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25 de dezembro de 2022

Mensagem de agradecimento e boas festas do Blog!

Os anos difíceis estão chegando ao final, depois de seis anos de tristeza, desgoverno, ódio e mortes por incompetência e negacionismo, enfim, teremos um novo ano com a certeza de que as coisas começam a voltar ao que podemos denominar de normalidade.

É fato que, resistimos bravamente, lutamos nas redes sociais e nas ruas e passamos incólumes por este período de provações desde o golpe na democracia de Temer até a eleição de um vagabundo que não trabalhou por quatro anos.

Resistimos a um presidente negacionista, mentiroso compulsivo e desleal para com adversários e o povo brasileiro. Que os ventos fortes o levem em 2023, para bem longe...

Agradeço imensamente a todos que permanecem acessando, lendo, compartilhando e seguindo meu Blog Falando Um Monte em mais um ano que se encerrou.

Foram milhares de acessos que somados aos dos 13 anos anteriores perfazem mais de 1.580.000 mil visualizações em 14 anos de existência. Com 1.750 postagens de artigos de minha autoria e de diversos autores de jornais, sites e blogs famosos. 

Desejo a todos boas festas! E um ano novo, com mais saúde, energias positivas, alegrias, solidariedade, fé e um novo presidente que reergue nossa nação com trabalho, trabalho e muito trabalho.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político, Graduado em Gestão Pública.

19 de dezembro de 2022

O silêncio de Bolsonaro não é inocente!

A reclusão do presidente contrasta com seu ativismo digital, mina sua credibilidade como futuro líder da oposição e deve entravar persistência do bolsonarismo.

                                              Foto: Andressa Anholete - Getty Images

Em pleno processo de transição de governo, o silêncio do presidente Jair Bolsonaro (PL) diz mais que sua usual atitude estridente nas redes sociais. Esquivar-se de assumir a derrota por meio de uma estratégia de reclusão, contrastante com seu intenso ativismo digital dos últimos tempos, não soa como um cálculo político racional.

Bolsonaro perde mais do que ganha com esse comportamento.

Em suas raras aparições públicas desde a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas, o atual chefe do Executivo cuidou de ser evasivo o suficiente para não desmobilizar os recentes atos que contestam o resultado das eleições e atacam a democracia – como o bloqueio das estradas e os movimentos violentos em Brasília, ocorridos durante a diplomação de Lula e seu vice, Geraldo Alckmin (PSB). Esse parece ser seu objetivo central até o momento. Nas poucas palavras que proferiu, nenhuma menção direta ao reconhecimento de sua derrota nas eleições, ao processo de transição de governo e às expectativas sobre seu desempenho para montar uma oposição articulada.

Enquanto Bolsonaro permanece calado, o processo de transição segue seu rito. E sem poupar críticas e apontar falhas da administração atual. Lula foi enfático quanto a isso: "nós teremos uma radiografia perfeita do estrago que foi feito nesse país", afirmou, durante cerimônia de encerramento dos trabalhos dos grupos técnicos do gabinete de transição, no último dia 13.

Em meio a discussões sobre o "revogaço" [a anulação de medidas do governo Bolsonaro já no início de 2023] e a PEC da Transição, Bolsonaro não se mostra disposto a romper o silêncio nem mesmo para defender as escolhas de sua administração, reivindicar créditos de seu governo ou dirigir críticas às mudanças significativas que o novo governo já sinaliza.

Se o atual presidente não esboça qualquer reação, é difícil presumir que tenha uma atitude proativa e seja capaz de conduzir a articulação de contraponto ao futuro governo Lula no Congresso. Apoiadores de Bolsonaro, inclusive dentro do PL, seu partido atual, se mostram reticentes quanto à sua capacidade de liderar uma oposição articulada.

As questões que emergem dessa estratégia do silêncio geram impactos no ambiente político a partir de 2023, tanto no que se refere à configuração do bloco oposicionista ao novo governo quanto ao futuro do bolsonarismo. Diante disso, como será o amanhã de Bolsonaro após a virada do ano de 2022? A chama do bolsonarismo permanecerá acesa, ecoando um movimento persistente, ou a fragilidade política de seu líder tende a desmobilizar esses atos?

