Jair Bolsonaro após cirurgia - Brasília - DF - 16-04-25 (Foto X - @jairbolsonaro).
O entorno de Bolsonaro quis mandar um recado para seus aliados e para sua base política. E qual seria esse recado?
Neste último final de semana, circulou pela internet uma análise sobre uma imagem de Bolsonaro no hospital, questionando o posicionamento de sondas, o fato de ele estar se alimentando mesmo com uma sonda, e outras possíveis incongruências técnicas da área da saúde. A tese, em última análise, é a de que o inelegível estaria se escondendo em uma UTI para não ser citado no processo que pode levá-lo à prisão pelos crimes cometidos contra o Estado Democrático de Direito, que culminaram no 8 de janeiro.
Se ele está fraudando ou não uma situação médica, isso configuraria mais um crime a ser investigado: o de obstrução da justiça. Nada que surpreenda — afinal, sabemos que ele já fraudou cartões de vacinação. Mas essa não foi a parte que mais me chamou a atenção na divulgação daquela imagem. Daquela horrenda imagem, diga-se de passagem.
O que me causou real interesse foi entender o motivo por trás da divulgação. Qual o ganho político e de imagem que os patrocinadores dessa foto esperavam com sua circulação? Só uma resposta me veio à mente para justificar tal atitude.
Alguns dirão que o corpo está sendo utilizado como instrumento de engajamento político — como li em uma coluna da imprensa. Contudo, penso que o entorno de Bolsonaro quis mandar um recado para seus aliados e para sua base política. E qual seria esse recado?
De que o ex-presidente, além das questões jurídicas que o tornaram inelegível, não tem condições de saúde para encarar uma campanha eleitoral. O objetivo da divulgação da imagem foi deixar clara a fragilidade física de quem, até então, ameaçava levar sua candidatura até o fim. Foi um aviso aos aliados: preparem-se para outra candidatura, porque desse mato aqui não sairá cachorro.
O recado foi claro. Esse campo político precisa discutir alternativas. Imagino que, na cabeça de Michelle e Carlos — de onde talvez tenha partido a ideia de divulgar tal imagem —, a leitura seja de que não há por que perder tempo nesse debate. Devem querer poder testar e apresentar um nome da família na chapa majoritária. E eu apostaria que o desejo do clã recai sobre Michelle, em uma composição com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Claro
que, para esse movimento avançar — apesar do aparente armistício entre o 02 e
Michelle —, é preciso que o inelegível abra mão do protagonismo. Imagino que
ninguém dará um passo à luz do dia sem o seu “tá ok”. Mas que estão tentando?
Ah, isso estão.
Autor:
Oliveiros Marques - Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou
disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor
junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos
Profissionais de Marketing Político (CAMP). Publicado no site Brasil 247.
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