A crescente violência no país tem dentro e fora dos estádios de futebol do Brasil uma parte enraizada da sua pior faceta, uma sociedade doente. E não são apenas as chamadas torcidas organizadas que respondem por esses atos ignóbeis dentro e fora dos estádios, mas sim, muitos torcedores comuns que vão as ruas e aos estádios brigarem, lutarem e até matarem seus adversários.
Apenas neste ano de 2022, já assistimos em Santos, com torcida única do clube mandante (Santos F.C.) uma invasão ao gramado com agressão ao goleiro Cássio do Corinthians. Punição? O STJD fingiu que puniu o time dando ao clube dois jogos com portões fechados em 2023, quando da participação do time na Copa do Brasil. Nenhum torcedor foi preso, ninguém ficou impedido de voltar a Vila Belmiro, nada aconteceu...
Muito já se falou ao longo dos anos e pouco ou nada foi realizado, mas a verdade é que algumas coisas tem de ser ditas:
1. A impunidade supera quaisquer atitudes de simples boa vontade e de discursos por parte do Ministério Público, é preciso agir com rigor e colocar atrás das grades quem comete crimes dentro ou fora dos estádios;
2. É preciso que a Justiça faça sua parte com rigor, estabelecendo linha direta com a CBF, Federações, Policia Militar e Civil;
3. Os Estados têm de providenciar o treinamento das tropas da polícia militar envolvidas com a realização de eventos esportivos. Separando aqueles que fazem apenas a triagem e a segurança externa daqueles que efetivamente tem de coibir com inteligência quaisquer atos ilícitos dentro ou fora dos estádios;
4. Em grandes jogos com públicos acima de vinte mil pessoas ou em grandes clássicos é preciso que se façam presentes estações móveis com delegados, promotores e até juízes para que aqueles que forem presos possam ser julgados no local. Se condenados, devem ser encaminhados à carceragem mais próxima;
5. Não se pode permitir a venda de bebidas alcoólicas nas imediações dos grandes estádios de futebol;
6. Ambulantes e cambistas têm de ser banidos das imediações dos espetáculos, doa a quem doer;
7. Dirigentes e membros de comissões técnicas que derem declarações que motivem ainda mais a violência devem responder civil e criminalmente por suas verborragias;
8. Os clubes devem ser responsabilizados por atitudes que comprometam a segurança dos espetáculos. Tanto na organização, definição de praças esportivas, vendas antecipadas de ingressos, enfim, tudo que disser respeito à promoção do jogo. Inclusive a proibição da relação promíscua existentes atualmente entre dirigentes de clubes e chefes de torcidas organizadas;
9. O torcedor que cometer crimes ou atos de violência deve ser banido dos estádios por dez anos no mínimo;
10. A PM deve se valer da utilização de bafômetros e os estádios devem ter obrigatoriamente em suas entradas detectores de metais e outros equipamentos como os circuitos fechados de TV e gravação online de imagens que auxiliem na prisão de vândalos e criminosas que insistam em tomar os lugares dos verdadeiros torcedores de futebol no Brasil.
O resto é brincadeira e medidas fantasiosas que pessoas que nunca foram aos estádios de futebol querem implantar para aparecerem o suficiente na mídia para depois se candidatarem a cargos públicos.
Chega de balela. É preciso impor a ordem e o respeito, é preciso colocar marginais na cadeia e não permitir que voltem a frequentar lugares que são para famílias em busca de diversão e lazer associado a maior paixão do nosso povo.
Neste final de semana um jogo foi adiado porque o MP/GO impediu que a torcida adversária pudesse ver a partida para a qual compraram os ingressos. Em Recife os seguranças do Sport Clube Recife abriram deliberadamente os portões para que torcedores entrassem no gramado e agredissem quem eles quisessem dentro do Arruda. No Castelão em Fortaleza uma briga entre torcedores do Ceará resultou na invasão do campo para que famílias se refugiassem dos criminosos e das balas de borracha atiradas a esmo pelos policiais despreparados no local.
A punição esperada nas três situações acima é muito grande, porém, mais uma vez o STJD vai nos decepcionar com punições risíveis que ao invés de coibirem violência semelhante em eventos futuros vão incentivar que aconteçam ainda mais vezes no nosso futebol.
Nossa sociedade está
doente, um exemplo além do futebol são as intolerâncias religiosas e a
violência contra pessoas que vistam vermelho no meio de seguidores do partido
do presidente. Não há convivência pacifica, tudo é tratado com violência,
agressões e mortes no país que pensa ter uma democracia, mas age como se
estivesse numa ditadura sangrenta.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
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