“A
mente de um fanático é como a pupila do olho:
quanto
mais luz incide sobre ela, mais se irá contrair.”
Oliver Wendell Holmes.
Tem sido
recorrente desde a posse do atual presidente seus arroubos autoritários contra a
mídia (em especial a Rede Globo, Folha de S. Paulo, Estadão e os jornalistas em
geral que cobrem diariamente o Palácio do Planalto), contra o STF
(principalmente quando este cumpre seu papel institucional em defesa da
constituição e barra qualquer ato de governo), e o Congresso Nacional (composto
em sua maioria por parlamentares aliados ou de ideologia de direita, políticos
fisiologistas, demagogos que vivem em busca de cargos e poder).
Difícil entender
que um ex-deputado que esteve na mesma Câmara por 28 anos não consiga ou não
queira compreender a situação em que se encontra, o cenário lhe era totalmente
favorável, não foram os citados acima quem mudaram, mas sim, o desempenho frustrante
de um presidente eleito para mudar muitas coisas e que na verdade patina na sua
verborragia inconsequente e as vezes chula.
Seus apoiadores sectários
incitados nas redes sociais pelo próprio presidente, por seus filhos ou pelo
chamado gabinete do ódio, se acostumaram a sair as ruas sempre que algo que o
presidente queria não deu certo, quer seja por inconstitucionalidade ou até por
ser inaceitável perante o parlamento. Essa horda de apoiadores pratica então,
atos que vão desde a violência contra jornalistas, opositores até o pedido de
golpe militar, intervenção, volta do AI5 ou fechamento de Congresso e STF.
A liberdade de
expressão é um direito, mas todos podem ser responsabilizados se atentarem
contra preceitos também constitucionais. Dessa forma, com idas e vindas e correção
de desvios por força da Lei, vive-se na democracia, em liberdade e
aperfeiçoamento constante.
O que tem feito
o presidente é algo diferente e mais grave, pelo cargo que ocupa. Tem pregado a
sedição, com ameaças claras à ordem constituída. Vai muito além da
irresponsável militância que exerce contra o isolamento social, e leva
seguidores a fazerem o mesmo, preocupado exclusivamente com seu projeto
eleitoral, que teme ser prejudicado caso demore a retomada da economia devido à
epidemia do coronavírus. Junta-se a um grupo de autocratas bizarros e coloca o
Brasil na companhia isolada de Bielorrússia, Turcomenistão e Nicarágua. Não se
preocupa com a marcha sem recuo da Covid-19 que ultrapassou sete mil
mortos e mais de cem mil contaminados no Brasil.
Neste domingo 03
de maio, o presidente volta a vociferar na frente de sua plateia, pequena em
relação ao povo brasileiro, mas que carrega nas veias o fascismo e o sectarismo
bolsonarista raiz, ele soltou um pouco enigmático “não queremos negociar nada”.
“Queremos a independência verdadeira dos Três Poderes (...). Chega de
interferência. Não vamos admitir mais interferência”, avisou o presidente,
aproximando-se de um chavismo de direita — todos os poderes nas mãos do
Executivo, com Judiciário e Legislativo no papel de figurantes. O que é
inaceitável.
Os inimigos para
o bolsonarismo crescem a cada nova manifestação, passando por Rodrigo Maia,
David Alcolumbre, João Dória, Witzel, e neste domingo o mais recente inimigo
declarado passou a ser o ex-herói Sérgio Moro. Não há lógica, não há
inteligência, apenas a contínua força motriz de um homem querendo governar como
se estivesse num regime militar. Podendo editar medidas e decretos a revelia da
sociedade, vetando ou censurando a tudo e a todos na mídia e na sociedade,
assim protegendo a si e aos seus filhos e aliados.
Sem perceber, ou
quem sabe propositadamente, o presidente em seu discurso canhestro rasgou o
próprio juramento que fez na posse, conforme o artigo 78 da Carta:
“Prometo manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover
o bem geral do povo brasileiro (....)”. Na política e na saúde, ele vai em sentido
contrário. O presidente aceitou as regras constitucionais para se eleger
deputado federal e presidente da República. Agora quer virar a mesa, o que é
inconcebível.
Pior que as
atitudes dele, somente aqueles que o apoiam incondicionalmente sem se atentarem
para o caminho de trevas para onde estão caminhando.
Autor:
Rafael Moia Filho: Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.
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