qual o mito criado pelo "mito" que veio para ficar? Seria a facada de setembro de 2018 e a suposta grande conspiração por trás dela o mito unificador ou criador do bolsonarismo? Improvável.

E o discurso do perigo comunista, que Bolsonaro copiou de Trump? Cola apenas nas mentes dos fanáticos, dificilmente funciona com a grande massa. E posar de político honesto fica cada vez mais difícil com tantas rachadinhas aparecendo. Qual seria, portanto, a mensagem principal do bolsonarismo? Ou seria bolsonarismo apenas uma palavra vazia?

Outra grande diferença entre o The Real Donald Trump e o Trump tropical (Bolsonaro) é o dinheiro. Trump já era rico antes de entrar para a política, e agora pode trazer sua riqueza para dentro da sua campanha. Para ele, a política parece servir à sua vaidade.

Enquanto isso, Bolsonaro e sua família enriqueceram com os cargos públicos que o sistema político brasileiro oferece aos políticos. Em outras palavras: Bolsonaro entrou na política para ficar rico. E o fez de forma pouco camuflada e muito descarada. A maioria dos brasileiros vai querer repetir a dose em 2026? Duvido.

 Autor: Thomas Milz Jornalista e fotógrafo – Artigo publicado no Site DW.

19 de janeiro de 2022

A morte anunciada das ferrovias no Brasil!

 Uma das muitas canções antológicas dos geniais compositores Milton Nascimento e Fernando Brant, chamada Ponta de Areia, lançada lá pelos idos de 1975, retratava a tristeza pelo fim da linha férrea que ligava Minas ao Porto ao mar. A lendária estrada de Ferro Bahia Minas, com seus 582 km entre Araçuaí (MG) e o distrito de Ponta de Areia (BA). 

Essa canção era naquele momento o prenúncio do sucateamento que seria feito com o sistema ferroviário brasileiro. Até aquela ocasião, o Brasil já havia perdido cerca de oito mil quilômetros de ferrovia, acelerando na direção contrária do mundo civilizado, do chamado primeiro mundo, que modernizava suas máquinas e trilhos no sentido de andar mais rápido e servir melhor ao transporte de pessoas e cargas.

A opção feita por Juscelino Kubitschek em trazer e ampliar o parque automobilístico nacional, instalando aqui fábricas de automóveis e caminhões, foi a gota d’água para que as ferrovias sucumbissem ao poder econômico e a uma decisão errada. As duas coisas poderiam e deveriam caminhar lado a lado, mas faltou visão naquele momento ao presidente JK, o mais visionário que já tivemos em 133 anos de república.

Se o ciclo do café foi o percursor da construção das ferrovias no país, no século 19, desde a Estrada de Ferro Mauá em 1854, que ligava o Vale do Paraíba ao Porto de Magé, na baixada fluminense. Num período onde o café representava 50% das exportações brasileiras, o ciclo automotivo foi o vilão do sistema ferroviário nacional nas décadas seguintes as instalações do parque industrial automotivo no Brasil.

As ferrovias no mundo inteiro foram se adaptando às necessidades comerciais e de transporte de passageiros, não ficando refém de apenas um determinado segmento comercial, como no Brasil, onde o despencar das exportações de café, por exemplo, determinaram uma queda brutal nos transportes via férrea. Quando tínhamos e temos centenas de outros produtos que deveriam ser transportados pelas ferrovias e colocados em integrações modais com rodovias, hidrovias e aeroportos regionais, completando assim uma logística imbatível para o manuseio e transporte de cargas e pessoas no país.   

As ferrovias foram, durante muitos anos, a única forma de locomoção disponível para o transporte de cargas e de pessoas no Brasil. E foi nesse contexto que a malha chegou a quase 30 mil km de extensão na década de 1920, quando veio o baque da crise de 29. O crash da bolsa nos Estados Unidos, na época o maior comprador de café brasileiro, e a grande depressão que se seguiu tiveram impacto direto sobre o Brasil.

