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8 de outubro de 2025

Às portas de Gaza!

  

Flotilha Global Sumud - Foto de Divulgação.

Expostos aos ventos, à chuva e às intempéries — e, pior, à crueldade manifesta do sionismo.

A flotilha com mais de quarenta barcos civis singrou o mar sob sol e chuva e pios das aves, e não se deteve ante os drones que apareciam ao alto com bombas incendiárias. A flotilha segue incólume, cujo nome árabe, Sumud, significa resiliência. Ainda em águas internacionais, Espanha, Itália e Síria dispuseram seus navios de guerra para escolta e proteção mínima aos tripulantes.

Quem chega a Gaza? Há um cerco dos sionistas à porta, impedindo os que prestam ajuda. Não dão comida nem deixam dar. Nos barcos há muita gente de coragem e sensível à dor alheia — e a estes reconheço por escolhidos —, enquanto muitos “pisam em ovos”, essa gente “anda sobre as águas”. Se Jesus voltasse e navegasse naquele mar até o local, seria alvejado com todos os seus pães. Por certo, iria assim mesmo.

Entretanto, os judeus não sionistas pelo mundo manifestam-se para que isso não seja feito em seu bom nome. O povo judeu deu à humanidade muitos sábios desde Gamaliel, orientador de São Paulo, e alguns mesmo dos fariseus do tempo de Jesus. Mais recentemente, Yeshayahu Leibowitz foi um crítico contundente da desumanidade do sionismo, afirmando que o Estado de Israel se sobrepunha aos valores humanistas judaicos. A bandeira palestina é reconhecida em vários países, e judeus não sionistas, de mãos dadas com árabes, protestam contra o evidente genocídio. Há protestos em favor dos palestinos em Israel também; mesmo assim, prevalece o poder das armas e da supremacia aparentemente religiosa. A prisão israelense Ktziot, no deserto de Negeb, sul de Israel, para onde foram enviados os presos da flotilha, é uma das mais degradantes. A tortura a palestinos está reconhecida e autorizada pela própria Corte Suprema judaica desde 1982, conforme relata Breno Altman.

Há alguns dias, chegando próximo do destino, os navios de guerra de escolta se retiraram. Os barcos foram interceptados e os tripulantes da flotilha, presos. Mais de 400 pessoas, dentre as quais Greta Thunberg. Também foram detidos onze brasileiros: Thiago Ávila, Bruno Gilga, a deputada federal Luizianne Lins, a vereadora de Campinas Mariana Conti, Ariadne Telles, Gabriele Tolotti, Lisiane Proença, Lucas Gusmão, Magno Costa, Mansur Peixoto e Mohamad El Kadri. Expostos aos ventos, à chuva e às intempéries — e, pior, à crueldade manifesta do sionismo. Entretanto, o barco com o brasileiro João Aguiar furou o cerco. Horas depois, vieram informações de que o veleiro foi interceptado após atravessar o bloqueio e entrar em águas palestinas.

Houve enormes mobilizações populares de protesto em Istambul, Roma, Barcelona, Lisboa, Chicago, Rabat, Buenos Aires, Bogotá, São Paulo e em centenas de outras cidades do mundo contra o genocídio.

A jornada é humanista e pacífica, pela mínima decência humana — alimentar o faminto, curar os enfermos e visitar o encarcerado. Existe algo mais revolucionário? Outros já morreram por isso e, no cristianismo, pela recusa e morte do mensageiro e da mensagem na pessoa do crucificado. 

Autor: Camilo Irineu Quartarollo - Autor de nove livros, químico, professor de química, com formação parcial em teologia e filosofia.

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