Desde o surgimento do bolsonarismo, cresceu na vida política nacional a participação nas eleições e nos segmentos da política como Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas e Congresso Nacional, além das prefeituras a figura dos pseudos religiosos que se enfronharam em cargos políticos em busca de benesses, dinheiro e poder.
Em Sorocaba, o Pastor Josivaldo Batista, ligado ao prefeito tiktoker Rodrigo Manga, tinha contabilidade de propina segundo as investigações em curso pela Polícia Federal. Um dos elementos utilizados para justificar o pedido de afastamento do prefeito de Sorocaba Rodrigo Manga (Republicanos/SP), foi justamente uma suposta "contabilidade paralela" de propina encontrada com o pastor Josivaldo Batista e com sua esposa, Simone Souza.
O pastor, preso pela PF no dia 07 de novembro durante a segunda fase da operação Copia e Cola, é concunhado de Manga, uma vez que Simone Souza é irmã da esposa do prefeito, Sirlange Rodrigues. Todos estão sendo investigados pela PF.
No celular do pastor foi achada uma "contabilidade paralela", com entradas apontadas como propina proveniente de contratos públicos, e saídas que seriam a distribuição dos valores para integrantes do esquema.
Já com Simone, a cunhada do prefeito de Sorocaba, foram "encontradas anotações manuscritas que funcionariam como uma contabilidade paralela", disse a PF.
Por causa dessa contabilidade, a PF coloca o pastor Josivaldo Batista como um dos principais operadores financeiros do esquema. No caso do material que estava em um celular de Simone, afirma a PF, foram encontradas "informações a respeito de pagamentos de diversas contas pessoais e de interesse" de Rodrigo Manga e de sua esposa. Por isso, a pastora é apontada como alguém com "papel ativo na gestão financeira do esquema.
Como sempre digo, a corrupção e outros crimes está presente no DNA dos bolsonaristas, não falha um. Em Santa Catarina, 28 prefeitos bolsonaristas de direita foram afastados ou presos por corrupção.
Na cidade de Sorocaba muitos desconfiavam das atitudes do prefeito, que venceu em 2020, soube tirar proveito da pandemia fazendo justamente o contrário de Bolsonaro, implantou e facilitou a vacinação das pessoas na cidade. Porém, aos poucos, com o passar dos meses, a desconfiança em relação a licitude de seus atos começou a levar desconfiança para a sede da prefeitura.
Em 2022, a promotora de Justiça Cristina Palma, obteve no âmbito de ação civil pública, movida contra o Município de Sorocaba, o prefeito, o secretário da Educação, a R. Clean Comercial Eirelli-ME e a Ville Editora e Comércio LTDA., liminar expedida pela Vara da Fazenda local "para proibir de imediato a realização de qualquer pagamento referente ao pregão eletrônico que diz respeito à aquisição de 29.586 kits para a educação infantil e 20.703 kits para o ensino fundamental do Projeto Palavra Cantada, totalizando R$ 22 milhões.
Além de apontar a contabilidade paralela, a PF também afirma na representação em que pediu o afastamento de Manga que a igreja ligada ao pastor e sua esposa teve movimentação financeira suspeita, com muitos depósitos em espécie. Esse faz parte do Deus, Pátria e Família, que a extrema direita adora.
De acordo com a PF, contas ligadas à entidade Cruzada dos Milagres dos Filhos de Deus, receberam 958 depósitos em espécie no valor total de R$ 1,7 milhão desde 2021. Já as contas bancárias do pastor Josivaldo, diz a PF, receberam R$ 2,9 milhões por meio de 2.221 depósitos em espécie.
Para a defesa, o afastamento do prefeito é temerário e "baseado em ilações sobre supostas irregularidades investigadas." "Os supostos fatos remontam ao ano de 2021, o que demonstra a ausência de qualquer contemporaneidade capaz de colocar em risco a continuidade do exercício do legítimo mandato do chefe do Executivo municipal. Mandato este, inclusive, conquistado nas urnas de forma legítima e maciça", diz a defesa.
A defesa esquece que ter sido eleito não dá o direito a nenhum político de desviar recursos, agir de má fé, cometer atos ilícitos ou de corrupção. Outra mentira é a afirmação de suposta perseguição política, visto que nem o Ministério Público que acatou as denúncias, muito menos a Polícia Federal, tem quaisquer interesses políticos em suas condutas ilibadas.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
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