Seguidores

1 de abril de 2023

Bancos, na saúde lucram, na doença, pedem ajuda financeira!

Os capitalistas, milionários e bilionários ao redor do planeta não se preocupam com o avanço do efeito estufa, aumento das temperaturas dos oceanos, a fome e a miséria no planeta. A única preocupação deles e com suas fortunas, acúmulos de lucros e ganhos. A simples desconfiança sobre os bancos americanos foi tratada como uma “corrida bancária”, com investidores correndo para retirar recursos de bancos considerados menores e inseguros. Os bancos regionais americanos já pediram empréstimos de US$ 164 bilhões junto ao banco central americano, na busca por se proteger de possíveis riscos de liquidez.

O caso é um reflexo da elevação da taxa de juros em 2022, considerada a mais rápida da história. Em um intervalo de poucos meses, o FED, o Banco Central Americano, elevou os juros nominais do país de 1 para 4%, o que por sua vez implicou em redução do valor de face de títulos comprados por bancos e investidores antes da elevação.

Na prática, quem comprou US$ 100 em títulos americanos que pagavam 1% de juros ao ano, passou a ver estes US$100 agora valerem US$60, ou menos, com os juros em 4%. Este tipo de variação é chamado de “Marcação a mercado”. Como função primária, os bancos recebem depósitos, remunerando os depositantes em uma determinada taxa de juros, e após isso destinam estes valores para empréstimos ou títulos públicos.

Os empréstimos possuem prazos maiores para retornar, o que deixa os bancos sentados em títulos públicos como garantia para caso alguém decida sacar seu dinheiro. 

Com a alta de juros, os depositantes passaram a querer sacar seu dinheiro para investir eles próprios nos títulos do governo, que pagam agora 4,5%, acima dos 2,3% que o Silicon Valley Bank pagava aos depositantes. Com tantos pedidos de saques, o SVB começou a vender os títulos que possuía antes do seu vencimento, ou seja, pelo valor de face. O banco teve um prejuízo de US$1,8 bilhões ao vender estes títulos, o que levou o mercado a desconfiar de que o prejuízo total poderia ser muito maior, afetando significativamente o capital do banco.

Foi neste cenário que se criou uma corrida bancária, levando o SVB a buscar ajuda do Banco Central e de órgãos como o FDIC para restaurar os depósitos.

Corridas bancárias são um evento considerado raro, dependendo de grande desconfiança sobre os bancos, algo que se torna mais comum após um primeiro acontecimento.

Com a quebra do SVB, investidores de outros bancos menores começaram a sacar seus depósitos, levando a um efeito dominó e desconfiança sobre o sistema.

Enquanto isso, quase que simultaneamente na Suíça, o Crédit Suisse, grande banco que está cambaleando há meses, desencadeou uma nova crise financeira. Desde o colapso do Silicon Valley Bank (SVB) nos EUA, este tipo de preocupação tem sido recorrente entre investidores e corretores.

O Credit Suisse está entre as 30 instituições financeiras consideradas sistematicamente mais importantes no mundo. Conforme a teoria too big to fail (grande demais para quebrar), o colapso de um banco tão intimamente ligado ao sistema financeiro mundial teria consequências também para outras instituições financeiras.

Além disso, as instituições de crédito precisam amortecer a rápida reviravolta nas taxas de juros dos bancos centrais do mundo todo. Tudo isso depende, portanto, de como eles se prepararam para o risco de mudanças nessas taxas, ou seja, se construíram uma suficiente reserva de capital próprio ao qual possam agora recorrer.

Nem bem a situação veio a público na Suíça e chega a informação ao mercado que o país pode disponibilizar quase US$ 280 bilhões (R$ 1,5 trilhão) para estancar a crise financeira e permitir que a fusão entre os bancos UBS e Credit Suisse ocorra sem que novos riscos possam emergir. A informação faz parte dos documentos que basearam o acordo do fim de semana, no qual o maior banco do país, o UBS, comprou o antigo rival Credit Suisse por US$ 3,2 bilhões (R$ 16,8 bilhões).

O temor entre a elite financeira suíça e os investimentos é de que a criação de um mega banco mundial, ainda que resolva a crise imediata, abra a possibilidade de uma vulnerabilidade ainda maior para o sistema financeiro. "Quem salvaria uma instituição dessas proporções?", perguntam analistas e políticos nesta segunda-feira. O governo suíço deixou claro que a compra do Credit Suisse pelo UBS era a melhor alternativa, diante do risco que o sistema enfrentava. Acionistas de grande porte, como o governo da Arábia Saudita, chegaram a ser consultados.

Isso está acontecendo, o socorro governamental sempre ágil nessas situações e o mundo estarrecido acompanha e tem certeza que outras crises vão vir e outros líderes dos países, onde os bancos forem atingidos, vão despejar bilhões dos cofres públicos para salvar bancos, banqueiros e alguns correntistas bilionários que nestas horas se julgam vítimas do capitalismo selvagem que eles mesmos insuflam e retroalimentam.

O que revolta é o fato de que nem os banqueiros e nem os líderes mundiais dos países envolvidos dariam um terço do que está sendo jogado no sistema bancário para socorrer a fome, a miséria, o meio ambiente e a cura de tantas doenças que já poderiam ter sido encontradas para a humanidade.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

Nenhum comentário: