Os saques em plena tragédia no RS são os retratos de um povo que ama levar vantagem em tudo, cujo discurso contra corrupção é falso, cuja ausência de ética no DNA é gritante. Uma gente sem educação de berço e de escola, verdadeiros párias de uma sociedade decadente e mórbida.
Incompreensível e inexplicável ver pessoas roubando lojas, clubes e casas enquanto corpos estão desaparecidos e milhares de conterrâneos estão sem residência, perderam todas os seus bens pessoais e materiais por conta de uma tragédia que afeta 85% das cidades do Estado do Rio Grande do Sul.
Infelizmente, na mesma medida que elogiamos a solidariedade de milhares que estão distantes do RS colaborando, seja com doações, transporte ou a organização de arrecadações, em algumas cidades do Estado recebemos as imagens deploráveis de furtos, saques e depredações.
Saques se intensificam no estado. Desde o início dos fortes temporais que atingem o Rio Grande do Sul, criminosos têm aproveitado a saída de moradores das residências para realizar saques. Estabelecimentos comerciais também têm sido violados em diversas cidades — na capital Porto Alegre, uma loja de itens do Grêmio foi invadida e saqueada.
Em Canoas, um dos
municípios mais atingidos, ladrões roubam até barcos e jet skis. Os criminosos
fingem necessitar de ajuda para resgate, mas quando o socorro se aproxima, na
maioria das vezes de voluntários, eles roubam os veículos.
Há muito percebemos que nossa gente pouco se importa com a ética, com viver de forma honesta praticando sempre o bem a quem quer que seja. A nefasta vontade de levar vantagem em tudo faz com que as cenas de saques no RS sejam recorrentes. Basta um caminhão tombar numa estrada do país e sua carga é saqueada, sem que às vezes o motorista seja sequer socorrido pelas mesmas pessoas.
Essas ações entristecem e mostram a face de uma sociedade cujo DNA é compatível com fraudes, golpes e roubos constantes no nosso cotidiano. Não são somente os criminosos e os políticos que nos roubam. Temos no seio da nossa sociedade milhares de pessoas descomprometidas com a ética, honestidade e a lisura dos atos, quer envolvam ou não dinheiro.
As forças policiais e do exército estão mobilizadas para salvar vidas neste momento da tragédia e isso faz com que o campo fique livre para saqueadores roubarem o que não lhes pertencem, promovendo ainda mais prejuízo a quem não tem mais o que fazer.
Não é esse o Brasil que
queremos, que um dia sonhamos. Esse é o país de quem não merece estar entre nós
vivendo em sociedade. Essa escória deveria estar muito longe daqui, talvez atrás
das grades em um presídio.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
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