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27 de novembro de 2025

O Paradoxo Brasileiro: austeridade para muitos, abundância para poucos.

  

Arte: Fernando Redondo.

O Brasil vive um paradoxo que a direita econômica tenta esconder sob o rótulo de “responsabilidade fiscal”: a austeridade nunca foi um projeto para todos — sempre foi um instrumento seletivo, calibrado para pesar sobre os mesmos corpos, territórios e vidas descartáveis.

Cortam-se direitos onde dói:

Saúde, Educação, Saneamento, Segurança alimentar e Moradia

Ao mesmo tempo, preserva-se — com devoção quase religiosa — aquilo que protege o topo:

Renúncias fiscais bilionárias, Subsídios a conglomerados, Regimes tributários feitos sob medida e Fortunas herdadas

A austeridade, assim, deixa de ser política econômica e se revela pelo que realmente é: Arquitetura de privilégios. E enquanto se exige do trabalhador uma aposentadoria menor, do jovem pobre uma escola sucateada e da família periférica uma vida mais apertada, a estrutura que taxa o consumo e poupa a riqueza segue intocada. Fala-se em “meritocracia” como se ela brotasse no vácuo, ignorando que, no Brasil, o CEP de nascimento vale mais do que qualquer diploma.

Defende-se “Estado mínimo” para os pobres; clama-se pelo “Estado máximo” quando o benefício é para as elites. A mão invisível do mercado some quando entra em cena a proteção aos juros, aos dividendos e às heranças milionárias.

No fundo, não são esquerda e direita que se confrontam — são dois projetos de país:

Um que usa os recursos públicos para ampliar liberdades, capacidades e dignidade — aquilo que Amartya Sen chama de desenvolvimento humano.

Outro que encara o orçamento como patrimônio privado de uma minoria, transformando desigualdade em método.

O grande engano — a verdadeira fantasia neoliberal — é acreditar que o Brasil pode prosperar sacrificando a maioria para preservar os privilégios de poucos.

A irresponsabilidade fiscal não está em investir em pessoas. Está em fingir que um país avança abandonando quem mais precisa. Enquanto a austeridade seguir valendo só para baixo e a abundância só para cima, o futuro continuará sendo um luxo — e não um direito. 

Autor: Fernando Redondo – Publicado em sua página no Facebook.

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