A tortura de uma consciência
culpada é o inferno do ser
vivo.
John Calvin
A vocação do presidente Michel Temer
para escolher pessoas desqualificadas para cargos em seu ministério é
impressionante. Ele convoca apenas os mais enlameados com a sujeira da
corrupção. Uma lama que não tem tratamento nem saneamento e corre a céu aberto
em todo território nacional.
No final de 2017 e começo de 2018 o
país assistiu incrédulo a tentativa de Roberto Jefferson – PTB, de emplacar sua
filhinha, a deputada Cristiane Brasil como ministra do trabalho. A pressão
popular e da justiça impediu que ela fosse empossada. Porém, o partido indicou
novo integrante ao cargo.
Eis que em plena Copa do Mundo,
acontece uma nova fase de uma operação da Polícia Federal que elevou para oito
o número de ministros de Michel Temer investigados
por supostos delitos. Nesta quinta-feira, Helton Yomura (PTB), o desconhecido
ministro do Trabalho, e Carlos Marun (MDB),
responsável pela Secretaria de Governo, viram seus nomes serem citados em uma
investigação policial onde são suspeitos de concessão irregular de registros
sindicais.
O primeiro foi afastado do cargo por
uma decisão judicial de Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal. O
segundo foi apontado pela polícia como um dos beneficiários do esquema
delituoso, mas o mesmo Fachin seguiu a recomendação da Procuradoria Geral da
República e não acatou o pedido de busca e apreensão em seu gabinete. As
investigações contra ambos continuam. Tanto Yomura quanto Marun negaram
qualquer participação nos delitos.
Em uma Esplanada dos Ministérios com
29 ministros, a situação dos homens de confiança do presidente Temer já foi
pior. Ele já chegou a ter mais de dez ministros com inquéritos abertos no
Judiciário. O próprio Temer é alvo de ao menos
dois inquéritos e
de três denúncias criminais. Agora, em um período pré-eleitoral, a maioria dos
políticos que ocupava cargos no primeiro escalão deixou a função para poder
disputar as eleições.
Os que ficaram, ou são desconhecidos
do meio partidário, como Yomura, ou desistiram de concorrer a qualquer cargo
neste ano, que é o caso de Marun. Assim, com o afastamento de Yomura, até
figuras desconhecidas ou pouco relevantes politicamente começam a aparecer nos
escândalos de Brasília. No início da noite, o Planalto afirmou que Yomura pediu
exoneração do cargo e o pedido foi aceito pelo presidente. A oficialização da
demissão deve ser publicada no diário oficial desta sexta-feira. De acordo com
os jornais O Globo e O Estado de S.Paulo, Eliseu Padilha foi
escolhido por Temer para assumir interinamente o órgão, acumulando o cargo com
a Casa Civil. Padilha é um dos oito nomes do Governo investigados por suspeita
de corrupção.
A terceira fase da operação batizada
de Registro Espúrio também investiga o deputado federal Nelson Marquezelli
(PTB-SP). Resultou ainda na prisão de três pessoas: o chefe de gabinete do
ministério do Trabalho, Júlio de Souza Bernardes, o superintendente do ministério
no Rio de Janeiro, Adriano José Lima Bernardo, e Jonas Antunes Lima, assessor
de Marquezelli. Ao todo, foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão. A
suspeita é que o grupo cobrava propinas e pedia apoio em troca da concessão de
registros sindicais.
Em sua defesa, Carlos Marun vociferou
aos berros que é alvo de uma campanha difamatória. “O Judiciário analisou [o
pedido de mandado de busca e apreensão contra mim] e diante do absurdo que se
pretendia, não deu guarida a essa sanha vingativa dos que apresentaram esse
pedido”. O ministro disse que vai apresentar uma queixa-crime contra os
policiais que vazaram a informação de que ele era investigado. Caracterizou o
vazamento como “direcionado, seletivo, pusilânime, canalha e vagabundo” que
tinha como único objetivo o constranger.
Os fatos comprovados das denúncias
anteriores contra Geddel, Henrique Alves e tantos outros membros deste governo
imundo e completamente desmoralizado indicam que Marun terá que se esforçar
muito para provar que é inocente e que seu chefe “não sabia de nada”...
Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.
Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.
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