Sua
soberba ficou, se isso é possível, mais evidente na maneira arrogante e
provocadora com que anunciou que foi contaminado.
Bolsonaro após anunciar que seu exame deu positivo para covid-19, nesta terça-feira.
Mais
do que doente de coronavírus, o que aflige o presidente Jair
Bolsonaro é algo muito mais grave, é uma doença da alma, uma doença sem
cura.
Do
vírus ele poderá se curar ou morrer, como todo mundo. No entanto, o mal que
nele é grave é sua soberba, sua teimosia em querer negar as evidências.
Primeiro, enquanto se gabava de sua condição de atleta e exibia sua
imunidade, levando os outros a acreditar que era uma simples gripe que a
ciência e a medicina exageravam e que ele não tinha nada a ver com os mortos. E
enquanto os cadáveres se amontoavam e cresciam as lágrimas daqueles que perdiam
seus entes queridos, Bolsonaro continuava rindo e minimizando o risco de
contágio.
Sua
soberba ficou, se isso é possível, mais evidente na maneira arrogante e
provocadora com que anunciou que sim, que foi contaminado. Ao dar a notícia,
nunca fora visto rindo com tanto gosto. Parecia até feliz. E manifestou sua
felicidade ao afirmar que, no fim das contas, o coronavírus era “uma chuva” que
iria molhar todo mundo. E chegou a provocar a ciência e a medicina recomendando
novamente o uso da cloroquina, cuja eficácia não só não foi comprovada,
como seu uso poderia piorar o quadro dos pacientes com o vírus.
Exatamente
no momento em que poderia ter demonstrado à nação com um gesto de humildade que
havia se equivocado ao minimizar a doença que de alguma forma tinha se vingado
dele, permaneceu fiel à sua teimosia e soberba ao afirmar que se está
exagerando a força da pandemia. E voltou a repetir que mais importante que as
mortes e mais urgente é que todos voltem ao trabalho para render culto ao deus da
economia.
Enquanto
ouvia o presidente falar, em minhas veias sentia pena, raiva e vergonha por
este país que merecia nestes momentos de tragédia nacional, com 66.000 mortos,
uma palavra de consolo e não de arrogância de quem detém a mais alta autoridade
do Estado.
Bolsonaro
alardeia ser católico, evangélico e se importar mais com a Bíblia do que com a
Constituição. Deveria saber que nesses textos fica evidente que todos os
pecados podem ser perdoados, menos o da soberba que pressupõe que a pessoa se
coloca acima de Deus. O vírus de Bolsonaro é de um gênero diferente dos milhões
já contagiados. O seu é diabólico.
Autor:
Juan Arias – El País.
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