Armínio apenas nos fornece mais uma
comprovação de que divergência entre "liberais" e
"milicianos" toscos do atual governo são apenas formais. De método e
comportamento.
Com inteiro apoio à essência da agenda
criminosa que garante à manutenção da desigualdade social crescente em nosso
país, a partir da proletarização acelerada de uma classe média alienada pela
lavagem cerebral que lhe é imposta de forma incessante pela mídia reacionária.
Uma classe média, que por conta disso sofre, mas bate palmas e mitifica o
agente principal da opressão de classe a que é submetida.
Por que Armínio ocupa tanto espaço
midiático? Ora, ora, porque mergulha em duas vertentes incontestáveis de
reflexão.
A pimeira, que os
"incondicionais" do lulopragmatismo defendem por conta de uma
"governabilidade possível", é que (até por confissão do próprio
Lula), nunca os banqueiros (principal praga do regime capitalista)
"lucraram tanto" na história republicana quanto em seu governo. Nunca
os maganos do vértice da pirâmide populacional se beneficiaram tanto com
isenções tributárias inadmissíveis, para além de absoluta intocabilidade nos
privilégios que a legislação de impostos lhe fornece.
A segunda, e essa nos diz respeito
diretamente, é que as pautas identitárias, "inclusivas", para além do
que possam ser fundamentais quando ligadas a uma leitura totalizante da
conjuntura; quando operadas a partir de uma perspectiva de luta de classes,
anticapitalista, e não apenas de alcançar vagas consentidas no atual regime,
são o para-choque ideal para a consciência podre dos ditos "liberais"
se fantasiarem de "democratas".
Lamentavelmente, se a primeira vertente
é consequência de uma incontestável traição de classe, com a chegada de Lula ao
Planalto e a entrega de nossa macroeconomia a Henrique Meirelles e Palocci, a
segunda é algo que a esquerda pós-moderna transformou em eixo de ação
prioritária, com seu sectário, individualista e antissocial "lugar de
fala". A entrevista de Armínio traz, portanto, esse lado positivo. Revela
o caráter mentiroso dos liberais ao se afirmarem antiautoritários e nos obriga
a refletir sobre a covardia ideológica dos que, no campo da esquerda, por
razões eleitoreiras ou por simples acomodação, deitam e rolam na tarefa de
transformar partidos revolucionários de esquerda em verdadeiras ONGs setoriais.
Ou revertemos essa lógica rapidamente ou
o pântano que teremos que atravessar será longo demais.
Autor: Milton Temer é jornalista e
ex-deputado federal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário