Eu estava num churrasco em novembro de 2017 com alguns amigos, onze meses antes da eleição presidencial de 2018. Quando um dos presentes me disse em tom solene e definitivo: “É bom Jair se acostumando, Bolsonaro será eleito presidente da República”.
Aquilo me soou estranho, distante e quase inacreditável, devido ao fato de que naquele momento, o então candidato era um modesto deputado oriundo do baixo clero, dentro de um partido pequeno, com perspectivas ínfimas de tempo e espaço para brigar na campanha eleitoral pela presidência.
Quis o destino e a Fakada Fake de Juiz de Fora que o minúsculo candidato vencesse a eleição contra Fernando Haddad. O resultado ao final do 1º turno teve o seguinte resultado:
Jair Bolsonaro (PSL): 46,03% - Fernando Haddad (PT): 29,28%
Ciro Gomes (PDT): 12,47% - Geraldo Alckmin (PSDB): 4,76%
João Amoêdo (Novo): 2,50% - Cabo Daciolo (Patriota): 1,26%
Henrique Meirelles (MDB): 1,20% - Marina Silva (Rede): 1,00%
Álvaro Dias (Podemos): 0,80% - Guilherme Boulos (PSOL): 0,58%
Vera Lúcia (PSTU): 0,05% - José Maria Eymael (DC): 0,04%
João Goulart Filho (PPL): 0,03%.
No segundo turno, evitando sempre os debates, Bolsonaro teve 55,13% dos votos válidos, enquanto Fernando Haddad obteve 44,87%. O próprio candidato vencedor não esperava ser eleito e foi para a posse fazer o impossível até aquele momento em sua vida. Trabalhar na política, algo que não fez como Vereador na cidade do Rio de Janeiro, nem no DF como Deputado Federal por 27 anos consecutivos.
Passados quatro anos não tem legado para sua gestão na presidência, porém, somam-se problemas, atritos, disseminação de ódio aos demais poderes, adversários e membros de diversos segmentos da sociedade. Espalhou mentiras em profusão durantes os quatro anos. Ameaçou fechar o STF, acusou sem provas o TSE e as urnas eletrônicas.
Disparou impropérios contra órgãos da grande mídia como Globo, Folha de S. Paulo e o Estadão, sempre os ofendendo, embora todos estes tenham e ainda estejam ao seu lado politicamente.
Aproveitou os feriados da Independência para jogar seus aliados e seguidores contra o Supremo Tribunal Federal, ameaçando e deixando claro que não aceitaria derrota nas urnas em 2022. O que se intensificou a partir do momento em que Luis Inácio da Silva Lula passou a ser um dos candidatos à presidência pelo PT.
O tempo passou sem que nada fosse realizado na Saúde, deixando inclusive de adquirir vacinas a tempo de salvar a vida de setecentos mil brasileiros na pandemia da Covid-19. Na educação, fica na lembrança o uso do MEC por pastores, prefeitos e corruptos da Câmara no escândalo das barras de ouro. Nas demais áreas do governo federal nada foi realizado na Segurança, Habitação, Infraestrutura, Obras e o país viveu um período sombrio.
Findo seu governo com a derrota nas urnas no segundo turno da eleição de 2022 contra Lula, o staff de Bolsonaro passou a colocar em prática o andamento do planejamento para o golpe contra a democracia com a consequente abolição dos direitos dos cidadãos.
Seus seguidores aloprados foram para as portas dos quartéis e lá ficaram por mais de setenta dias. Sendo orientados por líderes que hoje são ou foram deputados como Carla Zambelli a aguardar 72 horas. Findo esse prazo o golpe seria dado e o poder voltaria as mãos de Bolsonaro através dos generais das FFAA.
São muitos os vídeos, áudios e posts conclamando a patuleia a esperar pelo final feliz dos golpistas. Nem a fuga precoce de Bolsonaro para os EUA tirou os patriotários da frente dos quartéis. Veio o fatídico dia 08 de janeiro de 2023 com a invasão dos criminosos a Praça dos 3 Poderes.
Tudo foi filmado e devidamente documentado pelos próprios criminosos e golpistas. Material farto que foi utilizado pelas investigações da Polícia Federal, Ministério Público Federal, PGR e parou nas mãos do Supremo Tribunal Federal.
Mais de 800 páginas de provas contra Bolsonaro e seus assessores, generais e aliados golpistas. Queriam o poder a força no velho estilo Hugo Chavez a quem tanto criticaram. Era o poder que seria depois transformado em intervenção militar com Bolsonaro na presidência por muitos anos.
No dia 02 de setembro de 2025, começou enfim o julgamento da ação penal 2668 contra essa escória e seus crimes contra a nação e nossa democracia. Os réus são: Jair Messias Bolsonaro, Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Paulo Sergio Nogueira, Braga Netto e Mauro Cid.
Ao final do julgamento a suprema corte decidiu o seguinte: Todos os réus foram condenados por quatro votos contra um. A dosimetria a ser aplicada aos condenados é a seguinte:
Jair Bolsonaro – 27 anos/3 meses, 24 anos/9 meses regime fechado
Alexandre Ramagem – Pena de 16 anos.
Almir Garnier – Pena de 24 anos
Anderson Torres – Pena de 24 anos
Augusto Heleno – Pena de 21 anos
Paulo Sergio Nogueira – Pena de 19 ano
Braga Netto – Pena de 26 anos.
e Mauro Cid – 2 anos em regime aberto.
Por mais que ainda exista a possibilidade de a defesa impetrar recursos, fica definitivamente constatado que a trajetória de Bolsonaro ficou marcada por ter saído do baixo clero na Câmara Federal, atravessado o esgoto onde recrutou seus apoiadores incondicionais e desembarcará em breve no presidio determinado pela justiça como condenado. Ele agora é presidiário, lembram do debate onde ele ao invés de fazer pergunta ao candidato Lula, o chamou de presidiário? O mundo não dá voltas, o planeta capota.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
Um comentário:
E a gente comemora o fim da impunidade! Lição histórica aos pequenos tiranos incautos!
Postar um comentário