A dificuldade não está nas
novas ideias,
mas sim em escapar as antigas.
John Maynard Keynes
Em São Paulo existem quatro divisões
no futebol profissional do Estado. Na primeira divisão são quatro clubes chamados
grandes e doze equipes do interior do Estado denominadas de “pequenos”. Entre
estas estão o Guarani de Campinas que em 1978 foi Campeão Brasileiro, a Ponte
Preta, equipe centenária da mesma cidade, que já esteve por muitos anos na
primeira divisão do Brasileirão.
Entretanto, estes clubes menores não
recebem cotas de TV significativas, nem ajuda da Federação Paulista de Futebol
que é rica, porém, prefere gastar o dinheiro arrecadado com outras finalidades.
No último domingo (10/02/19), a equipe
do Novo Horizontino da cidade de Novo Horizonte no interior de São Paulo,
distante 415 quilômetros da Capital paulistana, recebeu o Corinthians para mais
uma partida do Estadual. Receber um dos chamados grandes (Corinthians,
Palmeiras, São Paulo ou Santos) é sinônimo de estádio com bom público e renda
suficiente para ajudar nas finanças do clube.
No jogo em questão, o alto preço
cobrado interferiu e fez com que o público pagante não fosse aquele desejado.
Cobrar ingressos com preços elevados não é uma boa ideia, porém, os dirigentes
ainda não aprenderam essa lição.
O público total foi de apenas 7.472
pagantes, cujos ingressos custaram entre R$ 10,00 para os sócios e R$ 240,00
Cadeiras cativas. Nas arquibancadas o preço ficou entre R$ 100,00 e R$ 120,00
reais.
A renda bruta atingiu R$ 350.560,00,
porém, após os descontos o clube ficou com algo em torno de R$ 298.000,00
reais. O clube tem de arcar com diversas despesas que em tese deveriam ser de
responsabilidade da Federação. Como por exemplo:
Taxa
fixa de 5% para a FPF: R$ 17.528,00;
INSS
5% sobre a renda bruta: R$ 17.528,00;
Fundo
de Promoção da FPF: R$ 3.506,00;
Controle
de Doping – 1,50%: R$ 5.234,00;
Despesas
diversas – 0,86%%: R$ 3.000,00;
Equipe
de apoio – 0.93%: R$ 3.286,00;
Prestadores
de serviços 0,52% R$ 1.804,00
Seguro
da FPF para o público: R$ 75,00;
INSS
dos prestadores de serviço: R$ 361,00
Esses valores perfizeram um total de
R$ 52.322,00, ou seja, quase 15% da renda bruta do clube. Um percentual muito
alto para ficar em poder praticamente da FPF, com exceção do INSS cobrado.
Imagine que são disputados cento e dez
jogos somente na primeira divisão, onde em tese estão os clubes mais fortes no
momento. Porém, são quatro divisões, que eleva este número para aproximadamente
440 jogos sob o comando da mesma FPF.
Além disso, ela arrecada com
patrocinadores dos campeonatos e muito mais. Motivo pelo qual o futebol está
cada dia mais pobre e as federações mais a CBF cada ano mais ricas, com seus
dirigentes gastando com imóveis, carros de luxo, Iates, viagens ao exterior,
entre outras coisas.
O exemplo usa um jogo do Corinthians, no
Estado mais rico da Nação, com transmissões da Rede Globo e SporTV, imaginemos
então quais são as dificuldades dos clubes pequenos do Maranhão, Piauí, Pará,
Mato Grosso e demais Estados?
Rafael
Moia Filho – Escritor, Blogger e Gestor Público.
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