“Viver entre uma
multidão de valores,
normas e estilos de
vida em competição,
sem uma garantia
firme e confiável de
estarmos certos é
perigoso e
cobra um alto preço
psicológico”.
Zygmunt Bauman
Ao
pensar sobre todas as coisas que estamos vivenciando nestes tempos de
pandemia, de restrições ao ir e vir, de muitas tristezas, poucos abraços e
nenhuma compaixão além das infrutíferas promessas de um tempo melhor após a
próxima esquina do tempo, me lembrei de uma linda canção do cantor e compositor
Lulu Santos, chamada Tempos modernos. Ela diz mais ou menos isso:
Eu
vejo a vida melhor no futuro, eu vejo isso por cima de um muro
De hipocrisia que insiste em nos rodear, eu vejo a vida mais clara e farta. Repleta de toda satisfação, que se tem direito do firmamento ao chão.
De hipocrisia que insiste em nos rodear, eu vejo a vida mais clara e farta. Repleta de toda satisfação, que se tem direito do firmamento ao chão.
Eu
quero crer no amor numa boa, que isso valha pra qualquer pessoa, que realizar a
força que tem uma paixão. Eu vejo um novo começo de era. De gente fina,
elegante e sincera com habilidade
Pra dizer mais sim do que não, não, não. Hoje o tempo voa, amor, escorre pelas mãos, mesmo sem se sentir
Não há tempo que volte, amor, vamos viver tudo que há pra viver
Vamos nos permitir.
Pra dizer mais sim do que não, não, não. Hoje o tempo voa, amor, escorre pelas mãos, mesmo sem se sentir
Não há tempo que volte, amor, vamos viver tudo que há pra viver
Vamos nos permitir.
A canção foi escrita e gravada em 1982,
ainda no Século XX quando vivíamos diante de uma série de suposições sobre como
seria a virada do milênio e o Século XXI.
Havia, e eu vivenciei nesse período, uma
expectativa de muita modernidade, parte dela aconteceu, principalmente na
informática e nas tecnologias de ponta que utilizamos neste novo século.
Porém, a humanidade não mudou como
pensávamos que fosse acontecer, não houve uma grande mudança nas relações
humanas, nem nas relações entre as nações, apesar do encurtamento das
distâncias via globalização. Ao menos nos primeiros 20 anos do século.
O mundo caminha da mesma forma e o
planeta sofre ainda mais com poluição, esgotamento de fontes de energia,
extração de minérios e demais riquezas sendo feitas sem controle ambiental.
O mundo ainda assiste de forma primitiva
a ocorrência de doenças que não possuem cura, nem medicamentos para atenuar o
sofrimento de milhões. A fome ainda persiste e mata severamente nossos irmãos
na África e em outros continentes.
Hoje o tempo voa, escorre pelas mãos,
disse Lulu com sabedoria. Sentimos o tempo passar de forma inexorável com uma
rapidez antes não percebida. Entretanto, não convivemos com gente fina,
elegante e sincera com habilidade para dizer mais sim do que não. Pelo
contrário, a intolerância é absurda atualmente, a incompreensão é gigante,
ainda temos racismo assolando povos ao redor do planeta. Ainda temos homofobia
e outros crimes praticados por gente com poder aquisitivo que acessaram boas
escolas e são de uma classe que deveria ter a obrigação de serem éticos.
Ao contrário do que muitos estão pregando em
mensagens nas redes sociais, no WhatsApp, o mundo não necessariamente será
melhor após a passagem da pandemia do novo coronavírus. Pelas atitudes que
vemos no Brasil, com casos de corrupção, aproveitamento de situações para
lucrar (álcool Gel, por exemplo), difícil acreditar em tempos melhores, em
tempos modernos, mas fácil enfrentarmos tempos muito mais difíceis e confusos.
Autor:
Rafael Moia Filho: Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.
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