Apesar das inúmeras denúncias realizadas
pelo povo Munduruku para alertar sobre a presença de milhares de garimpeiros em
seus territórios, a situação está se agravando sem que atitudes sejam tomadas
pelo governo federal.
Sobrevoo registra destruição causada pelo avanço do garimpo ilegal dentro da Terra Indígena Munduruku, no Pará, em setembro de 2019. © Christian Braga Greenpeace
O garimpo que destrói a Terra Indígena
(TI) Munduruku já foi denunciado inúmeras vezes pelas lideranças indígenas para
os órgãos competentes e para a imprensa. No entanto, ele segue se espalhando e
destruindo o bem-estar social deste povo, os rios e as vastas florestas da
terra indígena localizada no alto Rio Tapajós, no Pará.
Enquanto isso, o governo assiste inerte
ao avanço criminoso dos milhares de garimpeiros que invadem a região,
especialmente no Norte da TI Munduruku e, mais recentemente, na TI Sai Cinza.
Alertas não faltaram e, ainda assim,
mesmo depois de ter sido denunciada em rede nacional de televisão, a
exploração garimpeira não foi alvo de repressão, conforme prevê a lei.
A omissão do Estado está contribuindo
para o etnocídio de um povo indígena e para a contaminação do Rio Tapajós e
seus afluentes e a destruição da floresta. “Apesar de toda a resistência dos
guerreiros e lideranças do povo Munduruku, os milhares de garimpeiros que hoje
ocupam e destroem a terra indígena contam com a omissão criminosa do governo,
que desde sua posse, não se deu ao trabalho de cumprir o dever constitucional
de proteger e promover os direitos indígenas, abandonando os Munduruku à
própria sorte”, afirma Danicley de Aguiar, da Campanha da Amazônia do
Greenpeace Brasil.
Sobrevoo registra destruição causada pelo avanço do garimpo ilegal dentro da Terra Indígena Munduruku, no Pará, em setembro de 2019. © Christian Braga Greenpeace
Do lado errado da história
Ao contrário do que se espera de um
chefe de Estado, as declarações do Presidente da República e de
outros membros do alto escalão do governo sugerem apoio e promessas de legalização
dos garimpeiros, prejudicando o equilíbrio ecológico e os direitos indígenas.
Agravando ainda mais a situação, no
último dia 11 de janeiro, o governo anunciou que está finalizando um projeto de
lei a ser enviado ao Congresso Nacional, com o objetivo de abrir as terras
indígenas para a exploração mineral e outros empreendimentos, sem sequer
conceder a estes povos o direito de veto a essas atividades, demonstrando o
forte potencial destrutivo desta intenção, que atenta contra os direitos desses
povos e contra o meio ambiente.
Entre 14 e 17 de janeiro, 450 lideranças
indígenas de 45 povos se mobilizaram e realizaram um encontro para
manifestar seu repúdio às ameaças que estão enfrentando. “Somos contra tudo
aquilo que destrói nossas florestas e nossos rios”, afirmaram em um manifesto.
Invasão generalizada
Segundo estudo da Raisg, a Rede
Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada, cerca de 18 terras
indígenas da Amazônia estão sob ataque garimpeiro, entre as a TI Munuduruku e
TI Yanomami, onde cerca de 20 mil garimpeiros colocam em risco a sobrevivência
dos Yanomami.
Brasileiros se dizem contra a exploração
das terras indígenas
Publicada em agosto de 2019, uma pesquisa
de opinião revelou
que 86% dos brasileiros discordam da abertura de terras indígenas à exploração
mineral. Porém, o governo Bolsonaro demonstra ignorar a vontade popular e se
associar aos interesses privados que querem lucrar com a exploração das terras
indígenas.
O que não dizem as mineradoras?
Tão grave quanto a retórica
antiambiental e integracionista do governo Bolsonaro é o silêncio das
principais mineradoras do país, que, ao ignorarem suas políticas de
responsabilidade social e ambiental, assumem o risco de se tornarem cúmplices
do genocídio que se esconde por trás de tal medida. Por isso, é urgente que as
empresas mineradoras assumam publicamente as graves ameaças que decorrem da
abertura das terras indígenas à exploração mineral.
Sobrevoo registra destruição causada pelo avanço do garimpo ilegal dentro da Terra Indígena Munduruku, no Pará, em setembro de 2019. © Christian Braga Greenpeace
Autor:
Escrito por Neo Mondo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário