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10 de dezembro de 2022

A Copa marcada pela homofobia e a intransigência política!

Normalmente as escolhas do Comitê da FIFA, uma entidade arcaica presidida por uma pessoa que jamais praticou o esporte e com um conselho suspeito formado por pessoas ultrapassadas, completamente fora dos nossos tempos, é controversa.

As denúncias sobre escolhas de países são várias, jamais apuradas para colocar na cadeia os que receberam propinas antes da votação para escolha de determinadas sedes. Foi assim na escolha das sedes da África do Sul, Brasil, Rússia, apenas para ficarmos nas últimas decisões.

Porém, nada se aproxima da escolha do Catar como sede da Copa do Mundo de 2022. Um Emirado absolutista e hereditário comandado pela Casa de Thani desde meados do século XIX. As posições mais importantes no país são ocupadas por membros ou grupos próximos da família al-Thani. Em 1995, o xeque Hamad bin Khalifa Al Thani tornou-se emir após depor seu pai, Khalifa bin Hamad Al Thani, em um golpe de Estado​​.

Um país que não aceita contraditórios, não aceita homossexuais, sequer permite que pessoas andem nos estádios com camisetas ou adereços que contenham um arco íris, símbolo mundial da luta pela liberdade de direitos LGBTQIA+. Não permite liberdade de culto a outras religiões.

O islã sunita é a religião predominante e oficial do Catar. A maioria dos cidadãos pertencem ao movimento salafista do islã sunita, com cerca de 5% de seguidores do islã xiita. De acordo o censo de 2004, 71,5% da população são muçulmanos sunitas e cerca de 5% são muçulmanos xiitas, 8,5% são estrangeiros cristãos e 10% são "outras" religiões estrangeiras. A lei xaria é a principal fonte da legislação do Catar de acordo com a Constituição.

Pois é nesse país pequeno, rico, com ditadura religiosa que a FIFA escolheu para ser sede da Copa do Mundo de futebol em 2022. Um evento de congraçamento esportivo e entre povos, com milhares de turistas. Nesta Copa, nem cerveja podem tomar livremente, não podem ou são cerceados de muitas coisas que são livres no resto do planeta.

As mortes ocorridas nos canteiros das obras dos estádios foram enterradas e quase não chegaram à mídia internacional. Foram muitos nepaleses e hindus mortos sob condições desumanas e precárias de trabalho sem que pudessem reclamar a quem quer que seja. A FIFA foi cúmplice e conivente.

Embora o país seja rico, por conta do petróleo e do gás natural, muito dinheiro correu por baixo dos dutos da ganância dos conselheiros da FIFA.

Um calor exagerado, onde no verão as temperaturas chegam a 50º, fizeram com que o evento fosse transferido de junho para novembro/dezembro. Porém, a FIFA não cansa de “inovar”: dos 16 países que disputavam a Copa em 1970, passamos para 24 em 1982, 32 atualmente e na próxima Copa que será realizada em três países – EUA, Canadá e México - serão 48 países.

Isso lembra antigo slogan usado no Brasil na ditadura militar: “Onde o governo vai mal, mais um time no Nacional”. O campeonato Brasileiro da época chegou a ter 128 clubes. Uma vergonha que a FIFA não tem pudor em adotar na maior competição de países no futebol mundial.

Poucos irão se lembrar da Copa no Catar, menos ainda terão saudade da sua realização. Fica a homofobia e a intransigência política religiosa como lembranças desse evento. 

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

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