A cidade de Bauru, que se desenvolveu às margens da ferrovia, com crescimento pujante e comércio consolidado na região centro-oeste do Estado, coincidentemente, desde a privatização e o sucateamento do setor ferroviário, passou a ter um declínio constante.
A situação não é culpa exclusiva do sucateamento promovido pela miopia do governo estadual e federal na privatização das ferrovias que cortavam o nosso Estado e traziam progresso, na contramão dos países desenvolvidos que mantém o transporte férreo cada vez mais moderno.
Alia-se a este motivo uma classe política da pior espécie e um empresariado reacionário, com visão de curta distância e ganancioso. Gente que faz parte de uma elite preconceituosa, falida moralmente e que não doa um minuto de seu tempo ou negócio em prol da sociedade bauruense.
O parque industrial é arcaico, obsoleto e não tem incentivo algum nem das autoridades locais, tampouco do governo estadual, cujo PSDB ficou no poder por 28 anos (1995 a 2022), sem ter feito investimentos a altura da necessidade que a região precisava.
O setor de transportes vive de uma empresa de ônibus, que faz as ligações intermunicipais, e obviamente fica feliz por não ter concorrência dentro do segmento, bem como, de transportes aéreos e ferroviários. Preferem viver na bolha, assim como os empresários dos demais segmentos empresariais, que nunca lutaram pela chegada de grandes indústrias, negócios que pudessem alavancar a economia da cidade e da região. Estes investimentos acabam em Pederneiras, Lençóis Paulista e Botucatu, entre outras cidades da região.
Com isso, cidades de menor porte, com menos habitantes, começam a superar Bauru no que tange ao parque industrial e à chegada de grandes investimentos.
Enquanto isso, os empresários bauruenses pagam salários aviltantes, não investem e, ainda, trabalham nos bastidores contra a evolução, o progresso e o desenvolvimento do setor industrial.
A cidade notoriamente anda para trás a passos largos desde 1990. São mais de trinta anos sem que houvesse investimentos na captação e manutenção do sistema de água potável para abastecimento de quase 400 mil habitantes. A verba a fundo perdido doada pelo governo federal em 2015, oito anos depois não viabilizou a obra da Estação de Tratamento de Esgotos, que no atual mandato de Suellen Rosin está parada, com estagnação completa daquilo que havia sido erguido.
Ter dois representantes na Assembleia Estadual e na Câmara Federal é missão impossível diante da incapacidade dos partidos e dos políticos em se mobilizarem. Não há trabalho consistente que possa ser motivo de votos para eleger estes escolhidos. Além da dificuldade dos eleitores em entender a importância da representatividade nas duas casas de leis.
A política é rasteira e a cada quatro anos uma Câmara sem representatividade, sem alma, passa o mandato inteiro prestando favores ao prefeito. Dos 17 vereadores, normalmente 12 ou 13 são subservientes ao Executivo, verdadeiros lacaios do prefeito eleito, não da sociedade que paga seus salários e de toda estrutura.
A
sociedade, por sua vez, precisa deixar de brincar, levar a sério a eleição e a
participação democrática. Após o voto, tem que acompanhar, fiscalizar e cobrar
os eleitos em seu favor. Assim também devem agir com relação ao prefeito, um
mero
agente público eleito pelo voto. Não devemos favor, idolatria nem nada. Fazer o
certo é sua obrigação. Criticá-lo é parte da democracia e significa apenas externar
nossa insatisfação. Não podemos ter político de estimação, temos de ter ética,
agir com senso de cidadania.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
2 comentários:
Concordo integralmente com seu posicionamento e críticas.
Exatamente isso que encontrei quando voltei para Bauru em 2019. Uma cidade estagnada, muito abandonada, ruas péssimas, comércio fraco. E só piorou. Não se pode colocar a culpa na pandemia, como insistem muitos empresários da cidade. O mundo sofreu os efeitos da Covid e nem por isso ficaram no marasmo como nossa cidade. Não precisamos ir longe, só dar uma voltinha aqui mesmo na região e até em outras, com cidades do mesmo porte da Sem Limites. Algumas que foram menores que Bauru hoje são referências, vide São José do Rio Preto. Falta vontade política, investimento, visão empresarial. Falta muita coisa. E a Sem Limites está vendo seus limites geográficos ficarem muito imitados pelo avanço dos limites de outras cidades que eram consideradas distantes. Um choque de realidade que só não vê aqueles de visão estreita, que só enxergam o próprio quintal.
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