A decadência do sistema ferroviário culminaria na estatização das estradas de ferro, aliadas a dependência completa do petróleo para fazer rodar uma frota gigantesca de caminhões que tomaram as estradas nacionais.

Hoje com o combustível dolarizado, com o diesel sendo comercializado por cerca de R$ 7,00 reais o litro em algumas cidades do Brasil, com preço do frete cada vez menor e os pedágios sendo fonte de assalto aos motoristas, pelos preços abusivos das concessionárias, o transporte rodoviário agoniza lentamente.

           Devemos ressaltar que a opção por caminhões não fez com que o mesmo governo tivesse a capacidade de abrir novas estradas em quantidade e qualidade necessária para suprir a demanda do transporte da safra e dos produtos comercializados no país. Ainda temos no Centro Oeste, Norte e Nordeste muitas regiões com estradas sem asfalto, sem duplicação, em condições inaceitáveis em pleno século XXI.  

                                                Acima no Japão e abaixo no Brasil
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública

https://www.youtube.com/watch?v=GgjVtsznPs4  

17 de janeiro de 2022

A imoralidade do Fundo Eleitoral!

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou o valor exato do fundo partidário que será repartido entre os 35 partidos existentes em 2022: R$ 5.700.000.000,00. Veja quanto partido deverá receber:

MDB - R$ 234.232.915,58

PT - R$ 212.244.045,51

PSDB - R$ 185.868.511,77

PP - R$ 131.026.927,86

PSB - R$ 118.783.048,51

PR - R$ 113.165.144,99

PSD - R$ 112.013.278,78

DEM - R$ 89.108.890,77

PRB - R$ 66.983.248,93

PTB - R$ 62.260.585,97

PDT - R$ 61.475.696,42

SD - R$ 40.127.359,42

Podemos - R$ 36.112.917,34

PSC - R$ 35.913.889,78

PCdoB - R$ 30.544.605,53

PPS - R$ 29.203.202,71

PV - R$ 24.640.976,04

PSOL - R$ 21.430.444,90

Pros - R$ 21.259.914,64

PHS - R$ 18.064.589,71

Avante - R$ 12.438.144,67

Rede - R$ 10.662.556,58

Patriota - R$ 9.936.929,10

PSL - R$ 9.203.060,51

PTC - R$ 6.334.282,12

PRP - R$ 5.471.690,91

DC - R$ 4.140.243,38

PMN - R$ 3.883.339,54

PRTB - R$ 3.794.842,38

PSTU - R$ 980.691,10

PCB - R$ 980.691,10

PCO - R$ 980.691,10

PPL - R$ 980.691,10

Novo - R$ 980.691,10

PMB - R$ 980.691,10

Observem que o dinheiro é tirado do povo das taxas e impostos, que deveriam ter seu destino para saúde, educação e segurança. Levantamento com base no julgamento do TSE da avaliação das despesas dos partidos somam com irregularidades R$ 76,8 milhões, segundo análise de 2015 do TSE; verba pública destinada às legendas também pagou defesa de réus da Lava Jato e festas.

Em 2015, a situação já era imoral, ilegal, porém, nada foi feito para estancar essa sangria com recursos do povo brasileiro de 2016 a 2021. De cada R$ 100 recebidos pelos partidos de dinheiro público, R$ 10 foram gastos de forma questionável. Esse foi o entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao julgar as prestações de contas das siglas.

Entre as despesas que a Justiça Eleitoral reconheceu como irregulares estão compras de itens de luxo, festas, reforma em imóveis de dirigentes, viagens injustificadas, pagamentos em duplicidade e honorários para advogados de réus da Lava Jato, além de indícios de falsidade ideológica.

Embora as despesas sejam de quase sete anos atrás, esse é o período mais recente analisado pelo TSE. Toda a movimentação do Fundo Partidário desde então ainda está passível de apreciação pelo TSE. O tribunal prioriza a avaliação de gastos eleitorais, principalmente dos vencedores, mas as despesas dos derrotados e dos partidos não seguem o mesmo ritmo, até porque os prazos são menos exíguos. Isso mostra infelizmente que a nossa justiça motiva e incentiva de forma indireta a corrupção, os desmandos e as falcatruas. Se fosse célere e rigorosa como a Receita Federal é com os brasileiros comuns, com certeza isso não aconteceria.

