Já são bem estabelecidos os estudos
do psicólogo norte-americano Jerald Jellison que afirmou que estamos sujeitos
a centenas de mentiras todo dia, além de cada um de nós também dizermos
mentiras nessa mesma proporção. São dados de algumas décadas atrás, devidamente
documentados, mas pelo ativismo atual de tais estudos e reincidência de
menções ao tema, parece que a essência dos números não se alterou.
O filósofo e colunista da Folha de
S. Paulo Hélio Schwartsman é um dos que rotineiramente trazem o assunto à
discussão com exemplos perturbadores. A natureza humana é mais desumana do
que pensamos ou que gostaríamos que fosse. Sem desespero, há que se concluir
que a mentira é uma necessidade.
No âmbito fisiológico - e pensando
primeiramente a fisiologia de nossos corpos e, não ainda, a política - a arte
da mentira e da enganação é sinônimo de sobrevivência. Analgésicos, por
exemplo, em sua maioria têm por princípio ativo mentir para o cérebro para
não sentir a dor. São substâncias que bloqueiam a informação que se origina
no foco de dor (um impulso elétrico) para não chegar ao centro neurológico,
bloqueio quase sempre por meios químicos de impedir algum 'informante' (íons,
por exemplo) de seguir em frente.
A fonte do desconforto continua lá,
mas como o cérebro não sabe, nada sente. A mentira política é, por sua vez e
como conclusão, apenas mimetismo de funções biológicas.
E qual a importância da mentira na
vida política atual? A mentira elegeu o presidente e mantém o governo no
poder. O principal meio de propagação dessa mentira política não são
neurônios, mas o WhatsApp. Há grupos desse tipo de mensagem nos quais nem o
"bom dia" é verdadeiro! Não é justificativa nem explicação para o
que está acontecendo, mas é um excelente exemplo da dimensão a que pode
chegar a prática do nariz grande. Narizes esses que estarão sendo torcidos
por quem teve a paciência de ler até aqui, já exarando impropérios e
xingamentos ao autor, como sói ser.
Mente-se sobre acordos oficiais,
rombos fiscais e orçamentários e ideologias praticadas ou pressupostas;
quando os órgãos agora oficiais são questionados sobre essas falsidades, os
questionadores são chamados de comunistas, anarquistas, oportunistas ou outro
ista qualquer.
Devaneios e alucinações de ministros
podem até ser compreendidos, face ao que cada um vivenciou, mas quando a
ignorância e a mentira passam a ser política pública, elas acendem o sinal
vermelho da governabilidade. Os ininterruptos escândalos frutificam e apenas
corroboram os pressupostos aqui discutidos.
Autor:
Adilson Roberto Gonçalves é químico, pesquisador da UNESP – Campus de Rio
Claro.
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Artigos, crônicas, e algumas verdades sobre o cotidiano no Brasil escritas por Rafael Moia Filho e convidados - 15 anos - 1.715.000 de acessos. Twitter @rafamfilho
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1 de março de 2019
A importância da mentira!
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