Não ande atrás de mim, talvez
eu não saiba liderar.
Não ande na minha frente,
talvez eu não queira segui-lo.
Ande ao meu lado, para podermos
caminhar juntos.
Provérbio Ute!
A história nos conta que em 1282, a
cidade de Hamelin, na Alemanha vivia uma grande infestação de ratos. Um dia
chega à cidade um homem que se diz um grande “caçador de ratos” e proclama a
todos que tinha a solução para o grave problema. Prometeram-lhe uma boa
recompensa em troca dos ratos – uma moeda para cada rato. O homem aceitou o acordo, pegou uma flauta e
hipnotizou os ratos, afogando-os no Rio Weser.
Apesar de obter sucesso, os poderosos
da cidade deram uma de malandros. Voltaram atrás na promessa feita e
recusaram-se a pagar o “caçador de ratos”, afirmando que ele não havia
apresentado as cabeças.
Enfurecido, o homem deixou a cidade,
mas retornou várias semanas depois e, enquanto os habitantes estavam na igreja,
tocou novamente sua flauta, atraindo desta vez as crianças de Hamelin. Cento e
trinta meninos e meninas seguiram-no para fora da cidade, onde foram
enfeitiçados e trancados em uma caverna. Na cidade, só ficaram opulentos
habitantes e repletos celeiros e despensas bem cheias, protegidas por sólidas
muralhas e um imenso manto de silêncio e tristeza.
Na versão original, que surgiu
provavelmente na Idade Média, nos territórios que formariam a Alemanha, o final
é diferente: após levar o calote, o flautista atrai as crianças para um rio, no
qual elas morrem afogadas. Apenas três crianças sobrevivem: uma cega, que não
consegue seguir o flautista e se perde no caminho; uma surda, que não consegue
ouvir a flauta, e uma deficiente, que usa muletas e cai no caminho.
Há várias teorias sobre o que o flautista
de Hamelin simbolizaria nas narrativas orais antes de virar uma história para
crianças. Para alguns, ele seria a representação de um serial killer, para
outros uma metáfora para as epidemias que dizimavam populações, como a peste, e
para muitos remetia ao processo de migração para colonizar outras regiões da
Europa.
A verdade é que no Brasil não são
apenas os devotos das seitas extremistas, à esquerda e à direita, que limitam
sua visão de mundo às mentiras, distorções e meias-verdades cínicas que leem nas
redes sociais. A histeria irresponsável parece ter capturado também aqueles dos
quais se esperam equilíbrio e sobriedade na formação de opinião pública.
Quase todos aparentemente estão se
deixando pautar pela gritaria que tão bem notabiliza essa forma de comunicação
instantânea, que na prática dispensa a reflexão. Nas redes, mesmo bem
preparados, formadores de opinião vêm tomando como expressão da verdade tudo
aquilo que para eles faz sentido, sem se perguntarem se, afinal, aquilo que se
informa é um fato ou uma rematada mentira.
Por isso vemos com tanta frequência
milhares de pessoas seguindo flautistas nas ruas, formando grandes multidões
que em sua maioria não sabem o verdadeiro motivo de estarem naquele local.
Foram chamadas pelos novos flautistas das redes sociais, seguem o som da turba
e se deixam levar pelas ruas brasileiras. O perigo é que podem um dia cair nos
rios e se afogarem sem saber o porquê e como isso aconteceu.
A julgar pela forma como defendem seu
presidente de estimação, postando mensagens para desqualificar quem ousa
criticar o “Mito”. Chamando os críticos do presidente de esquerdalhas, numa
lista enorme que já tem Globo, Estadão, Folha de SP, Le Monde, Financial Times,
New York Times, Intercept e muitos outros órgãos da mídia, como se de repente
fossem todos de “esquerda”... O final parece trágico...
Autor:
Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.
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