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10 de maio de 2024

Um governador que só enxerga o viés ideológico!

  

Imagem: Agência Pública.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), equivocadamente comete um erro colossal ao negociar a base de dados e a vigilância cibernética militar do Estado de São Paulo, com um grupo de tecnologia dos Emirados Árabes, um país onde a democracia não existe.

No começo de 2024, o governador Tarcísio assinou um acordo de cooperação com o grupo Edge, que é um grupo de tecnologia dos Emirados Árabes, cujo CEO é Marcos Degaut, ex-secretário de Produtos de Defesa do governo Bolsonaro.

Na gestão Bolsonaro, ele saiu do cargo e, embora não fosse diplomata de carreira, foi nomeado embaixador em Abu Dhabi, em virtude da relação de Bolsonaro com aquele país. O grupo Edge tinha sido contratado pelo Ministério da Defesa para um grande contrato de prestação de serviços para a Marinha.

Após a derrota de Bolsonaro na eleição para Lula, Degaut fica um trimestre desempregado, quando acaba virando CEO do grupo Edge no Brasil. O grupo Edge, em janeiro/24, assinou um acordo de cooperação com o governo do estado de São Paulo para fornecer o que eles chamam de 'Crystal Ball'.

Seria um serviço de tecnologia com integração de sistemas, que vai fazer vigilância, rastreamento e análise criminal, integrando bases de dados e sistemas de informação. Em alguns lugares, consta que isso está acontecendo apenas no centro de São Paulo, mas uma reportagem do Antagonista diz que foi implantado na Baixada Santista.

Não houve uma licitação para formalizar, então eles não foram contratados, mas, a princípio, eles estão tendo acesso à base de dados de inteligência do governo do estado, que estaria sendo alimentada por informações que eles estariam coletando.

Existe um relacionamento no mínimo questionável, porque essa grande empresa, que é uma empresa de defesa dos Emirados Árabes, cujo CEO é um bolsonarista do núcleo duro, está tendo acesso e coletando informações de vigilância e segurança nacional de todos os cidadãos do estado de São Paulo. A gente não sabe para onde está indo, quem faz a gestão desses dados e que dados são esses.

Viramos uma terra de ninguém, onde a sociedade não participa das discussões sobre fatos importantes, o legislativo e o judiciário também se omitem.

A ideia disso tudo, de todas essas informações, é que além de saberem de tudo da nossa vida, é que esse sistema seria capaz de identificar comportamentos suspeitos e alertar policiais antes que um crime efetivamente aconteça.

Esse tipo de ferramenta, utilizando empresas que estão habituadas a oferecer serviços na área de segurança nacional, fornecendo equipamentos para Exército e outras rotinas que são absolutamente diferentes da Segurança Pública, é algo que deveria ser discutido com a sociedade, com a Alesp e com o Ministério Público.

Como você seleciona uma empresa dessa e permite que acessem nossas bases de dados e todas as informações estratégicas de segurança e pessoais à revelia da sociedade? Fica à vontade e coleta tudo que você quiser. Pois assim age a direita no poder...

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

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