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9 de fevereiro de 2019

E a cultura transforma o mundo!

Dizem que a educação muda um país e que assim, muitos evoluíram! Vamos com calma, não é só isso! A educação é um processo para o desenvolvimento da personalidade com suas qualidades físicas, mentais, morais, éticas e estéticas na relação com o meio social. A educação tem muito a ver com informação e capacidade de interpretação que o indivíduo desenvolve, mas, ainda é pouco!
Cultura é o que mais transforma o mundo e talvez Rodin já sabia disto quando esculpiu o Pensador!
Educação, infelizmente, sozinha não consegue dar plena competência para a interpretação e abstração da informação. Conhecer é pensar, tem relação direta com o saber da finalidade das coisas e da razão de ser! A história humana é a história do conhecimento e conhecimento verdadeiro é aquele que atinge as razões e causas das coisas, não simplesmente as coisas. Pensar é prerrogativa do homem, um direito e uma obrigação perante a vida recebida.
No momento que o homem procura ultrapassar o simples conhecer pelo empenho em pensar, vai despontando o elemento básico do viver com a abstração, reflexão, crítica e a objetividade. E não há razão para temer o espírito crítico e a reflexão viajante de um pensador, pois não há razão para temer a verdade. Verdade tem múltiplas fontes, não aceita dogmas e "o que devemos temer são homens e ideias de um livro só" como dizia São Tomás de Aquino, quase a dizer: não tenham gurus e nem aceitem verdades autoritárias!
CULTURA
A abstração e a reflexão não vêm da informação, informação não é cultura! Requer-se a interpretação, a comparação, ampliação e a aplicação por extrapolação. Desta forma, a informação vira conhecimento e amplitude de aplicações. O conhecimento vai evoluindo do processo de educação para a plenitude da cultura, pois mistura-se com as artes, leis, moral, costumes, hábitos, aptidões e crenças.
Quando se quer deixar seu corpo bonito e funcional para enfrentar as exigências físicas do dia a dia, procura-se as academias para deixar os músculos, ossos e outras partes preparadas. Mas, se quisermos deixar o cérebro apto para enfrentar as exigências emocionais e mentais, devemos trabalhar suas portas de entrada de informação, conhecimento, reflexão e abstração. Assim teremos mais inteligência, memória, criatividade, bons sentimentos e proximidade com o estado mental da felicidade.
Para refletir: "O que muda, mudará ou mudaria um povo e seu país, não é simplesmente a educação, mas sim a cultura, criando-se acesso e estimulando-a em todos os níveis sociais, econômicos e etários!". Uma escola é lugar para se praticar a abstração e a reflexão a partir do conhecimento. A educação na escola serve para fazer dela, uma maternidade da cultura!
COMO?
Como otimizar o cérebro ou a mente? Dizia Aristóteles que não há nada no intelecto que não tenha passado antes pelos órgãos dos sentidos: tato, visão, audição, olfato e paladar. Tudo passa por ele e a propriedade que nos dá se chama sensibilidade!
Muitas pessoas para passar em concurso ou ir bem na escola tem que estudar muito, horas e horas, e ainda assim, vai mais ou menos! Outros, porém, apenas assistem às aulas, leem rapidamente uma vez e passam em tudo com notas altas. Se comparar o tipo de ritmo de vida de cada um, verás que aquele com mais dificuldades não lê, não curte teatro, cinema e fotografias, não frequenta museus e exposições, não aprecia músicas, não pratica esportes e nem curte reuniões culturais, não pinta e nem esculpe! E quase sempre o papo desta pessoa varia entre: vida alheia, doenças e morte!
Dizem que culturalmente as pessoas podem se classificar em:
1. Mentes pequenas, as que conversam da vida alheia,
2. Mentes medianas, conversam sobre objetos, dinheiro, compras e vantagens,
3. Mentes brilhantes, falam sobre ideias e prazeres! Isto tem a ver com sensibilidade e capacidade mental para as coisas mais sensíveis e pode ser treinado, desobstruindo-se os órgãos do sentido ou portas de entrada do cérebro e mente.
Cultura é mecanismo adaptativo, é evolução biológica. Malcolm Gladwell disse que "a chave para as boas tomadas de decisões não é o conhecimento. É a compreensão. Que estamos repletos do primeiro e que a outra, está em falta! "
Então tomemos cultura, pois é isto que transforma o mundo!

Autor: Alberto Consolaro Professor titular da USP - Bauru. Escreve todos os sábados no JC. 

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