Na
disputa para o cargo de primeiro-ministro britânico, chegou-se ao número de
oito concorrentes. Os candidatos se dividiam entre os que fizeram a
Universidade de Cambridge e os que cursaram a Universidade de Oxford. São
universidades públicas em que durante anos de vida os estudantes discutem os
problemas do país, fazem ciência e aprendem a conviver e se dedicar à
sociedade. Eles vivem 24 horas por dia no campus de uma verdadeira
universidade. Qual é a diferença entre uma universidade de verdade e um colégio
ou escola profissionalizante para pessoas adquirirem um ofício e que também são
"chamadas" de universidades?
Como nos estádios, as universidades federais poderão vender os nomes dos campi para empresas
DIFERENÇA
No
colégio e nestas escolas se tem aulas teóricas e práticas. Terminou a aula, o
professor vai para sua casa ou outros lugares, sendo que alguns destes colégios
e escolas profissionalizante obrigam o professor a não permanecer no campus com
medo de alegar horas de trabalho se ficar, afinal elas pagam por horas de aulas
dadas. Nos colégios e nas universidades profissionalizantes, as discussões, os
seminários, a polêmica, a diferença e as pesquisas não existem ou são mínimas.
Nas
universidades verdadeiras, os alunos e professores permanecem o tempo que
quiserem no campus, onde se tem bibliotecas, laboratórios, museus, teatros e
muitas outras atrações intelectuais e físicas que lhe prendem atenção às
missões repassadas. Os alunos da graduação participam de pesquisas juntos com
mestrandos e doutorandos, sob orientação de professores com formação sólida que
lhes deram os títulos de doutorado, livre docência e titular. Nos intervalos
das atividades intelectuais e práticas de seus programas de graduação, nas
universidades verdadeiras os alunos fazem pesquisas financiados por agências de
fomento à pesquisa e por bolsas de empresas.
A
diferença entre uma universidade verdadeira ou um colégio ou universidade
"profissionalizante" é a ambiência ou ambiente científico que existem
nas primeiras e não nos colégios. Esta ambiência científica induz e dá tempo
aos cérebros refletirem sobre a vida, a sociedade e a ciência, permitindo
reflexões e análises críticas bem fundamentadas. Nos colégios e nas
universidades profissionalizantes este tempo não existe, esta ambiência não é
estabelecida, pois acabou-se a aula, todos vamos para a casa ou para o bar,
afinal se tem que divertir!
PARA
QUÊ?
Na
história da criação e evolução das universidades verdadeiras, seu objetivo ou a
sua essência, é formar pessoas e não profissionais. É formar cidadão para a
sociedade e não mão de obra para o mercado. A essência da universidade
verdadeira é formar o cidadão pensante, crítico, analítico e que saiba julgar
ou decidir para o bem comum. Na universidade tipo colégio e ou
profissionalizante, se forma o profissional, sem preocupação com a parte
intelectual, filosófica, crítica, analítica e social, o importante é dar um
oficio para trabalhar e sustentar sua família!
Muitos
entre nós, a grande maioria, "fazem" faculdade ou graduação em
colégios e universidades profissionalizantes. Nenhum mal, se soubessem isto!
Mas não sabem e se comportam como intelectuais, sabedores de tudo, com nível
superior e desprezando as demais pessoas com suas posições autoritárias, sem
tolerância com o diferente! Diria que esses "formados" se comportam
como pseudossábios!
PERIGOSOS
O
perigo não são os que não sabem, mas o que pensam que sabem, mas não são sábios
coisa nenhuma! Eles não conseguem compreender o mundo como está, querem
reformatar e destruir tudo para fazê-lo ao seu modo, pois o planeta é como o
quintal de sua casa! Incrível!
Pelas
propostas apresentadas "corajosamente" pelo ocupante do Ministério da
Educação, irão privatizar a universidade pública, para que elas virem
"profissionalizantes" como colégios a serviço de empresas e grupos
organizados. Isto acontece, porque quase todos no comando do país, estados e
municípios se "formaram" nestas "universidades-colégio" sem
ambiência cientifica e sem a prática diária da ciência, onde a diversidade é o
ponto de partida para qualquer análise!
Como
iriam valorizar o que nunca viveram? Onde se "formaram"? Como seriam
os seus históricos escolares?
Autor: Alberto Consolaro é professor
titular da USP - Bauru. Escreve todos os sábados no JC.
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