Dos muitos absurdos que surgiram com o Bolsonarismo em 2017, um dos piores e mais nefastos é o negacionismo. Não acreditar que as vacinas, que durante décadas salvaram vidas e erradicaram doenças do país, não sejam necessárias a eles e aos seus filhos é algo tosco, inacreditável tanto quanto intolerável.
Em recente entrevista, o médico sanitarista disse o seguinte:
“O Brasil tem o Programa Nacional de Imunizações instituído desde 1975, ainda em plena ditadura militar, e o projeto de vacinação brasileiro tem uma definição: é um projeto campanhista. Esse projeto foi se aprimorando em meados dos anos 1990, com a criação do SUS (Sistema Único de Saúde) e das Unidades Básicas, que fazem o acompanhamento da população no que diz respeito às vacinas, especialmente das crianças.
Esse modelo campanhista tem uma lógica: você prepara uma estrutura de vacinação em um dia específico e concentra esforços. O SUS já realizou campanhas de vacinação em que vacinamos 13 milhões de crianças contra poliomielite em um único dia. É um modelo que funciona, mas que precisa de marketing. O governo precisa voltar a fazer marketing da eficácia da vacina junto à população.
A partir de 2016, nós entramos em uma crise econômica, e essa crise derrubou o financiamento do Ministério da Saúde. E uma das coisas que os gestores fizeram foi cortar as campanhas de vacinação. O pensamento é o seguinte: quem quiser tomar vacina, vai. Quem não quiser, não vai”.
A ascensão do bolsonarismo com a eleição do ex-deputado federal por 27 anos Jair Bolsonaro em 2018 apenas comprometeu ainda mais o sistema único de saúde e as campanhas vacinais. A pandemia da Covid-19 fez com que seus seguidores acreditassem que as vacinas continham “chips”, eram ineficazes e isso lógico foi facilmente repassado as demais vacinas que são ministradas principalmente às crianças.
A última vez que o país alcançou 100% da cobertura vacinal para a doença foi em 2013. A queda abaixo dos 90% acontece desde 2016 e, em 2021, o patamar chegou a 69,9%, segundo o Ministério da Saúde. O problema é similar para outras vacinas, como BCG, que previne contra tuberculose, e Tríplice Viral, que impede a disseminação do sarampo, rubéola e caxumba.
Até a poliomielite, que tinha 100% de cobertura no país e se considerava erradicada voltou, tendo em vista que, muitos pais não levam seus filhos para serem vacinados nas campanhas realizadas pelos governos municipais.
Neste ano de 2022, tivemos uma campanha onde o percentual de crianças vacinadas contra a Pólio ficou muito abaixo do esperado. Segundo os dados oficiais a cobertura chegou a apenas 65,6% no país.
Os bolsonaristas negacionistas resgataram um artigo de um médico norte-americano publicado na revista Lancet que dizia que a vacina contra o sarampo poderia causar autismo, baseado na utilização de um conservante, o Timerosal, algo que foi desmentido na própria revista por outros pesquisadores. Mas essa "tese" circulou por 3 ou 4 anos na internet. Então, nós vivemos a era das fake news e isso tem um grande impacto na saúde pública.
Aqui no Brasil, os alienados simpatizantes e seguidores de Bolsonaro não acreditam na ciência, porém, acreditam cegamente em Fake News que são espalhadas à exaustão nas redes sociais, whatsapp e canais de direita do bolsonarismo.
A ciência precisa urgentemente da descoberta de uma vacina contra a ignorância que tem matado e devastado o país e o mundo em que vivemos.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
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