1 – O Big Bang e a escala temporal
O Big Bang ou
a grande explosão que gerou o Universo aconteceu à cerca de quinze bilhões de
anos. Comprimindo esta inimaginável escala temporal em um só dia de 24 horas,
notaríamos que os primeiros átomos estáveis se formaram quatro segundos após a
hora zero e as estrelas e galáxias esperaram até as primeiras horas da
madrugada para surgirem. O nosso sistema solar, com a Terra, só apareceu 18
horas depois da grande explosão inicial.
A nossa casa
se limita a uma estreita faixa: cem quilômetros abaixo de nós, o calor é
branco, com temperaturas da ordem de 3000 °C. Trinta
quilômetros acima de nossa cabeça o ar é muito rarefeito e frio para a
sobrevivência. É entre estes dois extremos que a vida começou a florescer perto
das 20 horas ou a 4,5 bilhões de anos. Por um bilhão de anos, organismos
primitivos exalaram oxigênio, transformando a atmosfera venenosa da jovem Terra
e abrindo caminho para a vida multicelular.
Quando os
primeiros vertebrados caminharam sobre a terra firme, nosso relógio hipotético
estaria marcando 22 horas e 30 minutos. Os dinossauros vagaram sobre a
superfície do planeta das 23 e 35 até quatro minutos antes da meia noite.
Os nossos
antepassados começaram a caminhar em posição ereta há 10 segundos para a meia
noite; a Revolução Industrial e a era moderna ocuparam menos do que o último
milésimo de segundo e é, nesta infinitesimal fração de tempo, que o homem
conseguiu alterar, substancialmente, as características do nosso planeta como
nunca em todo o tempo precedente.
Mas, tudo o
que aconteceu neste universo em expansão depende, essencialmente, de seis
números inscritos nele na época do Big Bang e que determinam a química de nosso
cotidiano.
Dois destes
números estão relacionados às forças básicas, profundamente, entranhadas nos
átomos e suas partículas; dois fixam o tamanho e a textura geral do universo e
os outros dois fixam as propriedades do próprio espaço.
Estes seis
números constituíram a receita para nosso universo e o resultado é sensível aos
seus valores: se qualquer um deles fosse diferente não estaríamos aqui.
Será que a
precisa fixação dos valores destes números, ou a combinação certa deles, é uma
coincidência fortuita da casualidade? Ou seria a providência de um Criador?
É
surpreendentemente impressionante que um universo em expansão e estruturado de
forma tão complexa, tenha um ponto de partida tão simples: uma explosão e uma
expansão ou evolução balizada por apenas seis números.
2 – O universo
Estamos entre
o cosmo e o micro mundo. Temos dimensões intermediárias entre o sol – com
diâmetro de um bilhão de metros – e uma molécula – com um bilionésimo de metro.
Se à esquerda do homem estão os átomos e as partículas subatômicas ou o mundo
quântico, à direita estão os planetas, estrelas e galáxias.
Essa enorme
variedade de grandeza ou intervalo de dimensões é, na realidade, um
pré-requisito para um universo interessante. Um universo que não envolvesse
grandes números, jamais poderia desenvolver uma hierarquia complexa de
estruturas: seria aborrecido e, certamente, inabitável.
A própria
enormidade do universo que, a primeira vista, parece significar que somos pouco
importantes no esquema cósmico é, na verdade, uma consequência necessária para
nossa existência.
Mesmo antes da
formação do sol e dos planetas, estrelas mais antigas transmutaram o hidrogênio
original em carbono, oxigênio e demais elementos da tabela periódica. Algumas
dessas estrelas, simplesmente, se apagaram, outras se extinguiram de maneira
mais violenta, explodindo como supernovas.
Que
importância poderiam ter essas explosões estelares, a milhares de anos luz de
distância, para a humanidade?
A resposta é
que elas foram fundamentais. Sem elas, nunca teríamos existido. As supernovas
criaram a mistura de átomos dos quais a Terra é feita e que são os blocos
fundamentais da complexa química da vida. Em outras palavras, essas estrelas
antigas fizeram os átomos dos quais nós e nosso planeta somos constituídos.
Assim, esse
tamanho do espaço cósmico e essa escala temporal não são extravagantes, foram
necessários para estarmos aqui hoje.
O desafio de
elucidar, completamente, como os átomos se juntaram para formar seres vivos e
complexos o suficiente para meditar sobre suas origens, é bastante assustador.
Autor: Paulo Cesar Razuk
Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Unesp – Campus de Bauru.
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