Dentro de um
setor ainda muito aparelhado e engessado, implementar grandes mudanças é um
desafio homérico para os líderes públicos que querem realmente fazer a
diferença.
A demanda por qualificação do
funcionalismo público tem aumentado nos últimos anos em todos os níveis, sejam
servidores, secretários, prefeitos ou governadores. A ideia de que o setor
público é um campo puramente burocrático, pouco dinâmico e balcão de favores
não sobreviverá frente a crescente demanda e vigilância da sociedade sobre os
serviços públicos, acentuada pelo uso das redes sociais. Cada vez mais, aumenta
a pressão para que o Estado se reinvente e responda de maneira mais efetiva a
essas demandas, com políticas públicas inovadoras, serviços melhores e,
principalmente, profissionais capazes de impulsionar essa evolução.
Autora: Luana Tavares - Diretora Executiva do Centro de Liderança Pública.
Makyzz via Getty images - A despeito da burocracia, novos líderes públicos devem buscar maior produtividade e eficiência.
Segundo dados do IBGE, 50% da
atividade econômica do Brasil está nas mãos do setor público. Adicionalmente,
70% dos brasileiros dependem do setor público para terem acesso a serviços
básicos de saúde e educação. Frente ao cenário de arrocho nas contas públicas,
os governos precisam buscar maior produtividade, eficiência e proximidade da
sociedade. Dentro de um setor ainda muito aparelhado e engessado, implementar
grandes mudanças é um desafio homérico para os líderes públicos que querem
realmente fazer a diferença.
Nesse sentido, construir novos
caminhos no governo requer não somente capacidade técnica, mas exige também
preparo para liderar uma grande mudança de comportamento e cultura nas
repartições públicas e na própria população.
O contexto atual para o setor público
exige gestores que saibam fazer leituras do contexto político, construir
soluções para os complexos problemas públicos e mobilizar e engajar a população
nas entregas e mudanças necessárias. Hoje, diversas instituições ligadas ao
desenvolvimento de gestores públicos estão atentas a esse novo perfil de líder
público, entre elas o CLP – Liderança Pública. Há seis anos lançamos o Master
em Liderança e Gestão Pública – MLG, pós-graduação que já desenvolveu mais de
160 líderes públicos de todo o Brasil, entre eles prefeitos, secretários
estaduais, municipais, técnicos dos três níveis de governo e líderes do
terceiro setor e iniciativa privada que trabalham junto ao governo.
A maior preparação do gestor e
consequente aumento da capacidade institucional do Estado de produzir
resultados é uma demanda real e urgente da sociedade. Não à toa alguns
governadores têm, inclusive, investido em realizar a pré-seleção profissional
para nomeação de cargos de indicação política. A atual secretária de Educação
de Goiás, Fátima Gavioli, é um exemplo simbólico da mudança de paradigma do
setor público. Antes de assumir a pasta, participou e foi finalista da
pré-seleção para secretária de Educação em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul.
Mãe de dois filhos construiu a
carreira como professora no estado de Rondônia e ampliou o currículo com
inúmeros títulos de formação acadêmica, incluindo bacharel em Direito, mestrado
em Letras e Pedagogia e pós-graduação em Liderança e Gestão Pública, o MLG.
Fátima, no entanto, teve que enfrentar uma dura realidade até chegar onde está.
Durante sua trajetória acadêmica, trabalhou como doméstica por sete anos em
Cacoal, Rondônia, antes de conseguir se formar entrar no magistério e se
assumir o comando da Secretaria de Educação de seu estado. Atualmente, a rede
pública goiana é líder nacional no Ensino Médio e no Ensino Fundamental II, de
acordo com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
A 887 quilômetros de Goiânia, em
Londrina, a gestão pública ganhou mais um caso de profissional oriundo de
processo profissional de pré-seleção. A secretária municipal de Educação, Maria
Tereza Paschoal de Moraes, uma das vencedoras do Prêmio Espírito Público 2018,
que premia a trajetória de servidores públicos que fizeram a diferença. Com o
prêmio, Maria Tereza recebeu R$ 50 mil e uma viagem a Londres para uma troca de
experiência com instituições públicas britânicas. Ela é servidora pública desde
2000 e assumiu a pasta em 2017, após ser aprovada no processo seletivo em
primeiro lugar. Maria Tereza é bacharel em Direito pela Fundação Eurípedes
Soares da Rocha e também pós-graduada em Liderança e Gestão Pública, pelo MLG.
Esses novos gestores públicos são
essenciais para a manutenção das instituições democráticas do País e são eles
que irão conceber e implementar as políticas públicas endereçadas aos reais
problemas do Brasil. Gestão Pública e Política têm uma relação simbiótica, em que
a política determina o foco e os parâmetros de atuação da gestão pública e esta
torna real o discurso político. Em tempos de flutuações políticas, os
servidores públicos assumem uma função ainda mais importante de manter o
vínculo de confiança junto à população por meio do acesso, dos serviços e
amparo que oferecem.
E esse é o perfil do “Novo Líder
Público”, o verdadeiro estadista que compreende esse contexto e o seu papel na
mudança de cultura tão necessária no nosso país, trabalha em prol do cidadão e
investe em inovação, capacitação e qualificação profissional. Uma vez que um
real legado para a sociedade é resultado da capacidade de liderança, do
conhecimento técnico e uma gestão eficiente.
Autora: Luana Tavares - Diretora Executiva do Centro de Liderança Pública.
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