“Não são as ervas más que afogam a boa semente,
e sim a negligência do lavrador.” Confúcio
A insistência de Jair Bolsonaro em divulgar o medicamento Hidrocloroquina é muito estranha, até porque o mesmo ainda não foi liberado nem usado em nenhum país do mundo. Bolsonaro usa o grupo Prevent Senior e até o Hospital Albert Einstein como exemplos, embora existam ainda protocolos a serem cumpridos. No dia 26 de março, Jair Bolsonaro levou
uma caixa do medicamento Reuquinol para a reunião virtual com os líderes do G20
sobre a pandemia do novo coronavírus.
O medicamento é fabricado pelo
laboratório Apsen e tem cloroquina na sua composição, substância que o
presidente tem divulgado como promessa de cura para a Covid-19. Segundo o site Metrópoles, o dono da
Apsen é Renato Spallicci, um militante bolsonarista que fez campanha para o
presidente.
A Apsen prometeu fornecer sem custo
parte da produção ao Ministério da Saúde. Segundo Bolsonaro, a doação seria de
10 milhões de comprimidos.
A Apsen, que registrou lucro de R$ 696 milhões em 2018, produz o Reuquinol, que
Bolsonaro mostrou até para os líderes do G-20 por teleconferência. Presidente
da empresa, Renato Spallicci faz apaixonada defesa do mandatário do país, Jair
Bolsonaro, e críticas ao PT em suas redes sociais abertas (até a publicação
desta reportagem), como Instagram e Facebook.
Quem deveria ou não defender o uso de
medicamentos/tratamentos seria o pessoal ligado a saúde, não o presidente da
república, que de medicina entende tanto quanto qualquer brasileiro leigo. Seria
o caso de se perguntar o quê e porquê tanto afinco em defender um
medicamento/laboratório em meio a uma pandemia?
Neste dia 06 de abril, o Ministro da
Saúde, Mandetta foi levado a uma sala para assinar um decreto a respeito do uso
da substância, mas se negou a endossá-lo, como ele próprio disse em entrevista
à noite.
Segundo relatos à Folha, o
documento prevê que profissionais de saúde poderão usar o medicamento em si
próprios caso julguem necessário. O decreto foi elaborado por médicos que
defendem o tratamento com a substância. Entre eles, está Luciano Azevedo, que
ajudou a intermediar junto a bolsonaristas um encontro da imunologista Nise
Yamaguchi, também defensora da hidroxicloroquina, com Bolsonaro nesta segunda.
O dono do Laboratório Apsen e sua empresa
são doadores da campanha do presidente em 2018? Qual foi o faturamento em cima
das vendas deste remédio após as aparições de Bolsonaro com a caixinha do mesmo
às mãos?
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor,
Blogger e Graduado em Gestão Pública.
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