Num país onde não temos deslocamentos de passageiros através de ferrovias, onde o custo das passagens aéreas é obsceno e distantes do bolso dos brasileiros, o senhor Samir Xaud, atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol – CBF resolve aprovar final única para a Copa do Brasil de 2026.
O senhor Samir pensa que estamos vivendo na Europa, onde os deslocamentos são rápidos, tanto por rodovias de primeiro mundo, como em trens de alta velocidade e confortáveis ou ainda por via aérea com custo acessível a todos.
Ele desconsiderou a logística para o deslocamento dos torcedores para assistir um jogo de futebol no nosso país que é continental. Imaginem que a final seja entre São Paulo X Grêmio de Porto Alegre e a final única seja no Castelão em Fortaleza. Qual seria a distância percorrida pelas duas torcidas caso quisessem acompanhar o jogo? Qual seria o meio de transporte?
A CBF precisa passar a fazer o simples, com medidas que facilitem o acesso do povo às arquibancadas, não o contrário. Elitizar o futebol afasta o povo e aos poucos leva ao desinteresse dos jovens pelo esporte.
É preciso que o torcedor possa pagar ingressos com preços compatíveis com a renda média do nosso povo. Os horários das partidas não podem ser as 21h30, fazendo com que os torcedores tenham dificuldade no retorno as suas casas graças ao sistema de transporte público da maioria das nossas cidades.
Ele poderia estar pensando na segurança dos torcedores, mas ao invés disso, tenta implantar algo que funciona na Europa. Muitas seriam as mudanças que o novo presidente poderia estar propondo em nossos torneios. Que aliás, viraram campeonatos Bet, cujas empresas de jogatina patrocinam campeonatos, clubes, jogadores e até as transmissões.
Ele poderia estar afirmando que não haveria jogos do Brasileirão enquanto estivéssemos na da Data Fifa. Com prazo de 72 horas entre o final do jogo da seleção e a primeira partida do nosso campeonato, para que houvesse tempo de retorno e descanso dos jogadores convocados. Evitando que jogadores joguem numa altitude criminosa de mais de 4.000 metros e tenham que jogar por seus clubes no dia seguinte, como ocorreu na última Data Fifa.
Muitas coisas poderiam estar sendo feitas, no âmbito do futebol, torneios e arbitragens, mas a CBF prefere imitar a Europa mesmo sem ter as mesmas condições financeiras e de infraestrutura em nosso país.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
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