Jair Bolsonaro conspira à luz do dia. No
domingo, o presidente usou mais um símbolo nacional como palanque para o
golpismo. Na rampa do Planalto, confraternizou com extremistas que atacavam a
democracia e agrediam jornalistas no exercício da profissão.
Jair Bolsonaro e a filha Laura na rampa do Planalto - Evaristo Sá - AFP
Irritado com decisões do Supremo, o
capitão vociferou: “Não vamos admitir mais interferência. Deixar bem claro isso
aí. Acabou a paciência”. No mesmo tom, ele prosseguiu: “Chegamos no limite, não
tem mais conversa”. Só faltou mandar o cabo e o soldado cercarem o tribunal do
outro lado da praça.
A ameaça do uso da força é cada vez mais
explícita nas falas presidenciais. Diante de sua minoria barulhenta, Bolsonaro
disse que as Forças Armadas “estão do nosso lado”. Os militares sabiam quem ele
era quando embarcaram sorridentes no novo governo. Agora são arrastados para o
centro de uma turbulência política prestes a virar crise institucional.
Em nota, o ministro da Defesa afirmou
que as Forças “estarão sempre ao lado da lei, da ordem, da democracia e da
liberdade”. O esclarecimento seria desnecessário se o país vivesse tempos
normais. A tensão tende a se agravar nos próximos dias, à medida que avançam as
investigações sobre o clã presidencial.
Bolsonaro tem pressa. Ontem ele nomeou o
novo diretor da Polícia Federal, que assume com a missão de proteger pai e
filhos. A operação incluiu edição extra do Diário Oficial e posse relâmpago a
portas fechadas. Cenas de um governo acuado, que vê na radicalização a única
saída para se segurar no poder.
Autor: Bernardo Mello Franco – Jornal O
Globo.
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