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16 de abril de 2019

A política e a gestão pública precisam de uma nova safra de estadistas!

Dentro de um setor ainda muito aparelhado e engessado, implementar grandes mudanças é um desafio homérico para os líderes públicos que querem realmente fazer a diferença.
Makyzz via Getty images - A despeito da burocracia, novos líderes públicos devem buscar maior produtividade e eficiência.
             A demanda por qualificação do funcionalismo público tem aumentado nos últimos anos em todos os níveis, sejam servidores, secretários, prefeitos ou governadores. A ideia de que o setor público é um campo puramente burocrático, pouco dinâmico e balcão de favores não sobreviverá frente a crescente demanda e vigilância da sociedade sobre os serviços públicos, acentuada pelo uso das redes sociais. Cada vez mais, aumenta a pressão para que o Estado se reinvente e responda de maneira mais efetiva a essas demandas, com políticas públicas inovadoras, serviços melhores e, principalmente, profissionais capazes de impulsionar essa evolução.
Segundo dados do IBGE, 50% da atividade econômica do Brasil está nas mãos do setor público. Adicionalmente, 70% dos brasileiros dependem do setor público para terem acesso a serviços básicos de saúde e educação. Frente ao cenário de arrocho nas contas públicas, os governos precisam buscar maior produtividade, eficiência e proximidade da sociedade. Dentro de um setor ainda muito aparelhado e engessado, implementar grandes mudanças é um desafio homérico para os líderes públicos que querem realmente fazer a diferença.
Nesse sentido, construir novos caminhos no governo requer não somente capacidade técnica, mas exige também preparo para liderar uma grande mudança de comportamento e cultura nas repartições públicas e na própria população.
O contexto atual para o setor público exige gestores que saibam fazer leituras do contexto político, construir soluções para os complexos problemas públicos e mobilizar e engajar a população nas entregas e mudanças necessárias. Hoje, diversas instituições ligadas ao desenvolvimento de gestores públicos estão atentas a esse novo perfil de líder público, entre elas o CLP – Liderança Pública. Há seis anos lançamos o Master em Liderança e Gestão Pública – MLG, pós-graduação que já desenvolveu mais de 160 líderes públicos de todo o Brasil, entre eles prefeitos, secretários estaduais, municipais, técnicos dos três níveis de governo e líderes do terceiro setor e iniciativa privada que trabalham junto ao governo.
A maior preparação do gestor e consequente aumento da capacidade institucional do Estado de produzir resultados é uma demanda real e urgente da sociedade. Não à toa alguns governadores têm, inclusive, investido em realizar a pré-seleção profissional para nomeação de cargos de indicação política. A atual secretária de Educação de Goiás, Fátima Gavioli, é um exemplo simbólico da mudança de paradigma do setor público. Antes de assumir a pasta, participou e foi finalista da pré-seleção para secretária de Educação em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul.
Mãe de dois filhos construiu a carreira como professora no estado de Rondônia e ampliou o currículo com inúmeros títulos de formação acadêmica, incluindo bacharel em Direito, mestrado em Letras e Pedagogia e pós-graduação em Liderança e Gestão Pública, o MLG. Fátima, no entanto, teve que enfrentar uma dura realidade até chegar onde está. Durante sua trajetória acadêmica, trabalhou como doméstica por sete anos em Cacoal, Rondônia, antes de conseguir se formar entrar no magistério e se assumir o comando da Secretaria de Educação de seu estado. Atualmente, a rede pública goiana é líder nacional no Ensino Médio e no Ensino Fundamental II, de acordo com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
A 887 quilômetros de Goiânia, em Londrina, a gestão pública ganhou mais um caso de profissional oriundo de processo profissional de pré-seleção. A secretária municipal de Educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes, uma das vencedoras do Prêmio Espírito Público 2018, que premia a trajetória de servidores públicos que fizeram a diferença. Com o prêmio, Maria Tereza recebeu R$ 50 mil e uma viagem a Londres para uma troca de experiência com instituições públicas britânicas. Ela é servidora pública desde 2000 e assumiu a pasta em 2017, após ser aprovada no processo seletivo em primeiro lugar. Maria Tereza é bacharel em Direito pela Fundação Eurípedes Soares da Rocha e também pós-graduada em Liderança e Gestão Pública, pelo MLG.
Esses novos gestores públicos são essenciais para a manutenção das instituições democráticas do País e são eles que irão conceber e implementar as políticas públicas endereçadas aos reais problemas do Brasil. Gestão Pública e Política têm uma relação simbiótica, em que a política determina o foco e os parâmetros de atuação da gestão pública e esta torna real o discurso político. Em tempos de flutuações políticas, os servidores públicos assumem uma função ainda mais importante de manter o vínculo de confiança junto à população por meio do acesso, dos serviços e amparo que oferecem.
E esse é o perfil do “Novo Líder Público”, o verdadeiro estadista que compreende esse contexto e o seu papel na mudança de cultura tão necessária no nosso país, trabalha em prol do cidadão e investe em inovação, capacitação e qualificação profissional. Uma vez que um real legado para a sociedade é resultado da capacidade de liderança, do conhecimento técnico e uma gestão eficiente.

Autora: Luana Tavares - Diretora Executiva do Centro de Liderança Pública.

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