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1 de fevereiro de 2019

Será que tudo é casualidade? 1ª Parte

1 – O Big Bang e a escala temporal
O Big Bang ou a grande explosão que gerou o Universo aconteceu à cerca de quinze bilhões de anos. Comprimindo esta inimaginável escala temporal em um só dia de 24 horas, notaríamos que os primeiros átomos estáveis se formaram quatro segundos após a hora zero e as estrelas e galáxias esperaram até as primeiras horas da madrugada para surgirem. O nosso sistema solar, com a Terra, só apareceu 18 horas depois da grande explosão inicial.
A nossa casa se limita a uma estreita faixa: cem quilômetros abaixo de nós, o calor é branco, com temperaturas da ordem de 3000 °C. Trinta quilômetros acima de nossa cabeça o ar é muito rarefeito e frio para a sobrevivência. É entre estes dois extremos que a vida começou a florescer perto das 20 horas ou a 4,5 bilhões de anos. Por um bilhão de anos, organismos primitivos exalaram oxigênio, transformando a atmosfera venenosa da jovem Terra e abrindo caminho para a vida multicelular.
Quando os primeiros vertebrados caminharam sobre a terra firme, nosso relógio hipotético estaria marcando 22 horas e 30 minutos. Os dinossauros vagaram sobre a superfície do planeta das 23 e 35 até quatro minutos antes da meia noite.
Os nossos antepassados começaram a caminhar em posição ereta há 10 segundos para a meia noite; a Revolução Industrial e a era moderna ocuparam menos do que o último milésimo de segundo e é, nesta infinitesimal fração de tempo, que o homem conseguiu alterar, substancialmente, as características do nosso planeta como nunca em todo o tempo precedente.
Mas, tudo o que aconteceu neste universo em expansão depende, essencialmente, de seis números inscritos nele na época do Big Bang e que determinam a química de nosso cotidiano.
Dois destes números estão relacionados às forças básicas, profundamente, entranhadas nos átomos e suas partículas; dois fixam o tamanho e a textura geral do universo e os outros dois fixam as propriedades do próprio espaço.
Estes seis números constituíram a receita para nosso universo e o resultado é sensível aos seus valores: se qualquer um deles fosse diferente não estaríamos aqui.
Será que a precisa fixação dos valores destes números, ou a combinação certa deles, é uma coincidência fortuita da casualidade? Ou seria a providência de um Criador?
É surpreendentemente impressionante que um universo em expansão e estruturado de forma tão complexa, tenha um ponto de partida tão simples: uma explosão e uma expansão ou evolução balizada por apenas seis números.
2 – O universo
Estamos entre o cosmo e o micro mundo. Temos dimensões intermediárias entre o sol – com diâmetro de um bilhão de metros – e uma molécula – com um bilionésimo de metro. Se à esquerda do homem estão os átomos e as partículas subatômicas ou o mundo quântico, à direita estão os planetas, estrelas e galáxias.
Essa enorme variedade de grandeza ou intervalo de dimensões é, na realidade, um pré-requisito para um universo interessante. Um universo que não envolvesse grandes números, jamais poderia desenvolver uma hierarquia complexa de estruturas: seria aborrecido e, certamente, inabitável.
A própria enormidade do universo que, a primeira vista, parece significar que somos pouco importantes no esquema cósmico é, na verdade, uma consequência necessária para nossa existência.
Mesmo antes da formação do sol e dos planetas, estrelas mais antigas transmutaram o hidrogênio original em carbono, oxigênio e demais elementos da tabela periódica. Algumas dessas estrelas, simplesmente, se apagaram, outras se extinguiram de maneira mais violenta, explodindo como supernovas.
Que importância poderiam ter essas explosões estelares, a milhares de anos luz de distância, para a humanidade?
A resposta é que elas foram fundamentais. Sem elas, nunca teríamos existido. As supernovas criaram a mistura de átomos dos quais a Terra é feita e que são os blocos fundamentais da complexa química da vida. Em outras palavras, essas estrelas antigas fizeram os átomos dos quais nós e nosso planeta somos constituídos.
Assim, esse tamanho do espaço cósmico e essa escala temporal não são extravagantes, foram necessários para estarmos aqui hoje.
O desafio de elucidar, completamente, como os átomos se juntaram para formar seres vivos e complexos o suficiente para meditar sobre suas origens, é bastante assustador.

Autor: Paulo Cesar Razuk
Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Unesp – Campus de Bauru.

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