Três coisas devem ser feitas
por um juiz: ouvir atentamente,
considerar sobriamente e
decidir imparcialmente.
Sócrates
A Constituição Federal de 1988,
vigente em todo território nacional deveria nortear toda justiça brasileira sendo aplicada a todos sem distinção. Porém, no nosso país, muitos são
privilegiados em relação a milhões que tem direito apenas ao básico.
Como funciona o STF?
O Supremo Tribunal Federal é composto de 11 pessoas indicadas pelo
presidente da República – por isso, são chamadas de ministros, que julgam todo
tipo de caso como última instância, o que provoca milhares de processos na
corte. Enquanto isso, em um ano, a Suprema Corte dos Estados Unidos julga em
média 150 casos. O STF, como nosso tribunal constitucional, é o órgão
máximo do Judiciário brasileiro. Já o STJ é um de nossos quatro
tribunais superiores (os outros três são o TST, STM e o TSE). Os tribunais
superiores, em termos hierárquicos, são menos importantes do que STF.
Um cidadão que move um processo contra
o Estado, por exemplo, precisa de paciência para esperar anos de demora até que
um juiz se digne a fazer o julgamento do processo. Em seguida, ganhando ou
perdendo, o mesmo vai para a segunda instância, independente do resultado, o
processo acaba seguindo para a terceira e última instância.
Se o cidadão vencer, terá de esperar
por décadas até que os valores sejam pagos pelo Estado, que numa jogada de
mestre classifica tudo como precatórios e só paga quando e como quiser.
Se o cidadão perder, ou o processo é
arquivado ou ele terá de arcar com todas à custa do mesmo, sem poder postergar
nada. E sem direito a habeas corpus, embargos, enfim, não tem mais nenhum
subterfúgio nem a quem recorrer literalmente.
E no caso de um julgamento de um
político ou grande empresa na mesma instância (STF ou STJ)? Funciona da mesma
forma? As leis não são as mesmas? A Constituição não é para todos? Em tese sim
para todas as respostas, mas na prática a conversa é outra.
O político Paulo Maluf ficou quarenta
anos recorrendo contra decisões desfavoráveis em seus processos por corrupção,
formação de quadrilha, desvio de recursos públicos e outros crimes graves. Por
que então, ao perder no primeiro julgamento teve brechas que o cidadão comum
não possui?
O mesmo acontece com julgamentos de
indenizações de grandes empresas a favor de pessoas comuns, falências ou
processos de quebras de empresas com dividas trabalhistas.
Com o agravante que estes julgamentos
são realizados em Brasília – DF, muito longe para que o cidadão comum possa
acompanhar de perto seu andamento. Enquanto que políticos e empresas pagam
fortunas para que advogados com escritórios no DF acompanhem de perto e possam
inclusive interagir com os ministros daquelas cortes, algo inimaginável para o
cidadão comum.
Embora as desculpas sejam legalistas,
a verdade nua e crua é que o dinheiro fala mais alto, o poder dos que estão
sendo julgados interfere diretamente nos resultados ou no andamento dos
processos, diferentemente do que acontece para com o conjunto da sociedade que
com seus impostos pagam toda farra na capital federal. Mas, sem direito aos
mesmos subterfúgios e atalhos que só os políticos e poderosos possuem naquelas
casas de leis.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Gestor Público
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Gestor Público
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