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7 de abril de 2020

O que há por trás da insistência em divulgar um medicamento?

“Não são as ervas más que afogam a boa semente,
e sim a negligência do lavrador.” Confúcio

          A insistência de Jair Bolsonaro em divulgar o medicamento Hidrocloroquina é muito estranha, até porque o mesmo ainda não foi liberado nem usado em nenhum país do mundo. Bolsonaro usa o grupo Prevent Senior e até o Hospital Albert Einstein como exemplos, embora existam ainda protocolos a serem cumpridos. No dia 26 de março, Jair Bolsonaro levou uma caixa do medicamento Reuquinol para a reunião virtual com os líderes do G20 sobre a pandemia do novo coronavírus.
O medicamento é fabricado pelo laboratório Apsen e tem cloroquina na sua composição, substância que o presidente tem divulgado como promessa de cura para a Covid-19. Segundo o site Metrópoles, o dono da Apsen é Renato Spallicci, um militante bolsonarista que fez campanha para o presidente.
A Apsen prometeu fornecer sem custo parte da produção ao Ministério da Saúde. Segundo Bolsonaro, a doação seria de 10 milhões de comprimidos.
A Apsen, que registrou lucro de R$ 696 milhões em 2018, produz o Reuquinol, que Bolsonaro mostrou até para os líderes do G-20 por teleconferência. Presidente da empresa, Renato Spallicci faz apaixonada defesa do mandatário do país, Jair Bolsonaro, e críticas ao PT em suas redes sociais abertas (até a publicação desta reportagem), como Instagram e Facebook.
Quem deveria ou não defender o uso de medicamentos/tratamentos seria o pessoal ligado a saúde, não o presidente da república, que de medicina entende tanto quanto qualquer brasileiro leigo. Seria o caso de se perguntar o quê e porquê tanto afinco em defender um medicamento/laboratório em meio a uma pandemia?
Neste dia 06 de abril, o Ministro da Saúde, Mandetta foi levado a uma sala para assinar um decreto a respeito do uso da substância, mas se negou a endossá-lo, como ele próprio disse em entrevista à noite.
Segundo relatos à Folha, o documento prevê que profissionais de saúde poderão usar o medicamento em si próprios caso julguem necessário. O decreto foi elaborado por médicos que defendem o tratamento com a substância. Entre eles, está Luciano Azevedo, que ajudou a intermediar junto a bolsonaristas um encontro da imunologista Nise Yamaguchi, também defensora da hidroxicloroquina, com Bolsonaro nesta segunda.
O dono do Laboratório Apsen e sua empresa são doadores da campanha do presidente em 2018? Qual foi o faturamento em cima das vendas deste remédio após as aparições de Bolsonaro com a caixinha do mesmo às mãos? 

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública. 

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