Sim! A imunidade e a imunização impedem que a doença ocorra nas pessoas, mas não impedem que os microrganismos circulem no meio ambiente e nem mesmo que microrganismos fiquem presentes na parte externa do corpo destas pessoas. Parte externa é pele, unhas, cabelos, boca, nariz, ouvido, olhos, genitais e as suas respectivas secreções. Exames tipo PCR detectam a presença do vírus ou não, naquele momento exato do exame, mas não indica se a doença existe ou não naquela pessoa.
A imunidade nos livra de desenvolver a doença, mas não impede que transmitamos o vírus que esteja em nós!
A pessoa imunizada pela doença ou vacina pode ter no corpo o vírus, não terá a doença neste período, mas pode passar para outras pessoas. Depois toma banho, escova os dentes e o vírus sai do corpo. Depois de horas ou dias pode de novo contatar o vírus que fica na sua pele e mucosas por mais algumas horas ou dias e assim se alternam períodos com e períodos sem o vírus no corpo. Nestes períodos com os vírus pode transmitir para outras pessoas e nem por isto está doente. Por isto que ainda devem usar máscaras e se isolarem, evitando aglomerações.
Os anticorpos e as células sensibilizadas contra o vírus que a pessoa produziu quando teve a doença, ou quando tomou a vacina, servem para não deixar os vírus entrar dentro das células em que eles gostam de morar e replicarem aos bilhões, produzindo assim a doença. A medida que as pessoas imunizadas predominam na população, os vírus irão reduzindo a sua quantidade até tornarem pouco significante numericamente ou até ausentes no meio ambiente. Eles precisam entrar dentro das células para multiplicarem–se aos bilhões.
Os anticorpos e as células contra os vírus que a pessoa produziu quando teve a doença ou quando tomou a vacina, não servem e não conseguem impedir que os vírus fiquem temporariamente ou de passagem na pele, mucosas, cabelos, boca, nariz e garganta da pessoa que tenha já sido imunizada de alguma forma. Pode se adquirir estes vírus de outras pessoas via gotículas de saliva e aerossóis do meio ambiente dos restaurantes, bares, festas e aeroportos, assim como dos objetos que usam, dos toques corporais e muitas outras formas de contágio.
Em outras palavras, esta pessoa que já teve ou já foi vacinada, não terá mais a doença, pois estará imunizada, mas poderá ter o vírus ainda em seu corpo e também em suas roupas, óculos, calçados, luvas e outros objetos de uso pessoal.
Isto explica porque uma pessoa que já teve a doença ou já foi vacinada contra a covid-19 ainda pode transmitir a doença para as demais pessoas. Se já teve Covid-19, como qualquer outra pessoa, ainda pode transmitir o vírus pela saliva, aerossol e gotículas, além da pele, olhos, objetos e calçados. A imunidade de 15 a 90 dias oferecida pela doença, ou a induzida pela vacina, serve para você não “desenvolver” a doença, mas pode ter o vírus no corpo em qualquer momento novamente, transmitindo a doença para outras pessoas! Se a imunidade acabar, estes vírus podem voltar a induzir a doença novamente na pessoa.
Uma
pessoa pode até dizer: - Eu já tive mesmo! Ou já vacinei não pego mais!
“Dane-se agora os outros”. Eu nem penso que alguém possa falar assim, seria uma
vergonha para a nossa espécie! Vamos sempre lembrar que a imunidade protege e
impede o desenvolvimento da doença, mas não purifica e nem esteriliza o nosso
corpo. Até seria interessante sairmos da vacinação dizendo que agora estamos
imaculados e purificados, mas a vacina imuniza e não purifica nem o corpo e nem
a alma!
Autor: Professor Alberto Consolaro – Titular da USP e Colunista de Ciências do JC de Bauru.
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