No prefácio do meu livro A democracia dos ausentes – um exercício de cidadania, publicado em 2022, cito algumas coisas que são atemporais neste nosso país, como por exemplo: o fato de que em meio a tantas coisas erradas, num país que raramente leva a sério suas leis, regras e regulamentos, fica sempre muito difícil falar sobre coisas importantes como a democracia, voto e participação política na vida pública do nosso país tão desigual. Obviamente não podemos nos furtar a conversar, escrever e tentar levar a mensagem do que é certo ao maior número de pessoas possível. Temos obrigação de insistir naquilo que objetiva a melhoria, a consciência político partidária e o crescimento do nosso povo enquanto agentes de transformação cotidiana.
Neste sentido, escrevi este livro que contém princípios básicos norteando o cidadão junto a participação política e a sua importância no cenário nacional e na vida do povo brasileiro de uma forma geral. Não podemos, por mais que tenhamos motivos e justificativas plausíveis, permanecer ajudando a aumentar a nossa democracia dos ausentes. Pois por trás do cenário político partidário nacional há uma grande massa de interessados no afastamento do cidadão das urnas, da participação política, da democracia incipiente do nosso país. São aqueles que levam vantagens financeiras, usufruindo de cargos e de poder imensurável se aproveitando justamente do desinteresse da grande maioria de brasileiros que, embora pagando pesados tributos, não cuidam dos seus quintais quando se trata de política desde a sua cidade, passando pelo seu Estado até chegar ao destino maior da nação que é a presidência da república.
Esse perverso círculo vicioso dos nossos eleitores é uma das causas para o baixo nível dos vereadores, deputados estaduais e federais, além dos senadores eleitos ultimamente no país.
Temos, a cada eleição, cerca de 40% de eleitores que votam branco, nulo ou se ausentam de seu dever nas urnas. Isso tem um reflexo imediato que se volta contra esse contingente, que é a eleição de políticos corruptos, partidos desinteressados no combate a corrupção, a prática da transparência e o desenvolvimento da própria população.
O que estamos assistindo no Congresso Nacional, cujos 594 parlamentares foram eleitos em outubro de 2022, é um reflexo direto dos eleitores que não votam de forma consciente, pesquisando os candidatos, votando em pessoas com a ficha limpa e com projetos que estejam de acordo com aquilo que a população necessita. Ao invés disso, votam acreditando que o “comunismo” não pode voltar, sem entender que nunca no Brasil, desde 1.500, houve um sistema de governo comunista.
Hoje, a Câmara vota projetos como a PEC da Bandidagem, mas não coloca em votação aquilo que interessa a população em geral. Não vota a favor da isenção de impostos para a cesta básica. Foram eleitos para brincar com coisas muito sérias e causam prejuízos imensos a quem os elegeu ou permitiu que isso acontecesse enquanto votava nulo, branco ou se absteve de votar.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
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