Perfil político frágil de Bolsonaro

Até o momento, as atitudes do presidente em exercício demonstram incapacidade de ir além do papel de líder personalista, estando ou não à frente do governo. Esse comportamento tende a reiterar um perfil político frágil, que vem se desenhando ao longo de sua trajetória política.

Nos 27 anos de mandato como deputado federal, Bolsonaro nunca exerceu cargo de liderança e figurou como um parlamentar do baixo clero por todo o período. Ao chegar à Presidência da República, apresentou mais do mesmo: revelou-se um presidente fraco, a despeito de estar inserido em um sistema que confere amplos poderes institucionais ao chefe do Executivo. Por não conseguir ocupar a posição de ator pivotal que o cargo de chefe do Executivo lhe confere, Bolsonaro deixou escapar oportunidades de atuar como uma real liderança política e decretou sua derrota na sucessão presidencial. Estreou a posição de primeiro presidente da Nova República brasileira que não alcançou a reeleição. Revelou-se limitado ao papel de governante incidental nos termos do conceito desenvolvido pelo cientista político Sérgio Abranches.

                                                     Foto: Ueslei Marcelino - REUTERS

Assim como outros exemplos de líderes incidentais pelo mundo afora (Trump é paradigmático nesse sentido), Bolsonaro tentou simular uma instabilidade eleitoral, questionando a segurança das urnas eletrônicas já no pleito de 2018, quando precisou concorrer em 2º turno e saiu vitorioso.

Ou seja, chegou ao poder por circunstâncias excepcionais, dado o clima político gerado pelo processo de impeachment de Dilma Rousseff, e ciente de que permanecer na cadeira de presidente por meio de uma reeleição não seria possível sem que fosse forjado um novo ambiente de fatores que induzissem a uma excepcionalidade.

Os planos de Bolsonaro foram frustrados. A despeito de seu caráter beligerante frente às instituições democráticas brasileiras, o sistema eleitoral do país se mostra crível e solidificado perante os próprios eleitores e elites políticas. Evidentemente, um governo incidental não sai de cena sem deixar marcas. As manifestações de apoiadores extremistas do presidente em exercício, que transformaram Brasília em palco de violência e desordem nessa semana, destacam uma faceta ignóbil desse legado.

A estratégia silenciosa de Bolsonaro diante desses eventos ecoa alto. Fica evidenciada a tática de inflamar o extremismo e impor dificuldades tanto ao processo de transição quanto à posse de um governo eleito pela via democrática. Mas não parece vislumbrar o outro lado da moeda. O comportamento do presidente derrotado representa uma escolha que tem impactos nada triviais em seu futuro político.

Bolsonaro parece desconhecer o uso estratégico que poderia fazer do capital político que conquistou nas urnas, não apenas quanto à sua expressiva votação, como também no que se refere aos ex-ministros e apoiadores de seu governo eleitos no último pleito.

Pouca credibilidade como liderança de oposição

Após sua derrota nas urnas, restaram-lhe dois caminhos, que em nada se assemelham a uma escolha trágica: estabelecer uma perspectiva mais consistente para liderar as oposições ao novo governo, reconhecendo que democracias requerem um ganhador e um perdedor; ou traçar um caminho de volta às suas origens, retomando o estilo de liderança radicalizado e direcionado às suas bases mais extremistas, com discursos estridentes pela via das redes sociais e insuficientes para uma articulação com o Congresso.

Ao que tudo indica, pelo menos até o momento, o futuro político de Bolsonaro tende a se manter limitado à segunda opção. A escolha por esse perfil de liderança revela uma ambiguidade: ao mesmo tempo em que impõe arranhões à democracia, expõe ainda mais sua vulnerabilidade como um ator político apto a articulações viáveis.

É cada vez menos crível sua capacidade de se assumir como uma liderança de oposição. E, se tudo permanecer assim, o bolsonarismo enfrentará dificuldades para se manter como um movimento persistente, sucumbindo à própria fragilidade que seu líder tem demonstrado ao longo de sua trajetória política.

 

Autora: Alessandra Costa – Coluna Planaltices – é mestre e doutora em Ciência Política pela UFMG, jornalista e pesquisadora do PEX (CEL-UFMG) - Publicado no DW.

