Em nossas serenatas, o repertório tinha que conter "O Circo", a inigualável "Menina da Agulha", "A Estrada e o Violeiro".Na adolescência, havia dois autores que nos faziam fazer fila em A Musical, para sermos os primeiros a adquirir seus LPs: Chico Buarque e Sidney Miller. Havia até a tentativa de criar uma competição entre o “paulista” (embora nascido no Rio) Chico e o “carioca” Sidney. E ambos se igualavam no lirismo, na capacidade de criar em cima dos temas mais originais.
Em nossas serenatas, o repertório tinha que conter “O Circo”, a inigualável “Menina da Agulha”, “A Estrada e o Violeiro”, consagrada em um festival da Record, “Maria Joana”, “Pede Passagem” e outras, muitas inspiradas em cantigas de roda, como “Marré-de-Cy” e “Passa Passa Gavião”.
Depois, quando o quadro político se tornou mais tenebroso, fechou-se o espaço para o lirismo, substituído por um protesto disfarçado, para enganar a censura da ditadura. E os músicos tiveram que se reinventar. Sidney Miller tentou em 1974, com “Línguas de Fogo”, que não chegou a acontecer.
Em 1980 decidiu tirar a própria vida.
Nos seus 70 anos, GGN publicou artigo de Mara Baraúna sobre Sidney Miller.
O carioca Sidney Miller estudou no Colégio Santo Inácio, onde publicaria seus primeiros versos na revista da escola. Com apenas 12 anos escreveu um romance, ilustrado por ele mesmo com recortes de revista. Ainda menino, começou a compor tocando violão de ouvido.
Sidney dividiu-se entre a sociologia, a economia, a literatura e o violão. Preferiu dedicar-se à música quando, aos 18 anos, teve o talento reconhecido quando Nara Leão gravou Pede Passagem.
Em 1965, a participação de Queixa, samba feito em parceria com Zé Kéti e Paulo Tiago, no I Festival de Música Popular Brasileira da TV Excelsior (SP), obtém o 4º lugar, defendida por Ciro Monteiro. Foi o início de uma série de grandes composições de beleza melancólica.
Em 1967, no III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record (SP), a canção A estrada e o violeiro, interpretada por Nara Leão e Sidney Miller, recebeu o prêmio de melhor letra. Em teatro Sidney Miller compôs com Théo de Barros, Caetano Veloso e Gilberto Gil a trilha sonora da peça Arena conta Tiradentes (1967), de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri. Em 1972, foi a vez de por mares nunca dantes navegados, de Orlando Miranda e, em 1974, de A torre em concurso, de Joaquim Manuel de Macedo.
Em 1968, no I Festival de Juiz de Fora (MG), a canção Sem assunto, interpretada por Cynara e Cybele, foi classificada em 1º lugar. Nesse mesmo ano publica o romance João e o pó. Na área de produção, organizou no Teatro Casa Grande (RJ) com Paulo Afonso Grisolli, o espetáculo Yes, nós temos Braguinha (1968), em homenagem ao compositor João de Barro. Também com Grisolli, relançou a cantora Marlene, no show Carnavália.
Em 1969 produziu e criou os arranjos do LP de Nara Leão Coisas do Mundo. Ainda em 69, ao lado de Paulo Afonso Grisolli, Tite de Lemos, Luís Carlos Maciel, Sueli Costa, Marcos Flaksmann e Marlene organizou o espetáculo Alice no País do Divino Maravilhoso.
Em cinema, fez a trilha sonora de Os Senhores da Terra (1970), do cineasta Paulo Thiago, parceiro e amigo inseparável; Vida de Artista (1971) e Ovelha Negra (1974), ambos dirigidos por Haroldo Barbosa.
Miller gravou apenas três álbuns: Sidney Miller, de 1967; Brasil, do guarani ao guaraná, de 1968, que contou com as participações especiais de diversos artistas como Paulinho da Viola, Gal Costa, Nara Leão, MPB-4, Gracinha Leporace e Jards Macalé.; e Línguas de fogo, de 1974.
Teve muitas das suas composições registradas em LPs de outros artistas, como Nara Leão, Quarteto em Cy, MPB-4, Luiz Eça, Dóris Monteiro, Paulinho da Viola, Luli e Lucina e Joyce.
Apesar de estar afastado do circuito comercial, tinha planos de voltar a gravar um LP independente, que se chamaria Longo Circuito.
No começo de 1980, Sidney Miller planejava fazer um show com o violonista Maurício Tapajós. Gravou uma fita com 5 das músicas novas e entregou a Miltinho, do MPB-4, que as ouviu e guardou.
Em 16 de julho de 1980, um dos nomes mais talentosos da geração de cantores e compositores brasileiros surgidos na década de 1960, morreu aos 35 anos. Foi encontrado sem vida em seu apartamento, no bairro carioca de Laranjeiras.
Logo depois de sua prematura morte, a Sala Funarte Sidney Miller recebeu esse nome em homenagem ao compositor, produtor musical, poeta e cantor. Sidney Miller trabalhava no Departamento de Projetos Especiais da Funarte.
No mesmo ano, recebeu outro tributo da Funarte, o LP Sidney Miller, trazendo composições do homenageado gravadas por Alaíde Costa, Zé Luís Mazziotti e Zezé Gonzaga.
Em 2012, Miller foi homenageado na série Grandes Discos,do Instituto Moreira Salles, quando o repertório de seu LP de estreia foi interpretado em show realizado por Joyce Moreno e Alfredo Del-Penho
Sidney Miller na Rádio Batuta
Sidney Miller no Letras
Sidney Miller no Dicionário Cravo Albin
Sidney Miller, por Fernando Toledo e Áurea Alves
Sidney Miller: o compositor e a Sala Funarte.
A lembrança que não tenho, por João Miller
‘Línguas de fogo’: o surpreendente caldeirão de Sidney Miller, por Leonardo Guedes.
Os muitos caminhos de um violeiro só, por Tárik de Souza
Mundo da música quer reviver Sidney Miller
O violeiro e sua estrada, por Nelson Mota parte 1
O
violeiro e sua estrada, por Nelson Mota parte 2 e letras de
músicas .
Autor:
Luis Nassif – Publicado no Site GGN.
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