Dos R$ 811 milhões disponíveis para os partidos em 2015, R$ 76,8 milhões foram considerados irregulares pelo TSE. Naquele ano, nenhuma sigla passou incólume pelo crivo. Tiveram as contas reprovadas 20 legendas. Outras 13 foram aprovadas com ressalvas.

Imaginem essa mesma proporção em 2022, quando os valores são ainda maiores e teremos R$ 5,7 (cinco bilhões e setecentos milhões) a disposição dos partidos. Mantidos os mesmos percentuais dos gastos irregulares de 2015 podemos supor que cerca de R$ 550 milhões serão gastos de forma ilegal.

Não à toa a maior parte da sociedade brasileira é frontalmente contra a destinação desses recursos para que sejam manipulados por pessoas e políticos sem qualquer zelo e honestidade. Os recursos destinados aos partidos deveriam ser por eles angariados, assim como o fazem as entidades de assistencialismo e escolas de samba no país. Ou seja, com a realização de “Ação entre amigos”, festas, churrascos, shows beneficentes, etc. Tudo menos o nosso dinheiro.

Essa gastança sem controles, auditorias e vigilância do TSE explica o porquê de tantos políticos lutarem pelo aumento das verbas deste fundo imoral, essa excrescência que avilta um povo que tem milhões passando fome e sem empregos no país.

Prestação de contas

Contas de 20 partidos foram desaprovadas pela Justiça Eleitoral e 13 passaram por aprovação com ressalvas. Enquanto os incautos discutem urnas eletrônicas e voto impresso, os malandros os enganam arrebatando milhões dos nossos bolsos.

Avaliação do TSE                     Aprovadas                  Rejeitadas

Partidos

Percentual das irregularidades identificadas.

Valor total das irregularidades apontadas em reais.

PCB

52,22

923.981,95

PROS

48,39

10.714.595,94

PMB

46,62

135.618,22

PSOL

40,79

6.009.091,08

PATRIOTAS

33,10

6.996.812,28

PHS

33,10

3.073.540,58

DC

25,16

1.423.188,21

PMN

22,13

1.238.094,25

PRTB

19,64

1.018.247,89

NOVO

14,90

933.777,98

CIDADANIA

14,86

2.637.906,39

PDT

14,51

4.477.445,05

PSL

13,56

1.118.353,31

DEM

12,48

4.494.842,01

PRP (Patriota 2019)

9,69

725.035,17

SOLIDARIEDADE

8,22

1.986.507,41

PT

7,18

8.340.316,72

PSTU

7,06

206.760,27

PSB

6,38

3.479.415,18

PODEMOS

5,36

400.683,35

PC DO B

5,28

914.601,70

PL

5,02

2.595.527,07

REDE

5,00

19.736.52

PP

4,89

2.737.112,88

PSDB

4,25

4.057.612,51

MDB

2,96

2.758.713,14

REPUBLICANOS

2,96

456.982,79

PSD

2,79

1.450.793,20

PTB

2,67

780.936,24

PV

1,84

337.635,48

AVANTE

1,76

156.320,00

PSC

0,98

223.376,05

PTC

0,68

28.922,85

TOTAL

-X-

76.852.483,67

Obs.: Contas do PPL (incorporado ao PC do B) ainda não foram julgadas e o
PCO não teve julgamento encontrado.
Fonte: Dados da Justiça Eleitoral organizados pela iniciativa Freio na Reforma.

Enquanto a nossa sociedade aceitar sem questionamentos aquilo que os políticos e os governantes fazem a bel prazer, este país permanecerá vivendo com desigualdades brutais, corrupção, desvios de finalidade dos recursos que são oriundos dos nossos impostos. É preciso que a sociedade participe das decisões e questione aquilo com o qual não concorda. 

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.