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13 de outubro de 2022

Igreja em Goiânia foi palco de um crime onde seus pastores e os fiéis foram cúmplices pelo silêncio!

O Ministério Público Federal (MPF) enviou ofício à Secretaria Executiva do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos para que esclareça sobre as informações de supostos abusos sexuais cometidos na Ilha de Marajó (PA), conforme a ex-ministra Damares Alves relatou em um culto evangélico na Igreja Assembleia de Deus na cidade de Goiânia - GO. As mentiras que foram ditas aos fiéis nunca tiveram por parte da ex-ministra ou de seu ministério no governo Bolsonaro quaisquer ações que fossem do conhecimento público. 

O MPF pede que o Ministério, então, apresente os supostos casos descobertos para que as providências possam ser tomadas. O Ministério já respondeu com mais mentiras e desculpas evasivas sem citar nomes, dados ou fatos que comprovassem a loucura de Damares.

A presença de diversas crianças na plateia não parece ter constrangido a ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos a expor detalhes de casos de violência e abuso sexual. Durante sua pregação, a futura senadora do Distrito Federal afirmou que tomou conhecimento de tráfico de crianças na Ilha de Marajó.

Damares detalhou abertamente os casos de abusos sexuais para os ouvintes, inclusive para as crianças que participavam do momento religioso.

“Eu vou contar uma história para vocês, que agora eu posso falar. Nós temos imagens de crianças brasileiras de três, quatro anos que, quando cruzam as fronteiras, os seus dentinhos são arrancados para elas não morderem na hora do sexo oral”, relatou. Ela disse ainda que as meninas e meninos comem comida pastosa “para o intestino ficar livre na hora do sexo anal”, afirmou a ex-ministra.

A ex-ministra afirmou que falava no culto como pastora e não como política, como se isso pudesse ser separado. Damares disse que tinha o “manto constitucional” para se expressar no local e defendeu abertamente o voto no presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Tem coisas que eu não posso falar lá fora, mas aqui eu tenho uma liberdade constitucional de manifestar a minha fé. A guerra contra Bolsonaro que a imprensa levantou, que o Supremo levantou, que Congresso levantou, não é uma guerra política, é uma guerra espiritual”, disse Damares. Em outras palavras aqui dentro eu posso mentir à vontade, porque lá fora a mídia vai exigir comprovações que eu não tenho sobre essas aberrações que falo de forma doentia e inconsequente.

O uso de templos religiosos como espaço para campanha ou atos políticos tem crescido nestas eleições e traz novas dinâmicas para a interação entre religião e política. Nunca em tempo algum a religião foi tão utilizada para a propagação das mentiras de um candidato que mesmo após quatro anos a frente da presidência não possui nada para dizer sobre obras, projetos e serviços realizados.

As falas de Damares e de Michelle Bolsonaro rompem a separação entre o momento eleitoral e a pregação religiosa, misturando falas religiosas e interpretações bíblicas com discursos políticos. É um tipo de oratória que traz em si esse fogo pentecostal, esse avivamento do discurso que é o que caracteriza as igrejas pentecostais. E o resultado é mais ódio espalhado dentro dos templos e que acabam sendo disseminados em grupos de whatsapp e redes sociais, como se verdades o fossem.

            Essa mistura é perigosa e promove uma radicalização do eleitorado evangélico. Tem diversos pastores que estão trazendo críticas, dizendo que as igrejas estão fazendo idolatria. E isso é um grande problema. Só que, ao mesmo tempo, isso tem criado fiéis e pastores que estão relacionando cada vez mais a sua fé com o seu lado político. O preço a ser pago pela comunidade evangélica será muito alto na medida que o tempo for passando e as denúncias contra Bolsonaro, seus filhos e aliados forem se tornando públicas. 

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

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