Euclydes da Cunha faz aniversário. A Casa Euclidiana, em São José do Rio Pardo o homenageia. O Projeto de Extensão Fórum Euclides, coordenado por Anabelle Loivos Considera, professora da UFRJ, continua ativo e todo ano comemora a efeméride com inauguração de um novo fórum e várias atividades, tal como a divulgação do Movimento Euclidiano de Cantagalo no dia de hoje (https://www.instagram.com/encontroseuclidianos/). José Antonio Bittencourt Ferraz, da Academia de Letras de Lorena, que tem Euclydes da Cunha por patrono, fez postagem comemorativa à efeméride (http://escritoresvaleparaibanos.blogspot.com/2022/01/euclides-da-cunha.html).
São exemplos daquilo
que está próximo a mim. E fico me perguntando: o que Euclydes estaria
escrevendo sobre o momento político e social atual? Com certeza não seria
negacionista, engenheiro que foi, nem tampouco estaria contra a população,
denunciante que foi das mazelas que viu em Canudos. Tinha seu gênio forte, foi
negligente quanto ao próprio relacionamento conjugal, mas estaria discutindo a
reconstrução do país depois da devastação pela qual estamos passando.
No misto
da ação social com a cultural, seguimos com um início incipiente dessas
atividades, mais uma vez em estado de atenção pela nova onda pandêmica que
surge. Infelizmente, parece que vivemos a subversão dos versos camonianos:
"cesse tudo o que a musa antiga canta, / que outro valor mais alto se
alevanta". No entanto, algumas das instituições culturais a que pertenço
continuam realizando reuniões virtuais com êxito. A já mencionada Academia de
Letras de Lorena parou por algumas semanas devido às férias, mas já está com
programação intensa para a retomada. A Seção Campinas da União Brasileira de
Trovadores mantém um grupo de WhatsApp dinâmico com divulgação de trovas e
discussões para aprimoramento dessa arte. Acabou de lançar a terceira edição do
informativo Trova Viva. A Ondularte, a mais recente instituição a que pertenço,
inicia nesta semana suas reuniões. O virtual está longe do caloroso abraço;
porém, diminui a distância e mantém a conversação. Há os que sumariamente não
querem assim proceder, esperando a volta de um suposto normal, seja lá o que
isso signifique.
Outros
famosos completariam aniversários por esses dias, com significativas atuações
sociais e culturais, além daqueles que morreram em datas próximas. Não
adentrarei a longa lista, mas se Elis Regina entrar nessa discussão é pelo
saudosismo da perda, restando a inevitável especulação: quanto aquela pessoa de
talento (qualquer que seja, não apenas a Pimentinha) deixou de fazer pela morte
precoce? Uma inteligência marcante, um discurso contundente, uma voz singular,
uma mente poética. As personalidades deixam sua obra por esses e outros motivos
e não é por menos que nos enveredamos por insanas buscas por aquele inédito,
aquela gravação rara, o rascunho de um texto, a inspiração de outro. A
tentativa é de eternizar o que, por natureza, é efêmero, pensando na existência
do protagonista. Sua obra sim, é para sempre se assim o quisermos e para isso
trabalharmos. Isso incluiu manter a ardida polêmica de que Pimenta não está nos
olhos nem no nome de Euclydes. Festejemos, pois, a vida!
Autor: Adilson Roberto Gonçalves – Pesquisador/Researcher - Instituto de Pesquisa em Bioenergia – IPBEN - Publicado no Blog dos 3 Parágrafos
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