18 de dezembro de 2022

Brasil - Nosso campo nossas mortes por venenos!

A liberação de agrotóxicos sempre foi um problema a mais na mesa dos consumidores brasileiros, além de ser um perigo iminente para os trabalhadores do campo, que acabam se contaminando facilmente com a inalação destes venenos a céu aberto.

A legislação ao longo dos últimos anos procurou obedecer às regras internacionais no que tange a liberação destes produtos em solo nacional. Entretanto, desde a posse de Jair Bolsonaro, decretos foram assinados liberando centenas de agrotóxicos, muitos deles proibidos em boa parte do planeta.

Somente no período de 2019 a 2022, 14 mil casos de intoxicações por produtos agrícolas foram registrados no país. Isso equivale a cerca de doze casos de intoxicação por dia, com 440 mortes neste mesmo período.

Nas intoxicações que aconteceram em plantações, há mais registros em lavouras de soja, fumo e milho. Durante o governo de Bolsonaro, o Brasil bateu o recorde de aprovações de agrotóxicos com mais de 1800 novos registros, sendo metade deles já proibidos na Europa e passou a discutir a aprovação do PL 1459/2022, apelidado de “Pacote do Veneno”, que pode facilitar ainda mais a aprovação dessas substâncias.

Está implícito que este é um dos fatores que levaram o chamado Agronegócio a apoiar Jair em 2018 e 2022, mesmo com um desempenho pífio na economia e na gestão em geral. A liberação dos agrotóxicos era fundamental para que estes empresários sem consciência alguma apoiassem quem o fizesse, independente de plataforma, partido ou projetos políticos.

Dentre as plantações que mais incidem venenos está a soja, seguida pelo fumo e o milho. Os empresários escondem os dados dos trabalhadores contaminados. Na última década, 7.163 trabalhadores rurais foram atendidos em hospitais e diagnosticados com intoxicação por agrotóxico dentro do ambiente de trabalho ou em decorrência da atividade profissional. É o que revelam dados da base de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde, de 2010 a 2019, obtidos via lei de acesso à informação pela Agência Pública e Repórter Brasil. 

No entanto, mesmo com o diagnóstico médico, apenas 787 trabalhadores tiveram a comunicação de acidente de trabalho (CAT) enviada ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Desses, só 200 receberam auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez.

Apenas dois destes venenos são responsáveis sozinhos pela morte de mais de duzentas pessoas no Brasil. Os herbicidas paraquate e glifosato levaram cinco pessoas por semana ao atendimento médico de emergência entre 2010 e 2019. No mesmo período, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estudou se retirava ou não os produtos do mercado, e considerou que apenas o paraquate representava risco à saúde. Mas, previsto para sair das prateleiras do Brasil em 22 de setembro deste ano, a decisão está agora sob pressão do lobby de empresas fabricantes de pesticidas, que tentam suspender a proibição. 

No Brasil temos lobby em nome de diversos fabricantes, produtores, empresários, grupos poderosos, menos para defesa da sociedade. Esses lobistas têm força, poder e acabam conseguindo até indicação de Ministros. É muito dinheiro concentrado que acaba sendo usado no “convencimento” dos parlamentares em favor dos produtos destas empresas.

No Brasil, 4.644 agrotóxicos estão liberados para uso, seja em atividades agrícolas ou não. Desses, 1.560 foram concedidos no governo Bolsonaro – o presidente iniciou seu governo em 2019, com a liberação de 475 produtos, seguido de 493 em 2020, 562 em 2021, e 30 nos três primeiros meses do corrente ano.

A maior parte destas substâncias, no entanto, não é mais usada nos EUA e na União Europeia (UE). De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pelo menos 37 dos agrotóxicos registrados desde 2019 são proibidos nos EUA e na UE por causa da toxicidade à saúde. Quando se considera os ingredientes ativos, o número cresce: 44% dos 475 agrotóxicos registrados no Brasil em 2019 foram banidos nos países europeus, segundo um relatório do Greenpeace.

Fica claro que numa ponta temos empresários gananciosos que não se preocupam com a saúde dos seus colaboradores nem do povo. Apoiados por um governo que não fiscaliza, não regulamenta e libera algo que mata sua gente.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.