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5 de abril de 2019

As leis que servem para a sociedade, não se aplicam aos políticos e seus familiares!

A justiça pode caminhar sozinha;
a injustiça precisa sempre de muletas,
de argumentos. Nicolae Iorga

O Brasil é seguramente um dos países com maior quantidade de leis e decretos. Nossa Constituição de 1988 também é uma das maiores, embora nem sempre obedecidas pela turma do andar de cima, que englobam políticos, seus familiares, grandes grupos financeiros, etc.
Todo cidadão que gosta de pescaria, sabe do poder e da vigilância exercida pelo IBAMA, calcada em leis rigorosas que podem levar a prisão os seus infratores. Pois os parentes do presidente do Senado Davi Alcolumbre – DEM/AP foram multados 13 vezes pelo IBAMA nos últimos dez anos por crimes ambientais no Amapá.
Em janeiro deste ano, o primo do presidente do Senado, o empresário Salomão Alcolumbre Júnior, foi alvo de duas multas do IBAMA, resultado de infrações ambientais cometidas em terras no Amapá. As duas multas, que somam R$ 555 mil, envolvem uma área de 108 hectares localizada em Macapá.
Salomão Alcolumbre que foi suplente do senador Gilvam Borges (MDB-AP) até 2014, foi autuado por impedir a regeneração da área, descumprindo termos de um acordo que ele já tinha firmado com o órgão de fiscalização ambiental. Essas são apenas as multas ambientais mais recentes aplicadas contra a família Alcolumbre.
Somente no período de 2009 a 2019 os Alcolumbres foram multados 13 vezes pelo IBAMA. O valor total das infrações chega a R$ 994,5 mil (Novecentos e noventa e quatro mil e quinhentos reais). Dessas 13 multas, oito estão em nome de uma empresa da família, a Salomão Alcolumbre & Cia Ltda. Outras três estão em nome do primo do presidente do Senado, o empresário Salomão Alcolumbre Júnior, e outras duas em nome do tio do presidente do senado, o empresário Pierre Alcolumbre. Pierre foi o único que quitou suas duas multas, uma de R$ 5 mil e outra de R$ 13.500.
No ano passado, a empresa Salomão Alcolumbre & Cia Ltda foi multada em R$ 80 mil por descumprir o embargo comercial de vendas combustíveis pelo Posto Salomão, conforme decisão anterior. Apesar de o presidente do senado, Davi Alcolumbre, não ser o alvo da autuação, ele conhece bem o posto de abastecimento. Conforme divulgado em 2013 pela mídia, Davi, quando ainda era deputado, gastava toda a sua cota de combustível paga pela Câmara no posto Salomão Alcolumbre & Cia. Ltda. O posto continua sob o comando da família.
As normas de uso da verba indenizatória proíbem a utilização da cota para ressarcimento de despesas relativas a bens fornecidos ou serviços prestados por empresa da qual o proprietário ou detentor de qualquer participação seja o deputado ou parente de até terceiro grau. À época, o gabinete do parlamentar informou que a família Alcolumbre era dona de cerca de 70% dos postos de combustível do Amapá, “sendo inviável não abastecer na empresa de parentes”.
Questionado sobre as multas ambientais aplicadas pelo IBAMA, o presidente do Senado disse que não é alvo de nenhuma autuação. Por meio de sua assessoria, declarou que “tem mais de 50 primos no Amapá” e que não pode responder por eles.
Davi Alcolumbre disse que “acha positiva a fiscalização feita pelo IBAMA e que o órgão deve punir qualquer um que infringir a lei”. O senador declarou ainda que não tem nenhum tipo de relação com os alvos das infrações e que desconhecia as multas aplicadas neste ano pelo órgão federal.
O órgão IBAMA está na mira do presidente Bolsonaro que classificou o trabalho como uma “indústria da multa” que precisa acabar. Na semana passada, o servidor do IBAMA que multou o então deputado Jair Bolsonaro em 2012 por pesca irregular em uma área de proteção ambiental no Rio de Janeiro, foi exonerado. A dispensa de José Olímpio Augusto Morelli que atuava um cargo de comissão na Diretoria de Proteção Ambiental (Dipro), foi publicada no Diário Oficial da União.
A decisão de retirar Morelli do cargo foi tomada pelo major da Polícia Militar Olivaldi Alves Borges Azevedo, que foi nomeado em janeiro por Bolsonaro para assumir o comando da Dipro, ao qual o Morelli estava subordinado. Um dia antes da nomeação de Olivaldi para o cargo, o IBAMA anulou a decisão que multou em R$ 10 mil o presidente Jair Bolsonaro (PSL) pela pesca irregular, em Angra dos Reis (RJ).
Percebemos que estas situações citadas jamais seriam aplicadas ao cidadão comum, que seria preso caso não pagasse as multas. Porém, os políticos, seus primos, amigos e até o presidente da república vivem noutra realidade, confortáveis no andar de cima da República, onde a velha política jamais deixará de ser aplicada. 

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

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