Desde que o ex-deputado federal se lançou e ganhou as eleições presidenciais em 2018, ouvimos um lema que se tornou contagiante entre seus eleitores e apoiadores. A grande maioria deles desconhece ou jamais vai admitir que este lema está ligado diretamente ao fascismo italiano ou ao nazismo alemão. Ambos foram muito disseminados antes e durante a segunda guerra mundial.
O lema usado por Bolsonaro está diretamente ligado ao fascismo, nunca ao fato de ser algo cristão, como ele tenta passar aos seus apoiadores e eleitores. E o que é o fascismo? O fascismo é um movimento político, econômico e social que se desenvolveu em alguns países europeus no período após a Primeira Guerra Mundial, principalmente naqueles que enfrentavam graves crises econômicas, como a Itália e a Alemanha.
Entre as principais características desse sistema estão a concentração do poder nas mãos de um único líder, o uso da violência e o imperialismo. Mas não é só isso. Diferente de outras correntes ideológicas, o fascismo é um termo de difícil definição, que pode apresentar diversos significados dependendo do enfoque escolhido e das características acentuadas. Assim, ainda não existe um conceito de fascismo universalmente aceito.
Na Alemanha, no período após o fim da Primeira Guerra Mundial, surge um regime autoritário bastante conhecido, que compartilhou diversas características do fascismo. Esse regime é o nazismo, que teve como principal líder o assassino Adolf Hitler.
Em recente declaração à nação, o presidente Jair Bolsonaro – PL assina o documento com a expressão “Deus, Pátria, Família”, que é o lema da Ação integralista Brasileira (AIB), movimento com inspiração no fascismo italiano, fundado em 1932 por Plínio Salgado. Os integralistas brasileiros usavam símbolos e rituais que os aproximavam dos similares europeus, como o uso do verde na indumentária, a letra grega sigma no logotipo do movimento e a saudação anauê. Não é a primeira vez que o presidente Bolsonaro, ou pessoas de seu círculo de confiança, utilizam símbolos e expressões que os conectam com o integralismo, o fascismo ou o nazismo.
O caso mais emblemático é do ex-secretário especial de Cultura, Roberto Alvim, que em janeiro de 2020, copiou uma citação do ministro de propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, em um discurso para as redes sociais, para divulgar o Prêmio Nacional das Artes. Em um de seus discursos, Goebbels afirmou: “A arte alemã da próxima década será heroica, será ferrenhamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”.
Na adaptação de Alvim, ficou assim: “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada.”
Em 17 de maio de 2020, ex-companheiros de armas de Bolsonaro, quando o presidente era paraquedista das Forças Armadas, foram até o Palácio do Planalto saudar o mandatário. Porém, no momento do cumprimento, estenderam o braço direito para o alto e gritaram “Bolsonaro somos nós”.
O episódio foi encarado por especialistas como uma alusão ao nazismo. Entre eles, Lilia Moritz Schwarcz, historiadora, doutora em antropologia e professora titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Em um artigo publicado na Revista Zum, ela faz a relação entre o gesto e o movimento alemão.
Enquanto isso, parcela considerável da nossa sociedade, alienada pelo ódio à esquerda e ao PT de Lula, segue, vota e apoia um candidato que representa tudo que o mundo sempre procurou condenar, punir e esquecer da sua história.
No futuro quando a história registrar os fatos, com certeza não conseguiremos identificar estes eleitores que se vestem com camisetas da seleção brasileiras ou enrolados na nossa bandeira. Irão agir como o fizeram na época do Impeachment de Collor dizendo ao serem questionado: “Eu? Nunca votei nele, eu votei em branco ou anulei meu voto”. Será novamente tarde demais, não por falta de avisos, assim como foi feito na época do auge de Paulo Maluf, quando dizíamos aos seus eleitores alienados e robotizados. Mas eles não acreditavam e mesmo depois da prisão dele, nunca assumirão seus votos em Maluf.
Bolsonaro não engana ninguém, estes que o apoiam cegamente desde 2018 são na verdade parcela considerável de pessoas que aceitam o racismo, homofobia, xenofobia, nazismo e o fascismo como algo normal. Sempre pensaram deste jeito, mas, quando viram Bolsonaro levantar e defender suas bandeiras o promoveram a Mito.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
Um comentário:
Não o assumem agora, visto o evento das pesquisas de primeiro turno, que muitos classificaram como erro. Não foi erro e sim os defensores do "mito" se acovardando, se escondendo atrás de votos nulos e brancos. Alguns assumem o irresponsável abertamente: são os ricos, beneficiados pela política da fome implantada por ele. Outros, beneficiados de auxílios, se escondem por vergonha ou ignorância. Mas, são muitos. E a luta para vencer esse povo será imensa.
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