“Há os especialistas do dizer,
do falar e não do pensar”.
Milton Santos
O
meu querido amigo bauruense João Bidu, astrólogo e dono de uma editora, cujas
previsões são publicadas em diversos jornais e revistas do país há muitos anos,
fez uma previsão em dezembro de 2019 que viralizou na internet. À época, numa
entrevista concedida
a um jornal de Bauru, no interior paulista, ele disse: “podemos esperar um ano
mais leve do que 2019, não só para as pessoas, mas para o mundo em geral.”
Ele é um homem sério, correto,
trabalhador, porém, foi traído por este inusitado e atemporal ano de 2020. Um
ano que ficará marcado para sempre na história deste século em que vivemos.
Não encontrei ainda algum astrólogo,
vidente ou quem quer que seja que tenha previsto tudo isso que estamos
vivenciando neste ano de pandemia, vírus chinês e isolamento social num mundo
completamente à mercê do novo, do inusitado, da ciência e do medo.
Um ano que começou com as notícias vindo
do outro lado do mundo dando conta do surgimento de um vírus que poderia levar
a morte. Nem os países da Europa, nem os da América do Norte deram muita
importância, achando que aquele vírus não chegaria tão distante. Na América do
Sul, normalmente com países governados por ineptos, a tragédia anunciada não
poderia ser pior.
As mudanças na sociedade começaram em
março, com o estabelecimento do isolamento social, algo nunca feito nem vivido
por esta nossa geração. O inusitado entrou em cena, neste momento esperava-se
que com trinta dias tudo pudesse ser resolvido, o sacrifício seria pequeno
diante do problema gigante.
Porém, nada disso aconteceu, não houve
seriedade nem dos governantes, nem dos brasileiros em geral. Em meio a boatos
infundados de surgimento de medicamento para a suposta cura, lá se foi mais um
tempo perdido.
Os dias foram se passando e depois de
120 dias ainda temos isolamento social, casos novos surgindo, óbitos e muita
confusão na saúde, economia e na vida da sociedade em geral.
A humanidade não soube lidar com o
inusitado, o novo assustou e transformou o que seria difícil em algo
insuportável para essa travessia de alguns meses. Desemprego, comércio fechando
portas, negócios ruindo, mais de setenta mil mortos, ou seja, um caos.
Um presidente negacionista e com visão
limitada, que não aproveitou a oportunidade para ser um líder, preferindo ser o
bobo da corte. Governadores perdidos entre seguir a ciência e ceder a pressão
da economia, deixando como sempre o rastro da corrupção a vista nas compras
emergenciais e nas licitações.
Sairemos como entramos, nem melhores nem
piores, não aprendemos a lição que a pandemia possibilitou, com raras exceções
de gestos humanitários, vimos mais do mesmo neste quadro patético da nossa
sociedade gananciosa, que pensa em si e apenas em si mesmo e no seu vil metal.
Perdemos a chance de crescer como seres
humanos, de dignificarmos nossa passagem neste planeta. Não foi desta vez.
Autor:
Rafael Moia Filho: Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.
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