É hora de muitos experimentarem
aquela estranha sensação do
uso do raciocínio em nosso
país.
Fernando Pinho
Os oitenta dias que separam a posse do
presidente mostram claramente que o discurso de ódio ao PT, que estava
fora do governo há dois anos e ao comunismo que nunca reinou em nosso país
desde a instalação da republica, é muito mais fácil do que o ato de governar um
país como o Brasil.
Lidar com o orçamento, com nossa economia
sempre instável e recessiva, um parque industrial sucateado ao longo dos
últimos trinta anos, criminalidade crescente, trinta e cinco partidos políticos
sem ética, adeptos de um fisiologismo sem igual no planeta é tarefa para quem
tem capacidade e muito conhecimento.
Não é a toa que dizem em tom de
brincadeira: “O Brasil não é para amadores, mas sim profissionais”. Embora a
direita não faça essa analise publicamente, o processo de desgaste de um
impeachment aliado ao péssimo governo de dois anos de Michel Temer foi ainda
pior para o país, deixando sua economia em situação muito grave.
Infelizmente nestes oitenta dias
Bolsonaro não provou que possui um Projeto de Governo embasado em novas ideias
e programas, ao contrário, nos faz entender que não tem projeto algum para o
país, além de seus discursos e de seus filhos com caráter ideológico contra a
esquerda. Coisa de amador, que não entendeu definitivamente que a campanha
eleitoral acabou em outubro/2018 e que agora governa para 200 milhões de
brasileiros, inclusive os 62% que não lhe deram os votos.
As dificuldades são inúmeras, desde a
economia em recessão, aos 12 milhões de desempregados, que se somados aos 15
milhões de brasileiros em atividades informais sem registro em carteira formam
um exército. Sem contarmos com os mais de 10 milhões com baixa renda, sem
capacidade de alimentar a economia. Temos 200 milhões de brasileiros e destes,
seguramente, apenas 20 milhões têm poder aquisitivo para movimentar o mercado
consumidor.
Assim como aconteceu nos dois anos de
desgoverno de Michel Temer, a única solução proposta pelo novo governo é a
Reforma da Previdência. Em paralelo nada mais está sendo feito, discutido ou
realizado pelo governo. As obras de infraestrutura tão importantes para gerarem
empregos estão paralisadas em todos os setores da economia. Não tem construção de
estradas, hidrovias, ferrovias, nem a devida recuperação do setor de construção
civil, que normalmente alavanca milhões de empregos na habitação.
Enquanto discutem ideologia de gênero,
comunismo e outras sandices o país continua parado, sem que ninguém perceba o
desastre para o qual estamos caminhando celeremente. Acreditar que a aprovação de uma
reforma da previdência vai resolver todos os demais problemas estruturais do
país é não ter inteligência para enfrentar uma gestão pública num pais tão
complexo.
Claro que é cedo, se analisarmos o
período de quatro anos que 38% dos eleitores concederam a família Bolsonaro
para governar o Brasil, porém, o tempo passa, melhor, voa, e se nada começar a
ser feito de prático, ficaremos a deriva afundando cada vez mais no atoleiro da
incompetência e da burrice demagógica da discussão ideológica político
partidária.
A fala do presidente da Câmara Federal Deputado Rodrigo Maia durante entrevista concedida ao jornal O Estado de São Paulo, resume o governo Bolsonaro: “Este governo Bolsonaro é um deserto de ideias, não
existe projetos exceto o da Reforma da Previdência, se existe ninguém sabe nem
no governo nem fora dele”.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.
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